Para professor, crise dos meios de comunicação é de gestão e não tem a ver com a conjuntura nacional

Por Rodney Brocanelli

Em entrevista ao podcast Opinando, Luiz Artur Ferraretto, professor de jornalismo da UFRGS, ao comentar sobre o futuro da comunicação enquanto negócio disse que ainda existem muitos empresários do setor administrando seus respetivos veículos como se estivessem na década de 1990. “Eu me pergunto o que nós vamos ter daqui a 10 anos em termos de emissoras”, afirmou.

Ainda falando sobre o empresariado, Ferraretto fez um importante diagnóstico. A crise dos meios de comunicação no Brasil não tem a ver com a conjuntura nacional. “Teve muito empresário que foi apoiar o Bolsonaro porque achou que a crise era econômica, era culpa da Dilma, do PT (…) e não se deu conta de que a crise era no modelo de negócio, a crise era na gestão deles”. falou.

Sabe-se que esse apoio não foi apenas na intenção de voto, mas foi estendido ao conteúdo editorial, especialmente em emissoras de rádio (ou aquelas que tem o rádio em sua origem).

Durante a entrevista, em seus instantes iniciais, Ferraretto abordou a questão dos 100 anos de rádio no Brasil. Oficialmente, o marco inicial da radiodifusão no Brasil é em 7 de setembro de 1922. No entanto o professor alega que aquela transmissão fazia parte de uma grande demonstração para a venda de equipamentos de rádio das empresas Westinghouse e Western a um único cliente: o governo federal. Foi dentro deste evento que houve o famoso discurso do então presidente Epitácio Pessoa.

Ferraretto cita que em 1920 houve também um evento também para a demonstração de equipamentos, desta feita da empresa Marconi, acontecido na Ilha das Cobras, então instalação da Marinha. O mesmo presidente Pessoa participa dos testes, conversando com um senador por intermédio da aparelhagem instalada.

Essa história passou a ser recontada, graças à insistência de um pesquisador, o professor Luiz Maranhão Filho. Durante a década de 1910, no Recife, ocorreram algumas transmissões consideradas piratas (ou clandestinas), que só foram registradas pelos jornais da época graças ao noticiários sobre apreensão de equipamentos. A coisa segue adiante graças a um grupo de interessados e em 1919 é inaugurado o Rádio Clube de Pernambuco. No início de 1923, ocorreram as primeiras transmissões de um ponto para várias pessoas.

Importante destacar que os serviços oferecidos naquela época eram chamados de radiotelegrafia e radiotelefonia, este último bem próximo daquilo que conhecemos hoje como o rádio comercial (o professor Ferraretto fala em “caixinhas musicais”).

“O rádio no Brasil não tem uma data certa”, decreta Ferraretto. Conheça mais o seu vasto currículo clicando aqui.

O Opinando tem a apresentação do jornalista Nando Gross (que sofreu um pouco com o ar-condicionado do estúdio).

Veja abaixo a íntegra da excelente entrevista, que não ficou apenas nesses assuntos destacados.

Mais uma contribuição para o debate sobre os direitos de transmissão para o radio esportivo

Por Rodney Brocanelli

O jornalista Carlos Guimarães, comentarista e coordenador de esportes da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, publicou na semana passada um importante artigo sobre os possíveis impactos da nova Lei Geral do Esporte para o rádio esportivo. Além de viver o dia-a-dia do veículo, Guimarães também é bastante ativo no meio acadêmico: ele é doutorando em Comunicação, tem mestrado em Comunicação e Informação e especialização em Jornalismo Esportivo.

Guima, como é conhecido, acha que não será desta vez que o rádio deverá pagar para transmitir partidas de futebol ou de qualquer outro esporte. “Entretanto, estamos na contagem regressiva para que isto aconteça”, afimra.

O texto é bastante feliz ao incluir essa medida dentro do processo de elitização do futebol brasileiro, simbolizado pela construção das novas arenas, febre que se iniciou na esteira da nomeação do Brasil como sede da Copa do Mundo em 2014.

Em seguida, Guimarães escreve, em resumo, que o rádio não se modernizou: “Com tanto tempo de existência, da mesma forma que o rádio consolidou uma popularidade, ele não se renovou. Apegou-se numa tradição em que parece feio ou moderninho demais buscar algo novo nesse meio”.

