Pânico: Emílio Surita quer que Amanda volte; apresentadora diz que não volta

Por Rodney Brocanelli

A saída de Amanda Ramalho do programa Pânico, da Rádio Jovem Pan teve desdobramentos nesta quinta-feira O site Notícias da TV (veja aqui) publicou que Emílio Surita, líder do grupo e comandante da atração, conversou com ela e não aceitou seu pedido de demissão. A ideia de Emílio é que Amanda fique afastada do programa, em licença médica, pelo tempo que for necessário.  A apresentadora faz tratamento contra depressão.

Porém, por volta do meio dia de hoje, Amanda postou duas mensagens no Twitter (veja abaixo). Em resumo, ela diz que não volta ao Pânico uma vez que, para ela, não faz mais sentido trabalhar no programa. Ela já pensava em deixar a atração a partir do ano ano que vem e o incidente da última terça-feira com o cantor Biel fez com que essa decisão fosse antecipada.

Nessa mesma mensagem, Amanda faz um pedido para que “a produtora do Pânico” pare de dar entrevistas a respeito de sua depressão. “Isso é um assunto meu”, completou.

Relembre o caso

Toda essa história começou com a participação do cantor Biel no programa. A entrevista (ou bate papo, como queiram) começou a sair do rumo quando Amanda Ramalho, começou a questionar Biel sobre um escândalo envolvendo ele e sua ex, Duda Castro, nos Estados Unidos, amplamente detalhado pela imprensa.

Amanda disse: “Você casou, separou, foi acusado de agressão, foi agredido…”. Biel não gostou e retrucou: “Você viu o que você acabou de falar? Eu fui acusado de agressão”. O cantor aproveitou para relembrar uma suposta declaração dela no programa, em 2016, dizendo que ele deveria ter morrido em vez de mudar de país. O funkeiro disse até que havia um vídeo no qual ela apareceria declarando isso.

Entretanto, como bem lembra o Notícias da TV, ela não lembrava dessa fala, e nem chegou a dizer que gostaria da morte do cantor, mas sabe-se lá porque, acabou reforçando essa ideia. Com isso, Biel levantou-se e deixou o programa bem antes do seu final. Em seguida, Amanda passou a discutir com Paula Kraushe, produtora da atração. Paulinha, como é conhecida, repreendeu Amanda: “Ele é nosso convidado, você tem que ter respeito, menina, você acha que tá aonde?”, disse. “Você tá chorando?”, perguntou Amanda. “Não, porque acho uma falta de respeito com nosso convidado. Vá se tratar ou assume as coisas que você fala”, respondeu a produtora, que acrescentou: “Você não respeita nem o Emílio, que é seu chefe.

Sobre o vídeo citado por Biel, ouvintes e fãs de Amanda que tiveram acesso a ele viram que ela não disse que queria vê-lo morto.

Não se sabe ainda se Emílio Surita deverá conversar novamente com Amanda para fazê-la mudar de ideia.

 

 

 

Barraco no Pânico: Biel deixa programa e integrantes discutem entre si

Por Rodney Brocanelli

Terça-feira quente no rádio brasileiro. Não bastasse o incidente envolvendo o jornalista Juremir Machado na Rádio Guaíba (saiba mais aqui e aqui), o clima esquentou demais no programa Pânico, da Rádio Jovem Pan. O cantor Biel foi o convidado da atração. A entrevista (ou bate papo, como queiram) começou a sair do rumo quando Amanda Ramalho, começou a questionar Biel sobre um escândalo envolvendo ele e sua ex, Duda Castro, nos Estados Unidos, amplamente detalhado pela imprensa.

Amanda disse: “Você casou, separou, foi acusado de agressão, foi agredido…”. Biel não gostou e retrucou: “Você viu o que você acabou de falar? Eu fui acusado de agressão”. O cantor aproveitou para relembrar uma suposta declaração dela no programa, em 2016, dizendo que ele deveria ter morrido em vez de mudar de país (saiba mais aqui).

