Profissionalizando a Voz: curso de Fabiano ensina técnicas usadas por nomes de sucesso

Com mais de 30 anos de carreira, Fabiano tem uma jornada de sucesso profissional. Passou por rádios como JB FM, Melodia FM, Rádio Tupi, 93 FM e se tornou o idealizador do “Olha quem está falando”, programa de entrevista com comunicadores no YouTube. Foi também a voz padrão do Planeta Xuxa, entre outros trabalhos. Desde 2019, Fabiano tem se dedicado a ensinar seu ofício, como professor de locução. Durante a pandemia da Covid-19 ele lançou o curso on-line Profissionalizando a sua Voz na plataforma Eduzz.

Alunos aprendem na prática como usar a sua voz profissionalmente para locução publicitária, de rádio e eventos. Nas aulas, Fabiano detalha as técnicas utilizadas por nomes de sucesso da locução e exemplos reais para sua aplicação. Também são ensinados os conceitos fundamentais para o desenvolvimento vocal e profissional na área.

“Com o curso o aluno torna-se um verdadeiro comunicador, capaz de atuar nos mais variados segmentos do mercado, especialmente na locução profissional”, afirma Fabiano.

Acompanhe as redes sociais:

Instagram – https://www.instagram.com/josemilsonfabiano/

Olha quem está falando, no YouTube: https://www.youtube.com/@JoseMilsonFabiano1/videos

A arte de conversar no rádio

Por Marcos Lauro

Há muitos estilos de locução. Lá no curso a gente aprende a jovem, adulta e popular, basicamente. E mesmo quem não é locutor conhece e tem o seu estilo preferido. Mas no meio dessas opções, as pessoas se esquecem da mais simples: a conversa.

Pois se o rádio é uma conversa com o ouvinte, por quê não levar um bom papo com a pessoa que está do outro lado do microfone? Lá no curso (ele, de novo) o professor fala pros alunos que têm mais dificuldade: “Imagina um ouvinte e conversa com ele!”. Acho que ninguém conversa berrando e falando rápido do jeito como algumas rádios jovens convencionaram.

Não é possível precisar quem “inventou” essa conversa no FM. Claro que é influência direta do AM e mestres como Big Boy ou Helio Ribeiro. Big Boy, mesmo caricato daquele jeito, batia ótimos papos com seus ouvintes na Mundial do Rio de Janeiro, enquando Helio Ribeiro já encarnava um jeito mais classudo de conversa. Sem contar, claro, comunicadores que estão por aí até hoje como Eli Correa, Paulo Barbosa e Zé Bétio.

Aparentemente, o grande celeiro para esse tipo de locutor foi a Excelsior FM de São Paulo, que operava nos 90,5 Mhz da atual CBN. Isso se explica pelo fato da emissora ter origem na Excelsior AM – A Máquina do Som. Com essa “virada”, a AM passou a se dedicar aos esportes enquanto a FM ficou com a linguagem jovem.

Em 1979, Kid Vinil já trocava altas ideias com seus ouvintes no Programa Kid Vinil, semanal e na mesma emissora, Mauricio Kublusly seguia a mesma linha, que deve ter servido como uma ótima base para as reportagens que faz hoje no Fantástico. Tinha ainda a Sonia Abreu, que hoje é mais conhecida como a primeira mulher DJ do Brasil e que já vinha da Excelsior AM.

Um ano depois estreava a Rádio Cidade, que já era sucesso no Rio de Janeiro e foi trazida para São Paulo nos 96,9 Mhz. A linguagem era pop-jovem e reuniu um time de primeira. Ouvi algumas pessoas mais experientes que eu para fazer esse texto (até porque eu nem era nascido ainda!) e o nome que mais se destacou foi Paulinho Leite – que hoje trabalha em Washington DC, na Organização Mundial da Saúde.

A década de 1980 serviu para intensificar a locução gritada das FMs jovens, que permaneceu ainda nas décadas de 1990, 2000 e começa a cair em desuso agora. Nessa semana estava ouvindo a Metrô FM, emissora na qual eu não conseguia parar por mais de um minuto, e a locução está mais suave.

Na verdade, hoje, são duas as condições que permitem essa locução conversada: a liberdade que a emissora dá para o profissional sair do padrão em sua performance e conteúdo. Se não tem conteúdo, o melhor é ficar no roteiro, não dizer besteiras e não comprometer a qualidade do que está sendo transmitido, certo?

Esses mestres da locução “conversada” no FM, que foram citados acima, e seus outros colegas tiveram um período rico para experimentar. Com o surgimento do FM, a faixa ainda estava se encontrando e tinha o som estéreo como trunfo para chamar a atenção do público. A qualidade ali era primordial e, mesmo com pouquíssimas emissoras (em comparação com os dias atuais), era um erro para o ouvinte mudar de estação. Hoje, a coisa me parece menos exigente e o grande público está naquela frequência pela música apenas.

O meu dia de Di Vasca*

Por Marcos Lauro

Deixei minha vida de locutor em 2006. Por dois motivos: descobri o jornalismo impresso/web na minha vida e tive a certeza de algo que já desconfiava – locutor é um dos profissionais que mais se desvaloriza no seu mercado de trabalho. Essa minha fase durou seis anos. Depois (e até hoje) fiz só alguns trabalhos esporádicos na área.

Hoje uma pessoa para quem trabalhei por algum tempo me procurou para atualização do áudio de uma web-rádio que montei do zero, sozinho. O pacote sugerido: 10 vinhetas e mais dois spots, com duas vozes, uma masculina e uma feminina, nos moldos do que já está no ar, por R$ 1.800,00. Segue o diálogo:

Ex-contratante
Opa, tudo bem e com vc? Te mandei uma resposta na data de ontem, não recebeu? Confesso que fiquei assustado ao ler o valor, se estivesse em pé teria caido…. Pelo valor informado no momento observo que é totalmente inviável fazer esse investimento agora, depois pesquise na internet ótimas empresas que oferecem o mesmo tipo de serviço (pacotes) e compare que o valor informado por vocês está fora da realidade. Mesmo assim, agradeço amigo. Abs.

Marcos Lauro
Mas só pra adiantar: tem empresa que se diz produtora de áudio que faz 10 vinhetas por R$ 100. Nâo é lenda, eu já vi. Só não garanto qualidade e exclusividade na produção, entendeu? As mesmas vinhetas que venderem pra você, vão vender pra outras rádios só gravando voz por cima.
O valor foi baseado no cachê dos locutores, que são bem justos. Vou ver com eles se tem jogo.
Abração.

Ex-contratante
Então o meu cachê é de quanto?

Marcos Lauro
Aí cê já perdeu a razão…
Abraço.

Por causa de locutor que cobra R$ 10, R$ 15 por vinheta existe essa mentalidade, de que é só se sentar na frente de um microfone qualquer e falar, gravar, editar… tudo assim, rápido. E assim, me desculpe ex-contratante, eu não faço.

* Di Vasca é um blogueiro, designer, que narra suas desventuras no universo do “favorzinho” e da “camaradagem”. Pediu desconto abusivo ou trabalho de graça pra ele, saiu no blog. Sem dó.