Zé Bettio hits

Por Marcos Lauro

Conforme noticiado neste blog, o rádio perdeu uma das suas figuras mais folclóricas. Aos 92 anos, Zé Bettio morreu da forma simples como sempre viveu: dormindo e sendo enterrado no mesmo dia, sem alarde.

Durante sua carreira, lançou mais de 20 álbuns por gravadoras como Chantecler, Copacabana, Beverly e CBS. Discos como “A Charanga do Zé”, de 1981, e “O Bailão do Mexe-Mexe”, de 1994, ressaltam a sanfona como seu instrumento preferido e, assim como seus programas de rádio, trazem o ar do campo e do sertão para quem ouve.

Além disso, Zé Bettio também colaborou para a discografia de muitos artistas de peso. Milionário e José Rico, Waldick Soriano, Tonico e Tinoco e Trio Parada Dura, entre outros, gravaram composições do radialista. Revezando canções tristes de amor com outras que carregam aquele bom humor característico do sertanejo, Zé Bettio colaborou também com a carreira de artistas que carregam aqueles nomes que vez ou outra pintam pela internet em formato de meme e a gente pensa que é mentira. Entre eles tem Poeta e Trovador, Solevante e Soleny, Felizardo e Vitorioso, Canário e Passarinho e Sagitário e Capricórnio.

Clique na imagem abaixo, da estilosa dupla Leo Canhoto e Robertinho, e ouça a playlist com 33 músicas compostas por Zé Bettio:

Zé Bettio hits
Zé Bettio hits

 

Podcast Boteco especial sobre a Copa da Rússia

Por Marcos Lauro

O podcast Boteco encerra sua segunda temporada com um especial sobre a Copa do Mundo. Um pouco diferente do formato original, ou seja, sem música e com 100% de bate-papo, o programa convidou o jornalista e escritor Chico Bicudo para fazer uma panorâmica sobre não apenas a Copa do Mundo que está para começar, mas também sobre o futebol brasileiro, seus problemas e algumas soluções. Chico Bicudo é autor de “Crônicas Boleiras”, entre outras obras sobre o futebol.

Para ouvir esta edição, clique no player abaixo:

Todas as 15 edições da segunda temporada, assim como as 33 da primeira, estão no site www.marcoslauro.jor.br. A intenção é voltar com a terceira temporada ainda em 2018 nesse formato mais falado – até porque a legislação brasileira ainda não tem posição sobre o uso de músicas em podcasts, o que transforma em risco o uso de fonogramas. O Boteco é uma produção Orfeu Digital, agência especializada em marketing digital e conteúdo online.

O Pânico virou uma vítima do próprio nome

Por Marcos Lauro

Sou ouvinte do programa Pânico, da Jovem Pan, desde o meio da década de 1990, pouco depois da sua criação, em 1993. Também peguei ótimos momentos do programa que foi praticamente o seu antecessor e inspiração, o Djalma Jorge Show, e acabei ouvindo a rede num dos seus melhores momentos: Ritmo da Noite, As 7 Melhores… programas que viraram coletâneas e eram vistos nas ruas, nas prateleiras das lojas de discos. Minha relação com o Pânico sempre foi de fã – Emilio Surita é referência pra minha locução até hoje e acredito que seja pra 9 a cada 10 locutores que eu conheço. O cara é de uma geração que ensinou locutores de todo o Brasil a se relacionar com um público jovem, até então novidade pra um rádio que alcançava gente mais adulta. Me lembro de levar um walkman pro escritório onde eu trabalhava para poder ouvir o Pânico no almoço e tinha que me esforçar pra não rir alto no trabalho. Saiu o CD do Pânico, com letras de Rosana Hermann e arranjos de Maestro Billy, gente que me orgulho de conhecer e me relacionar hoje em dia, que tenho até hoje – não comprei na época, mas ganhei de uma amiga que tinha o CD em casa, meio jogado e desvalorizado num canto. Na cara de pau, pedi e ela me deu. Está bem guardado na minha coleção de CDs.

A gente vai ficando mais adulto e os interesses mudam, mas posso dizer que nunca deixei de ouvir o Pânico. Posso ter me distanciado durante algum tempo por conta das correrias do dia a dia (o programa é das 12h às 14h, não é um horário fácil pra parar tudo e ouvir), mas sempre retomo, me atualizo sobre as trocas de elenco e novidades. O programa mudou muito nos últimos tempos, especialmente depois que foi para a TV.

