Merecidamente, o golaço de Richarlison, o segundo do Brasil na vitória contra a Sérvia, é o assunto desta Copa do Mundo. Um lance de rara beleza. E ele ocasionou um grande momento de Galvão Bueno na transmissão da TV Globo, inconscientemente ou não. O narrador acabou usando bordões de dois gênios do rádio esportivo brasileiro. Primeiro, ele diz ” e que gol”, de Osmar Santos, e logo em seguida “e que golaço”, de José Silvério. Será que foi homenagem? Ainda não sabemos, mas está valendo. Veja e ouça abaixo (enquanto os donos do espetáculo deixarem).
Faltando uma semana para o começo da Copa de 2022, como não há perspectivas de mudanças aos 45 minutos do segundo tempo, podemos dizer que infelizmente José Silvério não vai participar desta cobertura como narrador. Seria a décima-segunda, em uma tradição iniciada na Copa da Argentina, em 1978. Em todas essas ocasiões, Silvério foi protagonista, narrando pelas rádios Jovem Pan e Bandeirantes. Mais que um lamento, vamos relembrar nesta postagem a bela história escrita por um dos principais narradores brasileiros na maior competição do futebol de seleções, destacando a sua participação nas finais.
1978/Argentina – Foi a primeira Copa de Silvério pela Rádio Jovem Pan, na Argentina. Em outubro de 1977, ele substituiu Osmar Santos, que havia se transferido pela Rádio Globo. Seu prestígio na emissora era tamanho, que ele foi escalado pelo Seu Tuta para fazer a decisão do terceiro lugar, envolvendo Brasil x Itália e a grande final, entre os donos da casa e a Holanda. O que ninguém imaginava é que uma úlcera fosse atrapalhar a transmissão. “Eu narrei a final sangrando, literalmente”, disse. Infelizmente, a Pan não tem o registro da narração de Silvério para a final de 78, cujo placar foi 3 a 1 para a Argentina. Deixamos aqui um depoimento que ele deu ao programa Sofá Bandeirantes.
1982/Espanha – Era uma final em que o Brasil deveria estar. Pelo menos essa era a expectativa de quase 120 milhões e outros milhares de admiradores do futebol. A seleção comandada por Telê Santana, apesar de alguns defeitos, encantou a todos. Só não estava no script a eliminação na partida contra Itália. Bastava apenas um empate, mas o talento de Paolo Rossi e a disciplina tática dos outros jogadores da Azzurra acabaram com o sonho brasileiro. Depois de eliminar a Polôna na semifinal, os italianos se classificaram para a grande final com a Alemanha. Silvério esteve lá pela Jovem Pan e sem incidentes. Placar final: 3 a 1 Itália. Ouça abaixo.
1986/México – Telê Santana novamente comandou a seleção brasileira, com remanescentes da Copa anterior e uma nova geração que surgiu neste período de quatro anos. O começo da campanha não empolgou muito, mas o Brasil avançou para a fase de mata-mata, que voltou a ser implantada após uma pausa em 1974. Nas quartas-de-final, a seleção brasileira foi eliminada nos pênaltis pela seleção francesa. Enquanto isso, um personagem emergia: Maradona. Com gol de mão, gol de placa e uma técnica acima da média, ele colocou a Argentina na final. Por outro lado, a Alemanha também chegou para a disputa do título, repetindo 1982. Placar final: Argentina 3 a 2. Ouça abaixo.
1990/Itália – A Copa marcada pelo início da Era Dunga. Sob o comando de Sebastião Lazzaroni, a seleção brasileira apresentou um futebol que não despertou suspiros. Para piorar, houve problemas com dinheiro de patrocinador, o que fez com que os jogadores convocados não contassem com muita simpatia, sendo considerados mercenários. Mais uma vez quem brilhou foi Maradona. Na partida eliminatória da Argentina contra o Brasil, mesmo cercado por três jogadores, o camisa 10 argentino conseguiu dar um passe para Caniggia fazer o gol da classificação. Os argentinos ainda desclassificaram os donos da casa e chegaram à final. Do outro lado, adivinhem, a Alemanha. Depois de dois revezes, havia chegado a hora dos alemães ficarem com o título. Placar final: 1 a 0. Ouça abaixo.
1994/EUA – Temos aqui a sequência da Era Dunga, com remanescentes da copa anterior. Apesar da desconfiança que surgiu no período das eliminatórias, a seleção brasileira foi crescendo na hora certa (e vale o clichê aqui). Carlos Alberto Parreira talvez tenha feito o seu melhor trabalho como técnico. Romário foi um dos destaques. Outro foi justamente Dunga, execrado após o fracasso na Itália. E por falar no país da Bota (sdds. Silvio Lancellotti), a seleção brasileira enfrentou a seleção italiana na grande final. Uma repetição da decisão de 1970. Silvério estava lá. Pena que o jogo em si não tenha sido a altura de tanta tradição e de tanta coisa envolvida. Mesmo assim, não deixou de ser um marco histórico para o narrador. Ouça abaixo a decisão por tiros livres da marca do pênalti,
1998/França – O período de antecedeu esta Copa foi marcado pela ascensão de Ronaldo. Jogando no futebol europeu, ele se transformou em fenômeno com seus gols impressionantes. Isso fez com que ele se transformasse em uma referência para a seleção brasileira. O time treinado por Zagallo tinha atletas das duas campanhas anteriores e jogadores que já mereciam estar no elenco de 1994. A campanha em si teve altos e baixos, com uma derrota para a Noruega na fase de grupos. Parecia que faltava alguma coisa na seleção brasileira. Mas isso não impediu a chegada em sua segunda final seguida. O adversário era a dona da casa, que tinha uma seleção bem montada. Além da derrota do Brasil para a França, ficou marcado todo o bastidor envolvendo Ronaldo, que passara mal horas antes da final. Até hoje ninguém tem uma explicação definitiva para o que aconteceu. Zidane, que não teve nada a ver com isso, fez dois gols de cabeça. Placar final: 3 a 0. Ouça abaixo.
