Morre Silvio Luiz

Por Rodney Brocanelli

Morreu na manhã desta quinta (16) Silvio Luiz. Ele estava internado desde o da 8 de maio no Hospital Oswado Cruz, em São Paulo. Em nota, o hospital informou que o narrador teve falência múltipla de órgãos. O velório está previsto para acontecer nesta sexta (17), a partir das 09h no Cemitério Getshêmani e o enterro será no mesmo local, às 14h. Ele tinha 89 anos

Pode-se dizer que Silvio morreu praticamente trabalhando. Ele passou mal durante a transmissão da final do campeonato paulista, em abril, pelas plataformas online da Record. Alguns veículos informaram que nessa ocasião, ele teve um AVC. Ficou internado alguns dias e voltou para casa. Com o agravamento de seu estado de saúde, retornou ao hospital.

Apesar de ser um nome consagrado da televisão, Silvio também trabalhou em rádio e teve passagens marcantes neste veículo. Segundo o livro Olho no Lance, de Wagner William, o começo foi na Rádio São Paulo, uma emissora conhecida por suas radionovelas. Ainda adolescente, ele acompanhava sua mãe, Elizabeth Darcy, que trabalhava na emissora. Tanto insistiu para ter uma chance ao microfone, que ele conseguiu fazer algumas locuções e algumas pontas, como radioator.

Depois de se transferir para a televisão, com trabalhos nas TVs Paulista e Tupi, Silvio foi gerente da Rádio Guarujá, de Santos, conhecida como Pérola do Atlântico. Na ocasião, a emissora havia sido arrendada pelo empresário Mario Okuhara. Ao mesmo tempo, ele desempenhava a função de repórter de campo nas transmissões esportivas da TV Record, ainda na fase de administração de Paulo Machado de Carvalho.

O livro também registra que Silvio atuou também como repórter na Rádio Panamericana, que era do mesmo grupo. Em muitas ocasiões, ele era “emprestado” para a Rádio Record.

Em 1960, foi contratado pela Rádio Bandeirantes, tomando parte da equipe esportiva comandada por Edson Leite e Pedro Luiz. Ainda neste mesmo ano, mudou-se para o Rio de Janeiro para trabalhar no projeto de remodelação da Rádio Guanabara, que também era do mesmo grupo. No ano seguinte, voltaria para a Bandeirantes e esteve na cobertura da Copa do Mundo no Chile, em 1962.

Depois dessa experiência na Bandeirantes, Silvio se dedicou à televisão, passando pela Excelsior e voltando à Record. Nessa época, ele chegou a ter um programa de música brasileira na Jovem Pan, ao lado da esposa, a cantora Márcia, chamado Eu e a Márcia.

Ainda na Record, ele trabalhou no grupo durante toda a década de 1970. A partir de 1977, ele se torna narrador de futebol meio que por acaso. No entanto, seu estilo para lá de informal e irreverente nas transmissões passa a fazer sucesso, transformando-se em um incômodo para a líder Rede Globo de Televisão.

Em 1982, no auge do sucesso na Record, um problema: os direitos de transmissão da Copa da Espanha seriam apenas da Globo. A solução, dada por Rui Viotti, foi fazer a transmissão da tv no rádio. Explicando: a Rádio Record, tanto AM como FM, comprariam os direitos para o veículo e ambas em rede iriam transmitir os jogos com a narração de Silvio Luiz, que não mudaria seu estilo. Uma campanha publicitária ajudou a divulgar a ideia: “Olhos na televisão e coração na Rádio Record”.

A estratégia deu certo e a Rádio Record conseguiu excelente audiência e repercussão, ofuscando o monopólio da Globo. Saiba mais clicando no link abaixo.

Saltando para 2001, neste ano , Silvio recebe um convite da Rádio Bandeirantes e passa a participar do programa noturno Esporte em Debate, misturando o noticiário do futebol e entrevistas com personalidades do meio. Uma vez por semana, a atração era transmitida diretamente do restaurante Lellis. Isto facilitou a participação ao vivo de convidados. Ao mesmo tempo, Silvio apresentou um game show sobre esportes levado ao ar nas manhãs de domingo, o Desafio Bandeirantes. Deixou a emissora em 2005.