O programa (no rádio, não estou falando sobre o Pânico na TV, que era outra coisa) foi construído sobre factóides e personagens que exploravam os seus limites. Tanto é que integrantes já saíram do programa rompidos com o elenco e até processando Tutinha, dono da Jovem Pan e responsável pela marca. Então, é uma regra para qualquer um que queira participar do Pânico: a brincadeira não tem limites. Combinando ou não antes de entrar no ar, nenhum membro vai titubear na hora de expor suas fraquezas e tripudiar. Tudo por conta do humor, que não tem e não deve ter limites impostos por ninguém além daqueles que o praticam. Quem ouve e acha graça, fica. Quem acha apelativo, muda de rádio e não enche o saco (como Emilio fala ainda, até hoje, quando alguém questiona algo sobre o programa). Faz parte do show.

A Jovem Pan, hoje, tem um lado político na sua cobertura dita jornalística. E isso é positivo, a partir do momento em que você tem as cartas na mesa, sem blefes. O público merece saber as opiniões dos profissionais que ouve, concordando ou não. Mas o perigo atual – e motivo da decadência do Pânico – é essa mistura entre a posição política e humor.

O humor é uma ferramenta política. Mesmo o humorista que diz não querer saber de política está fazendo política – a de ser alienado por opção e transmitir isso no seu trabalho (vale lembrar que a palavra “alienado” não carrega, necessariamente, um sentido negativo… é uma condição). Sendo assim, quando um humorista adota um discurso extremamente reacionário e violento e inclui no seu trabalho, ele humaniza esse discurso e o torna palatável. E o Carioca, no programa desde 1998, se tornou esse cara que humaniza o discurso reacionário de uma maneira bem poderosa. Só para citar um exemplo do Pânico na TV (que se reflete em sua postura no rádio): Quando ele imitava a ex-presidente Dilma Rousseff, ela sempre estava brava, em situações que beiravam o ridículo (quando não o eram) e insinuando dúvidas sobre sua sexualidade. Agora, nos últimos tempos de programa na TV, Carioca fazia uma imitação do deputado Jair Bolsonaro: sempre sorrindo, contando piadas, com um jeito bonachão e conversando com a população nas ruas. Ou seja, Carioca reflete no seu trabalho de artista as suas opiniões pessoais, que hoje explicita durante o programa no rádio. Em praticamente todas as entrevistas, Carioca dá um jeito de cutucar o entrevistado com frases fortes, opiniões duvidosas e tom de voz alto, o que chega a ser falta de educação – afinal, a pessoa foi convidada para estar ali.

Do outro lado, Amanda Ramalho. No programa desde 2003, a ex-ouvinte representa a ala “esquerdista” – termo dito sempre de forma pejorativa. Mais uma vez e reforçando o que foi dito no início do texto: o Pânico é formado por personagens. Aqui não analiso as pessoas (não conheço o Carioca pessoalmente, por exemplo), mas sim o que elas transmitem durante o programa. Amanda se mostra acuada e inquieta quando Carioca começa a vociferar as suas opiniões e parte para o confronto direto – no YouTube há o trecho de uma das “brigas” da dupla.

Carioca testa os limites de alguns convidados e se esquece de que as pessoas não fazem parte do seu joguinho. Ele quer provocar um estresse real em quem está lá apenas pra falar sobre o seu trabalho.

Perceba que todas as “tretas” estão bem editadinhas e publicadas no canal oficial do programa no YouTube. Ou seja, a Jovem Pan fatura com o conteúdo e não está muito interessada em saber se a repercussão vai ser negativa ou positiva.

Emilio tenta fazer um papel apaziguador no ar quando pega os extremos e dá uma suavizada no discurso, mas não adianta muito. E não deve ser para adiantar mesmo, já que, como segunda voz do programa, atrás apenas de Tutinha, ele teria liberdade para tirar integrantes que não estivesse atuando de uma maneira correta com os convidados e seus colegas de bancada.

No fundo, é triste que o programa tenha virado isso. Em vez de um programa de humor, um gerador de estresse. Com a audiência da emissora em baixa quando comparada aos tempos áureos, é o clique e a quantidade de views no YouTube que valem. O Pânico virou vítima do próprio nome.

