Outras anotações sobre a cobertura da Copa do Mundo pelo rádio

Por Rodney Brocanelli

Pedro Ernesto Denardin não narrou o terceiro compromisso da seleção brasileira nesta fase de grupos da Copa do Mundo do Catar. Marcelo de Bona foi escalado para essa transmissão. No final do pós-jogo, Balanço Final, Pedro fez uma breve participação e disse que estava “entupido”. Pouco depois, ele comandou uma edição especial do Sala de Redação.

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E segue o rodízio de narradores nos jogos do Brasil na Energia 97. Fernando Camargo (ex-Bradesco Esportes) foi o titular de Camarões x Brasil. Domenico Gatto fez a estreia, contra a Sérvia. Por sua vez, Luiz Claudio de Paula transmitiu o jogo contra a Suíça.

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Luiz Penido irradiou o jogo do Brasil pela Super Rádio Tupi. E Mario Caixa levou as emoções da mesma partida pela Itatiaia. Ambos também estão no esquema de revezamento em suas emissoras. Espera-se que a seleção brasileira faça os sete jogos para conseguir administrar tantos narradores.

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Todos os citados narraram a derrota do Brasil para a seleção de Camarões: 0 x 1.

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Sem medo de errar, escrevo que o revezamento é a grande novidade do rádio esportivo brasileiro em termos de Copa do Mundo.

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Pitadinha histórica, nos anos 1970, Fiori Gigliotti era o narrador principal da Rádio Bandeirantes. Nos mundiais de 1974 e 1978, respecitvamente, o Brasil participou da disputa do terceiro lugar e Flávio Araújo irradiou esses jogos.

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Por sua vez, em 1978, José Silvério fez jornada dupla: a decisão do terceiro lugar, envolvendo Brasil e Itália no sábado, e Argentina x Holanda, a final, no domingo. Tudo definido pelo Seu Tuta, o dono da Rádio Jovem Pan. Aquele final de semana foi complicado parao locutor porque ele teve um grave problema de saúde, com uma úlcera estourada. Silvério teve que ir para o sacrifício e com mais um agravante: o segundo narrador já havia rumado para o Brasil.

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Em 1990, na Copa da Itália, Haroldo de Souza só conseguiu transmitir um jogo do Brasil naquela competição (contra a Costa Rica) porque ele foi falar com Nara, esposa de Nelson Sirotsky.

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Instituição no rádio esportivo do Rio Grande do Sul, a Rádio Gaúcha apelou para o duplex, ou, traduzindo, a transmissão simultânea de dois jogos. Isso foi útil porque os jogos da terceira rodada foram no mesmo horário para evitar possíveis marmeladas. O blog Radioamantes acompanhou a definição do grupo E que teve Gustavo Manhago em Espanha x Japão, e André Silva com Alemanha x Costa Rica.

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Homenageando o grande e saudoso Joelmir Beting. Para pensar na cama: será que um dia vamos ter duplex nos rádios esportivos do Rio e de São Paulo?

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A Rádio Bandeirantes interrompeu uma tradição que vinha das duas últimas copas anteriores. Ela não chamou ninguém de sua filial de Porto Alegre para a cobertura desta edição de 2022, pelo menos nesta primeira fase. Em 2014, Daniel Oliveira e Luiz Carlos Reche transmitiram Holanda x Austrália. Quatro anos depois, em 2018, Marco Antônio Pereira e Claudio Duarte foram convocados para a partida Uruguai x Arábia Saudita.

Marcelo do Ó vem se destacando não apenas pelas suas transmissões na Band News FM, mas por sempre procurar mostrar detalhes de bastidores de cobertura em suas redes sociais. Em muitas das postagens, ele sempre lembra de sua trajetória e de quanto ralou para chegar a um grande evento como a Copa.

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Outro destaque é Luciano Potter, da Rádio Gaúcha. Ele tem participado das transmissões dos jogos de outras seleções, sempre como repórter (ou Repotter) nos estádios e conseguiu registrar declarações de estrelas internacionais do futebol. O craque francês não escapou do microfone de Potter, mas ele se limitou apenas a dizer um “thank you”. Bom, já é alguma coisa.

A falta de consenso sobre os 100 anos do rádio no Brasil

Por Rodney Brocanelli

Estamos chegando às vésperas dos 100 anos do rádio do Brasil, mas infelizmente a data serve para mostrar que não existe um consenso sobre o assunto por aqui. Explicando: a comemoração oficial está marcada para o próximo dia 7 de setembro, pois em 1922, por ocasião do centenário da Independência, ocorreu aquela que seria a primeira transmissão de rádio no Brasil.

Naquela ocasião, o discurso do então presidente Epitácio Pessoa foi transmitido pelas ondas do rádio a partir de um transmissor de 500 watts instalado no alto do Corcovado (RJ). A voz de Pessoa foi captada em receptores espalhados pela cidade do Rio e de municípios vizinhos como Niteroi e Petrópolis. Há quem diga que esse sinal chegou até a cidade de São Paulo.

Entretanto, nos últimos anos, ganhou corpo a tese de que a primeira transmissão de fato de rádio no Brasil teria acontecido muito antes, em 1910 em Recife. Um telegrafista e um grupo de estudantes uniram-se e montaram um equipamento amador e com ele passaram a fazer suas transmissões. A rádio até ganhou um nome: Rádio Clube de Pernambuco.

Infelizmente, a comunidade acadêmica ainda não chegou a um acordo sobre isso. Veja alguns exemplos de quem defende a primazia de Recife aqui, aqui e aqui. Porém existe uma outra corrente que despreza essa questão e segue firme com a data de 1922. É o caso de uma pesquisadora da USP, que participou do programa Canal Livre, da TV Bandeirantes há algumas semanas (veja aqui). Ela até falou de passagem sobre “experiências radiofônicas” feitas antes (citando Recife), sem entrar em detalhes.