2002 Coreia-Japão – Mais uma vez a seleção brasileira vive quatro anos de trancos e barrancos. Wanderley Luxemburgo, que começou o ciclo, não permaneceu e foi sucedido por mais dois profissionais (Candinho por um jogo só e Émerson Leão) até a chegada de Luiz Felipe Scolari. Enquanto isso, Ronaldo enfrentava seus problemas. Uma lesão patelar deixou em dúvida até mesmo a sua continuidade no futebol. No entanto, ele se recuperou a tempo e as coisas deram certo na hora certa. De contestado, ele passou à heroi. O Brasil cresceu na competição (olha aí o clichê de novo) e chegou à final sem ser derrotado ou empatar alguma partida. O oponente seria a Alemanha. José Silvério acabara de passar por uma mudança radical em sua carreira. Aproximadamente dois anos antes, ele trocou a Jovem Pan pela concorrente Rádio Bandeirantes. Mal sabia ele que havia feito uma boa escolha. A Pan decidiu não transmitir aquele mundial e fazer uma cobertura alternativa. Silvério esteve presente em todos os jogos do Brasil e pode enfileirar uma série de narrações inesquecíveis diretmanete dos estádios. Placar final: 2 a 0. Ouça abaixo.
2006 – Alemanha – Essa aqui foi a Copa do oba oba para a seleção brasileira. Muitos craques, mas pouquíssimo foco, em especial no período de treinamento. Havia uma nova geração pedindo passagem, mas o que fazer com os craques que vinham dando tão certo nos anos anteriores? Carlos Alberto Parreira não conseguiu solucionar essa questão e o Brasil caiu ainda nas oitavas para a França em uma noite inspiradíssima de Zidane. Silvério fez a sua segunda Copa pela Bandeirantes e ele começava a viver um drama pessoal, com a doença de sua primeira esposa, Sebastiana de Andrade. No ano anterior, o Grupo Bandeirantes colocava no ar a Band News FM, emissora com 24 horas de notícias. A caçula entrou em rede com a Bandeirantes e com isso, as irradiações de Silvério foram mais longe, com outras emissoras que compunham a rede. Itália e França disputaram a grande final, que passou à história não pelo título (mais um) da Azzurra, mas pela cabeçada de Zidane em Materazzi.
2010 – África do Sul – Depois da bagunça, a quase ditadura. A CBF resolveu inovar e alçou ao comando da seleção brasileira o ex-jogador Dunga. A ideia até que era interessante, mas o temperamento do agora treinador não ajudou em nada. Apesar dos títulos na Copa América e da Copa das Confederações, a campanha no Mundial não mostrou qualquer brilho. Para piorar, a indisposição de Dunga com parte da imprensa serviu para que ele angariasse ainda mais antipatia. O Brasil caiu nas quartas com a derrota para a Holanda, que chegaria a final 32 anos após ser batida pela Argentina, em 1978. Do outro lado estava a sensação Espanha. Os espanhóis venceram na prorrogação. Mais uma vez a parceria com a Band News foi repetida. Aquela foi uma Copa fria, não pelos jogos em si, mas pelo fato de seu período de competição coincidir com uma fase de baixíssimas temperaturas naquele país. Isso não afetou Silvério que esteve presente na decisão. Placar final: 1 a 0. Ouça abaixo.
2014/Brasil – Sediar uma Copa do Mundo quase virou um pesadelo para o país do futebol. Um ano antes, às vésperas da Copa das Confederações, protestos começaram a pipocar por diversas partes. A Fifa ficou preocupada por muito pouco o torneio não aconteceu em outro lugar. A seleção brasileira chegou a esta competição sob comando duplo: Luiz Felipe Scolari como treinador e Carlos Alberto Parreira como coordenador. Eles chegaram para substituir Mano Menezes, que fizera um trabalho irregular. À medida em que os jogos aconteciam, a tensão aumentava entre os jogadores brasileiros. Não por fatores externos, mas porque, conforme o jornalista Paulo Vinícius Coelho, ninguém queria cometer erros que pudessem tirar a seleção dos trilhos. Isso ficou mais visível na partida contra o Chile, na qual a classificação só veio na disputa dos tiros livres. Para piorar as coisas, uma grave contusão afastou Neymar na parida das oitavas contra a Colômbia. Não foi uma Copa fácil para Silvério. Durante a transmissão da partida contra Colômbia, ele ficou sem voz e teve de dar lugar a Ulisses Costa. E depois, já recuperado, ele irradiou a derrota para a Alemanha na semifinal pelo placar de 7 a 1, talvez o maior desastre brasileiro na história das Copas. Na outra perna, a Argentina, de Messi, foi tirando de cena os oponentes para chegar à grande final no Maracanã. Quem brilhou foi um jovem atleta, Mario Götze, que fez o gol solitário daquela partida. Placar final: 1 a 0. Ouça abaixo.
