Classic Rock by Kiss FM

Por Marcos Lauro

O livro não se dedica a contar a história da rádio Kiss FM, como a capa pode dar a entender. Trata-se de um almanaque bem organizado sobre o rock, desde a sua concepção até o começo dos anos 2000.

Cada capítulo trata de um movimento e traz uma linha do tempo – a linha do glam rock, por exemplo, começa em 1968 com o lançamento do primeiro single de Elton John e termina em 1977, com a morte de Marc Bolan, do T. Rex. Ao final de cada capítulo, minibiografias de artistas e bandas de cada movimento. O rock nacional se resume a um capítulo de 30 páginas e apenas o último segmento da obra conta a história da rádio de forma superficial.

(resenha publicada na revista Rolling Stone de julho/2014)

Radioamantes no Ar fala do livro da 89 FM, sobre rádio esportivo e rádios que mudam de freqüência

Depois de uma semana de recesso, o Radioamantes no Ar está de volta à grade da Showtime web rádio (http://www.showtimeradio.com.br/) com muitos assuntos palpitantes. Um deles: o livro da 89 FM que está recorrendo ao financiamento coletivo para chegar as livrarias. Ainda: as más condições dadas aos profissionais de rádio para transmitirem partidas em estádios de futebol. E mais: a mudança envolvendo a Vida FM, emissora do segmento gospel que teve de mudar de freqüência após ação da Anatel. Com Rodney Brocanelli e participação de João Alkmin e Flávio Aschar.

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Para lançar livro sobre sua história, 89 FM apela para o crowdfunding

Por Rodney Brocanelli

Lembram do livro sobre a rádio 89 FM do qual falamos aqui e em outros lugares há algum tempo?

Para quem não lembra ou não sabe do que se trata, basta clicar no link abaixo:

https://radioamantes.wordpress.com/2010/12/23/o-livro-anda-inedito-sobre-a-89-fm/

A grande novidade sobre a obra é que agora ela entrou no processo de crowdfunding para ser publicado. Um vídeo divulgado nas redes sociais, explica como funciona. Clique no link abaixo para assistí-lo.

Como tudo na vida, o crowdfunding tem seus prós e contras. Um dos prós: finalmente, um livro que está inédito desde 2005 ganha o impulso necessário para ser publicado. Uma obra de qualidade, bem escrita, que conta a história (sem ser chapa branca)  de uma das emissoras de rádio que deixou sua marca no dial da Grande São Paulo.. Alguns dos contras: passa a impressão de que nenhuma editora se interessou pelo projeto. E a que se interessou, no caso a Tambor, comandada por André Forastieri, não tem grana para lançá-lo no momento.

Mais um contra: esse sistema de crowdfunding tem lá suas recompensas. São quatro cotas, que dão direito alguns brindes, com valores que vão de R$ 50,00 (a primeira) à R$ 300,00 (a terceira). Existe uma quarta cota (cujo valor não foi revelado no vídeo, mas sabe-se que é acima de R$ 700,00) e quem se dispuser a pagá-la terá direito a participar durante uma hora na programação da rádio, fazendo a seleção musical. É nisso que está o contra: nessa época em que se defende uma participação maior do ouvinte, aqui o camarada precisa colaborar com o livro para participar da rádio?

O lançamento do livro está previsto para o mês de abril. Para quem deseja colaborar, aí vai o link:

http://catarse.me/pt/89radiorock

O site acima informa que a verba será usada para produção gráfica, produção editorial, impressão de 3.500 livros. 13% são da hospedeira do crowdfunding.

89fm

O rádio como agente de transformação social

Por Marcos Lauro

RÁDIO CIDADÃ, UM GUIA PARA A AÇÃO

Será lançado nesta terça, 8, o livro “Rádio Cidadã: Um Guia Para a Ação”.

A obra é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Comunicação para o Desenvolvimento e reúne textos de pesquisadores, estudiosos e profissionais da área. A ideia é criar um manual de instruções para emissoras comunitárias, populares ou preocupadas com a prestação de serviço.