Espera-se que se chegue a um consenso a respeito desse assunto. Este radioamante agradece.

Mais uma contribuição para o debate sobre os direitos de transmissão para o radio esportivo

Por Rodney Brocanelli

O jornalista Carlos Guimarães, comentarista e coordenador de esportes da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, publicou na semana passada um importante artigo sobre os possíveis impactos da nova Lei Geral do Esporte para o rádio esportivo. Além de viver o dia-a-dia do veículo, Guimarães também é bastante ativo no meio acadêmico: ele é doutorando em Comunicação, tem mestrado em Comunicação e Informação e especialização em Jornalismo Esportivo.

Guima, como é conhecido, acha que não será desta vez que o rádio deverá pagar para transmitir partidas de futebol ou de qualquer outro esporte. “Entretanto, estamos na contagem regressiva para que isto aconteça”, afimra.

O texto é bastante feliz ao incluir essa medida dentro do processo de elitização do futebol brasileiro, simbolizado pela construção das novas arenas, febre que se iniciou na esteira da nomeação do Brasil como sede da Copa do Mundo em 2014.

Em seguida, Guimarães escreve, em resumo, que o rádio não se modernizou: “Com tanto tempo de existência, da mesma forma que o rádio consolidou uma popularidade, ele não se renovou. Apegou-se numa tradição em que parece feio ou moderninho demais buscar algo novo nesse meio”.

Esse apego, conforme o jornalista, vem dos próprios profissionais: “O rádio rejeita o moderninho porque ele tem um limite para se renovar. É como se a tradição compusesse o seu ethos, a sua razão de existir. Vou dar um exemplo disso. Convivo com pesquisadores e radialistas cotidianamente. Sabe o que mais encanta os meus colegas? A narração de um gol em 1975, uma cobertura internacional de 1968, uma entrevista de 1982, uma vinheta de 1991. O rádio, quando olha para si, olha para trás, nunca para a frente”.

Aqui reside a primeira discordância. Quando se olha para o passado do rádio, isso nada mais é que uma forma de chamar a atenção para as novas gerações que o veículo fazia questão de estar presente em todos os acontecimentos. Quando se cultua a narração de um gol de 1975, é porque certamente narrador, repórter e comentarista estavam no estádio, independente da distância.

O mesmo vale para a cobertura internacional de 1968. O rádio marcava sua presença. Não se fazia uma cobertura à distância, algo que é muito comum nos dias de hoje.

A Rádio Guaíba tem um excelente programa de resgate de sua memória chamado Arquivo Guaíba. Pelo menos duas de suas edições trouxeram exemplos ricos disso, protagonizados pelo jornalista Flavio Alcaraz Gomes.

Em 1969, Gomes esteve em Cabo Canaveral para informar em tempo real sobre a partida da missão Apolo XI, famosa por colocar o homem na lua. Anos mais tarde, o mesmo profissional foi deslocado para o Oriente Médio a fim de acompanhar o conflito (mais um) entre árabes e israelenses naquela que ficou conhecida como a Guerra do Yon Kippur.

Reiterando: quando se cultua os grandes feitos do rádio, isso não quer dizer que seja um apego excessivo ao passado, aquele saudosismo do tipo “na minha época que era melhor”. É uma forma de mostrar o que o rádio já fez. Além disso, é um recado para chamar a atenção de que o veículo pode prosseguir fazendo isso, basta que existam recursos (abordo isso daqui a pouco).

Guima fala muito da linguagem do podcast, mas que na verdade ele nada mais é que um programa de rádio, divulgado em uma outra plataforma. O texto cita o recente sucesso do podcast A Casa da Mulher Abandonada, divulgado pelo jornal (ironia, não?) Folha de S. Paulo. Fica a pergunta: por que nenhuma rádio resolve investir nessa ideia?

Algumas respostas. Primeira é porque ela demanda tempo e na atual configuração das redações de rádio não existem recursos humanos disponíveis para investir em reportagens que deem um certo tipo de trabalho e cuja base não seja apenas feita de entrevistas por telefone ou outros meios. Depois, temos a questão do custo. Se render algum gasto que seja com combustível, por exemplo, a ideia é deixada de lado.

Outro ponto abordado por Gumarães é a linguagem da jornada esportiva. Ele destaca que houve uma evolução ao longos dos anos, apontando que as transmissões de hoje são melhores do que há 50 anos. Ela é “mais humana, menos robotizada, menos engessada, mais coloquial, mais conversada, mais próxima ao ouvinte”. Sem contestações quanto a isso, entretanto, hoje em dia ela é mais afastada das próprias partidas de futebol. Hoje em dia é muito comum a transmissão off tube, em que narrador, comentarista e repórter estão olhando o jogo na tela da tv em vez de ter a visão do estádio. Guma até fala sobre isso, mas como consequência, sem analisar de forma mais profunda a causa.

Vou dar um exemplo pessoal. Entre os anos 1980 e 1990, quando eu abaixava o som da tevê e aumentava o do rádio, eu estava em busca de algo que a imagem não me mostrasse. E digo que em 99% eu conseguia ter isso como consumidor, graças ao talento de profissionais como José Silvério, Wanderley Nogueira, entre tantos outros. Hoje é algo mais difícil de se conseguir devido a questões técnicas, mas ainda é possível.