Podcast em plataformas de streaming? Já é possível

Por Marcos Lauro

O nome “podcast” surgiu em 2004, quando um jornalista da BBC juntou as palavras “broadcast” (relacionada à produção/transmissão de conteúdo) e “iPod”. A partir daquele momento, existiu algo além do rádio e da mídia física para que alguém pudesse ouvir conteúdo em áudio onde bem entendesse. Era, desse ponto de vista, uma nova forma de se fazer rádio – sem o poder do ao vivo, mas com a mesma mobilidade e intensidade.

No meu caso, comecei a fazer podcasts em 2007 – alguns listados aqui. Estava afastado há um tempo do formato, mas recebi um convite interessante: fazer um podcast para ser distribuído em plataformas de streaming.

A possibilidade já existe há mais de um ano e existem alguns poucos exemplos fora do Brasil – a maioria produzida pelas próprias plataformas, como Spotify, Deezer e Apple Music. Aqui no país, nem as plataformas se interessaram, excluindo um ou outra entrevista com bandas e artistas, sem periodicidade.

A partir do convite, desenvolvi o Boteco do Marcos Lauro, um projeto para falar sobre música num ambiente descontraído e de forma leve. O podcast (ou streamcast, como também é chamado) está na segunda edição e a novidade é poder ouvir no Spotify ou na Deezer. As duas plataformas aceitam contas gratuitas. Ou seja, assim como os servidores tradicionais de podcast, o acesso é livre.

A distribuição é da ONErpm. Clique na imagem abaixo, escolha a sua plataforma preferida e ouça. O tema do programa lançado nessa sexta (28/04) é música instrumental, com nomes que vão de João Donato a Dave Brubeck:

Para ouvir a edição de estreia, é só acessar o meu perfil na plataforma que você escolheu e ver as playlist públicas.

Rádios populares: um oásis de criatividade no dial nos finais de semana

Por Marcos Lauro

O final de semana é um período complicado para muitas emissoras de FM. Com equipes reduzidas (muitas vezes estão na rádio, inteira, apenas o locutor do horário), a playlist não foge do convencional, os poucos programas são gravados e não há vontade – e muito menos braço – para se tentar fazer algo de diferente.

Mas há esperança. E ela está nas rádios populares. Muitas vezes, parece que o final de semana é mais cheio de atrações do que os dias úteis de tantas ações comerciais na rua, programas ao vivo (alguns repletos de merchans, um bom termômetro para sucesso comercial) e, o que mais importa para o ouvinte, criatividade e diversidade. Destaco, especialmente, duas emissoras: Transcontinental e 105 FM.

As pessoas estão cada vez menos respeitando barreiras musicais e ouvem de tudo. Então, já se foi o tempo em que uma rádio popular era marcada por tocar apenas samba ou sertanejo – ou pagode e axé, como era na fase áurea de Rádio Cidade, Gazeta e afins. A Transcontinental FM, emissora de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, tem o samba como ênfase, mas, especialmente no final de semana, abre espaço para o funk (duas horas no sábado e no domingo) e a black music e a cultura dos DJs com o programa do DJ Luciano, grande nome da equipe Chic Show e de bailes como o Musicaliando.

O DJ Luciano é um perfil interessante de comunicador. Ele começou muito cedo no rádio, com oito anos de idade (!!!) quando foi convidado pelo Luizão, da Chico Show, para apresentar um programa na Rádio Bandeirantes – e a graça era justamente essa, um programa de black music/som dos bailes apresentado por crianças. A partir disso, mesmo com essa idade, se tornou DJ. Anos depois já estava produzindo grupos de rap como Ataliba e a Firma e Detentos do Rap, entre muitos outros. Hoje, ele apresenta o Black Songs, na Transcontinental, todos os sábados e domingos das 18h às 21h, com o programa dividido em blocos: as lentas, samba rock, hip-hop e funk-soul. Como locutor, consegue ser carismático sem a sensação de falsidade, aquele “sorriso fabricado” que muito locutor de rádio popular tem: quando alguém pede alguma música que ele não tem ou acha que não tem a ver com o programa, ele fala sem pestanejar. A sinceridade acaba conquistando os ouvintes.