Segue um trecho do texto da editora Edicon, que explica o didatismo do livro: “O livro foi dividido em quatro eixos. Comunicação para o Desenvolvimento, apresenta conceitos e contextos importantes para a compreensão do papel social do rádio. O segundo, Novas Tecnologias, aborda o futuro digital e informações básicas para o melhor aproveitamento dos softwares de áudio e da internet na produção de conteúdo. Em seguida, sob o eixo Gestão, o guia inova ao apontar técnicas de organização e gerenciamento para a construção de emissoras eficazes e autossustentáveis. O leitor encontrará, inclusive, um roteiro detalhado para a elaboração de um plano estratégico que ajude a emissora a cumprir suas metas. O quarto eixo, Programação, explica como montar uma grade de conteúdos criativos e capazes de promover o desenvolvimento das comunidades”.

Os autores são: Alexandre Caverni (Agência Reuters), Ana Helena Rosas (ICD), Daniel Gambaro (Anhembi-Morumbi), Eduardo Vicente (USP), Elisa Marconi (Centro Universitário Belas Artes), Francisco José Bicudo Pereira Filho (Anhembi-Morumbi), Gisele Sayeg Nunes (Anhembi-Morumbi), Márcia Detoni (Mackenzie), Melina Cintra Lins (Podcast Unesp) e Vitor Lillo (BestRadio Brasil). A coordenação é da jornalista e professora da Universidade Mackenzie Márcia Detoni e do produtor e professor de Rádio da USP Angelo Piovesan.

“Rádio Cidadã: Um Guia Para a Ação” já pode ser encontrado para venda online no site da editora.

LANÇAMENTO: RÁDIO CIDADÃ, UM GUIA PARA A AÇÃO
Quando: dia 8 de outubro, às 19h.
Onde: Livraria Martins Fontes, av. Paulista n° 509
(próximo à estação Brigadeiro do metrô)

O livro (anda inédito) sobre a 89 FM

Por Rodney Brocanelli

O camarada Ricardo Alexandre, atual diretor de redação da revista Época São Paulo, já publicou o seu segundo livro (Nem Vem Que Não Tem – A Vida e o Veneno de Wilson Simonal)  e até ganhou o prêmio Jabuti de melhor biografia com ele. Contudo, aquele que ele escreveu sobre a rádio 89 FM permanece inédito até hoje. A não ser que a alta direção da emissora mude de ideia,  dificilmente  a obra será publicada. No ano de 2007  (entre os meses de março e abril), consegui uma cópia em versão word com o autor. A partir deste material, fiz uma resenha que publiquei no site Laboratório Pop e no outro blog. Acho que o texto (que segue abaixo) ainda é inédito para muita gente. Vale como “especial de fim de ano” do Radioamantes.

Em 2005, a alta direção da 89FM encomendou ao jornalista Ricardo Alexandre um livro que contasse sua trajetória desde que passou a investir no rock n’roll. Ele faria parte das comemorações de seu vigésimo aniversário. Por uma série de fatores, seu lançamento não aconteceu no período previsto. E a emissora nem esperou o vigésimo primeiro aniversário para torná-lo público. 2006 marcou o início de uma profunda reformulação, fazendo com que a 89 FM deixasse definitivamente de ser “a rádio rock” para disputar de forma mais agressiva a audiência do público jovem em geral, adicionando ao seu play-list pitadas de R&B, dance music e rap. Não há previsão para uma publicação imediata do livro.

Ricardo Alexandre é autor de “Dias de Luta” (2002), um livro-reportagem bastante elogiado que detalha a história da geração de bandas do rock nacional que surgiu (e explodiu) na década de 1980. A 89 FM ocupa aproximadamente três páginas dele. Ricardo resume em quais circunstâncias ela apareceu no cenário radiofônico e fala de bandas que lançou, como o Violeta de Outono, com direito a depoimento de Fabio Golfetti.

O tom crítico de “Dias de Luta”, obviamente, não aparece neste livro sobre a 89 FM. Em compensação, Ricardo procura acentuar mais a angústia vivida por sucessões de coordenadores e diretores artísticos para encontrar um meio termo entre o sucesso artístico e o sucesso comercial. Decisão acertada, pois dessa forma o texto não fica tão chapa-branca. Outro ponto a favor caso a obra seja publicada algum dia: o texto é acessível tanto aos profissionais do mercado radiofônico, como aos ouvintes fiéis que não abandonaram a emissora nesses quase 20 anos de “rádio rock”.