Guima não esquece da precarização do rádio esportivo: “(…) reduziu-se o efetivo das redações com o profissional multimídia, aquele que cobra o escanteio e chega à área para cabecear. Menos gente fazendo mais coisas pelo mesmo salário. A baixa remuneração também impactou na qualidade dos profissionais. É mais fácil optar por uma outra atividade do que permanecer no rádio, ainda que se tenha paixão pelo meio. A prioridade da vida é pagar os boletos em dia”.

E aí surge a grande pergunta que eu me fiz a partir da leitura do texto: será que estaríamos falando de tudo isso caso as verbas de publicidade não fossem tão ínfimas para o meio rádio? Na última sexta-feira, Nando Gross disse ao podcast Dus 2 que o maior problema do rádio hoje é a questão financeira. “A verba sumiu”, disse ele. “Não temos mais os patrocinadores de R$ 100 mil por mês, como tínhamos nas jornadas. Isso acabou”, completou. (veja aqui). Gross fala com conhecimento de causa, de quem já foi gerente da Rádio Guaíba entre 2014 e 2020.

O rádio até que tem dado alguns passos no sentido de atrair mais verbas. Para isso, a Internet é usada como uma aliada fundamental. O que era antes um programa apenas sonoro, hoje virou visual. E os departamentos de publicidade esperam aquele filme (ainda se diz filme?) de 30 segundos para enriquecer o intervalo da live.

Como diz a letra de Rock Europeu, hit da banda Fellini, um dos expoentes do rock independente brasileiro dos anos 1980: “tudo foi sempre uma mera questão de dinheiro”.

Para quem quiser ler na íntegra o instigante texto de Carlos Guimarães, basta clicar no link abaixo.

https://csguimaraes.medium.com/%C3%A9-o-fim-do-r%C3%A1dio-ou-o-que-vem-por-a%C3%AD-732c696993ba

Jovem Pan e a monetização do inaceitável

Por Marcos Lauro

A edição mais recente do programa Greg News foi sobre a Jovem Pan. Na última sexta (24), a premiada atração da HBO, que vai ao ar semanalmente no canal fechado e no YouTube sempre com um tema específico, dedicou seus quase 30 minutos de duração à emissora, suas empresas coligadas e sua equipe de comentaristas.

De maneira didática, o apresentador Gregório Duvivier foi escalando as questões problemáticas que envolvem a Jovem Pan desde a sua fundação, oriunda da Panamericana S.A., até o mais recente episódio que envolveu a concessão do canal 32 UHF, que já abrigou a revolucionária MTV e hoje, de maneira irregular e ilegal, corre o risco de ir parar nas mãos de Tutinha. O programa, como já citado, é bastante didático e está, na íntegra, logo abaixo:

O programa é completo e não há muito o que acrescentar a ele. A visão panorâmica mostra o ponto em que chegamos em alguns processos de comunicação, onde o inaceitável é tratado como conteúdo. Aqui nesse texto, de 2018, expliquei a estratégia de programas com o Pânico de recortar trechos impactantes do dia para atrair visualizações no YouTube e, consequentemente, monetização. Nessa atualização mais recente da Jovem Pan, desde 2015, outro tipo de conteúdo mal-feito e nocivo ganha monetização: o político. Claro que isso não difere do que é feito em centenas de outros canais obscuros e que também ganham dinheiro com isso. Mas esses canais não carregam um nome que já foi referência no fazer rádio aqui no Brasil, um nome que já foi criador de tendências musicais e comportamentais, que já fez rir de forma genuína e descompromissada.

A Jovem Pan, como qualquer outra empresa de comunicação, fala a linguagem do dinheiro. Mas com um certo cuidado e preocupação com reputação e relevância, é possível pesar bem as decisões. Temos centenas de bons exemplos pelo Brasil, de empresas de comunicação que conseguem diminuir o peso do dinheiro no seu resultado final, no que é apresentado ao público, e fazem um bom trabalho. E não falo aqui de imparcialidade, essa lenda urbana que persegue o jornalismo há tantos anos. É possível ter lado e ser honesto. Mas Tutinha e sua Jovem Pan desistiram desse caminho – e já faz muito tempo. Tudo pelo dinheiro.

“A Maldita”, história da Fluminense FM, estreia em documentário

Por Marcos Lauro

Selma Boiron, locutora da Fluminense FM - Foto: Divulgação
Selma Boiron, locutora da Fluminense FM – Foto: Divulgação

Foi ao ar nessa quarta-feira (14), no Canal Brasil, o documentário “A Maldita”, da diretora Tetê Mattos. O filme já teve sua versão em curta metragem lançada em 2007 e agora ganha sua versão maior com depoimentos de artistas, entrevistas com profissionais que fizeram parte da equipe e outros detalhes que tornam a história ainda mais interessante.

A Fluminense foi a primeira rádio segmentada no rock no Rio de Janeiro. Com uma linguagem jovem, mas que respeitava a inteligência do ouvinte, a rádio soube abraçar a geração 1980 de uma forma única, que vencia até a pobreza técnica do seu transmissor – ouvintes cariocas chegavam a ir de carro até o Aterro do Flamengo, onde o sinal chegava bem, só pra ficar ouvindo a rádio e participar da programação.

Além de mostrar o pioneirismo da equipe, o filme presta uma grande homenagem ao ouvinte-fã da rádio. Boa parte da documentação exibida na tela vem dos arquivos desses ouvintes – um deles anotava num caderno a programação da rádio e o setlist de todos os shows em que ia. Outra ouvinte, ainda, guarda uma carta-resposta que recebeu da emissora.

