Com o passar dos anos, na profissão, a gente começa a ler mais nas entrelinhas de uma notícia. É que as informações ocultas costumam ser muito reveladoras. Tudo evolui, mas as “técnicas” para dizer o que não está escrito continuam as mesmas.
Exatamente por isso, em muitos casos, é melhor fazer de conta que não se notam as evidências e dar corda para os enforcados ou, no mínimo, plantar a árvore.
Na verdade, um comentário fora de hora precipita acontecimentos que podem ser evitados ou, pior, faz o jogo de interesses que estão por trás de informação.
Recentemente, a Rádio Tupi AM, paulista, cancelou o contrato de dois apresentadores que vinham atuando há, pelo menos, dois anos na emissora: Ivo Morganti e Rony Magrini. A notícia foi veiculada em 28.02, no siteBastidores do Rádio. Acho que Magrini estava na Tupi há mais tempo, desde a época em que Rubens Palli dirigia artisticamente a emissora da avenida Paulista, em 2008/2009.
A atual direção da casa não deu nenhuma explicação aos dois profissionais demitidos. Contratar e dispensar fazem parte do jogo; seguir as regras da polidez, além de demonstrar senso de justiça, colabora para o fair play. Magrini e Morganti, reclamaram da falta de transparência na demissão.
Dias depois, em 04.03, o mesmo Bastidores divulgou a informação de que Magrini estaria em acertos finais com a Rádio Record.
Agora, surgem informações, tratadas no plano do sigilo (como se fosse possível), dando conta de que Paulo Barboza deve se desligar da rádio Record. O que uma coisa tem a ver com a outra? Calma, vamos raciocinar!
A lógica determinaria que Barboza, saindo da Record, voltasse à Capital, aonde estava quando se transferiu para os mil “da maior”. A Capital, inclusive, tem mais “Ibope” que a Tupi, além de contar com ídolos populares como Eli Correa, Paulo Lopes, Paulinho Boa Pessoa, Cícero Augusto, entre outros, mais condizentes com o tipo de programa do radialista carioca.
E por que, então, ele não vai fazer isso? Ora, se alguém se esqueceu, o futuro da Capital ainda depende de definição.
Apesar dos maus humores que as notícias sobre a venda da emissora do grupo Morizono despertam, a verdade é que o negócio não está descartado. Não houve, até o momento, um comunicado oficial da emissora, nem que sim nem que não.
Como no caso da Transamérica, cujo desfecho foi prorrogado até se chegar à quantia ideal para as partes envolvidas, a venda da Capital, se ainda não aconteceu, pode ser concretizada a qualquer momento. É uma questão de números.
Há uma nova vertente, surgida no feriado, dando conta de que a direção da Transamérica vai negar a aquisição da rede pela Record, para não “tumultuar o mercado”. Tipo do coisa sem nexo, mas, enfim, vamos aguardar os acontecimentos.
Voltando à indefinição da Capital, resta-nos a conhecida pergunta, à la Shakespeare, para tentarmos encontrar a resposta que nos diga para onde vai Paulo Barboza: Tupi or not Tupi? Ah, eu sabia que você ia matar a charada!
E que ninguém culpe ao Paulo por isso. O profissional está no direito dele. Assim como a Tupi pode contratar e demitir quem quiser e o grupo Morizono pode vender o que desejar. Ah, sim, e a Record pode comprar o que o dinheiro permitir.
Tudo isto só não acontecerá se houver uma guinada radical da posição dos atores no palco da encenação.
A falta de clareza que cerca os assuntos deve ser, apenas, medo de olho gordo. Ou não?
Tentei contato com as emissoras, em busca de confirmação da notícia, sem retorno. Afinal, estávamos no carnaval.
Hoje, tudo são cinzas e a visão ainda fica turva, mas assim que baixar a poeira, veremos muito melhor.