Esse apego, conforme o jornalista, vem dos próprios profissionais: “O rádio rejeita o moderninho porque ele tem um limite para se renovar. É como se a tradição compusesse o seu ethos, a sua razão de existir. Vou dar um exemplo disso. Convivo com pesquisadores e radialistas cotidianamente. Sabe o que mais encanta os meus colegas? A narração de um gol em 1975, uma cobertura internacional de 1968, uma entrevista de 1982, uma vinheta de 1991. O rádio, quando olha para si, olha para trás, nunca para a frente”.

Aqui reside a primeira discordância. Quando se olha para o passado do rádio, isso nada mais é que uma forma de chamar a atenção para as novas gerações que o veículo fazia questão de estar presente em todos os acontecimentos. Quando se cultua a narração de um gol de 1975, é porque certamente narrador, repórter e comentarista estavam no estádio, independente da distância.

O mesmo vale para a cobertura internacional de 1968. O rádio marcava sua presença. Não se fazia uma cobertura à distância, algo que é muito comum nos dias de hoje.

A Rádio Guaíba tem um excelente programa de resgate de sua memória chamado Arquivo Guaíba. Pelo menos duas de suas edições trouxeram exemplos ricos disso, protagonizados pelo jornalista Flavio Alcaraz Gomes.

Em 1969, Gomes esteve em Cabo Canaveral para informar em tempo real sobre a partida da missão Apolo XI, famosa por colocar o homem na lua. Anos mais tarde, o mesmo profissional foi deslocado para o Oriente Médio a fim de acompanhar o conflito (mais um) entre árabes e israelenses naquela que ficou conhecida como a Guerra do Yon Kippur.

Reiterando: quando se cultua os grandes feitos do rádio, isso não quer dizer que seja um apego excessivo ao passado, aquele saudosismo do tipo “na minha época que era melhor”. É uma forma de mostrar o que o rádio já fez. Além disso, é um recado para chamar a atenção de que o veículo pode prosseguir fazendo isso, basta que existam recursos (abordo isso daqui a pouco).

Guima fala muito da linguagem do podcast, mas que na verdade ele nada mais é que um programa de rádio, divulgado em uma outra plataforma. O texto cita o recente sucesso do podcast A Casa da Mulher Abandonada, divulgado pelo jornal (ironia, não?) Folha de S. Paulo. Fica a pergunta: por que nenhuma rádio resolve investir nessa ideia?

Algumas respostas. Primeira é porque ela demanda tempo e na atual configuração das redações de rádio não existem recursos humanos disponíveis para investir em reportagens que deem um certo tipo de trabalho e cuja base não seja apenas feita de entrevistas por telefone ou outros meios. Depois, temos a questão do custo. Se render algum gasto que seja com combustível, por exemplo, a ideia é deixada de lado.

Outro ponto abordado por Gumarães é a linguagem da jornada esportiva. Ele destaca que houve uma evolução ao longos dos anos, apontando que as transmissões de hoje são melhores do que há 50 anos. Ela é “mais humana, menos robotizada, menos engessada, mais coloquial, mais conversada, mais próxima ao ouvinte”. Sem contestações quanto a isso, entretanto, hoje em dia ela é mais afastada das próprias partidas de futebol. Hoje em dia é muito comum a transmissão off tube, em que narrador, comentarista e repórter estão olhando o jogo na tela da tv em vez de ter a visão do estádio. Guma até fala sobre isso, mas como consequência, sem analisar de forma mais profunda a causa.

Vou dar um exemplo pessoal. Entre os anos 1980 e 1990, quando eu abaixava o som da tevê e aumentava o do rádio, eu estava em busca de algo que a imagem não me mostrasse. E digo que em 99% eu conseguia ter isso como consumidor, graças ao talento de profissionais como José Silvério, Wanderley Nogueira, entre tantos outros. Hoje é algo mais difícil de se conseguir devido a questões técnicas, mas ainda é possível.