Outro detalhe do filme é a leitura das cartas. Entre um depoimento e outro, uma imagem de arquivo e outra, cartas dos ouvintes são lidas em off para mostrar a relação de colaboração que existia. Ouvintes, além de elogiarem a programação, davam dicas, pediam música e, de fato, participavam da rádio por carta. Alguns faziam mais: iam até a emissora (algo raro para a época) e trabalhavam. Um deles é o cantor e compositor BNegão, que ia até a rádio para atender ligações de ouvintes e conviver com os locutores da época.

“A Maldita” é um filme que mostra a importância de um veículo de comunicação que de fato se comunica com seu público. Mesmo quem não ouviu na época ou nem mesmo é do Rio de Janeiro/Niterói, vai sentir a força que tinha uma rádio desse tipo em tempos pré-internet.

Para ver o documentário “A Maldita”, consulte a programação do Canal Brasil para pegar uma das reprises.

Um breve resumo sobre o FM estendido

Por Rodney Brocanelli

Nos últimos dias, o Radioamantes e outros blogs e sites sobre rádio falaram muito sobre mais um capítulo da historia do rádio, que foi iniciado de forma oficial na última sexta-feira. No entanto, pouca gente ainda sabe o que é e do que se trata. O FM estendido nada mais é que a nomenclatura dada a uma faixa de Frequência Modulada que vai dos  76,1 FM a 87,5 FM. Ela vem imediatamente antes da faixa que é amplamente conhecida e sintonizada pelos ouvintes. Ela vai dos 87,7 MHz até os 107,9 MHz.

Essa faixa do FM estendido é reservada às emissoras que solicitaram a migração do AM para o FM. Como não existe espaço no chamado FM convencional, especialmente nos grandes centros (SP, Rio, entre outras) nos últimos anos, o Ministério das Comunicações procurou reservar uma faixa exclusiva para dar vazão a esse tipo de demanda.

Nos últimos anos, a faixa do AM (ou amplitude modulada) passou por um processo natural de depreciação. A interferência vinda por parte de lâmpadas fluorescentes, computadores e até mesmo celulares comprometeram muito o processo de recepção. Além disso, os novos aparelhos receptores de rádio e celulares, por questões de fabricação ou técnicas conseguem apenas sintonizar o FM. Com tudo isso, aumentou e se tornou urgente a necessidade de arrumar uma nova “casa” para as emissoras AM.

A digitalização da tv aberta colaborou muito para esse processo de migração do AM para o FM estendido. O espaço compreendido entre  os 76,1 Mhz a 87,5 Mhz era ocupado pelos canais 5 e 6 da tv analógica. Por isso que, no Rio de Janeiro, era muito comum ouvir em FM o áudio de emissoras que ocuparam e ocupam o canal 6 (Tupi, Manchete e Rede TV!).

Em 2014, ocorreram os primeiros testes do FM estendido. Por algumas semanas, a Rádio Jovem Pan transmitiu a mesma programação ouvida nos 620Khz em 84,7Mhz. O sistema irradiante foi instalado na sede da emissora, na av. Paulista 807.

Nessa nova fase do FM estendido, 10 emissoras receberam a permissão do Ministério das Comunicações para o funcionamento. São elas:

Belo Horizonte (MG) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
Brasília (DF) – EBC/ Rádio MEC – 87,1 MHz
Curitiba (PR) – LK/ Banda B – 79,3 MHz
Porto Alegre (RS) – Rádio Liberdade – 83,3 MHz
Recife (PE) – TV e Rádio Jornal – 76,1 MHz
Recife (PE) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
Rio de Janeiro (RJ) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
São Paulo (SP) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
São Paulo (SP) – Novo Mundo/ Rádio Capital – 77,5 MHz
São Paulo (SP) – Padre Anchieta/Cultura – 77,9 MHz

Algumas dessas emissoras estão operando no que se convencionou chamar de “caráter científico”. Ou seja, é uma fase de testes que dura 60 dias, embora isso não seja anunciado de forma oficial durante suas programações. A finalidade é saber se ocorre interferências, em especial com a comunicação aeronáutica, que já sofre com inúmeras rádios clandestinas e até mesmo com rádios comerciais que não estão com seus transmissores devidamente ajustados. Se os resultados não forem satisfatórios, haverá a necessidade de acertos.

Um fator que é muito destacado a partir dessa estreia do FM estendido é a falta de aparelhos receptores para a sintonia dessas emissoras. No entanto cabe destacar que a portaria interministerial de número 68 determinou que todos os aparelhos de rádio produzidos na Zona Franca de Manaus a partir do dia 1º. de janeiro de 2019 fossem capazes de sintonizar a faixa de frequência modulada estendida, entre 76 e 108 MHz, inclusive os rádios dos automóveis. Se esses aparelhos não estão no mercado, há algo de muito errado.

E ainda sobre a falta de receptores, nunca é demais lembrar que um outro grande veículo de massa foi inaugurado sem que houvessem aparelhos suficientes: a televisão. Por isso que em 1950, Assis Chateubriand teve de comprar dezenas de televisões para colocá-los em diversos pontos da cidade de São Paulo.

Alguns aparelhos celulares que estão disponíveis no mercado conseguem sintonizar o FM estendido. Saiba quais são, sem qualquer intenção de fazer merchan, clicando neste link. Outros fabricantes deverão se movimentar para suprir essa necessidade.

Imagem: radiolab.blog.br

Com mudanças, Bastidores do Poder terá uma hora de duração na Rádio Bandeirantes

Por Rodney Brocanelli

O blog Radioamantes divulgou na última segunda as novidades relacionadas à programação esportiva diária da Rádio Bandeirantes (clique aqui). Elas passam a valer a partir do próximo dia 1º de março. Com o remanejamento de Os Donos da Bola para o fim de tarde, o Bastidores do Poder passa a ter apenas uma hora de duração (atualmente, vai ao ar entre 17h e 19h). No ar, desde 2016, com cinco anos de existência comemorados no último dia 22 de fevereiro (veja aqui), a atração veio para disputar a audiência desse filão de programas de análise política que passou a ser explorada pela Rádio Jovem Pan, com Os Pingos nos Is. 

