A última transmissão esportiva da marca Transamérica aconteceu no último sábado (11). A emissora transmitiu a partida Palmeiras x Juventude, com vitória da equipe local pelo placar de 4 a 1. Éder Luiz foi o narrador, José Calil, o comentarista, Caique Dias, o repórter. No plantão Lucas Ito e o âncora foi Maércio Ramos.
Apesar da derrota de seu time, Rodrigo Sam acaba entrando para a história do rádio ao ser o autor do último gol transmitido pela Transamérica.
Durante o programa pós jogo não houve qualquer tipo de menção sobre a alteração que está por vir.
A partir da próxima segunda (13), estreia em seu lugar a TMC, uma emissora dedicada ao jornalismo, com pitadas de esporte. Éder Luiz segue com seus companheiros nesta nova fase da emissora.
De todas as emissoras de rádio que transmitiram os Jogos Olímpicos de Paris, a que mais se destacou foi a Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. Tal como já havia feito em outras competições, a emissora investiu na reportagem, colocando seus profissionais nas arenas e estádios não só onde estavam os atletas brasileiros.
Essa estratégia de cobertura gerou grandes momentos. Um deles foi a entrevista com Novak Djokovic. Ao ver a bandeira do Brasil no uniforme usado pelo repórter Rodrigo Oliveira, o tenista mandou um abraço para a “galera” brasileira e ainda citou Guga Kuerten.
Outro momento, também protagonizado por Oliveira foi na entrevista com Augusto Akio, medalha de bronze no Skate Park. Assim que soube que o jornalista era gaúcho, o atleta lhe deu um abraço e fez uma declaração emocionada de solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul: “Força, Rio Grande do Sul. Força mesmo. De verdade”.
Essa prioridade na reportagem fez com na final individual da ginástica artística, dois repórteres fossem escalados. Alice Bastos Neves e o já citado Oliveira ficaram em posições diferentes da zona mista. Alice “pressionou a saída de bola”, Rodrigo “ficou de líbero”, conforme a definição feita por ele na transmissão.
A cobertura ostensiva da Gaúcha não significou a derrubada de sua programação normal. Um exemplo: a semifinal do tênis de mesa, que teve a participação de Hugo Calderano, aconteceu bem no horário do Timeline Gaúcha. Com isso, os apresentadores Kelly Matos, Luciano Potter e Paulo Germano entraram para valer na transmissão, que contou com o quase onipresente Rodrigo Oliveira diretamente do local da disputa.
Outro exemplo aconteceu no Super Sábado, que mesclou cobertura do dia olímpico (foi justamente no sábado a fala já citada de Djokovic) , entrevistas e músicas ao vivo. Uma misturinha bem boa.
Sei que o destaque para Gaúcha vai ficar grande (entretanto ela merece), mas outro ponto positivo de suas transmissões foi a participação de Adriana Alves, coordenadora técnica da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), explicando didaticamente todos os movimentos de Rebeca Andrade, Simone Biles e das outras ginastas.
Outras emissoras também não abriram mão de sua programação normal. A Bandeirantes manteve toda sua grade, em especial a do período matutino. Quando havia alguma competição importante, era acionada a Central Olímpica, com os narradores Pedro Ramiro e Pedro Martelli, e o comentarista poliesportivo Marcelo Romano (uma grata surpresa).
Que dia!!!
Respeite nossas cicatrizes. Respeite a medalha no peito!!!
Para este radiomante, foi difícil achar a cobertura da Transamérica. Na grande final dos 400m da natação masculina, com Guilherme “Cachorrão” Costa, em um sábado, a expectativa era ouvir Álvaro José. Entretanto, bem naquele momento, a emissora estava com a sua programação musical normal. A emissora, pelo jeito, priorizou os esportes coletivos e o foco não esteve apenas nas participações brasileiras. Na manhã deste domingo, houve a transmissão da final do vôlei feminino, envolvendo Itália x EUA, com a narração de Thomaz Rafael e comentários de William Carvalho, ex-jogador, medalhista olímpico e atual técnico.
