Para professor, crise dos meios de comunicação é de gestão e não tem a ver com a conjuntura nacional

Por Rodney Brocanelli

Em entrevista ao podcast Opinando, Luiz Artur Ferraretto, professor de jornalismo da UFRGS, ao comentar sobre o futuro da comunicação enquanto negócio disse que ainda existem muitos empresários do setor administrando seus respetivos veículos como se estivessem na década de 1990. “Eu me pergunto o que nós vamos ter daqui a 10 anos em termos de emissoras”, afirmou.

Ainda falando sobre o empresariado, Ferraretto fez um importante diagnóstico. A crise dos meios de comunicação no Brasil não tem a ver com a conjuntura nacional. “Teve muito empresário que foi apoiar o Bolsonaro porque achou que a crise era econômica, era culpa da Dilma, do PT (…) e não se deu conta de que a crise era no modelo de negócio, a crise era na gestão deles”. falou.

Sabe-se que esse apoio não foi apenas na intenção de voto, mas foi estendido ao conteúdo editorial, especialmente em emissoras de rádio (ou aquelas que tem o rádio em sua origem).

Durante a entrevista, em seus instantes iniciais, Ferraretto abordou a questão dos 100 anos de rádio no Brasil. Oficialmente, o marco inicial da radiodifusão no Brasil é em 7 de setembro de 1922. No entanto o professor alega que aquela transmissão fazia parte de uma grande demonstração para a venda de equipamentos de rádio das empresas Westinghouse e Western a um único cliente: o governo federal. Foi dentro deste evento que houve o famoso discurso do então presidente Epitácio Pessoa.

Ferraretto cita que em 1920 houve também um evento também para a demonstração de equipamentos, desta feita da empresa Marconi, acontecido na Ilha das Cobras, então instalação da Marinha. O mesmo presidente Pessoa participa dos testes, conversando com um senador por intermédio da aparelhagem instalada.

Essa história passou a ser recontada, graças à insistência de um pesquisador, o professor Luiz Maranhão Filho. Durante a década de 1910, no Recife, ocorreram algumas transmissões consideradas piratas (ou clandestinas), que só foram registradas pelos jornais da época graças ao noticiários sobre apreensão de equipamentos. A coisa segue adiante graças a um grupo de interessados e em 1919 é inaugurado o Rádio Clube de Pernambuco. No início de 1923, ocorreram as primeiras transmissões de um ponto para várias pessoas.

Importante destacar que os serviços oferecidos naquela época eram chamados de radiotelegrafia e radiotelefonia, este último bem próximo daquilo que conhecemos hoje como o rádio comercial (o professor Ferraretto fala em “caixinhas musicais”).

“O rádio no Brasil não tem uma data certa”, decreta Ferraretto. Conheça mais o seu vasto currículo clicando aqui.

O Opinando tem a apresentação do jornalista Nando Gross (que sofreu um pouco com o ar-condicionado do estúdio).

Veja abaixo a íntegra da excelente entrevista, que não ficou apenas nesses assuntos destacados.

Vereadores do PT e PSDB batem boca ao vivo na Jovem Pan‏

Vereadores do PT e PSDB batem boca ao vivo no ‘Jornal da Manhã’, na Jovem Pan. O líder do PSDB na Câmara dos Vereadores de São Paulo, Andrea Matarazzo, e o vereador petista líder do Governo na Câmara, Arselino Tatto, debateram na manhã desta terça, 02/06, sobre o projeto da lei de zoneamento da cidade de São Paulo, que será entregue hoje pelo Prefeito Fernando Haddad à Câmara, e explica o que pode e o que não pode ser construído em cada via da capital paulista. 
 
O tucano acusou o projeto de ser uma “guerra do Prefeito contra as zonas residenciais” e disse que Haddad não “conhece e se recusa a andar pela cidade”. Questionado se concorda com o posicionamento de Andrea, o petista disse que o líder do PSDB é “um adivinho”, pois o projeto nem foi entregue ainda. “O Prefeito não tem intenção nenhuma de prejudicar a população, vamos debater de forma transparente. Vamos fazer o melhor plano que a cidade possa ter (…) É muito ruim atacar o Prefeito sem conhecer o plano que será entregue na Câmara hoje”, falou Tatto.
 
Em diversos momentos o petista acusou Andrea de se interessar apenas pelos bairros nobres da cidade e não se preocupar com bairros como Guaianazes, Parelheiros, Capão Redondo. “Haddad é um estadista, está preocupado com a cidade toda”, disse Tatto, enquanto Andrea rebateu que o Prefeito não pode querer “tratar de forma igual regiões desiguais” e ainda complementou que “o PT estragou algumas regiões com o plano diretor e o Haddad tem destruído a cidade de São Paulo.” 
 
Os vereadores concluíram agradecendo a Jovem Pan pelo debate e concordaram que é muito saudável para a democracia esse tipo de discussão. O petista ainda complementou: “Posso não concordar com 90% do que vocês (Jovem Pan) falam, mas não deixo de ouvi-los todos os dias”. 
 
Confira o áudio completo do debate clicando aqui.

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