Rádio: cobrança de direitos parece não ser unanimidade dentro da CBF

Por Rodney Brocanelli

A proposta de se cobrar direitos de transmissão das emissoras de rádio para as partidas de futebol organizadas pela CBF parece não ser uma unanimidade dentro da entidade máxima do futebol nacional. Ednaldo Rodrigues, um de seus vices-presidentes, manifestou-se contrario à ideia em entrevista ao portal Bahia Notícias (clique aqui).

“Pessoalmente sou contra a cobrança dos direitos de transmissão para as emissoras de rádio. E garanto que esse debate não existe dentro da CBF. Faço parte do Conselho de Administração da CBF e esse assunto nunca entrou em pauta. E se entrar em pauta, tenho certeza que não vai prosperar. Respeito a opinião de quem é a favor, mas eu sou contra”, declarou o dirigente. A acompanhar para saber se não haverá uma mudança de posicionamento nos próximos dias.

A atual estrutura administrativa da CBF tem oito vice-presidentes, abaixo do atual presidente Rogério Caboclo. São eles: Antônio Carlos Nunes, Antônio Aquino, Castellar Modesto Guimarães Neto, Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney, Francisco Novelletto, Gustavo Feijó e Marcus Vicente (saiba mais aqui).

Na semana passada, o gaúcho Francisco Novelletto, um dos vices da CBF, deu entrevista ao site GaúchaZH (clique aqui) defendendo a cobrança dos direitos de transmissão das emissoras de rádio. No que depender dele, tal medida passaria a valer em 2020.

Incômodo de Andrés

Nesta terça (15), o site da Rádio Jovem Pan publicou uma entrevista com o jornalista Filipe Gamba, do GaúchaZH, autor da reportagem que revelou a intenção de Novelletto. O jornalista revelou que houve um almoço entre o dirigente da CBF e Andrés Sanchez, atual presidente do Corinthians. Entre um arroto e outro, o cartola corinthiano se mostrou incomodado com o fato de não haver regulamentação para que a imprensa frequentasse os estádios de futebol no Brasil, especialmente em competições organizadas pela CBF.

“A partir daí, há um movimento que foi liderado pelo Andrés Sanchez e que, na CBF, está sendo comandado pelo Novelletto de, já no ano que vem, começar a fazer a cobrança dos direitos de transmissão não só das emissoras de rádio tradicionais, mas também de webrádios, portais, blogs… A leitura é simples: como só vai transmitir quem vai pagar e ter condições de comprar os direitos, esse número de pessoas que fazem parte da cobertura de um jogo de futebol hoje no estádio vai diminuir”, disse Gamba ao site da Jovem Pan.

Leia mais da entrevista de Filipe Gama no link abaixo:

https://jovempan.com.br/esportes/futebol/nao-e-so-por-dinheiro-entenda-por-que-andres-e-cbf-querem-cobrar-direitos-de-transmissao-das-emissoras-de-radio.html?fbclid=IwAR0FN1C5Z64ntI6DHfMNVnzG8zVsF-D4AaCEcsk7ZCKGqam9SFRIFQeu5QE

 

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Futebol: para Nando Gross, direito de imagem é diferente de transmissão em áudio

Por Rodney Brocanelli

Neste domingo (13), Nando Gross, comentarista esportivo e gerente geral da Rádio Guaíba, se posicionou em relação a intenção da CBF de comercializar direitos de transmissão para as emissoras de rádio (entenda mais clicando aqui). Ele disse que a medida será uma tragédia para o mercado, desempregando muita gente. No entanto Gross considera que para haver alguma mudança é necessário passar por cima da lei atual (no caso a Lei Pelé, artigo 42, que apenas se refere ao direito de imagem – saiba mais clicando aqui). O profissional citou também que já existe uma jurisprudência em relação ao tema quando, em 2008, as emissoras de rádio de Curitiba tiveram ganho de causa na Justiça, contra a intenção do Athlético-PR (na época conhecido apenas como Atlético-PR) que desejava pagamento para a transmissão de seus jogos (clique aqui).

Outro ponto levantado por Nando é que existe uma diferença entre direito de imagem e transmissão em áudio. Segundo ele, o que o rádio apresenta é uma narração, ou seja a visão do locutor que está irradiando a partida. A televisão, por sua vez, ela compra os direitos de uma imagem que, para ele, já vem pronta. Se as emissoras quiserem, podem apenas exibir a imagem, com o som da torcida, sem qualquer tipo de narração. “O áudio é diferente. Tem alguém que está contado a história. Não nos dão pronto como dão para a televisão”, disse Nando.