2018/Rússia – Mais uma mudança no comando técnico. Dunga era trazido de volta pela CBF. Se em 2010 era uma inovação, o ato foi conservador, desta vez. Mas infelizmente, a jogada não deu certo. O futebol apresentado era paupérrimo, especialmente nas eliminatórias, apesar da continuidade do protagonismo de Neymar. Houve uma mudança de rumo e Tite veio para ajustar as coisas. Se o Brasil deu esperança aos torcedores durante o período pré-Copa, na competição em si novamente o futebol, mais uma vez, não empolgou. Alguns jogadores renderem aquém do esperado. Neymar ficou marcado por suas simulações espalhafatosas, que foram ridicularizadas nas redes sociais. Enquanto Brasil ficava pelo caminho, a França, de Mbappé, e a Croácia, de Modric, chegavam à decisão. Era a décima-primeira Copa de José Silvério, um recorde pessoal. Diferente das outras, a partida final foi empolgante, com seis gols. Os frances conquistaram seu segundo título. Pouco depois do apito final, emocionado, ele disse “cumpri”. Antes de passar o comando da jornada para Milton Neves, ele complementou: “são onze Copas do Mundo transmitidas na final do estádio. Um marco. Obrigado, você ajudou muito. Tchau”. Placar final: 4 a 2. Ouça abaixo.
Dois anos depois, durante a pandemia, a Rádio Bandeirantes resolveu antecipar o fim de contrato com o locutor. Ele até ensaiou um retorno ao rádio, pela Capital, mas o projeto não durou muito, infelizmente. Em entrevistas recentes, ele tem deixado claro que se aposentou. Uma pena que sem fazer ao menos mais uma Copa. Condições para isso existiam, como ele demonstrou. Perde o rádio.
Graças a um acaso e a uma dica do Milton Neves via Twitter (a melhor dica que ele deu em anos), pude assistir a série de documentários dos canais ESPN sobre os 100 anos do rádio no Brasil. No último sábado (10), o ESPN Extra exibiu os cinco episódios em sequência, a partir das 14h30. Todos eles já estão disponíveis no Star+, a plataforma de vídeos oficial da Disney.
A série aborda o rádio esportivo (ou futebolístico – acho que já está na hora de debater esse termo) e cinco grandes nomes foram escolhidos para que suas histórias, que se confundem com o próprio veículo, fossem contadas: Milton Neves, José Silvério, Osmar Santos, Pedro Ernesto Denardin e José Carlos Araújo).
Um dos inúmeros pontos positivos dessa série é o fato de que eles não são louvatórios. Por exemplo, todas as qualidades, defeitos e contradições (dentro e fora do ar) de personagens como Milton Neves e José Silvério foram abordadas. No caso de Milton, a questão dos merchans não foi deixada de lado, com pelo menos um depoimento fazendo um contraponto a essa prática.
No caso de Silvério, o fato de vetar a participação de repórteres nas jornadas esportivas por episódios que ele considerava como falta de profissionalismo foi devidamente destacado, com um breve momento de autocrítica do próprio narrador.
Um dos grandes momentos do episódio com Osmar Santos foi quando lhe perguntaram se o rádio continuava a exercer o papel de informar ou se o veículo estava mais “fraquinho” no que diz respeito à informação. Em uma palavra só, um gênio definiu o estado de coisas: “fraquinho”.
Ainda sobre Osmar, todo o seu exemplo de vida é devidamente exaltado no documentário, mas há um breve espaço falar sobre o próprio rádio. Odinei Edson aparece como uma voz crítica à onda de “rádio com imagem”.
Não deixa de ser curioso ver a Rádio Guaíba e sua logomarca aparecer com tanto destaque em um programa dedicado a Pedro Ernesto, astro da Rádio Gaúcha. Explica-se: José Aldo Pinheiro e Carlos Guimarães, profissionais da concorrente deram seus depoimentos. Zé Aldo deu um depoimento pessoal e Guimarães deu uma aula sobre rádio esportivo (ou futebolístico) gaúcho para não iniciados. O amigo Marcos Garcia aponta um erro de legenda: o nome de Armindo Antonio Ranzolin foi grafado como Antonio Armindo. Falha que deveria ser sanada em uma revisão.
Pedro Ernesto, em dado momento, diz que talvez não fizesse sucesso em praças como Rio de Janeiro e São Paulo. Este radioamante discorda respeitosamente.
Além de falar da extensa carreira de José Carlos Araújo, o Garotinho, o documentário sobre ele tem o mérito de apresentar um contraponto ao tom oficialesco da comemoração dos 100 anos de rádio do Brasil. O depoimento do radialista e professor Marcus Aurélio cita as primeiras transmissões feitas antes do 7 de setembro de 1922, na cidade do Recife.
A série da ESPN traz imagens inesquecíveis, como o encontro de Osmar Santos e Milton Neves ou então o reencontro de Silvério com seus irmãos de leite. Sobre este último, não deixa de ser inquietante ver como ele está fragilizado, especialmente depois da morte de Lenice, sua esposa. Além disso, faz rir, faz chorar e faz pensar sobre o futuro do rádio.
Uma pena só que o rádio esportivo de Belo Horizonte e de cidades da região Nordeste foram deixados de lado. Há muita história para contar e personagens carismáticos para focalizar.
A série foi criada pelo núcleo de produções especiais da ESPN, com roteiro de Marcelo Gomes e Rafael Valente.
Silvério para o rádio: “eu te decifrei e você não me devorou”
O dia 5 de julho marcou uma das datas mais tristes na história da seleção brasileira de futebol. Jogando no estádio Sarriá, em Barcelona, os comandados de Telê Santana perdiam para a Itália pelo placar de 3 a 2 e davam adeus à Copa que no ano de 1982 era disputada na Espanha. Mesmo com as conquistas de 1994 e 2002, torcedores e jornalistas se perguntam até hoje sobre o que deu errado naquele dia. Bastava apenas um empate para que o Brasil chegasse às semifinais. Mas a Squadra Azurra apareceu pelo caminho. Além de adiar o sonho da conquista do título mundial, aquele resultado serviu para sepultar de vez a prática do futebol arte. Desde então, tivemos apenas alguns lampejos que apareciam de forma individual, graças ao talento de Romário e Ronaldo, cada um em sua época.