Guima não esquece da precarização do rádio esportivo: “(…) reduziu-se o efetivo das redações com o profissional multimídia, aquele que cobra o escanteio e chega à área para cabecear. Menos gente fazendo mais coisas pelo mesmo salário. A baixa remuneração também impactou na qualidade dos profissionais. É mais fácil optar por uma outra atividade do que permanecer no rádio, ainda que se tenha paixão pelo meio. A prioridade da vida é pagar os boletos em dia”.

E aí surge a grande pergunta que eu me fiz a partir da leitura do texto: será que estaríamos falando de tudo isso caso as verbas de publicidade não fossem tão ínfimas para o meio rádio? Na última sexta-feira, Nando Gross disse ao podcast Dus 2 que o maior problema do rádio hoje é a questão financeira. “A verba sumiu”, disse ele. “Não temos mais os patrocinadores de R$ 100 mil por mês, como tínhamos nas jornadas. Isso acabou”, completou. (veja aqui). Gross fala com conhecimento de causa, de quem já foi gerente da Rádio Guaíba entre 2014 e 2020.

O rádio até que tem dado alguns passos no sentido de atrair mais verbas. Para isso, a Internet é usada como uma aliada fundamental. O que era antes um programa apenas sonoro, hoje virou visual. E os departamentos de publicidade esperam aquele filme (ainda se diz filme?) de 30 segundos para enriquecer o intervalo da live.

Como diz a letra de Rock Europeu, hit da banda Fellini, um dos expoentes do rock independente brasileiro dos anos 1980: “tudo foi sempre uma mera questão de dinheiro”.

Para quem quiser ler na íntegra o instigante texto de Carlos Guimarães, basta clicar no link abaixo.

https://csguimaraes.medium.com/%C3%A9-o-fim-do-r%C3%A1dio-ou-o-que-vem-por-a%C3%AD-732c696993ba

Nando Gross vira narrador na Rádio ABC, de Novo Hamburgo

Por Rodney Brocanelli (com a colaboração de Edu Cesar, do Papo de Bola)

No último sábado, a Rádio ABC 103,3 FM, de Novo Hamburgo, transmitiu três partidas simultâneas da última rodada do campeonato gaúcho em sua primeira fase. A grande novidade é que Nando Gross, conhecido pela sua atuação como apresentador e comentarista, virou narrador.

Como já é tradição no rádio esportivo gaúcho, quando jogam Grêmio e Internacional ao mesmo tempo, as emissora transmitem as duas partidas no sistema de duplex. No entanto, a ABC ainda cobre as partidas do Novo Hamburgo, o time da cidade.

Com isso, a ABC transmitiu São José x Novo Hamburgo com Daniel Félix, Grêmio x Ypiranga com Daniel Oliveira e Guarany x Internacional com…Nando Gross, que acumulou narração e comentários, enquanto que Marcelo Salzano foi o repórter desta transmissão.

Angelo Afonso, que neste ano voltou o rádio narrando partidas pela ABC, estava narrando Caixas x Pinheiros pela NBB, a liga nacional de basquete.

Desde fevereiro de 2021, Nando Gross está na Rádio ABC comandando um programa diário sobre futebol, entre 11h e meio-dia, e atuando nas jornadas esportivas da emissora

Ouça abaixo a narração de Nando Gross para o gol de empate do Internacional na partida contra o Guarany. Placar final de 1 a 1.

Guilherme Baumhardt é novo gerente-geral da Rádio Guaíba

Por Rodney Brocanelli

Guilherme Baumhardt é o novo gerente-geral da Rádio Guaíba, de Porto Alegre. A informação foi divulgada nesta sexta (18) pelo site Coletiva.net. Baumhardt vai substituir Nando Gross, que ocupou a mesma função nos últimos pouco mais de seis anos. Apesar de deixar a Guaíba, Nando deverá seguir nos outros veículos do Grupo Record RS: a TV Record local e no jornal Correio do Povo, como colunista.

Em vídeo divulgado nas redes sociais ainda na sexta, Nando Gross disse que já vinha meio que amadurecendo uma saída da Guaíba, algumas discordâncias com rumos que a emissora tomava (veja aqui).

Baumhardt é apresentador da Rádio Guaíba. Desde dezembro de 2019, ele apresenta o jornalístico Bom Dia, substituindo Rogério Mendelski, que se transferiu para o Grupo Bandeirantes.

