Fifa e AIPS prestam homenagem a jornalistas com mais Copas do Mundo no currículo

Por Rodney Brocanelli

Hoje foi um dia diferente para boa parte dos jornalistas que estão cobrindo a Copa do Mundo no Catar. Dentro de um evento chamado Jornalistas no Pódio, eles receberam uma homenagem da Fifa em parceria com a AIPS (International Sports Press Association), uma entidade internacional de cronistas esportivos. Uma pequena réplica da Taça Fifa foi entregue pelo craque Ronaldo (o Fenômeno) a 82 jornalistas do mundo todo que atingiram a um número superior de 8 coberturas da competição como credenciados. 11 profissionais brasileiros estão nesta lista. A cerimônia aconteceu no Virtual Staduim 1, em Doha.

Entre os brasucas homenageados, muitos nomes do rádio: Pedro Ernesto, da Rádio Gaúcha, com 12 participações, Osires Nadal (“o Parana te abraça”), da Rádio Lagoa Dourada, com 11, Éder Luiz, da Transamérica, com 10, Eraldo Leite, das rádios Globo/CBN, também com 10, Wellington Campos, da Rádio Itatiaia, com 9, Ricardo Capriotti, da Rádio Bandeirantes, com 8.

Galvão Bueno, que dispensa apresentações, tem 12 copas em seu currículo, Juca Kfouri, credenciado pelo UOL, tem 11 participações, Jorge Rodrigues, da Conmebol, tem 9, João Estevam Ramalho Neto e o narrador Luis Roberto, ambos da TV Globo, tem 9.

Sobre Juca Kfouri, curioso notar que em 1998 ele teve sua credencial negada pela Fifa, ainda na gestão de João Havelange, em um primeiro momento, mas que depois foi revertida após a péssima repercussão gerada pela medida.

A listagem completa pode ser vista aqui.

Galvão Bueno cita Osmar Santos e José Silvério em golaço de Richarlison

Por Rodney Brocanelli

Merecidamente, o golaço de Richarlison, o segundo do Brasil na vitória contra a Sérvia, é o assunto desta Copa do Mundo. Um lance de rara beleza. E ele ocasionou um grande momento de Galvão Bueno na transmissão da TV Globo, inconscientemente ou não. O narrador acabou usando bordões de dois gênios do rádio esportivo brasileiro. Primeiro, ele diz ” e que gol”, de Osmar Santos, e logo em seguida “e que golaço”, de José Silvério. Será que foi homenagem? Ainda não sabemos, mas está valendo. Veja e ouça abaixo (enquanto os donos do espetáculo deixarem).

O fim (dos verdadeiros) locutores esportivos

Por Flávio Araújo(*)

Leio interessante entrevista com o narrador Galvão Bueno e tiro algumas ilações que me desligam de meu passado profissional e me colocam na atual realidade. “Tudo muda, tudo passa neste mundo de ilusão” já cantou o poeta. Galvão é sem dúvida um fenômeno nas transmissões esportivas e jamais nenhum narrador de esportes atingiu tal culminância e durabilidade no comando de um veículo tão importante como a Globo. Apesar dos anos que podem ou não lhe pesar mantem-se em forma e o que mais, evolui. É verdade que os titulares prolongam ao máximo seus reinados e dessa forma impedem que sucessores ocupem o trono. Dois detalhes importantes retirei da entrevista de Galvão e que julgo de interesse daqueles que acompanham estes modestos escritos. O locutor esportivo deixou de ser o narrador do espetáculo imprimindo a fidelidade que em meu tempo era marca registrada do bom profissional. Buscávamos, sim, dar o máximo de emoção a nossas narrativas, mas jamais falseávamos na crítica e a verdade era a tônica dominante em nossa missão. Ou seja: éramos jornalistas executando uma missão profissional que queríamos colocar no ponto mais alto da respeitabilidade e da confiança de quem nos ouvia. Hoje o narrador esportivo é antes disso um animador de espetáculo, tem de executar um trabalho mais para animador de auditório, tem de ser mais Chacrinha e menos Pedro Luis. Para quem gosta, ótimo. Segundo esse caminho o objetivo é prender audiência e não ser crítico do que narra. O segundo ponto é ainda pior do meu ponto de vista. Estão acabando os locutores esportivos. Focalizei esse aspecto numa longa entrevista com Milton Neves no domingo passado quando me ligaram da Bandeirantes. Parece que não gostaram do que expus, mas mantenho minha posição. No interior nasciam os valores que iam brilhar nas grandes equipes esportivas da Capital. Houve época em que na Bandeirantes não havia um só locutor esportivo que não houvesse iniciado carreira no interior. Acontece que com o predomínio das redes, Bandeirantes, Jovem Pan, o radio do interior não transmite mais futebol. Com raras exceções. O narrador já começa pela televisão e permitam que o diga: os bons são os que nasceram no rádio e os que ainda estão na ativa são os últimos dos moicanos. De qualquer forma e só para finalizar digo que o Galvão, que começou comigo ainda na Gazeta continua sendo um grande profissional e merece a altura onde paira. Não sei como aguenta o ritmo de trabalho que executa o que é outro fator que pesa a seu favor em seu currículo.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino. Texto publicado originalmente no jornal O Imparcial, de Presidente Prudente. Reproduzido aqui com a permissão do autor.

 

 

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