Da mesma forma que toca as antigas dos bailes, DJ Luciano também se esforça pra tocar coisas novas, informar sobre os artistas e provocar a curiosidade do ouvinte. As três horas do programa passam sem nem perceber. E quando acaba, entra no ar o Mistura Trans, que faz jus ao nome: toca de tudo. Mesmo. Isso é rádio popular.

De Jundiaí, um pouquinho mais longe de São Paulo, vem o sinal da 105 FM. Com uma programação mais focada no samba e uma forte programação esportiva, que acaba tomando um grande espaço da música, a emissora também aposta na diversidade em seus programas apresentados por grandes nomes.

A Festa do DJ Hum é o programa apresentado por um dos mais veteranos DJs de hip hop do Brasil – que fazia dupla com o rapper Thaíde. Seu estilo é bem parecido com o de Big Boy, que fez história no Rio de Janeiro nos anos 1970 – até o tom de voz é um pouco parecido. DJ Hum também divide seu programa de duas horas por blocos de interesse, das lentas às novidades do hip-hop nacional. Produtor, ele também aproveita para tocar os artistas com quem trabalha, falar sobre seus discos e afins. DJ está no ar no sábado, das 14h às 16h.

No domingo, das 12h às 15h, entra no ar o DJ Eazy Nylon com o programa Black 105. Assim como o DJ Luciano, da Transcontinental, Nylon é um grande nome da equipe de bailes Chic Show e também começou como DJ muito cedo. O programa de Nylon, além de contar com a sua seleção, é mais aberto a pedidos de ouvintes.

Também aos domingos, depois da rodada e de todos os debates do futebol, entra no ar o Balanço Rap, programa de Ice Blue, integrante dos Racionais MC’s, que divide o microfone com o locutor Fabio Rogerio – que faz o Espaço Rap durante a semana. Mais focado em hip hop, Blue traz amigos do rap para bate papo e toca novidades do gênero. Quando a agenda dos Racionais não permite, Ice Blue dá lugar a DJs e sets mixados.

Há vida no final de semana radiofônico, especialmente para quem está atrás de novidades e que não deseja ficar preso a um único estilo musical.  Essas rádios fazem o primordial, que, em determinado momento, foi esquecido – seja pela falta de vontade de donos de emissoras ou pelas equipes reduzidas: estão na rua, com ações comerciais, criativas, e estão no ar com uma boa programação, que respeita a diversidade sonora que chega aos ouvidos do público comumente chamado de “popular”.

Uma playlist para quem tem saudade do rádio AM dos anos 1980

Por Marcos Lauro

Já que não temos mais o rádio AM dos anos 1980, a gente improvisa na internet.

Montei uma playlist no Spotify para quem tem seus 30, 40 anos e cresceu nos anos 1980 ouvindo rádio AM. Comunicadores como Paulo Barbosa, Zé Bettio e, especialmente, Eli Correa tocavam sucessos nacionais e internacionais que formaram uma geração inteira – além de também fazerem o gosto da geração anterior.

A playlist começa com três músicas significativas do programa do Eli Correa: “El Presidente”, de Herb Alpert & The Tijuana Brass já serviu como abertura, assim como “See See Rider”, de Elvis Presley. Já “Que Saudade De Você”, de Odair José, serviu de inspiração para que o comunicador criasse o quadro homônimo, com a leitura de cartas dos ouvintes. A atração existe até hoje e ainda é líder de audiência no horário.

Ouça:

 

Se você achar que faltou alguma música, coloque nos comentários que eu incluo.

Obs.: E nem entrei no universo do sertanejo, que também tocava muito. Motivo para a próxima playlist. 🙂

Faixa do FM vai acabar em 2017… na Noruega

Por Marcos Lauro

DAB

É oficial! Segundo comunicado do Ministério da Cultura da Noruega, divulgado na semana passada, as rádios do país deixarão de transmitir em FM em 13 de dezembro de 2017. A partir desta data, os noruegueses adotam o DAB (Digital Audio Broadcasting) como padrão definitivo.

Hoje o DAB tem 22 canais de alcance nacional na Noruega, contra cinco do FM, e tem capacidade para mais 20. O sistema funciona dessa forma desde 2007.

O país é dividido em seis regiões e a mudança será gradual, região por região, a partir de 11 de janeiro de 2017. NRK, P4 Group e SBS Radio, três das redes de rádio norueguesas, vão encerrar suas transmissões no FM, simultaneamente, em duas regiões e já há data prevista para as outras quatro.