Em março deste ano, Baumhardt teve de se afastar do microfone por algum tempo para se tratar do Covid-19, mais popularmente conhecido como Coronavírus. O jornalista ficou internado no CTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (veja mais aqui).

Ao Coletiva.net, Guilherme Baumhardt disse estar feliz da vida com a novidade (leia aqui). A expectativa é que não ocorram rupturas na linha adotada pela Guaíba nos últimos seis anos.

Guilherme Baumhardt

Após seis anos, Nando Gross deixa Rádio Guaíba

Por Rodney Brocanelli

Nando Gross não é mais gerente-geral da Rádio Guaíba, de Porto Alegre. Sua saída foi divulgada nesta quinta (16) pelo portal Coletiva.net. Além de deixar o cargo de confiança, ele se afasta também do microfone da emissora. No entanto, isto não significa que ele irá sair totalmente do Grupo Record RS. Ele seguirá na Record TV, onde é um dos apresentadores do programa Rio Grande no Ar. Além disso, ele mantém sua coluna no jornal Correio do Povo.

Gross chegou à Guaíba em abril de 2014 Como gestor, manteve a emissora na trilha do jornalismo e do esporte, investindo no reforço de pessoal nas duas equipes. O atual presidente do Grupo Record RS, Carlos Alves, justificou a mudança ao site Coletiva.net, informando que a rádio passa por um momento mais delicado do que os outros veículos (veja aqui).

A saída de Nando não deverá significar uma ruptura no trabalho que vinha sendo desenvolvido nos últimos sete anos. O mesmo Coletiva.net. diz que não deverá algum profissional de fora para gerir a Guaíba. No entanto, alguns ouvintes da emissora manifestaram preocupação, temendo alguma alteração radical na grade de programação. Nunca é demais lembrar que o Grupo Record RS é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Em São Paulo, a igreja mexeu muito na programação da Rádio Record nos últimos anos.

Nando Gross

Bastidores do rádio: conheça a história do talco no México

Por Rodney Brocanelli

Bastidores de coberturas jornalísticas muitas vezes rendem ótimas histórias. Durante a edição da última quinta (19) do programa Esperando o Futebol, da Rádio Guaíba, o repórter Geison Lisboa contou sobre uma experiência emocionante, digamos assim,no México, logo que desembarcou. Assim que sua bagagem apareceu na esteira, ele verificou que havia um cachorro bem próximo dela, acompanhado de uma policial. Em seguida, ele foi orientado a levar a mala com seus pertences para uma sala da Polícia Federal local. Seguiram-se momentos de tensão, até que se descobriu que era apenas a tampa do recipiente de talco que havia aberto de forma involuntário e se espalhado grande parte de seu conteúdo por dentro da mala.  A história divertiu o comentarista Nando Gross e o apresentador Cristiano Silva. Ouça abaixo.

Talco no México

Programação matinal da Rádio Guaíba terá novidades a partir de segunda (16)

Por Rodney Brocanelli

A programação matinal da Rádio Guaíba vai passar por uma série de mudanças a partir desta segunda (16). Uma delas, amplamente divulgada, é estreia de Guilherme Baumhardt no comando do Bom Dia, das 05h30 até as 09h. Logo em seguida, estreia o Notícias em Meia Hora, com a apresentação de José Aldo Pinheiro, que será baseado em notícias e serviços, conforme o jornal Correio do Povo.

O Direto ao Ponto, que tem Nando Gross e Ananda Müller será apresentado entre 09h30 e 11h30. Por sua vez, o Ganhando o Jogo, programa de debates esportivos, perderá meia hora e ocupará o horário das 11h30 até as 13h.

Guaíba

Rogério Mendelski diz que seu comentário sobre cabelo foi “rigorosamente estético”

Por Rodney Brocanelli

Rogério Mendelski falou nesta sexta (08), dentro do programa Bom Dia, da Rádio Guaíba, a respeito de seu comentário feito na edição da manhã anterior sobre o cabelo de Marielle Franco, vereadora do PSOL (RJ) assassinada em março de 2018 (saiba mais aqui).