Mal chegou à CBN e o narrador Rodrigo Bitar já participou de uma cobertura de fôlego. Ele narrou os principais jogos da seleção brasileira feminina até a grande final. Com Leonardo Dahi, ele fez duas finais seguidas, uma da ginástica e a do judô por equipes, além de outras participações importantes. A final do judô teve uma curiosidade bem legal: Bruno Faria, repórter da equipe esportiva de São Paulo, atuou como comentarista não por acaso. Ele praticou a modalidade, sendo federado por nove anos. Ou seja, procurando bem, dá para achar especialista jornalista.
Ainda sobre a CBN, importante notar que, ao contrário do que aconteceu em Tóquio 2021, a Globo Rio não participou desta cobertura.
Mario Henrique Caixa, da Itatiaia, talvez seja um dos poucos narradores titulares que não fica limitado apenas ao futebol, ou melhor apenas ao Atlético-MG. De Paris, ele narrou as partidas de vôlei masculino e feminino, além de fazer a grande final do futebol feminino.
Marcelo do Ó, da Band News FM, foi outro titular que fez outras modalidades. No entanto, seu perfil é muito mais poliesportivo (e com grande competência). Éder Luiz, na Transamérica, fez Brasil x EUA pelo futebol feminino e ainda teve gogó para narrar os instantes finais de Brasil x Turquia pelo vôlei feminino.
Como já escrito em outras ocasiões, uma pena que uma cobertura como essa não deixa legado. Certamente, não voltaremos a ter uma transmissão de tênis de mesa na Rádio Bandeirantes. As emissoras seguirão priorizando o futebol em seu cardápio, como em outras vezes.
Em comparação aos jogos de Tóquio, em 2021, tivemos mais rádios transmitindo os eventos de Paris 2024. Há três anos, apenas Gaúcha e Globo/CBN tiveram os direitos de transmissão. Naquela época, vivamos ainda sob a sombra da Covid-19, em termos sanitários e econômicos. Bom ouvir o Grupo Bandeirantes de volta, assim como Itatiaia e Transamérica.
Los Angeles é logo ali. Baseado no que aconteceu em 1984, o fuso horário poderá ajudar a uma cobertura mais extensiva do rádio por que os eventos principais acontecerão no período noturno. O único fator que poderá atrapalhar é o futebol doméstico. A inauguração está prevista para o dia 14 de julho de 2028. Começou a contagem regressiva!
(*) este post não seria possível sem o auxílio luxuoso de Edu Cesar, do Papo de Bola
2024.08.05 – Jogos Olímpicos Paris 2024 – Ginastica artistica – A ginasta brasileira Rebeca Andrade conquista a medalha de ouro na final do solo. Foto: Alexandre Loureiro/COB.
Nem é preciso escrever muita coisa. A goleada sofrida pelo Brasil, em casa, para a Alemanha, pelo placar de 7 a 1 completa 10 anos. E pelo jeito as lições não foram aprendidas (É um 7 a 1 todo dia, desde 2014). Ouça as principais narrações de rádio que estão disponíveis na Internet
Narração de José Silvério, pela Rádio Bandeirantes
Narração de Nilson Cesar, pela Rádio Jovem Pan
Narração de Oscar Ulisses, pela Rádio Globo (SP)
Narração de Luiz Penido, pela Rádio Globo (RJ)
Narração de Pedro Ernesto Denardin, pela Rádio Gaúcha
Narração de José Carlos Araújo, pela Rádio Transamérica (RJ)
Narração de Deva Pascovicci, pela CBN
Narração de Irismar França, pela Rádio Verdes Mares
Narração de Aroldo Costa, da Rádio Jornal
Éder Luiz narra o gol de Schürrle, pela Rede Transamérica
Duas entrevistas recentes veiculadas pelo canal do jornalista Cosme Rímoli ajudam a entender um pouco o processo recente de mudanças que a equipe esportiva da Rádio Transamérica FM vem passando nos últimos anos.
Uma delas foi com Márcio Bernardes, que deixou a Rádio Transamérica ao lado de outros nomes clássicos como Oswaldo Maciel e Henrique Guilherme. Márcio revelou que sua saída se deu poucos meses após renovar seu contrato com a emissora em março de 2023. “Toda equipe renovou, eu renovei de uma forma bastante satisfatória por dois anos e alguns meses depois eles entenderam que eu não servia mais”, disse.