Hoje, 56% dos noruegueses usam rádio digital com frequência e 55% das casas tem pelo menos um aparelho compatível com o DAB. 20% dos automóveis têm aparelhos DAB. E os quase oito milhões de aparelhos FM que existem no país poderão ser adaptados para o meio digital ou então reciclados.

Com essa  mudança, a Noruega será o primeiro país do mundo a abandonar oficialmente a faixa FM para o rádio comercial.

Unidos pela rádio Cultura AM

Por Marcos Lauro

Somos Rádio

Um grupo de músicos, produtores e comunicadores lançou um site em defesa da rádio Cultura AM de São Paulo. A emissora, educativa e pertencente à Fundação Padre Anchieta, sofreu diversos cortes de custos nos últimos dias e, atualmente, tem a sua programação gravada. “Esses cortes recentes transformaram a Cultura AM num ‘vitrolão’, como se diz: a programação passa a ser a simples reprodução mecânica de música na rádio, no que parece ser mais uma etapa de um desmonte que vem sendo feito ao longo dos anos nessa bela rádio, em verbas, em equipamento, em investimento, em pessoal”, diz um trecho do texto.

Para ler o texto, que também fala de outras questões como a relevância do rádio para os artistas e o jabá, acesse o site da iniciativa: somosradio.tumblr.com.

Mil!

Por Marcos Lauro

1000

Nesta quinta-feira alcançamos mil fãs em nossa página no Facebook!

Pode parecer um número modesto, mas para nós é simbólico e muito importante.

Muito obrigado a cada um dos mil. E que venham mais radioamantes por aí! 🙂

No ar: o discurso vazio das mídias sociais

Por Marcos Lauro

No último dia 12, a Jovem Pan recebeu o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em seu estúdio. Nos microfones da Pan, a jornalista Rachel Sheherazade e o historiador Marco Antonio Villa. E o que poderia ser um espaço para esclarecimentos às críticas realizadas pela emissora (e, claro, por boa parte da população), se transformou num dos mais horrendos exemplos de como não se fazer jornalismo. De como não se entrevistar alguém (prefeito, artista, gari… qualquer “alguém”) numa rádio.

A emissora, já há algum tempo, adotou um lado. E não há nada de errado nisso. É honesto, transparente e já usual. O problema é que a Jovem Pan adotou um lado e um discurso que é muito conhecido de quem é usuário de internet e das mídias sociais: o discurso vazio, despreparado, rancoroso, sarcástico ao extremo, que beira o desrespeito. No Twitter, por exemplo, não basta dizer que o prefeito é “ruim”. Tem que inventar um apelido, tripudiar, fazer brincadeiras de gosto duvidoso. E é assim, dessa forma, quase infantil, que a Jovem Pan vem se comportando quando trata de assuntos políticos. Tirar informações do contexto para prejudicar um partido político ou uma figura política? Vale. Chamar um prefeito em seu estúdio e tentar tripudiar, fazer brincadeirinhas fora de hora (o que foi aquela conversa sobre grafitti???)? Também vale.

Claro que o discurso de boa parte dos “fãs” do prefeito também é nesse nível, baixo. Mas o que se espera de uma emissora com a audiência, o porte e a importância da Jovem Pan, é que coloque alguém minimamente preparado para trocar algumas dúzias de palavras com o prefeito de uma cidade, que tenha bagagem para criticar e rebater de forma decente e respeitosa alguma informação que não lhe cair bem. O que foram aqueles comentários sobre a CET, no meio da entrevista? Um discurso de fila de supermercado, no mínimo.

Caso você tenha estômago, a entrevista está no player abaixo. Perceba como a conversa já começa torta, com a entrevistadora dizendo que na sua cidade ela levava vinte minutos para chegar nos lugares e que em São Paulo e tudo mais demorado. Detalhe: a profissional em questão é de João Pessoa, na Paraíba, cidade que tem cerca de 780 mil habitantes. Um discurso de quem “xinga muito no Twitter” e não pesquisa ou pensa minimamente o que vai dizer antes de ligar o microfone.