Em 2011, um novo retorno ao rádio, agora na Transamérica. Ele participou como debatedor do Papo de Craque. Nessa época, já ativo no ex-Twitter, hoje X, ele fazia a alegria da quinta série que habitava nos usuários da rede social ao escrever que estava “indo para a Transa”.

O Grupo Bandeirantes de Comunicação emitiu uma nota de pesar. Leia abaixo sua íntegra.

É com imenso pesar que o Grupo Bandeirantes recebe a notícia do falecimento do locutor Silvio Luiz, um dos maiores e mais queridos nomes do jornalismo esportivo brasileiro, aos 89 anos.

O narrador teve importantes passagens pelo Grupo. Atuou na Rádio Bandeirantes de 1960 a 1966. Na Band, ficou no ar de 1987 a 1996, retornando em 1999 integrando-se à equipe liderada por Luciano do Valle até 2010. Em 2002, estava no time que inaugurou o canal BandSports. Silvio Luiz deixou sua marca na história do rádio e da TV brasileira.

Nossa homenagem a Silvio Luiz e nossos sinceros sentimentos à família, amigos e colegas de trabalho por essa grande perda.

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Nunca ficaremos sabendo quem foi o Pirata Manco.

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Ouça abaixo a participação de Silvio como repórter na transmissão da decisão do campeonato paulista de 1973, envolvendo Santos x Portuguesa. Ele informa no ar que o time praiano é o campeão. Entretanto, graças a uma confusão do árbitro Armando Marques, a Lusa do Canindé também foi declarada vencedora daquele certame.

40 anos de “Olhos na TV, coração na Rádio Record”

Por Rodney Brocanelli

A história é relativamente conhecida nos bastidores da comunicação, mas vale a pena ser contatada novamente, uma vez que ela está completando 40 anos. A TV Record, ainda de propriedade de Paulo Machado de Carvalho, não conseguiu transmitir a Copa do Mundo, de 1982, disputada na Espanha. No entanto, uma saída simples e criativa conseguiu atrair uma grande parcela da audiência, utilizando o rádio.

No início da década de 1980, Silvio Luiz era um fenômeno. As transmissões de futebol comandadas por ele na TV Record gozavam de bastante prestígio entre anunciantes e, principalmente, telespectadores, causando assim alguns arranhões na audiência da hegemônica TV Globo.

Para a Copa de 1982, havia uma grande expectativa para um novo confronto entre as duas emissoras. Entretanto, alguns pequenos detalhes tiraram a Record dessa cobertura. Rui Viotti, na ocasião, assistente de Paulinho Machado de Carvalho, um dos manda-chuvas da Record, alertava para o risco da Globo exibir sozinha aquela competição.

Conforme o livro “Olho no Lance”, de Wagner William, os direitos de transmissão das grandes competições internacionais eram intermediados pela OTI (então Organização da Televisão Ibero-Americana). A entidade fazia a comercialização diretamente com o país associado, não importando as emissoras que desejassem colocá-las no ar. Bastava que as interessadas pagassem suas cotas. Se não houvesse o pagamento, as outras emissoras assumiriam o valor total.

Outro fator de risco era que para exibir a Copa, as emissoras filiadas à OTI eram obrigatoriamente obrigada a transmitir os Jogos Olímpicos. O grande problema é que dois anos antes apenas a Globo exibiu os Jogos de Moscou. Com isso, a emissora carioca acabou ficando sozinha com o mundial da Espanha. Havia a expectativa de que ela revendesse os direitos para as outras emissoras brasileiras, o que não aconteceu.

O mesmo Rui Viotti, que alertou para o risco da TV Record ficar sem transmitir a Copa de 1982 teve uma ideia para diminuir o desastre: comprar os direitos para rádio e veicular as transmissões na Rádio Record tanto no AM (1000Khz) como no FM (89,7Mhz – hoje Nova Brasil), mantendo as mesmas características irreverentes das transmissões de Silvio Luiz na TV e com as tradicionais intervenções do comentarista Pedro Luiz e do repórter Flávio Prado . Paulinho topou e fez com que Viotti embarcasse para o Rio e iniciasse conversações.

Negócio fechado pelo valor da época de 750 mil cruzeiros. Em seguida, foi criada uma campanha publicitária para informar ao público como acompanhar as narrações de Silvio: abaixar o som da televisão e ligar o rádio na Record. O slogan foi marcante: “Olhos na TV, coração na Rádio Record”.