Durante o papo, Márcio ainda concordou, respondendo a uma pergunta do entrevistador que o ambiente na Transamérica não estava bom, no período que antecedeu a sua saída. “Mudou a mentalidade, mudou a forma como você é tratado, mudou o respeito, mudou o olhar, mudou o sorriso(…) Tem uma série de coisas que você vai percebendo com o tempo.
Dias depois, o mesmo Rímoli recebeu Éder Luiz, titular das transmissões esportivas da Transamérica. O narrador fez um balanço de sua carreira, mas instado pelo entrevistador, não deixou de falar sobre as baixas da equipe. “É uma outra situação. Até então eu tinha uma gestão e aí houve uma mudança de gestão, uma mudança de modelo de negócio e são coisas circunstanciais”, afirmou.
Até 2020, a equipe esportiva era independente da emissora, sob o comando de Éder Luiz. A partir de então, a própria Transamérica absorveu todos os profissionais, incluindo Éder. Aos poucos, os profissionais que estavam com ele foram saindo (além dos já citados acima, podemos incluir também nessa lista José Eduardo Savóia) e substituídos por outros. “São grandes profissionais, que continuam entregando e são grandes amigos. Eu tenho um grande carinho por todos eles”, disse o locutor.
Em seu blog no R7, Cosme traz uma outra declaração importante sobre esse tema: “Eu não tive nada a ver com a saída do Márcio Bernardes e outros meus companheiros. Esta decisão foi do comando da emissora” (leia aqui).
Veja abaixo o trecho da entrevista com Márcio Bernardes
Hoje foi um dia diferente para boa parte dos jornalistas que estão cobrindo a Copa do Mundo no Catar. Dentro de um evento chamado Jornalistas no Pódio, eles receberam uma homenagem da Fifa em parceria com a AIPS (International Sports Press Association), uma entidade internacional de cronistas esportivos. Uma pequena réplica da Taça Fifa foi entregue pelo craque Ronaldo (o Fenômeno) a 82 jornalistas do mundo todo que atingiram a um número superior de 8 coberturas da competição como credenciados. 11 profissionais brasileiros estão nesta lista. A cerimônia aconteceu no Virtual Staduim 1, em Doha.
Entre os brasucas homenageados, muitos nomes do rádio: Pedro Ernesto, da Rádio Gaúcha, com 12 participações, Osires Nadal (“o Parana te abraça”), da Rádio Lagoa Dourada, com 11, Éder Luiz, da Transamérica, com 10, Eraldo Leite, das rádios Globo/CBN, também com 10, Wellington Campos, da Rádio Itatiaia, com 9, Ricardo Capriotti, da Rádio Bandeirantes, com 8.
Galvão Bueno, que dispensa apresentações, tem 12 copas em seu currículo, Juca Kfouri, credenciado pelo UOL, tem 11 participações, Jorge Rodrigues, da Conmebol, tem 9, João Estevam Ramalho Neto e o narrador Luis Roberto, ambos da TV Globo, tem 9.
Sobre Juca Kfouri, curioso notar que em 1998 ele teve sua credencial negada pela Fifa, ainda na gestão de João Havelange, em um primeiro momento, mas que depois foi revertida após a péssima repercussão gerada pela medida.
Como o Radioamantes já registrou, as rádio Bandeirantes e Band News FM estão fazendo coberturas separadas desta Copa do Mundo sediada no Catar. Hoje, no jogo da seleção brasileira, pode-se dizer que houve uma subdivisão dessa divisão. Explicando. A Band FM entrou em rede com a Bandeirantes. Enquanto isso, a Nativa FM veiculou o sinal da Band News FM. No entanto, ao menos uma rádio do Grupo Bandeirantes ficou de fora. A Play FM manteve sua programaçao normal durante a bola rolando.
*
Luis Penido narrou Brasil x Catar pela Super Rádio Tupi. A expectativa é que ele e José Carlos Araújo se revezem nos jogos dos comandados de Tite. Fica no ar a grande dúvida: por que não fazer com que os dois narrem esses jogos, como Waldir Amaral e Jorge Curi na época áurea da Rádio Globo?