Tarde Demais 89, o novo programa da Rádio Rock

Quem avisa é PH Dragani, locutor da 89:

PH Dragani - reprodução Facebook
PH Dragani – reprodução Facebook

Com o Tarde Demais 89, você vai ficar por dentro de tudo o que rola na Rádio Rock, com participações diárias de integrantes da equipe da 89. As novidades das bandas, os sons novos na programação musical, os destaques dos programas da rádio, as novas promoções, as atualizações do site e das redes sociais da 89, tudo integrado e apresentado de forma dinâmica e descontraída.

Durante 3 horas, Tarde Demais 89 traz notícias do mundo do rock, atualidades, novidades, lançamentos, curiosidades, matérias especiais, promoções, prêmios e muito rock n’roll!

TARDE DEMAIS 89 – Rock n’roll e informação como só a 89 sabe fazer!
Estreia nesta segunda, 2 de março!

Serviço:
Tarde Demais 89
De segunda a sexta, das 14h às 17h.
Apresentação: PH Dragani
Produção: Bia Sato
89,1 MHz – São Paulo

 

Programação musical e “blá, blá, blá” ainda são os pilares do rádio

Daniel Daibem/reprodução Facebook
Daniel Daibem/reprodução Facebook

Por Daniel Daibem*

Queridos amigos, há alguns anos saí do rádio. Afinal, foram dezoito anos ininterruptos trabalhando neste veículo fantástico, que me deu reconhecimento e visibilidade até hoje. Saí, mas não abandonei. Foi um respiro, para experimentar um olhar de fora; um ouvido de fora. Como muita gente me pergunta “e o rádio?”, “e o programa?”, “quando é que você vai voltar?”, diariamente, penso e relevo todos esses argumentos.

O que percebi, neste período de ausência, foi que o meio se viciou em um modelo que não funciona mais.

A grade de programação, o abismo entre o comercial e o artístico, a famigerada Agenda Cultural, que é mais uma obrigação protocolar para justificar a cota de anúncio do que, de fato, um momento onde se indica coisas relevantes que estão acontecendo na cidade e, uma coisa que só quem é do meio sabe: o rádio é a única mídia que dá a produção do comercial de graça para o anunciante. Um erro burro, que só acaba levando pro ar, spots feitos com má vontade, por um estagiário/redator, um locutor e um operador, que não estão ganhando nada a mais para se empenhar naquilo. Imagine se a Globo tivesse que produzir os “filmes” de Volkswagen ou Boticário de graça, ou com o valor “embutido” no preço de veiculação.

Mas, vou me ater ao artístico, que é o que domino, de alguma forma:

    • Programação Musical: hoje, com um pen drive, o cidadão espeta esse dispositivo no carro e tem à disposição, pelo menos, três mil músicas de seu agrado. Flashbacks (que são aquelas de seu afeto, que marcaram momentos de sua vida), albuns inteiros, raridades, lugares comuns e, inclusive, os lançamentos que, muitas vezes chegam às mãos dos fãs antes mesmo do rádio tocar. Aí, os diretores e programadores, por conta de um modelo que funcionou por muitos anos, ficam escravos de um programa de computador que tenta mapear o acervo e distribuí-lo numa grade de 24 horas, com presets do tipo: “não pode ter duas nacionais na sequência”, “para abrir o horário tem que ser sempre um lançamento seguido de um midback (sabe o que é isso?) e dois flashbacks, com uma nacional intercalada no meio”…e por aí vai.
      A cabeça do expectador não funciona mais assim. É só entrar no Itunes do seu filho e dar uma fuçada nas playlists.
      Ou seja, o último lugar aonde o consumidor médio vai esperar para ouvir a sua lista de músicas prediletas, é o rádio.
      Isso não quer dizer que o rádio não pode mais buscar sua audiência através da música. Mas, as formas de surpreender o ouvinte, são outras, há muito tempo.
    • Blá Blá Blá: rádio sempre foi, e sempre será a transmissão de eventos por ondas de radiodifusão. Começaram com os saraus e serenatas, nas residências aonde havia um piano. Os músicos se reuniam e transmitiam esses encontros por ondas curtas. Tenho uma foto do meu avô fazendo isso, com um microfone que parecia um apiário, no Mato Grosso do Sul, na década de 1930. O que mais? Leitura de cartas de amor, notícias, transmissão de discursos e eventos, jogos, acidentes, guerras, fatos, fofocas, receitas de bolo. Resumindo, o potencial do rádio sempre foi: a Companhia.
      Mas não aquela companhia da locutora de rádio-de-sala-de-espera-de-consultório, tipo, “Olá, aqui é Rejane Toledo fazendo companhia prá você até às oito da noite aqui no seu noventa e oito ponto sete. Uma ótima tarde e a gente começa com…” Não, não, não…não.
      A companhia é alguém que te represente ou que te oriente.
      É o Boechat, o Zé Simão, o Eli Correa, o Roberto Maia, o não-sei-o-que-Gasparretto, o Silvio Luiz, o PVC, o imitador, a vedete, o músico, o celebrity e, mesmo você não concorde, os pastores evangélicos. Aliás, porque será que hoje é mais rentável para o detentor de uma concessão de rádio arrendar a mesma para uma igreja do que tentar repetir este modelo criticado acima?
      O pastor tem o dom da palavra e é por isso que soa eficiente quando usa esta ferramenta. Isto não é opinião; é constatação.
      A companhia é a figura do orientador, seja ele de qualquer área. É o comentarista político, é o observador de tendências, é o Dráuzio Varela lembrando que ainda é importante usar a camisinha, é o cara que simplifica o Jazz prá quem nunca teve saco de ouvir esse troço (esse sou eu, né; só mencionei prá puxar meu saco, mesmo).
      Agora, isso dá trabalho, né. Já pensou… manter uma emissora, 24 horas por dia, com gente carismática falando ao pé do ouvido? No momento, só mesmo as evangélicas estão cumprindo esse papel. Sério.