O blog Radioamantes leva você de volta ao dia 5 de julho de 1982. A nossa máquina do tempo é o rádio.
O quinto sinal da Rádio Bandeirantes marcava pontualmente 12h15, 16h15, horário local. Fiori Gigliotti anuncia o início da partida.
Para espanto geral, a Itáia saia na frente, logo aos 4 minutos de partida. Defesa brasileira vacilou. Paolo Rossi marcava, de cabeça. José Silvério estava na Jovem Pan.
A resposta brasileira não tardou. Sócrates recebeu um belo lançamento de Zico e avançou até entrar na área. O goleiro Dino Zoff tentou fechar o ângulo. Mas o Doutor, com o sangue frio que lhe era pecuilar, mandou para o gol. Osmar Santos narrou esse lance na Rádio Globo.
Mas Paolo Rossi se aproveitava mais uma vez de uma falha da defesa brasileira para marcar o segundo gol da Itália. O lance pegou muita gente desprevenida. José Silvério narrou esse lance na Jovem Pan.
No segundo tempo, o Brasil veio com tudo para tentar ao menos o empate. Falcão, na época o Rei de Roma, mandou um belo chute de média distância. E um detalhe que a televisão não mostrou: Cerezo, um dos responsáveis pelo lance que originou o segundo gol da Itália, chorou de emoção. José Silvério observou bem esse detalhe na Pan.
Armindo Antônio Ranzolin traduziu na Rádio Guaíba todo o orgulho pelo gol do “compatriota” Falcão.
E mais: a emoção de Willy Gonser, enaltecendo o corta luz de Cerezo, pela Rádio Itatiaia.
Mas aquela não era a tarde do Brasil. Em um escanteio aparentemente inofensivo, a Itália chegaria ao seu terceiro gol. Mais uma vez, Paolo Rossi. Flávio Araújo, então na Rádio Gazeta (SP) não escondeu a decepção.
Na Rádio Nacional, o garotinho ligeiro José Carlos Araújo ficou de queixo caído com o gol de Rossi.
O Brasil quase conseguiu o empate em uma cabeçada do zagueiro Oscar. O goleiro Dino Zoff operou um verdadeiro milagre. José Carlos Araújo, na Rádio Nacional, viu essa bola no gol.
Não teve jeito para o Brasil. O árbitro israelense (o Wikipedia diz que ele tem também nacionalidade romena) Abraham Klein apitou o fim de jogo. A perplexidade tomava conta da torcida brasileira. Fiori Gigliotti traduzia bem esse sentimento na Rádio Bandeirantes.
Passado o impacto da derrota, nada melhor que uma avaliação fria para se concluir em que a seleção brasileira errou. Eis a palavra de João Saldanha, então na Rádio Tupi. A metáfora do macaquinho é impagável.
(*) post atualizado e republicado. O original foi divulgado há dez anos (veja aqui). Estamos mesmo ficando velhos.
Um bate papo entre José Silvério e Olivério Jr. durante a transmissão de Brasil x Peru, na Rádio Capital, deixou transparecer os problemas que a atual equipe esportiva vinha enfrentando na emissora. Quase próximo ao final da partida, Olivério fez uma breve lembrança do jornalista Roberto Avallone, que foi seu chefe na TV Gazeta. Disse que na época em que esteve lá, ganhou três aumentos seguidos. Depois dessa lembrança, Silvério disse que nunca teve um chefe assim. Em tom de brincadeira, Olivério questionou: “é uma indireta?”
Interrompido após um lance de perigo da seleção brasileira, o diálogo foi logo retomado. “Eu fiz uma pergunta pra você se é uma indireta para mim que nunca lhe deu três aumentos”, questionou Olivério. “Não, você é o diretor, você é o chefe supremo. Aliás, eu soube que você já estáva preparando um aumento para mim. Você não teve tempo de me dar um aumento. Uma pena”, afirmou Silvério. “Já tava no prognóstico”, falou Olivério. “Já tava no esquema, mas não teve tempo porque eu já tou indo embora. E se eu voltar depois, que é aquela conversa que tivemos hoje aí você dá o aumento”, disse o narrador.
Olivério prosseguiu: “Já tá no cardápio. Você não tem que reclamar comigo, você tem que reclamar com quem tirou o projeto”. Silvério arrematou: “Pra ser bem sincero com você, eu tou tão feliz aqui que não ia alterar nada se eu tivesse aumento ou se não tivesse aumento”.
Dias depois deste descontraído diálogo, Milton Neves, que dispensa apresentações, divulgou em suas redes sociais o término da parceria entre Olivério Jr e a Rádio Capital (saiba mais aqui). Segundo Neves, domingo aconteceria a última transmissão. No entanto, não seria uma surpresa se a despedida acontecesse no entre Corinthians x Palmeiras, partida válida pelo campeonato brasileiro, marcada para o começo da noite do sábado (25).
21 de setembro. O dia do rádio de 2021 foi marcado por uma verdadeira bomba. A atual equipe esportiva da Rádio Capital, comandada por Olivério Jr., encerra seu vínculo partir do próximo final de semana. Isso não significa que a emissora deverá abandonar as transmissões de futebol, como já aconteceu em outras ocasiões. Um novo time deverá assumir o espaço, caso não ocorra uma mudança de planos.
As informações foram divulgadas por Milton Neves na tarde de hoje em suas redes sociais (veja aqui). Logo ele, que havia antecipado em maio as transmissões de futebol pela Capital, marcando inclusive a volta do narrador José Silvério ao microfone (veja aqui).