Pouco mais de cinco anos depois, a Bandeirantes volta a entrar firme na briga pelo público que ouve os programas esportivos entre o final de tarde e o início da noite. Esse período já tem programas de peso como o Na Geral, hoje na Massa FM e o Estádio 97, da 97 FM (aliás, o DNA desses dois programas é praticamente o mesmo).

Confira a nova grade de programação da Rádio Bandeirantes de segunda a sexta-feira a partir de 1º de março.
 

5h30 às 7h: “O Pulo do Gato”, com Pedro Campos e Silvânia Alves.

7h às 8h: “Primeira Hora”, com Nelson Gomes e Izabella Camargo.

8h às 10h: “Jornal Gente”, com Cláudio HumbertoThays FreitasPedro Campos e Eduardo Castro.

10h às 12h: “Manhã Bandeirantes”, com José Luiz Datena.

12h às 13h: “Nossa Área”, com Elia Junior.

13h às 15h: “Bora Brasil”, com Joel Datena e Ana Paula Rodrigues.

15h às 17h: “Bandeirantes Acontece”, com Cláudio ZaidanSônia Blota e Ronald Gimenez.

17h às 18h: “Bastidores do Poder”, com Cláudio HumbertoIsabel Mega e Christiano Panvechi.

18 às 19h30: “Os Donos da Bola”, com o craque Neto.

19h30 às 21h: “Esporte em Debate”, com Ricardo CapriottiAlexandre Praetzel João Paulo Capellanes.

21h às 22h: “Voz do Brasil”.

22h às 23h: “Band Notícias”, com Douglas Santucci e Cynthia Martins (em rede com a Band).

23h às 24h: “Repórter Bandeirantes”, com Lucas Herrero.

0h às 3h45: “Bandeirantes a Caminho do Sol”, com Vitor Lupatto.

3h45 às 5h30: “Primeiro Jornal”, com João Paulo Vergueiro (em rede com a Band).

Final histórica da Copa Libertadores 2020 poderia ser a chance de José Silvério se despedir do rádio da forma que merece

Por Rodney Brocanelli

Palmeiras e Santos, Santos e Palmeiras vão fazer o “jogo do século” no próximo dia 30 de janeiro. Ambas as equipes deverão entrar em campo, no Maracanã, para decidir a Copa Libertadores da América em sua edição 2020. Entretanto, não dá para deixar de notar uma ausência em uma partida de tamanha magnitude: a de José Silvério, narrador esportivo, atualmente sem rádio desde que deixou a Rádio Bandeirantes em abril do ano passado.

Em entrevistas que o locutor concedeu nos meses seguintes, Silvério deixou claro que depois de sua saída da Bandeirantes, ele mesmo considerava que sua carreira de aproximadamente 57 anos havia acabado (veja aqui, aqui e aqui).

O blog Radioamantes revelou que a última partida narrada por Silvério na Bandeirantes não teve nada de especial. No dia 15 de março, ele foi escalado para narrar Corinthians x Ituano,  na Arena Corinthians, válida pela 10ª rodada da fase de classificação do campeonato paulista de futebol. Placar final: 1 a 1. Os visitantes abriram o placar com um gol de Breno Lopes. O Corinthians empatou com Luan. Este gol foi o último narrado por ele antes da aposentadoria forçada (leia mais aqui).

Como registrado na ocasião por este blog, “caso Silvério não volte mais a narrar, a última transmissão que ele comandou na Rádio Bandeirantes não foi à altura de sua gloriosa carreira, de quase 57 anos”. 

A grande final da Libertadores seria a grande chance de José Silvério poder encerrar sua carreira da forma que merece. Talvez o grande problema é que por questões de patrocínio, recursos ou mesmo por vaidade, talvez essa homenagem (vamos colocar dessa forma) não pudesse ser feita no rádio da Grande São Paulo.

Sendo assim, por que não uma rádio de fora  dar esse espaço? Por que não a Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte? Foi nela que Silvério iniciou trajetória como narrador esportivo. Ou então, por que não a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro? Ele teve uma passagem profissional na Cidade Maravilhosa. Não chegou a irradiar jogos na Nacional, mas é uma emissora do local onde vai acontecer a final da Libertadores.

Outras rádios de grande porte fora dos grandes centros poderiam também dar as condições técnicas necessárias para que José Silvério tenha realmente a condição de se despedir do rádio da forma que merece.

Sonhar ainda não paga imposto (Paulo Guedes, ministro da Economia, que não me leia).

 

 

CNN Prime Time precisa ajustar texto para se adaptar à dupla veiculação; Ponto Final é programa típico de rádio

Por Rodney Brocanelli

Nesta segunda (09) tivemos duas estreias importantes no que diz respeito ao segmento de rádios jornalísticas. A CBN colocou no ar o Ponto Final CBN, com apresentação de Rodrigo Bocardi e Carolina Morand. Por sua vez, o projeto de rádio da CNN Brasil em parceria com a Rede Transamérica resolveu colocar no dial uma novidade da televisão: o CNN Prime Time, com a apresentação de Marcio Gomes.

Algo em comum entre as duas novidades, é que nomes da televisão serão utilizados para alavancar a audiência desses projetos. Bocardi é um nome conhecido da TV Globo, e hoje comanda o Bom Dia São Paulo. Marcio Gomes estava na mesma Globo até há bem pouco tempo, ganhando destaque na cobertura que a emissora fez aos acontecimentos relacionados à pandemia do Covid-19.

No entanto, existem diferenças e muito acentuadas. O Ponto Final é um programa típico de rádio. Embora tenha a retransmissão via redes sociais com imagem do estúdio, ele foi pensado para ser um programa de rádio. Já o CNN Prime Time é um programa de televisão veiculado no rádio. 

Houve até um certo esforço por parte do Prime Time em não deixar perdido o ouvinte exclusivo do rádio.  Quem acompanhou pela televisão, viu que a escalada foi feita de forma gravada por Marcio Gomes em plena Av. Paulista, endereço-sede da CNN Brasil.  Esse trecho não foi veiculado pelo rádio. Porém, logo que os dois veículos se conectaram, foi possível ouvir Marcio dizendo “esse é o nosso estúdio”. Durante o andamento do noticioso, outros pequenos deslizes aconteceram. Ao noticiar os recentes acontecimentos no Amapá, Gomes disse “As imagens de protesto são impressionantes”.

Mais adiante, o repórter Renan Fiúza fez uma entrada ao vivo diretamente da 1ª zona eleitoral da cidade de São Paulo a fim de falar sobre os preparativos para as eleições do próximo final de semana. Foram mostradas as urnas e cartões de memória. Entretanto, a descrição usou termos para quem estava assistindo à televisão: “Como dá pra ver ali”, por exemplo. Os que acompanharam a estreia do CNN Prime Time apenas pelo rádio (caso de quem está no trânsito, voltando pra casa) tiveram de usar a imaginação.

Um grande problema verificado nessa estreia foi que a transmissão do jornal teve de ser interrompida para a veiculação das inserções dos anúncios relacionados à propaganda política, isso ao menos na Transamérica de São Paulo, que opera nos 100,1Mhz.

Apesar de tudo isso que foi relatado acima, o programa tem muitas qualidades. Seu dinamismo casa muito bem com o rádio . Será necessário apenas fazer um ajuste no texto e nos improvisos para adaptar e casar a linguagem de dois veículos simultâneos.

O Ponto Final CBN teve uma participação: William Bonner. Ele entrou pelo telefone não só para saudar a estreia de Bocardi, mas para antecipar também alguns assuntos abordados no Jornal Nacional, com direito até a trilha sonora de fundo. Carolina Morand, co-apresentadora da atração, aproveitou até para influenciar na escolha da gravata usada por Bonner na edição desta noite.

Os dois programas chegam forte na briga pela audiência do radiojornalismo, naquele que é considerado o seu segundo horário nobre, o fim de tarde.  Já estão nesse páreo o Bastidores do Poder, da Bandeirantes, Os Pingos nos Is, da Jovem Pan e o É da Coisa, da Band News FM.

   

Narradores de futebol viram caçadores de curtidas

Por Rodney Brocanelli

Nos últimos tempos, muitas emissoras de rádio passaram a veicular suas jornadas esportivas em sites como o Facebook e o YouTube. Essa é uma forma de procurar atingir a um público maior, além dos já tradicionais aparelhos receptores. Essas transmissões são popularmente conhecidas como lives, na linguagem da Internet. Elas servem também para divulgar seus respectivos perfis ao público que as prestigiam. O grande problema acontece quando os narradores deixam de lado o jogo para ficar pedindo por likes.

Pois é, verdadeiras feras da narração de futebol simplesmente abandonam a partida de futebol que está acontecendo e ficam pedindo repetidas vezes para que espectadores e ouvintes curtam os perfis das emissoras nos já citados sites. A briga não é mais por audiência, mas por número de curtidas.

Aliás, fala-se em curtida ou mesmo em like. No entanto, essas expressões designam nada mais que uma assinatura do internauta. No YouTube, ainda tem um outro recurso que é chamado de “sininho”. Clicando nele, o assinante passa a receber notificações de transmissões em geral ao vivo.

Nada contra esse tipo de divulgação. Afinal, para usar um clichê surrado, propaganda é a alma do negócio. No entanto, trocar as emoções da bola rolando em uma partida de futebol  para chamar likes, curtidas ou algo nessa linha de forma exagerada acaba por gerar aborrecimentos a quem apenas quer se informar sobre o que acontece dentro e fora das quatro linhas.

Nomes e emissoras não serão citados aqui para não ferir suscetibilidades. O Radioamantes já flagrou essa prática em pelo menos duas grandes rádios de São Paulo e vinda de narradores com larga experiência no ofício.

Sobre a Transa da CNN Brasil no rádio

Por Rodney Brocanelli

Conforme já é de conhecimento quase geral, a CNN Brasil fechou um acordo com a Rede Transamérica de Comunicação para veicular uma programação jornalística no rádio. A informação foi divulgada pelo colunista Ricardo Feltrin, sempre bem informado, no portal UOL. A estreia, segundo ele, está prevista para o próximo outubro. São sete horas diárias de programação da CNN no dial. O Tudo Rádio fez contato com a direção da Transamérica e aguarda por um posicionamento oficial.

Sobre essa Transa da CNN no rádio, espera-se que o conteúdo seja pensado e desenvolvido exclusivamente para o veículo. Não rola apenas plugar o áudio da tv na mesa de som da emissora de rádio nos horários já divulgados por Feltrin.

No mais, a CNN entra forte na briga do radiojornalismo. Se ela mantiver sua atual linha editorial,  deverá competir com a Rádio Jovem Pan.

Leia aqui a nota de Ricardo Feltrin

Leia aqui a notícia do Tudo Rádio.

O Rio de Janeiro perdeu a chance de ter no ar a Linguiça FM

Por Rodney Brocanelli

O Rio de Janeiro perdeu a chance de ter no ar a Linguiça FM. Calma que vamos explicar.  O site Tudo Rádio, sempre bem informado, publicou hoje a notícia de que uma nova rádio deverá chegar ao estado do Rio de Janeiro: a Live FM, no município de Campos dos Goytacazes, que opera nos 100,7Mhz. Essa nova emissora vai substituir a Mix FM.

A nota publicada pelo Tudo Rádio (clque aqui para ler) informa que a Live FM terá seu conteúdo fornecido pela Agência RF. Segundo o portal, a Live FM “será uma afiliada no formato “bandeira branca”, ou seja, vai manter sua marca local com seu próprio nome, porém, com conteúdo da Rede Play FM. Essa é uma das possibilidades de negócio que as emissoras podem tratar com a Agência RF para se afiliarem à rede.

Peço que prestem atenção neste nome: Agência RF.

Voltando um pouco no tempo, chegamos a junho de 2019. O mercado de rádio estava agitado por uma serie de mudanças que estava por vir e o anúncio da estreia de uma emissora chamada Linguiça FM chamou bastante a atenção, com um marketing baseados em outdoor, um site na internet e veículos desfilando pela cidade de São Paulo com o logotipo dessa marca.

Dias depois, descobriu-se o que estava por trás de todo esse barulho. Na verdade, tratava-se de uma “campanha de valorização da criatividade no meio Rádio”. Uma campanha baseada em uma pegadinha, até porque muita gente que gosta do veículo achou que realmente uma emissora de rádio estaria para chegar.

Colaborou muito para essa expectativa o fato de que o pastor Juanribe Pagliarin, então arrendatário da frequência dos 92,9 Mhz, em São Paulo, passou a divulgar que sua rádio seria trocada pela tal Linguiça FM (clique aqui para ver). No fim das contas, quem desalojou a emissora de Pagliarin foi a Massa FM, de propriedade do empresário Carlos Massa, o Ratinho.

Segundo uma nota publicada pelo sempre bem informado Tudo Rádio, a tal campanha foi idealizada e realizada pela…Agência RF, a mesma que é responsável pela Live FM, de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.

A campanha de 2019  (saiba mais sobre ela clicando aqui) deu tão certo que permitiu à Agência RF um fôlego para se inserir no mercado de rádio. Cabe então a pergunta: por que não aproveitar chances como a de entrar no ar no mercado do estado do Rio de Janeiro, ou no interior de Minas Gerais, em Diamantina (veja aqui),  para transformar em realidade a Linguiça FM? (Aliás, o nome a ser usado na cidade mineira será Play Hits, coincidência ou não o nome das duas portadoras extintas da Transamérica).

O nome já é bastante chamativo, e passa a ideia de algo diferente. É um nome que dá margem a inúmeros e criativos formatos para rádio, coisa que a ação deflagrada no ano passado tanto defendia. Melhor fazer uma linguiça do que fazer apenas um feijão com arroz, algo que as novas emissoras prometem.

linguiça fm

Rádio esportivo de Porto Alegre sabe se promover; outras praças poderiam fazer o mesmo

Por Rodney Brocanelli

O primeiro Grenal da história da Libertadores ficou devendo em termos de gols. A partida disputada na noite da última quinta (12) terminou empatada pelo placar em 0 a 0. Além disso, o clássico  ficou marcado pela briga generalizada dos atletas em campo, que resultou em oito expulsões, quatro para cada time.  Mas não é sobre o jogo do campo que vamos falar. Se saíssem gols, claro que registraríamos aqui. Esperaremos pelo jogo do returno.

O que o Radioamantes quer destacar é que a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, divulgou em seu Facebook um belíssimo vídeo para divulgar e promover a sua transmissão. Nele, os integrantes da equipe esportiva da emissora aparecem visitando lugares históricos da cidade. Enquanto isso, são ouvidos registros sonoros de antigos Grenais, com áudios narrados por Mendes Ribeiro, Pedro Carneiro Pereira, Armindo Antônio Ranzolin, Haroldo de Souza e Marco Antônio Pereira. Um texto lido pelas vozes femininas da Guaíba faz uma relação da história da própria emissora com o clássico Grenal e a evolução do próprio veículo (veja abaixo). Mesmo aqueles que não convivem com a atmosfera futebolística de Porto Alegre deverão se comover com esse vídeo, que é uma homenagem ao rádio.

Além dessa iniciativa da Guaíba, já destacamos aqui os vídeos bem-humorados que a Rádio Grenal produziu para lançar a sua cobertura do campeonato gaúcho de futebol (veja um deles aqui). Em comum, são produções exclusivas para as redes sociais. Mais uma prova de que o rádio enxerga a Internet como aliada e não como inimiga.

Cabe a pergunta: por que outras praças não se utilizam desse mesmo expediente? As rádios de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte poderiam fazer vídeos similares para promover seus profissionais, suas coberturas e eventos importantes. O rádio de Porto Alegre saiu na frente. As outras praças que recuperem o terreno perdido.

Grenal Guaíba

Watergate do rádio gaúcho termina com muitas perguntas e pouca esperança de respostas

Por Rodney Brocanelli

Na semana que passou, o Grupo RBS anunciou o desligamento de Arthur Gubert e Luciano Costa. Os profissionais estavam afastados de suas funções no grupo desde a divulgação de uma gravação digital, com cerca de 15 minutos, em que a dupla conversa a respeito de colegas e processos internos da empresa (saiba mais aqui). O tom é de descontentamento, acusações e (algumas) sugestões de melhoria.

A comparação com o célebre caso Watergate não é  descabida, uma vez que seu desenlace se deu depois do surgimento de gravações que praticamente incriminaram o então presidente Richard Nixon na invasão do escritório do Partido Democrata.