Um dado curioso é que a espinha dorsal da narrativa se concentra nas figuras dos coordenadores ou diretores artísticos que lá passaram em todo esse tempo. À primeira vista, pode parecer estranho, mas ao longo do texto, talvez sem querer, Ricardo mostra que existiu espaço para um certo “rádio de autor”, ainda que dentro da citada angústia de tornar a rádio atraente do ponto de vista comercial. Cada um dos profissionais pôde fazer a rádio que tinham em mente, de acordo com seus respectivos perfis, e ajudados pela conjuntura musical do período. Fabio Massari, por exemplo, levou a 89 FM para uma linha mais alternativa, aproveitando o aparecimento do grunge. Por sua vez, Luiz Augusto Alper teve de fazer uma rádio mais comercial, até por causa do esgotamento do mesmo grunge.

Ainda sobre os manda-chuvas da rádio, Luiz Fernando Magliocca ganha um olhar mais simpático talvez por ter criado o conceito de “anti-rádio” que marcou o início de suas transmissões. Porém, ao falar desse personagem, o texto derrapa. A forma como Magliocca conduziu essa transição está bem contada. No entanto, não se avança em nada naquilo que está registrado no próprio “Dias de Luta” e em entrevistas que ele próprio concedeu a sites especializados em rádio.

O livro sobre a 89 FM tem espaço para pequenas histórias, algumas divertidas, outras nem tanto, que ajudam a ilustrar o dia-a-dia da rádio. Uma delas no entanto, caberia muito bem em “Dias de Luta”. Em 1994, uma entrevista de Paulo Ricardo ao apresentador Tatola quase termina em briga corporal. Nessa época, ele estava em mais uma de suas tentativas de tirar do limbo o RPM. A banda iria abrir na ocaisão para o INXS e trabalhava na divulgação da música “Pérola”. Segundo o relato de Fábio Massari, o cantor chegou aos estúdios dando a impressão de que iria aprontar algo. Durante a entrevista, Paulo Ricardo se desentendeu com Tatola no momento em que falavam sobre a possível receptividade desse retorno do RPM em outros centros. O apresentador iria usar o Ceará como exemplo e foi interrompido, acusado de preconceito. O nível de tensão subiu até que Paulo Ricardo teve de deixar o estúdio, amparado por Massari. Esse desentendimento ganha uma outra leitura se lembrarmos que Tatola veio de uma da banda punk chamada Não Religião, na qual era vocalista. Seria mais um round da eterna disputa entre o underground e o mainstream (ou pelo menos de quem já fez parte do mainstream).

Outra boa história contada com detalhes é a famosa e bem-sucedida pegadinha ocorrida no primeiro de abril de 2003. A mídia do Brasil não tem muita tradição de pregar peças em seu público, fato comum na Europa. Nesse dia específico, o rock na 89 FM deu lugar a músicas de artistas como Earth, Wind & Fire, KC & The Sunshine Band, Frenéticas, Abba, entre outros. A reação dos ouvintes foi imediata: telefones congestionados, servidores de e-mails abarrotados de mensagens. Somente às 6 da tarde é que ocorreu a revelação: tudo não passou de uma brincadeira típica da data. Alexandre Hovoruski, o coordenador artístico da época conta que quase desistiu de tudo antes de colocar a idéia em prática. A artmanha até que teve um efeito positivo, e a rádio foi citada em outros veículos de comunicação.

Os 20 anos da 89 FM marcam o final do texto. Ricardo fala de uma reflexão interna sobre o papel da emissora (e sua possível importância) no futuro. Mas o apêndice, todos sabem. Parte da equipe foi demitida em 2006 a partir da contratação de um novo diretor artísitco, Vaguinho, que comandou a Metropolitana FM por muitos anos. O rock teve seu espaço diminuído e a programação musical passou a ser mais abrangente, tocando a atual black music e o R&B.

No livro, Neneto Camargo, um dos proprietários da rádio, falando sobre a época da Pool FM (a antecessora da 89 FM na freqüência), diz que o mercado ainda não estava preparado para absorver a música negra em todas suas manifestações. Se repararmos na 89 FM hoje, dá para dizer que ela é aquilo que a Pool FM tentou ser nos anos 80, guardadas as devidas proporções. A Pool FM, talvez sem querer, foi vingada.