Os rumores de mudanças no futebol da Capital já circulavam pelos bastidores do rádio. O Radioamantes apurou que não havia mais harmonia entre o comando da equipe esportiva da Capital e direção da emissora. Desde o início existiam vários fios desencapados, conforme um relato que chegou até o blog. O rompimento promete ter desdobramentos, inclusive no âmbito da Justiça.
O que se sabe sobre a futura equipe da Rádio Capital é que ela terá pelo menos um narrador que está em atividade, até há bem pouco tempo dividindo escalas em um tradicional prefixo radiofônico paulistano e um projeto de internet ligado a uma personalidade famosa do mundo do futebol. A gestão deverá ficar a cargo de um outro nome, conhecido por emplacar projetos esportivos em diversas emissoras da Grande São Paulo. A emissora deverá manter pelo menos duas cotas de patrocínio.
Apesar de ter ficado pouco tempo no ar, a equipe de Olivério Jr. deixa alguns legados. O primeiro é o de investir em novos talentos do microfone. O narrador Pedro Martelli foi um deles. Hoje ele está na Rádio Bandeirantes. O outro foi mostrar que José Silvério, afastado compulsoriamente pela mesma Bandeirantes em 2020, ainda estava em forma para irradiar partidas de futebol pelo rádio.
Poucos sabem, mas Olivério é o atual proprietário da Rede Contínua, que começou como uma web rádio esportiva e migrou para o YouTube, ganhando o prêmio Aceesp em 2016. No último dia 7 de setembro, a emissora via web transmitiu a partida entre Corinthians x Juventude com uma equipe própria (veja aqui). A Capital envolveu outros profissionais nesta cobertura (veja aqui). Nas transmissões seguintes, ambas compartilharam o mesmo conteúdo.
Algo que chamou a atenção na estreia de José Silvério na Rádio Capital foi a qualidade de áudio percebida nas duas frequências em que a emissora opera atualmente. Quem acompanhou a transmissão nos 1040Khz, em amplitude modulada, pode perceber que o áudio tinha um efeito chamado reverb (veja e ouça abaixo). Esse é o nome, digamos, técnico, mas na verdade nada mais é que o eco. No rádio do Rio de Janeiro, ele ainda é bastante comum nas transmissões de futebol. Curioso notar que as duas rádios que Silvério trabalhou em São Paulo (Jovem Pan e Bandeirantes) não se utilizam desse recurso. Já em 77,5Mhz, frequência usada pela Capital no FM estendido, o áudio chegou sem o reverb.
José Silvério iniciou uma nova fase de sua carreira na Rádio Capital neste último sábado (12). Ele narrou as emoções de Palmeiras 1 x 1 Corinthians, partida válida pelo campeonato brasileiro de futebol, edição 2021.
José Silvério finalmente voltou às transmissões esportivas narrando o empate entre Palmeiras e Corinthians pelo placar de 1 a 1 pela Rádio Capital, de São Paulo. Essa partida foi válida pela terceira rodada do campeonato brasileiro de 2021. O primeiro gol foi marcado por Raphael Veiga, colocando o alviverde em vantagem na primeira etapa. Gabriel fez o tento de empate dos corntianos no segundo tempo.
Silvério esteve ausente dos microfones desde 15 de março de 2020, quando narrou Corinthians x Ituano, jogo do Paulistão de 2020, pela Rádio Bandeirantes. Em abril do mesmo ano, a sua saída da emissora foi divulgada. Em maio de 2021, Milton Neves divulgou em primeira mão a notícia dando conta da volta do narrador pela Rádio Capital, em um projeto liderado por Olivério Júnior.
“Eu tinha efetivamente parado. Eu furei aquilo que eu falei. Reconheço. Não é questão de falta de palavra. O tempo fez isso (o retorno para o rádio). E o Olivério acabou de arrematar. O Olivério fez o gol. Eu voltei por causa do Olivério, por causa das conversas que tivemos. Eu nem sei quanto eu vou ganhar”, disse Silvério durante o programa pré-jogo.
A atração contou com mensagens de saudação gravadas pelos comunicadores da Capital e teve também entradas ao vivo de nomes como Paulo Soares, Flavio Ricco, entre outros. Erick Castelheiro, presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) marcou presença e gerou um momento curioso. Silvério disse a ele que estava sem a carteirinha da entidade para poder narrar os jogos dos estádios. Castelheiro afirmou que iria entregar uma nova diretamente a ele.
Milton Neves também entrou no ar e lembrou que José Silvério foi seu padrinho de casamento. O apresentador ficou muito emocionado durante sua intervenção. Lenice, sua esposa, morreu em agosto de 2020, vítima de um câncer.
Silvério e Olivério lembraram de algo curioso: o narrador voltou a transmitir uma partida de futebol pela frequência dos 1040Khz em amplitude modulada. Foi nela que o locutor fez suas primeiras transmissões para São Paulo, na década de 1970, ainda na época da antiga Rádio Tupi. Ele ficou responsável por um tempo pelas transmissões das partidas do futebol carioca. Essas transmissões interestaduais se justificavam dado o interesse despertado pela Loteria Esportiva.
Durante a bola rolando, Silvério citou no ar o nome de sua antiga emissora. Normal para uma estreia. Algo curioso notado durante a transmissão: o som da Capital no AM tinha eco, que é conhecido no meio rádio como reverb. No FM (77,5Mhz) e no site, o áudio estava normal. Somente no YouTube que havia um ronco chato de fundo.
Andrés Sanches e Wanderley Luxemburgo, anunciados como integrantes da equipe esportiva da Capital, participaram do pré-jogo. Durante a bola rolando, não houve a participação de um comentarista. Fabio Lázaro e Tiago Fernandes foram os repórteres desta transmissão.
Ouça abaixo os gols narrados por José Silvério na Capital.