O único empecilho que poderia comprometer o esquema foi resolvido de forma rápida: era o de convencer Zé Béttio, campeão de audiência e faturamento da Rádio Record AM, a abrir generosos espaços de seu programa, veiculado todas as tardes, para dar lugar aos jogos da Copa.

Claro que havia dúvida sobre o estilo de narração. Seria rápido, como é tradicionalmente no rádio ou não? No dia 13 de junho, com a partida inaugural entre Alemanha e Bélgica veio a resposta: uma narração de tv no rádio.

A estratégia deu muito certo à medida em que os jogos do Brasil, então comandado pelo treinador Telê Santana, aconteciam. Citada no livro de William, a revista Veja informava que pelo menos uma das transmissões atingiu a marca de 200 mil ouvintes. E esse número não contemplava apenas os que também ligaram a televisão. Mesmo com o estilo mais cadenciado, parte do público apenas ligou o rádio para ouvir Silvio Luiz. A Record conseguiu vencer as concorrentes em rádio que já estavam acostumadas a transmitir futebol.

Mesmo com o sucesso, não foi uma cobertura fácil. O livro “Olho no Lance” relata que ocorreram problemas técnicos a partir do segundo jogo do Brasil, contra a Escócia. O jeito foi alugar duas linhas e reservar duas posições de transmissão no estádio. Deu certo.

No fim das contas, a transmissão alternativa da Record conseguiu um retorno muito maior em todos os sentidos: o de audiência, já citado, de publicidade e mídia. Mesmo com um massacrante número de televisores ligados, a Globo ainda saiu com fama de antipática por não ter dividido os direitos de transmissão com as outras emissoras de televisão, conforme o livro de William.

Uma pena que existam tão poucos registros dessas transmissões de Silvio Luiz na Rádio Record. Os arquivos de áudio da emissora foram perdidos. O que restou foram fragmentos, gravados do próprio rádio em fita cassete pelo pai do jornalista Ubiratan Leal. Eles foram digitalizados e posteriormente divulgados pelo jornalista Thago Uberreich. Ouça abaixo em duas partes.

Em julho de 2009, durante uma entrevista de Silvio Luiz ao programa Jovem Pan no Mundo da Bola, Rui Viotti fez uma importante intervenção contando essa história.

Ricardo Martins troca 105 FM pela Transamérica

Por Rodney Brocanelli

Troca-troca no rádio esportivo em FM da Grande São Paulo. Ricardo Martins, que estava na 105 FM havia 15 anos, acertou sua transferência para a Transamérica FM. A estreia ocorreu nesta segunda. Martins será comentarista esportivo das jornadas esportivas e vai participar dos programas de debates. O anúncio foi feito por ele mesmo em seus perfis nas redes sociais (veja aqui).

Na 105 FM, Ricardo Martins fez de tudo: foi repórter, comentarista (as vezes, as duas coisas ao mesmo tempo) e coordenador de esportes da emissora sediada em Jundiaí. Paralelamente a isso, desenvolveu uma carreira na televisão, com passagens pela Record TV e Fox Sports. Atualmente, ele está no Esporte Interativo, cujos programas e transmissões são veiculados pelos canais da Turner na tv por assinatura ou pelo Facebook.

A equipe esportiva da Transamérica vem apresentando novidades no que diz respeito aos seus integrantes. Logo no início do ano, aconteceu a saída de Silvio Luiz, que vinha participando dos programas de debates da emissora. Nos últimos dias, foram anunciadas as contratações do ex-jogador Zé Elias (canais ESPN) e da jornalista Renata Saporito (Band Sports – veja aqui).

Mas as novidades não se limitam apenas aos profissionais de microfone. O jornalista Flavio Ricco publicou em sua santa coluna que a administração da equipe esportiva ganhará uma outra dinâmica. Ela não será mais tercerizada, mas de responsabilidade da própria Transamérica. Éder Luiz seguirá a frente do projeto, com carta branca para implantar projetos de transmissão esportiva nas outras emissoras da rede.