Emílio Surita, apresentador do Pânico, tentou tomar o controle da situação, mas não houve sucesso. Amanda e Biel seguiram trocando farpas, para desespero de colegas da bancada. O cantor então decidiu deixar o estúdio. Um segurança, não se sabe se da própria emissora ou contratado pelo staff do artista, tentou impedir sua saída. Emílio fez apelos para que Biel desistisse da ideia.

Em seguida, iniciou-se uma discussão entre Amanda e Paulinha, produtora do Pânico. “Ele é nosso convidado, você tem que ter respeito, menina, você acha que tá aonde?”, disse Paulinha. “Você tá chorando?”, perguntou Amanda. “Não, porque acho uma falta de respeito com nosso convidado. Vá se tratar ou assume as coisas que você fala”, respondeu a produtora, que acrescentou: “Você não respeita nem o Emílio, que é seu chefe.

Transtornada, Amanda pediu para Emílio desligar o microfone, enquanto o apresentador tentava falar algo olhando para a câmera do estúdio. “Emílio desliga o microfone, só te peço isso”, disse ela. “Não é para você render o bloco, não tem graça nenhuma. O menino tá mal, a Paulinha tá mal, então você desliga isso e vamos conversar fora do ar. Seja (sic) hombridade”, acrescentou. Em seguida, ela disse algumas frases desconexas, mas uma delas chamou a atenção: “o caralho que tornou a nossa vida”.

A partir de então, o Pânico passou a tocar apenas músicas até o final de seu horário. Emílio Surita ainda voltou para uma despedida.

Via Twitter, Amanda Ramalho se manifestou: “Eu não sou do tipo de pessoa que deseja a morte de alguem . Foi uma força de expressão que utilizei na época. Eu mantenho minha posição de repudio as atitudes das quais ele foi acusado. Sobre meu comportamento hj: Nem sempre as coisas saem como queremos”. Veja abaixo.

UPDATE (23.10 – 21h15) – Amanda Ramalho postou a seguinte mensagem em seu perfil do Twitter:

Amanda

pânico

 

O Pânico virou uma vítima do próprio nome

Por Marcos Lauro

Sou ouvinte do programa Pânico, da Jovem Pan, desde o meio da década de 1990, pouco depois da sua criação, em 1993. Também peguei ótimos momentos do programa que foi praticamente o seu antecessor e inspiração, o Djalma Jorge Show, e acabei ouvindo a rede num dos seus melhores momentos: Ritmo da Noite, As 7 Melhores… programas que viraram coletâneas e eram vistos nas ruas, nas prateleiras das lojas de discos. Minha relação com o Pânico sempre foi de fã – Emilio Surita é referência pra minha locução até hoje e acredito que seja pra 9 a cada 10 locutores que eu conheço. O cara é de uma geração que ensinou locutores de todo o Brasil a se relacionar com um público jovem, até então novidade pra um rádio que alcançava gente mais adulta. Me lembro de levar um walkman pro escritório onde eu trabalhava para poder ouvir o Pânico no almoço e tinha que me esforçar pra não rir alto no trabalho. Saiu o CD do Pânico, com letras de Rosana Hermann e arranjos de Maestro Billy, gente que me orgulho de conhecer e me relacionar hoje em dia, que tenho até hoje – não comprei na época, mas ganhei de uma amiga que tinha o CD em casa, meio jogado e desvalorizado num canto. Na cara de pau, pedi e ela me deu. Está bem guardado na minha coleção de CDs.

A gente vai ficando mais adulto e os interesses mudam, mas posso dizer que nunca deixei de ouvir o Pânico. Posso ter me distanciado durante algum tempo por conta das correrias do dia a dia (o programa é das 12h às 14h, não é um horário fácil pra parar tudo e ouvir), mas sempre retomo, me atualizo sobre as trocas de elenco e novidades. O programa mudou muito nos últimos tempos, especialmente depois que foi para a TV.