José Silvério vai voltar ao rádio esportivo no próximo dia 12 de junho. Ele será um dos narradores da nova equipe esportiva da Rádio Capital. Sua primeira transmissão acontece na partida Palmeiras x Corinthians, válida pela terceira rodada do campeonato brasileiro de futebol. A informação foi divulgada pelo jornalista Flavio Ricco, do portal R7. Neste domingo (30), a emissora começou a divulgar as primeiras chamadas em sua programação (ouça abaixo).
Saiba mais sobre a nova equipe esportiva da Capital no link a seguir.
José Silvério participou da estreia da nova equipe esportiva da Rádio Capital nesta última quinta (21). Por telefone, ele conversou brevemente com o apresentador e comandante da equipe Olivério Júnior. Logo no começo, o narrador demonstrou seu descontentamento pela falta do torcedor no estádio, condição imposta pela pandemia do Coronavírus. “O futebol é um esporte que precisa e muito de torcida no campo, porque as vezes um jogo ruim vira festa por causa da presença da torcida”, afirmou.
Em seguida, Olivério disse “eu estou de braços abertos, e o ouvinte da Capital também, para receber você”. Foi talvez uma espécie de senha para Silvério falasse sobre sua situação: “Acho que em breve estaremos aí, né? Não deve demorar muito. Estamos com os últimos detalhes sendo acertados. Eu espero realmente que tudo termine bem, tudo termine com a gente fazendo…Seria muito bom que você tivesse me procurado um pouco antes para que hoje eu já pudesse estar transmitindo esse jogo. Mas como fica pra depois, é um pouco de expectativa para ver o que vai acontecer com todos nós, não é meu caro Olivério?”, afirmou.
A estreia oficial das transmissões de futebol com a nova equipe comandada por Olivério Júnior aconteceu nesta quinta, com a primeira partida da decisão do campeonato paulista de futebol envolvendo Palmeiras x São Paulo.
Na noite da última terça (18), Milton Neves divulgou em primeira mão em seu Twitter e seu blog no UOL informações sobre a equipe esportiva da Rádio Capital e da possível volta de José Silvério às narrações esportivas neste projeto. No dia seguinte, surgiram outros detalhes informados pelo próprio Milton e pelo blogueiro Cosme Rímoli, do R7, como as presenças de Andrés Sanchez e Wanderley Luxemburgo (veja aqui).
Veja abaixo a participação de Silvério na jornada esportiva da Capital e a íntegra da transmissão desta quinta.
Olivério Júnior, comandante da nova equipe de esportes da Rádio Capital concedeu uma breve entrevista ao Capital da Hora, comandado por Luciano Faccioli e falou um pouco mais sobre o projeto que estreia hoje (20). Duas informações importantes: ainda não há uma definição sobre a participação de José Silvério e Andrés Sanchez vai trabalhar apenas nos jogos do Corinthians.
A primeira cobertura será da primeira partida da final do campeonato paulista 2021, envolvendo Palmeiras e São Paulo.
Olivério fez vários elogios a José Silvério durante a entrevista. “Eu tenho muito carinho e eu acho que todo mundo que é da imprensa conhece um cara chamado José Silvério, que é além de um dos maiores narradores de todos os tempos no rádio, um cara de extremo caráter, uma pessoa com quem todos nós temos que conversar e dialogar, dividir inclusive conversar e trabalhar”. Depois complementou: “eu tenho certeza que nós vamos ter um negócio muito legal aí pra frente”.
O nome de Silvério como narrador deste projeto da Capital foi divulgado por Milton Neves em seu Twitter e seu blog (veja mais aqui)
Por sua vez, Andrés Sanchez vai atuar apenas nos jogos do Corinthians, clube do qual ele foi presidente em três oportunidades. “A ligação do Andrés é tão grande com o clube que ele presidiu que seria muito desgastante para ele e esquisito para o torcedor de Palmeiras e de São Paulo colocá-lo numa saia justa, para falar um português bem claro”, disse o comandante da equipe. Além disso, a ideia de ter um ex-cartola como comentarista é levar ao ouvinte da Capital a experiência de quem “já assinou o cheque”, conforme Olivério.
Wanderley Luxemburgo fará sua estreia no próximo domingo na partida de volta da final do Paulistão.
Nesta quarta, quem comentará é a jornalista Marília Ruiz. O narrador será Pedro Martelli e Tiago Fernandes ficará encarregado das reportagens. Fábio Lázaro faz o posto da partida entre Corinthians e Sport Huancayo. Além de Marília, a outra presença feminina nesta equipe será a de Silva Vinhas.
Essa nova equipe de transmissões da Capital não vai interferir no programa Capital da Bola, que vai ao ar todos os finais de tarde, com a participação do ex-jogador Basílio.
Ouça abaixo a participação de Olivério Júnior no Capital da Hora.
José Silvério poderá voltar ao rádio esportivo pela Rádio Capital. O uso do condicional se faz necessário graças ao desenrolar dos acontecimentos nas últimas 24 horas. Na noite da última terça (18), Milton Neves, que dispensa maiores apresentações, surpreendeu aos seus seguidores nas redes sociais e leitores de seu blog com uma bomba: o retorno do veterano narrador esportivo às irradiações esportivas.
“Boa noite, o oliverio júnior comprou horário da rádio capital pra transmitir futebol e o José Silvério será o narrador, só esse nome está certo no momento Bomba no rádio! Silvério de volta…”, escreveu Milton em seu Twitter (veja aqui). No seu blog, no UOL, o texto publicado na noite da mesma terça vai na mesma linha: “Ele será o principal nome da equipe esportiva que está sendo montada pelo empresário Olivério Júnior na Rádio Capital” (clique aqui pra ver).
