Por Rodney Brocanelli
Morreu nesta última terça-feira (31), o locutor, apresentador, ator, humorista e desenhista Odayr Baptista. A causa da morte não foi divulgada. Ele tinha 83 anos. O enterro aconteceu nesta quarta-feira no cemitério do Araçá, em São Paulo.
Nos últimos anos, Odayr esteve mais diretamente ligado à locução publicitária, emprestando sua voz a comerciais bastante conhecidos. Quem clicar nesse link e colocar o player para rodar, certamente irá reconhecer a sua voz.
Sua carreira foi iniciada no rádio, em Poços de Caldas, sua terra natal. Durante alguns anos, foi locutor da Rádio Cultura local. No fim da década de 1950, ganhou uma chance de vir para São Paulo a fim de trabalhar na Rádio Record. Conseguiu uma vaga de locutor comercial.
Dois anos depois, Odayr Baptista se transferiu para a Rádio Bandeirantes, emissora na qual teve a incumbência de apresentar uma atração que estava prestes a estrear: o Arquivo Musical. Driblando as determinações da direção da época, ele conseguiu colocar o estilo que desejava na condução do programa. Com isso, passou a receber muitas cartas de ouvintes.
Com a inauguração da TV Bandeirantes, foi convidado para convidar o elenco da novela “Ricardinho, sou criança e quero viver”. A carreira de ator não seguiu adiante devido a pressões familiares. Sua esposa e filhos viram chamadas nos intervalos em que ele aparecia em cenas românticas. Nos últimos tempos, ele contava essa história com bom humor, mas na época ele não ficou nada satisfeito com o responsável por editar e colocar as tais chamadas no ar (saiba mais aqui).
No começo da década de 1970, ele foi para a Rádio Jovem Pan. Lá, ele integrou a equipe do Show de Rádio, programa humorístico comandado por Estevam Sanrgirardi, e deu vida a um quatro que iria torná-lo bastante conhecido: a Rádio Camanducaia.
A emissora metalinguística era uma paródia a muitas emissoras de rádio do interior e as dificuldades que elas enfrentam para sobreviver. Outra característica marcante eram os trocadilhos referentes aos fictícios estabelecimentos comerciais que são os patrocinadores da emissora. Talvez não fosse algo consciente, mas a Camanducaia também era um retrato bem-humorado da vida do interior.
Um dos principais nomes da Camanducaia era o locutor Alberto Júnior, que com sua voz grave lia os testemunhais e anúncios e era um pouco atrapalhado. A estação tinha um narrador esportivo chamado Alberto Neto, que sempre iria para o estádio errado a fim de irradiar uma partida de futebol.
Nos anos 1980, Odayr mudava para a Rádio Globo e lá criou o Largo da Matriz 54, programa humorístico que era a Rádio Camanducaia, mas sem poder usar o nome dela. Essa experiência não durou muito e ele se afastou do rádio. Voltou na segunda metade da década de 1990 para retomar o Show de Rádio, na Rádio Bandeirantes, ao lado de Serginho Leite, Nélson Tatá Alexandre e Weber Laganá Pinfari.
Nos últimos anos, dedicou-se mais à locução publicitária, as vezes se reunindo com a equipe do Show de Rádio para tentar emplacar o programa em alguma emissora. Há cerca de dez anos, a edição de meio de semana do Terceiro Tempo, apresentado por Milton Neves, passou a colocar no ar áudios antigos do Show de Rádio e da Rádio Camanducaia, o que agradou aos ouvintes. Odayr fez algumas gravações inéditas, que foram veiculadas no ano de 2010.
Veja abaixo alguns momentos de Odayr Bapista.
Em entrevista ao programa Radioamantes no Ar, veiculado pela web rádio Showtime, em 2013, Odayr falou sobre as improvisações no texto do Show de Rádio.
Abaixo, um registro da manutenção técnica da Rádio Camanducaia.
Mais uma da Camanducaia. Ouvem aqui a lista de afiliadas da emissora.
Durante os festejos de 50 anos do Arquivo Musical, Odayr Baptista falou sobre sua passagem pelo comando da atração ao apresentador Ronald Gimenez.
Wanderley Nogueira registrou a perda de Odayr Baptista no Jornal da Manhã, da Jovem Pan.
Também fez parte junto com Juarez Soares, Fausto Silva, Tatá e Escova, do Balancê do Osmar Santos!
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