O programa (no rádio, não estou falando sobre o Pânico na TV, que era outra coisa) foi construído sobre factóides e personagens que exploravam os seus limites. Tanto é que integrantes já saíram do programa rompidos com o elenco e até processando Tutinha, dono da Jovem Pan e responsável pela marca. Então, é uma regra para qualquer um que queira participar do Pânico: a brincadeira não tem limites. Combinando ou não antes de entrar no ar, nenhum membro vai titubear na hora de expor suas fraquezas e tripudiar. Tudo por conta do humor, que não tem e não deve ter limites impostos por ninguém além daqueles que o praticam. Quem ouve e acha graça, fica. Quem acha apelativo, muda de rádio e não enche o saco (como Emilio fala ainda, até hoje, quando alguém questiona algo sobre o programa). Faz parte do show.

A Jovem Pan, hoje, tem um lado político na sua cobertura dita jornalística. E isso é positivo, a partir do momento em que você tem as cartas na mesa, sem blefes. O público merece saber as opiniões dos profissionais que ouve, concordando ou não. Mas o perigo atual – e motivo da decadência do Pânico – é essa mistura entre a posição política e humor.

O humor é uma ferramenta política. Mesmo o humorista que diz não querer saber de política está fazendo política – a de ser alienado por opção e transmitir isso no seu trabalho (vale lembrar que a palavra “alienado” não carrega, necessariamente, um sentido negativo… é uma condição). Sendo assim, quando um humorista adota um discurso extremamente reacionário e violento e inclui no seu trabalho, ele humaniza esse discurso e o torna palatável. E o Carioca, no programa desde 1998, se tornou esse cara que humaniza o discurso reacionário de uma maneira bem poderosa. Só para citar um exemplo do Pânico na TV (que se reflete em sua postura no rádio): Quando ele imitava a ex-presidente Dilma Rousseff, ela sempre estava brava, em situações que beiravam o ridículo (quando não o eram) e insinuando dúvidas sobre sua sexualidade. Agora, nos últimos tempos de programa na TV, Carioca fazia uma imitação do deputado Jair Bolsonaro: sempre sorrindo, contando piadas, com um jeito bonachão e conversando com a população nas ruas. Ou seja, Carioca reflete no seu trabalho de artista as suas opiniões pessoais, que hoje explicita durante o programa no rádio. Em praticamente todas as entrevistas, Carioca dá um jeito de cutucar o entrevistado com frases fortes, opiniões duvidosas e tom de voz alto, o que chega a ser falta de educação – afinal, a pessoa foi convidada para estar ali.

Do outro lado, Amanda Ramalho. No programa desde 2003, a ex-ouvinte representa a ala “esquerdista” – termo dito sempre de forma pejorativa. Mais uma vez e reforçando o que foi dito no início do texto: o Pânico é formado por personagens. Aqui não analiso as pessoas (não conheço o Carioca pessoalmente, por exemplo), mas sim o que elas transmitem durante o programa. Amanda se mostra acuada e inquieta quando Carioca começa a vociferar as suas opiniões e parte para o confronto direto – no YouTube há o trecho de uma das “brigas” da dupla.

Carioca testa os limites de alguns convidados e se esquece de que as pessoas não fazem parte do seu joguinho. Ele quer provocar um estresse real em quem está lá apenas pra falar sobre o seu trabalho.

Perceba que todas as “tretas” estão bem editadinhas e publicadas no canal oficial do programa no YouTube. Ou seja, a Jovem Pan fatura com o conteúdo e não está muito interessada em saber se a repercussão vai ser negativa ou positiva.

Emilio tenta fazer um papel apaziguador no ar quando pega os extremos e dá uma suavizada no discurso, mas não adianta muito. E não deve ser para adiantar mesmo, já que, como segunda voz do programa, atrás apenas de Tutinha, ele teria liberdade para tirar integrantes que não estivesse atuando de uma maneira correta com os convidados e seus colegas de bancada.

No fundo, é triste que o programa tenha virado isso. Em vez de um programa de humor, um gerador de estresse. Com a audiência da emissora em baixa quando comparada aos tempos áureos, é o clique e a quantidade de views no YouTube que valem. O Pânico virou vítima do próprio nome.