*
José Manoel de Barros narrou a estreia do Brasil pela Rádio Jovem Pan. Nilson Cesar até chegou a fazer a abertura da transmissão, mas ficou sem voz depois que a bola rolou. Espera-se que não seja um problema grave e que nos próximos dias ele retorne à cobertura.
*
Até aqui, a Rádio Gaúcha é a única emissora que transmitiu todos os jogos da Copa do Mundo. O grande problema é que muitos jogos começam às 07h em horário brasileiro e são poucas as emissoras que não abrem mão de seu “horário nobre”, com os tradicionais noticiosos, casos da Jovem Pan e da Bandeirantes. Para outras rádios, deve ser difícil convencer o comunicador do horário a abrir mão para os jogos do futebol (e olha que ele até participou do revezamento da tocha olímpica em 2016, lembram?) Agora, convenhamos, é melhor ouvir Marrocos e Croácia no rádio do que as análises do Claudio Humberto.
*
A Transamérica teve problemas com o som direto do Catar no jogo do Brasil. Bruno Cantarelli, estava de sobreaviso e narrou até que a transmissão fosse estabilizada. Aliás, a emissora está usando nomes de sua rede para a transmissão dos jogos da Copa. Edilson de Souza e o já citado Cantarelli estão narrando jogos ao lado de Éder Luiz, Oswado Maciel e Guilherme Lage.
*
Não sei se foi intencional, mas Galvão Bueno mandou um “e que golaço” logo após o segundo gol brasileiro, marcado por Richarlison. Era uma frase usada por José Silvério, a grande ausência desta Copa. Segundos antes, Galvão disse “e que gol”, bordão de Osmar Santos. Homenagem? (veja abaixo enquanto os donos do espetáculo deixarem).
*
Voltaremos com mais anotações sobre as transmissões dos jogos da Copa. Este post não seria possível sem a colaboração preciosa de Edu Cesar, o homem do Papo de Bola. Ouça abaixo a narração de Pedro Ernesto Denardin para os gols do Brasil na vitória sober a Sérvia pelo placar de 2 a 0.
Paulo Roberto Martins, 77 anos, foi demitido da Rádio Transamérica na última terça (15). Durante o programa Papo de Craque, Morsa, como é conhecido, ofendeu Abel Ferreira, atual técnico do Palmeiras. “Idota” e “boçal” foram os termos usados pelo comentarista. Ele não teve a mesma sorte que outro profissional que também extrapolou em seus comentários, mas conseguiu permanecer empregado graças a um pedido de desculpas.
Assim que as ofensas de Martins foram divulgadas pelas redes sociais (sempre elas), o Palmeiras, clube que emprega Abel Ferreira, reagiu e suspendeu o atendimento aos profissionais de imprensa da Transamérica enquanto Martins ainda trabalhasse na emissora.
O UOL publicou uma reportagem trazendo detalhes de bastidores. Conforme o texto, a emissora negociava com o Palmeiras um posicionamento melhor para sua cabine de transmissão no Allianz Parque, estádio alviverde. O clube auxiliava nas gestões junto à W Torre, administradora do estádio. Esse contexto não ajudou na situação de Paulo Roberto Martins.
No entanto, em 2016, José Calil, também comentarista da Transamérica, acabou extrapolando em seus comentários relacionados ao jogador Dudu, do mesmo Palmeiras. Na ocasião, o site Torcedores fez um resumo do caso (clique aqui para ler). Dias depois, Calil leu uma nota de retratação durante o programa Esquenta. Na época, o Radioamantes informou que não houve motivação judicial ou extra-judicial para a leitura do comunicado (ouça aqui). O profissional segue empregado até os dias de hoje, talvez porque não houvesse qualquer outro interesse envolvido quando o incidente aconteceu.
Paulo Roberto Martins chegou à Transamérica em 2010. Ele era responsável pela equipe esportiva da Rádio Record AM. Neste ano, a emissora ligada à Igreja Universal do Reino de Deus fez uma parceria com Éder Luiz, responsável pelo futebol da Transamérica. Os profissionais das duas equipes passaram a atuar em jornadas esportivas em rede, veiculadas tanto pela Record como pela Transamérica.
Esse esquema durou até 2011, quando a Record decidiu mudar radicalmente a sua programação, demitindo seus comunicadores e apenas executando músicas. Com isso, Martins permaneceu atuando apenas pela Transamérica. Juarez Soares também veio nesse “pacote” da Record e ficou ao lado de Morsa até 2016.
O mundo perdeu hoje uma de suas maiores referências: Diego Maradona. Ele teve uma parada cardiorrespiratória em sua residência. Apesar do socorro de seis ambulâncias, não foi possível reanimá-lo. O mundo do futebol está de luto e a Argentina em estado de choque. Ele tinha 60 anos. Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e enterro.
Vamos relembrar aqui alguns momentos de Maradona no mundo do futebol registrados pelo rádio brasileiro.
Não poderíamos começar com outro registro que não fosse o gol de mão que ele marcou na partida entre Argentina x Inglaterra, válida pela fase de quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986. Um gol marcado com “la mano de Dios”. Narração de Éder Luiz e reportagens de Roberto Silva, pela Rádio Bandeirantes.
O segundo gol de Maradona naquela partida foi uma pintura. Ouça a descrição de Samuel de Souza Santos, pela Rádio Guaíba.
Haroldo de Souza transmitiu este histórico jogo pela Rádio Gaúcha.
O último gol de Maradona em Copas aconteceu no mundial dos EUA, em 1994. Um belo chute de média distância com o pé esquerdo. Entretanto, pouco depois, ele foi excluido da competição, por ser pego no exame antidoping. Ouça a narração de Alberto Cesar e reportagens de Marcelo di Lallo, pela Rádio Gazeta.
Ouça esse mesmo lance com a narração de Jota Santiago, da Super Rádio Tupi.
Outro lance histórico de Maradona não foi exatamente um gol, mas sim um passe que ele deu para Caniggia fazer o gol da vitória da Argentina sobre o Brasil. Diego veio com a bola dominada no meio campo, conseguiu se livrar da marcação de Dunga e, mesmo cercado por pelo menos dois outros jogadores brasileiros, passou a bola para que seu companheiro saísse livre, de frente para o gol.
Só mesmo um lance genial de Maradona para fazer Fiori Gigiotti falar um palavrão no ar. Ouça abaixo e saiba mais clicando aqui.
Ouça o mesmo lance com a narração de José Silvério, então pela Rádio Jovem Pan.
E ainda, a narração de Marco Antonio Pereira, pela Rádio Guaíba.
-A Copa Japão/Coreia de 2002 foi a primeira cuja revenda dos direitos de transmissão ficou a cargo do Grupo Globo. Com isso, muitas emissoras de rádio optaram por não transmitir aquela competição. O valor (US$ 25 mil) foi considerado caro demais na ocasião. Segundo a Folha de S. Paulo, apenas 12 rádios toparam desembolsar a quantia pedida. Com isso, a Jovem Pan resolveu fazer uma cobertura alternativa. Ela contratou grandes nomes do futebol (Luxemburgo, Leão, Zagallo, Candinho, Romário, entre outros) para comentar os jogos do Brasil durante o seu desenrolar. Globo e Bandeirantes até chiaram. A segunda colocou seu departamento jurídico de prontidão, segundo a Folha, para tomar qualquer providência se houvesse uma “transmissão mascarada”. Um anúncio foi até publicado pela Band nos jornais: “Atenção. Aviso ao público: faça como as rádios que não compraram e não pagaram os direitos de transmissão da Copa do Mundo. Ouça os jogos pela Bandeirantes”. Em outra frente, a Pan enviou Wanderley Nogueira para a cobertura do dia-a-dia da seleção. O repórter tinha prioridade total para entrar na programação da emissora. O detalhe: Wanderley não tinha credencial. Isso não chegou a ser um impedimento e o fator sorte contou muito. A seleção brasileira não se hospedou no hotel determinado pela Fifa. A delegação foi para um lugar onde estava hospedado Wanderley. Além disso, os jogadores fizeram seus treinos em locais que não foram indicados pela entidade, outro fator que facilitou o trabalho do repórter. Além disso, a cumplicidade dos atletas com Wanderley ajudou bastante. Cafu e Émerson chegaram a ir até o quarto do repórter para conceder entrevistas.
-José Silvério estava na Rádio Bandeirantes havia quase dois anos. Foi sua primeira Copa como titular na emissora. Na época, algo que chamou a atenção foi o fato de que as narrações de Silvério chegavam bem antes dos gols da seleção brasileira na televisão. Isso contou muitos pontos a favor do locutor, que ganhou a admiração de muitos ouvintes por “antever” um gol de Ronaldo ou Rivaldo. A explicação para o fenômeno é bem simples. A TV Globo usava o satélite para as suas transmissões. O som das emissoras de rádio chegava pela fibra óptica, recurso usado pela primeira vez em uma competição desse porte. Isso garantia uma qualidade acima da média. Além disso, o áudio chegava frações de segundos antes do som e imagem da televisão, que vinham por satélite. Vale lembrar que estamos falando de tv aberta. O Sportv transmitiu também aquela Copa, mas a tv por assinatura ainda não era tão popularizada no país. José Silvério fez narrações memoráveis dos jogos do Brasil. O gol de Ronaldinho contra a Inglaterra ganhou a melhor descrição possível: “ele enganoooou o muunnnndo”. Dunga foi um dos comentaristas daquela Copa na Bandeirantes. O ex-jogador e técnico (ou ex, quem sabe) esteve ao lado de Silvério nos jogos disputados na Coreia (onde o Brasil ficou na primeira fase) e no Japão. Roberto Avallone, do Brasil, também participou daquelas transmissões. Os repórteres eram Leandro Quessada e Eduardo Castro. Curiosidade: as chamadas do evento na emissora tiveram a voz do ator e dublador Francisco Milani (quem aí lembra do Seu Saraiva, do antigo Zorra Total?)
-O Sistema Globo de Rádio decidiu economizar no que diz respeito aos direitos de transmissão da Copa de 2002 e formou uma equipe só para a cobertura do evento. Antes, as rádios do Rio e de São Paulo tinham autonomia para fazer cada uma as suas transmissões. Além disso, estava em prática o projeto de rede da emissora, que naufragou tempos depois. José Carlos Araújo, então na Globo carioca, foi a voz dos jogos do Brasil para todas as emissoras da rede, incluindo São Paulo. E profissionais das emissoras de todas as praças foram unidos para a transmissão dos outros jogos (offtube ou geladão). Um exemplo: a partida entre China e Costa Rica (adversários do do mesmo grupo do Brasil) foi transmitida pelo Edson Mauro e Rui Fernando, dos estúdios no Rio, Luiz Augusto Maltoni e Osmar Garrafa, de São Paulo. Mauro foi o narrador, com o Maltoni comentando e a dupla Guilherme/Garrafa como os pontas/metas/goleira. A CBN optou por fazer o mesmo tipo de cobertura da Jovem Pan.
– A Transamérica marcou presença nessa cobertura com a equipe liderada por Éder Luiz. Na Grande São Paulo, as rádios América e Difusora, esta de Osasco, também irradiaram a Copa de 2002. A primeira entrou em rede com a Rede Brasileira de Rádios, encabeçada pela CBN, Rádio Difusora, Rádio Brasil Central e Rádio Aliança, todas de Goiânia, além da Rede Católica A segunda entrou em cadeia com a Rádio Sociedade, de Salvador. Da região Nordeste, destacamos a presença da Rádio Jornal, de Recife. A Itatiaia, de Belo Horizonte, Guaíba e Gaúcha, de Porto Alegre marcaram presença. Uma outra rádio de Porto Alegre também esteve presente: a Rádio Pampa. Do Paraná, a única que esteve presente foi a Rádio Paiquerê, de Londrina, como bem lembra Edu Cesar.
Vamos a alguns registros sonoros:
Ronaldo marca o primeiro gol do Brasil na grande final. José Silvério narrou na Rádio Bandeirantes.
Silvério narra o segundo gol de Ronaldo.
Abaixo, é possível ouvir os gols da final entre Brasil x Alemanha com a narração de Haroldo de Souza, então pela Rádio Guaíba.
Ouça a narração de Pedro Ernesto Denardin, da Rádio Gaúcha.
Ouça o gol de Ronaldo (o segundo daquela decisão) narrado por Willy Gonser, da Rádio Itatiaia.
E mais: a narração de Adilson Couto, da Rádio Jornal (PE)
Ouça a narração de José Carlos Araújo, da Rádio Globo.