Dito isso, fico pensando, observando e aguardando o primeiro grupo de comunicação que vai ter coragem de romper esse padrão. Porque padrão é bom, quando funciona.

Parece que não está funcionando.

*Daniel Daibem é radialista e tem passagens por emissoras como 89 FM, Brasil 2000 FM e Eldorado FM. Atualmente se dedica à música com seu Daniel Daibem Grupo.

Como fazer sucesso no rádio?

Por Marcos Lauro

Como fazer sucesso no rádio? Essa é a pergunta respondida por Marco Antonio Barbosa em seu blog. ele analisou a lista das músicas mais tocadas no rádio brasileiro em 2014 e fez um infográfico.

Veja abaixo ou clique aqui para ver a postagem original.

(clique para ver no tamanho original)

Workshop – Produção de Rádio em tempos de internet

No próximo dia 2 de março, o CEMEC, centro de estudos voltado para os mercados de cultura, entretenimento e economia criativa, realiza o workshop A Era do Pós-Rádio – Produção de Rádio em tempos de internet.

O rádio é uma das mídias mais antigas ainda em atuação no mercado. E apesar dos que insistem em dizer que o rádio morreu (ou está morrendo), o meio se adapta aos novos tempos e às novas formas de transmitir informação.

O objetivo da oficina é mostrar essas adaptações, defendê-las com cases de sucesso e teorias e, claro, colocar algumas ideias em prática.

Ministrado por Marcos Lauro, editor deste blog, o curso tem três horas de duração e é indicado para profissionais da área, estudantes de comunicação ou até mesmo leigos interessados no assunto.

Para mais informações, incluindo todo o programa de aula, acesse o site do CEMEC.

Atualização: o workshop foi um sucesso e deve receber novas turmas. Caso tenha interesse em participar ou seja de fora de São Paulo e queira receber o evento em sua cidade, comente nesse post ou mande um e-mail para o CEMEC.

A apresentação está abaixo, para ver e compartilhar:

Oi FM encerra as suas atividades… de novo!

Por Marcos Lauro

Em 2012, o ambicioso projeto da Oi FM deixava o dial em todo o Brasil. O sonho de ter uma rede de rádios moderna e antenada com os assinantes da operadora de celular acabava  e dava lugar a uma webrádio. Com a mesma cara da rede, a web manteve programas como o Ronca Ronca, do jornalista Maurício Valadares.

Agora, segundo um breve comunicado no site da própria emissora, a Oi FM deixa de existir também na web já em janeiro de 2015.

Em maio, o Radioamantes participou de dois eventos sobre rádio. Em um deles, Rodrigo James, diretor artístico da Oi FM, se mostrava otimista quanto ao futuro da emissora e das webrádios em geral. O papo está, na íntegra, no vídeo abaixo: