Um breve resumo sobre o FM estendido

Por Rodney Brocanelli

Nos últimos dias, o Radioamantes e outros blogs e sites sobre rádio falaram muito sobre mais um capítulo da historia do rádio, que foi iniciado de forma oficial na última sexta-feira. No entanto, pouca gente ainda sabe o que é e do que se trata. O FM estendido nada mais é que a nomenclatura dada a uma faixa de Frequência Modulada que vai dos  76,1 FM a 87,5 FM. Ela vem imediatamente antes da faixa que é amplamente conhecida e sintonizada pelos ouvintes. Ela vai dos 87,7 MHz até os 107,9 MHz.

Essa faixa do FM estendido é reservada às emissoras que solicitaram a migração do AM para o FM. Como não existe espaço no chamado FM convencional, especialmente nos grandes centros (SP, Rio, entre outras) nos últimos anos, o Ministério das Comunicações procurou reservar uma faixa exclusiva para dar vazão a esse tipo de demanda.

Nos últimos anos, a faixa do AM (ou amplitude modulada) passou por um processo natural de depreciação. A interferência vinda por parte de lâmpadas fluorescentes, computadores e até mesmo celulares comprometeram muito o processo de recepção. Além disso, os novos aparelhos receptores de rádio e celulares, por questões de fabricação ou técnicas conseguem apenas sintonizar o FM. Com tudo isso, aumentou e se tornou urgente a necessidade de arrumar uma nova “casa” para as emissoras AM.

A digitalização da tv aberta colaborou muito para esse processo de migração do AM para o FM estendido. O espaço compreendido entre  os 76,1 Mhz a 87,5 Mhz era ocupado pelos canais 5 e 6 da tv analógica. Por isso que, no Rio de Janeiro, era muito comum ouvir em FM o áudio de emissoras que ocuparam e ocupam o canal 6 (Tupi, Manchete e Rede TV!).

Em 2014, ocorreram os primeiros testes do FM estendido. Por algumas semanas, a Rádio Jovem Pan transmitiu a mesma programação ouvida nos 620Khz em 84,7Mhz. O sistema irradiante foi instalado na sede da emissora, na av. Paulista 807.

Nessa nova fase do FM estendido, 10 emissoras receberam a permissão do Ministério das Comunicações para o funcionamento. São elas:

Belo Horizonte (MG) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
Brasília (DF) – EBC/ Rádio MEC – 87,1 MHz
Curitiba (PR) – LK/ Banda B – 79,3 MHz
Porto Alegre (RS) – Rádio Liberdade – 83,3 MHz
Recife (PE) – TV e Rádio Jornal – 76,1 MHz
Recife (PE) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
Rio de Janeiro (RJ) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
São Paulo (SP) – EBC/ Rádio Nacional – 87,1 MHz
São Paulo (SP) – Novo Mundo/ Rádio Capital – 77,5 MHz
São Paulo (SP) – Padre Anchieta/Cultura – 77,9 MHz

Algumas dessas emissoras estão operando no que se convencionou chamar de “caráter científico”. Ou seja, é uma fase de testes que dura 60 dias, embora isso não seja anunciado de forma oficial durante suas programações. A finalidade é saber se ocorre interferências, em especial com a comunicação aeronáutica, que já sofre com inúmeras rádios clandestinas e até mesmo com rádios comerciais que não estão com seus transmissores devidamente ajustados. Se os resultados não forem satisfatórios, haverá a necessidade de acertos.

Um fator que é muito destacado a partir dessa estreia do FM estendido é a falta de aparelhos receptores para a sintonia dessas emissoras. No entanto cabe destacar que a portaria interministerial de número 68 determinou que todos os aparelhos de rádio produzidos na Zona Franca de Manaus a partir do dia 1º. de janeiro de 2019 fossem capazes de sintonizar a faixa de frequência modulada estendida, entre 76 e 108 MHz, inclusive os rádios dos automóveis. Se esses aparelhos não estão no mercado, há algo de muito errado.

E ainda sobre a falta de receptores, nunca é demais lembrar que um outro grande veículo de massa foi inaugurado sem que houvessem aparelhos suficientes: a televisão. Por isso que em 1950, Assis Chateubriand teve de comprar dezenas de televisões para colocá-los em diversos pontos da cidade de São Paulo.

Alguns aparelhos celulares que estão disponíveis no mercado conseguem sintonizar o FM estendido. Saiba quais são, sem qualquer intenção de fazer merchan, clicando neste link. Outros fabricantes deverão se movimentar para suprir essa necessidade.

Imagem: radiolab.blog.br

5 comentários em “Um breve resumo sobre o FM estendido

  1. Parabéns pela matéria, bem explicativa sobre o fm estendido. Um novo marco na história do rádio brasileiro, em que devemos valorizar a propagação de notícias boas e explicativas. Grande começo. Muito obrigado. Aggêu José Alves Nonoya – São Paulo-SP

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  2. Creio que exista uma diferença considerável entre a implantação da TV digital no país e essa adaptação com o FM estendido. No caso da TV digital foi possível captar os sinais mesmo utilizando-se de televisores antigos. Para isso utilizando-se dos tais conversores digitais junto as antigas TVs analógicas. Já no caso dessa adaptação, com o FM estendido parece que exista apenas uma hipótese caso desejam captar essas novas emissoras: a aquisição de novos receptores. Como exemplo, na minha residência, possuo no mínimo, uns 10 receptores de FM. E sinceramente, não pela migração da emissora A,B,C ou D do AM para o FM estendido que irá convencer-me na aquisição de novos receptores de FM.

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