A repercussão foi imediata, com muitos demonstrando apoio e satisfação com essa notícia.
No entanto, no meio da tarde desta quarta (19), as coisas mudaram um pouco de figura. Em seu blog no R7, o jornalista Cosme Rímoli avançou um pouco mais, trazendo detalhes. Ele informou sobre o interesse de Olivério Júnior em ter o treinador Wanderley Luxemburgo e o ex-dirigente Andrés Sanchez como comentaristas. “E os dois devem trabalhar ao lado do narrador José Silvério, que ainda negocia seu retorno às transmissões”, escreveu o jornalista.
Reparem nas frases e expressões “nome certo no momento”, “principal nome” e ” ainda negocia seu retorno às transmissões”.
No começo da noite desta quarta (18), o mesmo Milton Neves atualizou as informações em seu Twitter: “O futebol da Rádio Capital: jornalista e empresário Olivério Jr confirma formação de equipe e já contratou 2 comentaristas-surpresa:Andres Sanches-sim,o ex-presidente do Corinthians, e… Luxemburgo!Ele já vendeu 5 cotas de patrocínio e aguarda o SIM do já convidado José Silvério” (veja aqui). O texto de seu blog praticamente é o mesmo (clique aqui).
De concreto mesmo, alguns nomes da equipe que foram divulgados por Rímoli: o narrador Pedro Martelli, os repórteres Tiago Fernandes e Fábio Lazaro. Além de Silvia Vinhas, que já tem um programa na própria Capítal, e Marilia Ruiz (muitos deles confirmados pelo Radioamantes).
Não deixa de ser estranha a presença de Andrés Sanchez, ex-cartola do Corinthians como integrante desta equipe esportiva. Em 2019, ainda representando o time paulista, demonstrou em diversas ocasiões ser favorável à cobrança dos direitos de transmissão dos jogos de futebol por parte das rádios (às vezes de forma aberta, outras vezes, nas entrelinhas. Clique aqui pra ver).
Segundo Cosme Rímoli em seu blog, Sanchez “integrará a programação, primeiro como convidado especial, mas podendo ser efetivado depois”.
Quanto a Luxemburgo, deverá ser divertido ouví-lo falar mais de si mesmo do que dos assuntos e jogos de futebol.
Palmeiras e Santos, Santos e Palmeiras vão fazer o “jogo do século” no próximo dia 30 de janeiro. Ambas as equipes deverão entrar em campo, no Maracanã, para decidir a Copa Libertadores da América em sua edição 2020. Entretanto, não dá para deixar de notar uma ausência em uma partida de tamanha magnitude: a de José Silvério, narrador esportivo, atualmente sem rádio desde que deixou a Rádio Bandeirantes em abril do ano passado.
Em entrevistas que o locutor concedeu nos meses seguintes, Silvério deixou claro que depois de sua saída da Bandeirantes, ele mesmo considerava que sua carreira de aproximadamente 57 anos havia acabado (veja aqui, aqui e aqui).
O blog Radioamantes revelou que a última partida narrada por Silvério na Bandeirantes não teve nada de especial. No dia 15 de março, ele foi escalado para narrar Corinthians x Ituano, na Arena Corinthians, válida pela 10ª rodada da fase de classificação do campeonato paulista de futebol. Placar final: 1 a 1. Os visitantes abriram o placar com um gol de Breno Lopes. O Corinthians empatou com Luan. Este gol foi o último narrado por ele antes da aposentadoria forçada (leia mais aqui).
Como registrado na ocasião por este blog, “caso Silvério não volte mais a narrar, a última transmissão que ele comandou na Rádio Bandeirantes não foi à altura de sua gloriosa carreira, de quase 57 anos”.
A grande final da Libertadores seria a grande chance de José Silvério poder encerrar sua carreira da forma que merece. Talvez o grande problema é que por questões de patrocínio, recursos ou mesmo por vaidade, talvez essa homenagem (vamos colocar dessa forma) não pudesse ser feita no rádio da Grande São Paulo.
Sendo assim, por que não uma rádio de fora dar esse espaço? Por que não a Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte? Foi nela que Silvério iniciou trajetória como narrador esportivo. Ou então, por que não a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro? Ele teve uma passagem profissional na Cidade Maravilhosa. Não chegou a irradiar jogos na Nacional, mas é uma emissora do local onde vai acontecer a final da Libertadores.
Outras rádios de grande porte fora dos grandes centros poderiam também dar as condições técnicas necessárias para que José Silvério tenha realmente a condição de se despedir do rádio da forma que merece.
Sonhar ainda não paga imposto (Paulo Guedes, ministro da Economia, que não me leia).
Uma “questão política” foi a responsável por José Silvério ter ficado pouco tempo na Rádio Bandeirantes no ano de 1985. O narrador esportivo falou brevemente sobre essa passagem meteórica pela emissora do Morumbi durante uma live organizada por Edemar Annuseck e transmitida via YouTube e Facebook. O assunto foi levantado por intermédio de uma pergunta formulada por um internauta de Novo Horizonte (?!).
“É um assunto político muito difícil de entender. A Bandeirantes tinha um locutor muito importante que não aceitou minha ida e trabalhou muito nos bastidores contra mim”, disse. Embora não haja uma citação direta, José Silvério está falando de Fiori Gigliotti.
A primeira passagem de Silvério pela Bandeirantes durou de agosto a dezembro. Na época, ele tinha 40 anos. “A ida (…) para a Bandeirantes é a primeira transferência de impacto desde a saída de Osmar Santos da Pan para a Globo, em 77”, registrou assim o Estado de São Paulo, em reportagem de 21 de julho de 1985.