Ele iniciou repetindo as mesmas explicações que concedeu ao site Coletiva.net no dia de ontem: seu comentário fora interrompido devido ao aviso que recebera da produção acerca de uma entrevista com Onyx Lorenzoni, atual ministro da casa civil. “Eu não pude terminar o meu raciocínio que era um comentário rigorosamente estético, como eu costumo fazer sempre aqui. Eu faço brincadeiras aqui com roupas, desfiles de moda…”, disse.

Na sequência, Mendelski passou a ler uma nota encaminhada a Ariel Freitas, do Portal Independente Notícia Preta. Nela, o apresentador, em resumo, disse que gosta de cabelos crespos e soltos e não de coques, que seria o objeto de sua crítica. “Pra mim, a Marielle ficava muito mais bonita de cabelos soltos”.

“Sempre que posso e surge uma oportunidade, eu faço elogios a mulheres que tem cabelos crespos: afros, louras, morenas, ruivas, etc.”, prosseguiu, citando os nomes de Leilane Neubarth, apresentadora da Globo News, e Maju Coutinho, apresentadora do Jornal Hoje, da Rede Globo e da atriz Meg Ryan. “Esteticamente, na minha opinião, coque fica horroroso em qualquer mulher”, completou.

Mendelski fez críticas ao PSOL. “O PSOL vai querer pautar a minha preferência por cabelos femininos? Era só o que faltava(…) e tirar ilações subjetivas. O PSOL me dá licença de não gostar disso aí (coque) e preferir cabelos crespos e soltos?”

Sobre o caso Marielle Franco, ele diz que cobra todos os dias também no jornal Correio do Povo a identidade dos autores dos assassinatos dela e de seu motorista. “É isso que nos queremos saber. Nos queremos saber isso aí”.

Nesse trecho do programa em que se manifestou sobre o comentário do dia anterior, Mendelski não fez qualquer referência à nota oficial divulgada por Nando Gross, gerente geral da Rádio Guaíba pedindo desculpas à família de Marielle e a toda a comunidade atingida pelo fato.

Houve um protesto na porta da sede da Rádio Guaiba na manhã de hoje devido as declarações de Mendelski (saiba mais aqui).

Mendelski Guaíba

7 de novembro de 2019: um triste dia do radialista.

Por Rodney Brocanelli

Quem poderia imaginar que o dia 7 de novembro de 2019 se transformaria em um dia triste para o rádio? Logo hoje que é, de forma oficial,  o dia do radialista. Dois incidentes gravíssimos marcaram essa data.

O primeiro ocorreu na Rádio Guaíba, de Porto Alegre. Durante o programa Bom Dia, o apresentador Rogério Mendelski fez comentários depreciativos referentes ao penteado de Marielle Franco, vereadora do PSOL-RJ, assassinada em março de 2018. Mendelski estava lendo mensagens a respeito do caso e disse “agora virou até moda o cabelo da Marielle. O que eu tenho visto de pessoas com o cabelo, aquele cabelo horroroso, feio, um coque na cabeça…”. Logo em seguida, há um silêncio no ar que é interrompido por ele mesmo: “Onyx?”. Provavelmente, uma pergunta a alguém da produção que sinalizava sobre alguma entrevista ou sonora.

A manifestação infeliz do apresentador foi criticada via redes sociaispor quem ouviu na hora ou quem tomou conhecimento posterior. O “comentário” de Mendelski foi feito por volta das 06h30 da manhã, conforme o vídeo do programa transmitido no perfil da emissora do Facebook. Uma manifestação oficial aconteceu apenas próximo das 16h30, quando Nando Gross, gerente geral da Rádio Guaíba, divulgou uma nota via Twitter:

“Esclarecimento. Sobre o comentário do apresentador Rogério Mendelski hoje pela manhã no programa Bom Dia, quando fez considerações sobre a vereadora Marielle Franco, esclarecemos que repudiamos todo e qualquer tipo de comentário de conteúdo preconceituoso. Pedimos desculpas à família de Marielle e a toda a comunidade atingida pelo fato. Nos seus princípios, que estão expostos no site oficial da emissora, a Guaíba deixa bem claro isto aos seus ouvintes e colaboradores. A Rádio Guaíba repudia toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. A Rádio Guaíba preza a pluralidade de ideias entre seus comentaristas e apresentadores, mas não aceita de forma alguma manifestações de conteúdo racista, homofóbico de xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação. A opinião dos comentaristas e apresentadores não representa a opinião da empresa. Esta será apresentada em editoriais quando necessário”.

