Por Rodney Brocanelli
Morreu na madrugada deste domingo (04) o repórter esportivo Roberto Carmona. Conforme informações de familiares, ele estava internado em um hospital de São Paulo após apresentar um quadro infeccioso logo após uma cirurgia de coluna. O velório será amanhã (05), das 8:00 às 10:00 horas e o sepultamento às 10:00 no cemitério do Araçá. Tinha 86 anos.
Carmona começou sua carreira profissional em São Paulo exatamente no dia 31 de outubro de 1963, na Rádio Record, em um Palmeiras x Guarani, jogo diurno disputado no, Pacaembu, a convite de Joseval Peixoto, que havia deixado a Rádio Bandeirantes, ao lado de outros companheiros, como Darcy Reis, Orlando Duatre e Braga Júnior. Como Luiz Augusto Maltoni, então repórter da Bandeirantes, não pode se transferir, Peixoto, que já conhecia Carmona da cidade de Arapongas, fez o convite.
Na quinta seguinte, uma nova transmissão, desta vez de São Paulo x Comercial, e Carmona foi chamado novamente para atuar na reportagem. Depois, ofereceram um contrato de experiência de 90 dias. Ali começava uma trajetória de rádio que durou 58 anos ininterruptos.
Trabalhou nas rádios Jovem Pan, Gazeta, Bandeirantes. Esteve na antiga Rádio Nacional, de São Paulo, e nela permaneceu durante a sua transição para Rádio Globo, marcando época na equipe de Osmar Santos, a partir da segunda metade da década de 1970. Desde 1995, passou a trabalhar na equipe esportiva de Éder Luiz, que passou pela Capital AM, Band FM e desde o ano 2000, na Transamérica FM.
Devido a uma irritação de pele, o radialista sempre trabalhou nos estádios usando bermuda. Para isso, teve de conseguir uma autorização especial das associações dos cronistas esportivos, que ao lado das federações e confederações não permitem o uso do traje para profissionais de imprensa.
Em uma entrevista ao programa Radioamantes no Ar, Carmona falou de dois feitos jornalísticos. Um deles, uma entrevista importante com Pelé, feita na casa dele, ao lado da então esposa Rose Arantes do Nascimento, em que um dos temas foi o racismo. O outro foi praticamente antecipar o resultado de uma eleição para presidente do Corinthians, em 1984, conversando com os conselheiros do clube e perguntando em quem iriam votar.
Adilson Monteiro Alves e Vicente Matheus eram os candidatos. Havia uma simpatia por parte da Rádio Globo, de Osmar Santos, para com o primeiro. Com a sua intuição de repórter, Carmona chamou Osmar para um almoço e disse que a tendência do eleitorado pendia para o segundo. Diante da incredulidade do chefe, o repórter se prontificou a fazer a pesquisa eleitoral e, com isso, conseguiu confirmar o que sabia.
No dia da eleição, a Globo mandou quatro repórteres para a cobertura da eleição corintiana. No principal programa de esportes da emissora, o Globo Esportivo, Carmona deu a manchete: “A eleição do Corinthians já está decida. Vicente Matheus será o próximo presidente com uma vantagem de 3 por 1”. Claro que a informação não agradou a chapa adversária. Alguns familiares do candidato foram tirar satisfações com Carmona e a coisa só não evoluiu para a pancadaria, graças a intervenção de José Eduardo Savóia, então repórter do Jornal da Tarde, que pediu para o fotógrafo da publicação ficar de prontidão para registrar possíveis cenas de pugilato.
Em 2021, sua trajetória profissional foi contada no livro “O Senhor do Rádio: A Fantástica História de Roberto Carmona, o Repórter que Viveu os Anos Dourados”, do autor Cristiano Silva.
Ouça abaixo uma entrevista de Carmona ao programa Radioamantes no Ar, realizada em 2014, pouco depois dele completar 50 anos de carreira, em que ele deu um show sobre temas relacionados ao rádio esportivo.
