Jovem Pan e a monetização do inaceitável

Por Marcos Lauro

A edição mais recente do programa Greg News foi sobre a Jovem Pan. Na última sexta (24), a premiada atração da HBO, que vai ao ar semanalmente no canal fechado e no YouTube sempre com um tema específico, dedicou seus quase 30 minutos de duração à emissora, suas empresas coligadas e sua equipe de comentaristas.

De maneira didática, o apresentador Gregório Duvivier foi escalando as questões problemáticas que envolvem a Jovem Pan desde a sua fundação, oriunda da Panamericana S.A., até o mais recente episódio que envolveu a concessão do canal 32 UHF, que já abrigou a revolucionária MTV e hoje, de maneira irregular e ilegal, corre o risco de ir parar nas mãos de Tutinha. O programa, como já citado, é bastante didático e está, na íntegra, logo abaixo:

O programa é completo e não há muito o que acrescentar a ele. A visão panorâmica mostra o ponto em que chegamos em alguns processos de comunicação, onde o inaceitável é tratado como conteúdo. Aqui nesse texto, de 2018, expliquei a estratégia de programas com o Pânico de recortar trechos impactantes do dia para atrair visualizações no YouTube e, consequentemente, monetização. Nessa atualização mais recente da Jovem Pan, desde 2015, outro tipo de conteúdo mal-feito e nocivo ganha monetização: o político. Claro que isso não difere do que é feito em centenas de outros canais obscuros e que também ganham dinheiro com isso. Mas esses canais não carregam um nome que já foi referência no fazer rádio aqui no Brasil, um nome que já foi criador de tendências musicais e comportamentais, que já fez rir de forma genuína e descompromissada.

A Jovem Pan, como qualquer outra empresa de comunicação, fala a linguagem do dinheiro. Mas com um certo cuidado e preocupação com reputação e relevância, é possível pesar bem as decisões. Temos centenas de bons exemplos pelo Brasil, de empresas de comunicação que conseguem diminuir o peso do dinheiro no seu resultado final, no que é apresentado ao público, e fazem um bom trabalho. E não falo aqui de imparcialidade, essa lenda urbana que persegue o jornalismo há tantos anos. É possível ter lado e ser honesto. Mas Tutinha e sua Jovem Pan desistiram desse caminho – e já faz muito tempo. Tudo pelo dinheiro.