O desfecho anunciado pelo Grupo RBS não encerra o caso de uma vez. Muitas perguntas ficaram no ar.  Eis algumas delas, a seguir.

1) Em qual ambiente foi gravado esse áudio? Dentro ou fora do ambiente corporativo?

2) Caso a gravação tenha ocorrido em ambiente corporativo, quem foi o responsável por ela? E mais: caso a resposta seja afirmativa, quem se sentirá seguro dentro dele a partir de agora para expor suas angústias e visões a respeito do ambiente de trabalho e respectivos processos?

3) A gravação foi feita por algumas das pessoas envolvidas na conversa? Em caso afirmativo, como se deu o vazamento? Foi de forma proposital? Aconteceu por engano? Algum hacker atuou para que a conversa se tornasse pública?

Não existe uma esperança imediata de que apareçam respostas. Mesmo assim, os questionamentos merecem ficar registrados.

gravador

A era dos podcasts brasileiros

Por Rodney Brocanelli

Bem que o Radioamantes gostaria de acompanhar mais de perto essa “era dos podcasts” brasileiros, indicando iniciativas legais A falta de tempo e a cobertura do noticiário de rádio (dial) impedem uma dedicação maior. Para quem quiser entender um pouco mais sobre este blog, recomendo que leiam este texto aqui, de 2013.

No entanto, dá para deixar aqui pelo menos duas indicações e falar um pouco mais neste fenômeno. Um deles é o Hoje Sim tocado por Cleber Machado e hospedado no Globo Esporte. Na edição de número 19, ele conseguiu reunir dois nomes de peso: Muricy Ramalho, ex-técnico de futebol e hoje comentarista no Sportv, e Claudio Zaidan, radialista e comentarista da Rádio Bandeirantes.

Além da qualidade dos convidados, o podcast do narrador da Rede Globo merece elogios pela pauta: “A solidão e a saudade no futebol”. Como técnico, Muricy pode falar com propriedade da solidão tanto do cargo de técnico, como do fato de não levar seus familiares quando ele trabalhou fora do estado de São Paulo.

Muricy conta que quando era técnico do Internacional, em Porto Alegre, morando sozinho na capital dos gaúchos, ele sempre procurou ouvir rádio. Buscando algo para ouvir, ele acabou encontrando um excelente companheiro: Claudio Zaidan. Na época, Zaidan, comandava com maestria o “Bandeirantes, A Caminho do Sol”, falando sobre os mais diversos assuntos, política internacional, política nacional, futebol, entre outros. O então treinador gostou do que ouviu e se tornou ouvinte assíduo.

No bate-papo, Muricy relembrou essa história com Zaidan presente. Além disso, eles falaram de outros temas, entre eles o futebol. Cleber Machado teve algum trabalho para manter o podcast dentro da pauta, o que é normal quando se reúne duas pessoas com muito a dizer. Entretanto, o resultado ficou muito bom. O único reparo é quanto ao título. Bem que ele poderia ser “O rádio, a solidão e a saudade no futebol”. Para ouvir, clique aqui.

Outra dica de podcast é Meio Rádio. Este é mais curto e eminentemente humorístico, com ênfase no nonsense.  Na equipe, nomes conhecidos do radiojornalismo paulistano: Caetano Cury, Hugo Vecchiato  e Leandro Gouveia.  A edição número 7 tem uma participação especial de Marcelo Duarte, como você nunca ouviu antes. Aliás, o elenco convidado é de causar inveja a qualquer redação de rádio.

Quem costuma acompanhar as emissoras jornalísticas de São Paulo, tanto no AM, como no FM, vai sacar algumas das referências neste episódio, especialmente com relação às falhas técnicas em externas.  Em uma das edições anteriores, outro destaque é uma entrevista história do repórter Matuzalém Júnior com um certo chanceler da Alemanha.

Um dado curioso a respeito do Meio Rádio é que ele foi pensando para ser um programa de rádio, no entanto, a ideia nunca seguiu adiante. Agora, ela ganha vida por meio da podosfera. Ouça todas as edições aqui.

Modinha?

Algumas impressões sobre essa onda de podcasts. Essa “explosão”, de certa forma, me lembra muito a “explosão” dos blogs, ocorrida no começo deste século. Alguém aí lembra? No começo deste século, praticamente todo mundo passou a ter um blog para escrever impressões e falar sobre interesses afins. A onda do podcast guarda essa semelhança com o “falar sobre interesses afins”.

Muita gente passou a se profissionalizar, com a adesão de muitos leitores e consequente aumento de visitação e comentários. Inclusive, surgiu aí uma casta de “top bloggers”.

Espera-se que essa questão dos podcasts não passe apenas de um modismo, como foi a era dos blogs. Muitos blogueiros resolveram deixar seus blogs pra lá, por diversas razões (embora seja criado apenas em 2010, e uma dissidência de outro blog  – bleargh! – o Radioamantes é um, digamos, filho daquela era, tornado-se assim um sobrevivente). Tomara que isso não aconteça com os podcasts.

Enquanto essa febre dos podcasts durar, acho que pelo menos deve existir algum cuidado com a estética. Qualidade de som é importante, sim. Quanto ao formato, acho que pode ser livre, mas creio que possa existir variedade…

Sobre variedade, tem que existir mesas redondas, mas creio que há espaço para podcasts semelhantes a programas de rádio, com pequenas reportagens, entrevistas, sonoras, povo fala, músicas, por que não?

Enfim, a era dos podcasts é mais que bem-vinda, mas espero que não seja apenas uma modinha (isso para usar um termo da – há há – moda).

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