Apesar do pedido de desculpas e do reconhecimento de que o comentário teve cunho preconceituoso, a nota de Gross também sofreu críticas via redes sociais, uma vez que não há qualquer indicação de alguma medida administrativa em relação ao comportamento inadequado do apresentador.

ATUALIZAÇÃO (07/11 – 21h23) – O site Coletiva.net (saiba mais aqui) trouxe declarações de Rogério Mendelski sobre o caso: “Meu comentário foi interrompido por conta de uma entrevista que eu estava esperando com o Onyx [Lorenzoni]. Depois, o assunto não voltou mais”. A interrupção foi destacada neste blog logo no segundo parágrafo. Ele disse mais: “Não gosto de coques. A Marielle, por exemplo, era muito mais bonita de cabelos soltos. É gosto pessoal. Não há qualquer tipo de conteúdo racista aí, não sei de onde tiraram isso. Eu não pude terminar o meu comentário, foi isso. Nós, da Guaíba, somos completamente contra preconceitos”.

A grande questão é que coque é um tipo de penteado e em sua fala no programa ele citou literalmente a palavra cabelo.

Mas o dia não ficou apenas nisso.

Mais tarde, houve um episódio de agressão física durante o programa Pânico, da Rádio Jovem Pan. O entrevistado do dia era o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept. Augusto Nunes, comentarista da emissora, fazia parte da bancada de entrevistadores. A temperatura começou a subir quando Gleen citou comentários feitos por Nunes a respeito de seus filhos. “Eu quero saber se você acredita que um juiz de menores deveria investigar nossa família com possibilidade de tirar nossos filhos de nossa casa, sem pai nem mãe, sem família nenhuma”. Glenn é casado com o jornalista e deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) e ambos adotaram duas crianças.

Nunes reagiu: “Quem tem que se explicar é quem comete crimes, quem fica cobrando quem age honestamente. Ouça-me: o que eu disse, vocês vão perceber, é que ele não sabe identificar ironias, não sabe identificar um ataque bem-humorado. Convido ele a provar em que momento eu pedi que algum juizado fizesse isso. Disse apenas que o companheiro dele passa tempo em Brasília, passa o tempo todo lidando com material roubado. Quem vai cuidar dos filhos?”. A citação é relacionada às mensagens trocadas entre o então juíz Sergio Moro e o procurador Deltran Dallangol sobre a operação Lava Jato.

Glenn tentou replicar: “Você é um covarde! Você é um covarde! Eu vou falar o porquê”. No entanto, não houve espaço para novas explicações. Nunes o interrompeu e ambos discutiram com o dedo em riste. Houve uma primeira tentativa de agressão por parte de Nunes, que não deu certo, mas na segunda, o comentarista consegue acertar o rosto do convidado com um tapa de esquerda. Depois, homens de camiseta preta (seriam seguranças?) entram em cena para segurar os dois. O programa é tirado ar e retorna cerca de 12 minutos depois já sem a presença de Nunes.

Às 16h48, o site da Jovem Pan divulgou o seguinte comunicado:

“A Jovem Pan lamenta o episódio ocorrido ao vivo no programa Pânico desta quinta-feira (7) entre os jornalistas Augusto Nunes e Glenn Greenwald.

Defensora vigilante dos princípios democráticos, do pluralismo de ideias e da liberdade de expressão, a Jovem Pan sempre abriu suas portas para convidados de diferentes campos ideológicos e com opiniões dissonantes, para que cada brasileiro forme seu juízo tendo acesso a visões variadas sobre os temas mais relevantes do momento.

Uma das principais marcas do Pânico é receber personalidades para o debate aberto e franco, bem-humorado e eventualmente ácido. Glenn Greenwald já participou da bancada em diversas outras oportunidades.

A liberdade de expressão e crítica concedida pela Jovem Pan a seus comentaristas e convidados, contudo, não se estende a nenhum tipo de ofensa e agressão. A empresa repudia com veemência esses comportamentos.