“Fico muito triste quando vejo um representante gaúcho sendo protagonista deste projeto”, afirmou Nando, se referindo a Francisco Novelletto, atual vice-presidente da CBF, entusiasta dessa ideia, conforme declarações dadas ao site GaúchaZH na semana passada.

Ouça a manifestação de Nando Gross, no player abaixo.

Nando Gross

Cobrança de direitos poderá significar o fim do rádio esportivo como o conhecemos

Por Rodney Brocanelli

O jornalista Filipe Gamba publicou em seu blog no site GaúchaZH algo que poderá modificar substancialmente a cobertura da mídia esportiva em relação aos jogos de futebol: a cobrança de direitos de transmissão das emissoras de rádio (clique aqui para ler). E não apenas esse veículo. Segundo a nota, outros meios também poderiam pagar: web rádio, portais e blogs. Segundo Gamba, essa ideia já estaria em discussão e ganhou visibilidade com a recente entrevista de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians a jornalistas gaúchos, que questionou o número grande de veículos na cobertura de jogos de futebol.

O jornalista do GaúchaZH foi ouvir Francisco Novelletto, vice-presidente da CBF, que não apenas defendeu as mudanças a partir do ano que vem: “Eu estou falando pela minha cabeça e por mim: no ano que vem, só vai transmitir quem pagar, e está absolutamente certo. Tem que ser como na Copa do Mundo. Eu estou acelerando para que isso seja implementado já no ano que vem e posso dizer que o movimento se acelerou após a entrevista do Andrés. Ele que está puxando, mas já existem outros presidentes que são favoráveis”, afirmou.

Novelletto disse ainda que as federações estaduais poderão adotar a medida, com cada uma definindo seus critérios.

A opinião a respeito desse tema é apenas a repetição de várias outras que já foram explanadas aqui e em outros espaços. No que diz respeito ao rádio, não deverá ser cobrado um valor que seja compatível com a realidade atual do mercado. Vale destacar a iniciativa do Athletico-PR (que na época ainda se chamava Atlético) em 2008 (veja mais aqui).

Monopólio e desemprego

Além do mais, corre-se o risco de existir novamente um monopólio dos direitos, como já se observa na televisão. Um grande grupo poderá adquirir esses direitos de forma exclusiva e exercer a possibilidade de sublicenciamento apenas com veículos parceiros. Emissoras de rádio de pequeno e médio porte, além de grupos independentes (vamos colocar assim) correm o risco de ficar de fora.

Havendo esse monopólio ou falta de condições financeiras para o pagamento, emissoras com muitos anos ativas na cobertura esportiva deverão abrir mão dessa tradição. Resultado: (muito mais) profissionais desempregados. Quem fala em “farra do rádio” deveria pensar nessa possibilidade.

Gestão profissional

Ao GaúchaZH, Francisco Novelletto justificou sua decisão dizendo que os clubes precisam de dinheiro. É verdade. Porém, o que eles precisam também é de uma gestão profissional do dinheiro que já entra no cofre dos clubes, seja com bilheteria, direitos de televisão, contratos de patrocínio. São frequentes as noticias de salário jogadores encostados por não darem certo no elenco e com seus vencimentos sendo depositados religiosamente e de multas altíssimas pagas a técnicos demitidos. Aliás, existe um caso histórico de um determinado clube de futebol que teve de parcelar o valor de multas a três técnicos de forma simultânea. Gasta-se a torto e a direito e a culpa não é das rádios, que nada tem a ver com essa má gestão. Algumas delas, mais independentes, até colocam o dedo nessa ferida, para insatisfação de alguns cartolas.

Divididas e conquistadas

Quem poderia combater essa medida ou pelo menos procurar debatê-la de forma institucional?  Quando essa mesma ideia começou a ser ventilada em 2016, sugeriu-se que as associações de cronistas esportivos pudessem estar à frente dessa negociação (saiba mais aqui). Já escrevi na época e repito aqui: não existe uma associação única. Devido a divergências de toda espécie, no âmbito nacional temos a Abrace e a Aceb. Uma é dissidência da outra. Em São Paulo, aconteceu a mesma coisa. Existe a tradicional Aceesp e a recém-criada Aceisp. Isso enfraqueceu e muito a classe, fazendo com que CBF e clubes pudessem tomar decisões unilaterais, como a que proibiu a entrevistas de jogadores aos repórteres de rádio nos intervalos das partidas.

The end

A ideia não é nova. Volta e meia, ela surge e desaparece no âmbito doméstico. No entanto, parece que desta vez a vontade do dirigentes é para valer. Se ela for adiante, somada a iniciativa da Conmebol para vender direitos da Libertadores às rádios (veja aqui), isso tudo significaria o fim do rádio esportivo como o conhecemos atualmente.

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