Sem ambiente na Bandeirantes, José Silvério decidiu voltar sua antiga emissora. “A Jovem Pan me convidou(…) e eu preferi voltar para a Jovem Pan, onde eu tinha mais tranquilidade para trabalhar do que na Bandeirantes, que revelou-se, na época, um verdadeiro inferno para mim”, afirmou.
Edemar Annuseck disse em seguida que a emissora não tinha preocupações com as pesquisas de audiência realizadas pelo Ibope. “Se a Bandeirantes e a Globo não aparecessem bem, as coisas já ficavam complicadas”, disse.
Sobre a questão do Ibope na ocasião, Silvério disse que a Bandeirantes na época estava em terceiro e depois que ele chegou, passou a liderar o ranking. “Aí o outro locutor que estava na Bandeirantes, virou-se contra mim (…) e aí foi a confusão toda. Teve uma brigazinha no meio, mas deixa pra lá, já tem tantos anos”, falou.
O comentarista esportivo José Hidalgo Neto, o Capitão Hidalgo, que também participou da live, fez uma intervenção importante sobre esse assunto. Ele disse que durante o sorteio da Copa do Mundo que seria disputada no México, em 1986, ele encontrou Flavio Adauto, enviado da Bandeirantes para esse evento. Ambos ficaram no mesmo quarto. Em um determinado dia, Hidalgo chegou bem no momento em que Adauto participava de uma conversa tensa com sua base.
Pouco depois, em um almoço do qual participou o também comentarista Luis Mendes, Adauto contou alguns detalhes. Silvério devolveu à Bandeirantes as chaves de um automóvel que teria ganho como bônus pela transferência. Além disso, foi revelado um desacerto referente a escala dos jogos. Silvério e Fiori teriam direito a narrar dois jogos cada. No entanto, esse número foi mudado em favor de Fiori, que passaria a narrar três partidas, enquanto que Silvério ficaria com uma.
Em sua volta à Jovem Pan, Silvério fez um contrato melhor e garantiu a presença da emissora na Copa do Mundo que seria disputada no México, em 1986. “Eu praticamente resolvi minha vida, por isso que hoje desempregado não tenho mais problema (sic)”, afirmou.
O livro Fiori Gigliotti – O Locutor da Torcida Brasileira, escrito pelo jornalistas Paulo Rogério e Mauro Beting, traz duas versões. Em uma delas, Fiori teria dado um ultimato à direção da Rádio Bandeirantes ao tomar conhecimento de que a dupla iria dividir a transmissão dos jogos do Brasil na Copa. Na outra, Silvério teria desistido da ideia dessa divisão.
A obra ainda conta sobre um encontro entre os dois narradores em que esse assunto foi abordado uma única vez, pouco depois da saída de Fiori Gigliotti da Bandeirantes. Silvério deu uma carona a Fiori após a participação da dupla em uma palestra para estudantes universitários. Conforme o livro, o diálogo teria sido um pedido de desculpas do veterano profissional.
Fiori: “Pois é, Silvério…Eu te tratei tão mal e agora acontece isso”.
Silvério: “Por isso, Fiori, que eu trabalho onde sou feliz e tenho a consciência de que a empresa não é minha”.
35 anos depois, esse tema ainda parece ser um tabu para o próprio José Silvério.
Mas a live não ficou apenas nisso. Outros assuntos relacionados ao futebol brasileiro foram abordados. Além de Silvérios e dos já citados Edemar Annuseck e José Hidalgo Neto participaram também Henrique Giglio, Sidnei Campos e Eduardo Vieira. Para assistir a tudo, clique aqui.
Veja abaixo o trecho em que Silvério fala de sua meteórica passagem pela Bandeirantes em 1985.
O mundo perdeu hoje uma de suas maiores referências: Diego Maradona. Ele teve uma parada cardiorrespiratória em sua residência. Apesar do socorro de seis ambulâncias, não foi possível reanimá-lo. O mundo do futebol está de luto e a Argentina em estado de choque. Ele tinha 60 anos. Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e enterro.
Vamos relembrar aqui alguns momentos de Maradona no mundo do futebol registrados pelo rádio brasileiro.
Não poderíamos começar com outro registro que não fosse o gol de mão que ele marcou na partida entre Argentina x Inglaterra, válida pela fase de quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986. Um gol marcado com “la mano de Dios”. Narração de Éder Luiz e reportagens de Roberto Silva, pela Rádio Bandeirantes.
O segundo gol de Maradona naquela partida foi uma pintura. Ouça a descrição de Samuel de Souza Santos, pela Rádio Guaíba.
Haroldo de Souza transmitiu este histórico jogo pela Rádio Gaúcha.
O último gol de Maradona em Copas aconteceu no mundial dos EUA, em 1994. Um belo chute de média distância com o pé esquerdo. Entretanto, pouco depois, ele foi excluido da competição, por ser pego no exame antidoping. Ouça a narração de Alberto Cesar e reportagens de Marcelo di Lallo, pela Rádio Gazeta.
Ouça esse mesmo lance com a narração de Jota Santiago, da Super Rádio Tupi.
Outro lance histórico de Maradona não foi exatamente um gol, mas sim um passe que ele deu para Caniggia fazer o gol da vitória da Argentina sobre o Brasil. Diego veio com a bola dominada no meio campo, conseguiu se livrar da marcação de Dunga e, mesmo cercado por pelo menos dois outros jogadores brasileiros, passou a bola para que seu companheiro saísse livre, de frente para o gol.
Só mesmo um lance genial de Maradona para fazer Fiori Gigiotti falar um palavrão no ar. Ouça abaixo e saiba mais clicando aqui.
Ouça o mesmo lance com a narração de José Silvério, então pela Rádio Jovem Pan.
E ainda, a narração de Marco Antonio Pereira, pela Rádio Guaíba.