A Jovem Pan pede desculpas aos ouvintes, espectadores e convidados desta edição do Pânico, inclusive Glenn Greenwald”.

Aqui também não há qualquer tipo de menção a respeito de alguma medida relacionada ao comportamento do comentarista contratado da emissora.

Apesar de ser um dia triste, este 7 de outubro de 2019, dia oficial do radialista, deve servir para profundas reflexões e não cair no esquecimento.

7 de novembro de 2019

Em debate sobre jornalismo esportivo, cronistas gaúchos abordam cobrança dos direitos de transmissão das rádios

Por Rodney Brocanelli (colaborou – e muito – Edu Cesar, do Papo de Bola)

Na última segunda (21), a Associação Riograndense de Imprensa promoveu mais uma edição do “Diálogos ARI de Jornalismo), cujo tema principal foi “Jornalismo Esportivo Além do Campo”.

Entre diversos assuntos relacionados ao tema principal, não faltaram manifestações sobre a recente discussão aberta nos últimos dias relacionada a possível cobrança de direitos de transmissão das competições do futebol nacional e sul-americano por parte das emissoras de rádio (saiba mais aqui).

Nando Gross, comentarista de gerente geral da Rádio Guaíba, citou exemplo históricos de tentativas nesse sentido, uma delas de Rubens Hoffmeister, então presidente da Federação Gaúcha de Futebol em 1980, que vendeu os direitos de transmissão do campeonato gaúcho daquele ano para a Rádio Farroupilha, então de propriedade dos Diários Associados. A outra, do Athletico-PR que em 2008 também tentou comercializar os direitos de seus jogos com emissoras de rádio. Ambas as iniciativas foram barradas pela Justiça.

Ainda em sua manifestação, Nando procurou explicar a diferença entre transmissão de rádio e direitos de imagem, algo que ele já havia feito no microfone da Rádio Guaíba (clique aqui).

Outro participante da mesa de discussão, Alex Bagé, aqui atuando muito mais como o presidente da ACEG – Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos do que como comentarista da Rádio e TV Bandeirantes, de Porto Alegre. Em sua rápida exposição, Bagé procurou diferenciar a intenção da Conmebol de cobrar por suas competições (saiba mais aqui) da intenção de dirigentes do futebol nacional (veja aqui). Ele diz que já teve reuniões com a atual presidência da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), destacou a atuação do senador Jorge Kajuru (CIDADANIA-GO) e também a parceria com colegas de São Paulo para tratar desse tema.

Bagé chamou a entrevista de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians e de Francisco Novelletto, um dos vice-presidente da CBF de “balão de ensaio”. A partir de então, o presidente da ACEG acionou a sua diretoria jurídica, que fez contatos com políticos do estado do Rio Grande do Sul: o governador Eduardo Leite e o atual secretário de esportes João Derly. Além deles, outro político importante também está envolvido nesse processo, como o presidente Jair Bolsonaro, acionado por Jorge Kajuru.

Na avaliação de Alex Bagé, não há chances do atual quadro ser alterado, a não ser que exista algum tipo de modificação (via Congresso Nacional) na Lei Pelé, que regula a questão dos direitos de imagem. Outro ponto importante apontado por ele é que muitos políticos estão apoiando a questão da não cobrança de direitos das rádios porque eles são proprietários de emissoras de rádios. “A gente está buscando essa blingadem”, disse. Mesmo assim, em nível internacional, ainda há a questão da intenção da Conmebol, que,  segundo Bagé, não estando subordinada a uma lei do Brasil, pode querer passar a cobrar a qualquer momento.

Luis Carlos Reche, apresentador e comentarista da Rádio Grenal, elogiou a mobilização feita por Alex Bage até por que a categoria na categoria dos radialistas, “o que mais acontece é a gente tomar rasteira”. Diogo Olivier comentarista e colunista de RBS TV, Rádio Gaúcha e Zero Hora, destacou um outro ponto a respeito do contato direto com a fonte que, segundo ele, era muito mais responsável e maduro. “Há muitos obstáculos entre repórter e a fonte”, disse. Além disso, segundo ele, os clubes querem tirar a mediação entre os veículos e o público e fazer isso por conta própria. “Anuncia jogador pelo seu canal de comunicação. Tem dirigente que fica tempos sem dar entrevista e falam com seus canais de comunicação. Aí não é entrevistado, não é confrontado, não tem debate”.