Ricardo Martins Transamérica

Silvio Luiz deixa Transamérica FM

Por Rodney Brocanelli

Silvio Luiz não faz mais parte da equipe esportiva da Transamérica FM (SP). Na emissora desde 2011, ele atuava como comentarista e debatedor do programa Papo de Craque (primeira e segunda edições). Sua saída ocorreu há pouco menos de um mês.  A passagem de Silvio foi marcante não apenas pelas suas análises a respeito do futebol brasileiro, mas por gerar, sem saber um memê nas redes sociais. Cada vez que anunciava suas participações no programa, ele escrevia no Twitter que estava indo (ou voltando da) para a Transa, forma, digamos, carinhosa, com a qual ele se referia à emissora (veja aqui). No entanto, a galera que curte um duplo sentido, aproveitava para, também digamos, deitar e rolar. Silvio segue na Rede TV!, como narrador esportivo.

 

Relembre os bastidores da imprensa esportiva de São Paulo em 1984

Por Rodney Brocanelli

O vídeo abaixo está circulando pelas redes sociais. A única informação disponível é que se trata de uma produção  Oswaldo Luiz Colibri Vitta para a Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp). E mais um adendo: “Copião”. São imagens que trazem os bastidores da imprensa esportiva em 1984. Nelas, é possível ver redações de jornais, estúdios de rádio, cabines de transmissão e trechos de programas de televisão (chamo a atenção para a abertura bem-humorada do “É Hora de Esporte”, da TV Cultura) e profissionais que conhecemos muitos anos mais jovens. Os torcedores do Santos são contemplados com as narrações de Silvio Luiz (então na TV Record) e Luciano do Valle (na Bandeirantes) para o gol de Serginho, que garantiu o título paulista daquele ano. Não se sabe o motivo pelo qual o vídeo não está em cores, mas isso nem importa muito. Clique no player abaixo e faça uma viagem no tempo.

Os 40 anos do título dividido entre Santos e Portuguesa

Por Rodney Brocanelli

Em 26 de agosto de 1973, Santos e Portuguesa decidiram o campeonato paulista. Por um equívoco do árbitro Armando Marques, o título foi dividido entre as duas equipes. Willy Gonser narrou as emoções daquela partida pela Jovem Pan. Outra curiosidade: um dos repórteres de campo era Sílvio Luiz. Ouça abaixo.

willygonser

Silvio Luiz na Transamérica….em 1994

Por Rodney Brocanelli

Na Copa do Mundo de 1994, a Transamérica esteve presente ao evento fazendo uma cobertura muito bem-humorada. Entre uma partida e outra, os repórteres da emissora saiam à caça de vit…quer dizer, entrevistados para preencher os espaços de seus programas. Um deles é, que coincidência, o mesmo Silvio Luiz, que hoje faz parte do cast da emissora, como comentarista-debatedor no programa Papo de Craque. Ouça no player abaixo. De quebra, há outras entrevistas com personalidades como Pedro Bial, e Cafu, entre outros.

Áudio gentilmente cedido por Marcelo Abud, do blog Peças Raras. Ele o conseguiu junto ao colecionador Odair Moreira

Silvio Luiz é o novo comentarista da Transamérica FM

O locutor esportivo Silvio Luiz é o novo contratado da Rádio Transamérica. Silvio Luiz se junta a grandes nomes da imprensa esportiva que fazem parte da equipe da Transamérica Esporte, entre eles Henrique Guilherme, José Eduardo Savóia, Craque Neto, Oscar Roberto Godói, Paulo Roberto Martins, Juarez Soares e Roberto Carmona.  

Silvio Luiz participa do Papo de Craque (primeira e segunda edição), que tem o comando de Éder Luiz, Thomaz Rafael e André Galvão. Para o diretor da Equipe Esportiva, Eder Luiz, a postura e a experiência de Silvio Luiz foram essenciais para a sua contratação. “Sílvio já tem um público consolidado, além disso, sua postura profissional se encaixa no nosso formato de jornalismo, que une credibilidade e irreverência”, afirma. Com mais de 50 anos de carreira, o narrador é o criador de famosos bordões como “Olho no lance”, “Pelas barbas do profeta”, “Acerte o seu aí que eu arredondo o meu aqui”, entre outros.

Silvio Luiz tem uma vasta experiência em rádio e televisão. Além de comentarista da Transamérica, o jornalista também é contratado da Rede TV.

Comentário:  Bem que ele poderia participar das jornadas esportivas (Rodney Brocanelli).