O debate teve a mediação da jornalista Eduarda Streb.

 

ARI

Foto: Divulgação

Futebol: para Nando Gross, direito de imagem é diferente de transmissão em áudio

Por Rodney Brocanelli

Neste domingo (13), Nando Gross, comentarista esportivo e gerente geral da Rádio Guaíba, se posicionou em relação a intenção da CBF de comercializar direitos de transmissão para as emissoras de rádio (entenda mais clicando aqui). Ele disse que a medida será uma tragédia para o mercado, desempregando muita gente. No entanto Gross considera que para haver alguma mudança é necessário passar por cima da lei atual (no caso a Lei Pelé, artigo 42, que apenas se refere ao direito de imagem – saiba mais clicando aqui). O profissional citou também que já existe uma jurisprudência em relação ao tema quando, em 2008, as emissoras de rádio de Curitiba tiveram ganho de causa na Justiça, contra a intenção do Athlético-PR (na época conhecido apenas como Atlético-PR) que desejava pagamento para a transmissão de seus jogos (clique aqui).

Outro ponto levantado por Nando é que existe uma diferença entre direito de imagem e transmissão em áudio. Segundo ele, o que o rádio apresenta é uma narração, ou seja a visão do locutor que está irradiando a partida. A televisão, por sua vez, ela compra os direitos de uma imagem que, para ele, já vem pronta. Se as emissoras quiserem, podem apenas exibir a imagem, com o som da torcida, sem qualquer tipo de narração. “O áudio é diferente. Tem alguém que está contado a história. Não nos dão pronto como dão para a televisão”, disse Nando.

“Fico muito triste quando vejo um representante gaúcho sendo protagonista deste projeto”, afirmou Nando, se referindo a Francisco Novelletto, atual vice-presidente da CBF, entusiasta dessa ideia, conforme declarações dadas ao site GaúchaZH na semana passada.

Ouça a manifestação de Nando Gross, no player abaixo.

Nando Gross

Decreto presidencial libera rádios do Rio Grande do Sul da Voz do Brasil durante super quarta de futebol

Por Rodney Brocanelli

As rádios que transmitem futebol em Porto Alegre não precisaram fazer malabarismos usando frequências e outras emissoras para transmitir a super quarta de futebol que reuniu os times locais na semifinal da Copa do Brasil, envolvendo Grêmio e Internacional. Um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro dispensou a transmissão obrigatória da Voz do Brasil em todas as emissoras do Rio Grande do Sul. Não foi necessária nem mesmo a veiculação do programa oficial em horário alternativo.

O texto do decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial diz: “Durante as partidas da Copa do Brasil 2019, disputadas no dia 4 de setembro de 2019, as emissoras de radiodifusão sonora em funcionamento no Estado do Rio Grande do Sul ficam dispensadas da obrigatoriedade de retransmitir o programa oficial de informações dos Poderes da República, nos termos do disposto na alínea “e” docaputdo art. 38 da Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962 – Código Brasileiro de Telecomunicações”.

Durante a jornada esportiva da Rádio Guaíba, Nando Gross, gerente geral da emissora, fez um agradecimento público pela liberação. “Há mais de 20 anos isso não acontecer (ter) uma liberação total. Não é apresentar em outro horário. Hoje o Rio Grande do Sul foi liberado da Voz do Brasil pra poder transmitir esse momento que é histórico. Houve sensibilidade com o rádio e com aqueles que amam ouvir futebol pelo rádio”. Ouça abaixo.

decreto

 

Nando Gross fala em erro de comunicação no Caso Juremir

Por Rodney Brocanelli

Nando Gross, gerente geral da Rádio Guaíba, se manifestou sobre a saída de Juremir Machado da equipe do programa Bom Dia (saiba mais aqui e aqui). Nando falou sobre o caso antes da transmissão de River Plate x Grêmio, na qual atuou como comentarista. Nando disse que foi procurado por diversos veículos de imprensa. “Tá tudo certo. Tanto essa é uma rádio democrática que o Juremir diz as coisas e tudo bem, amanhã ele tá aqui”, disse. Nando prosseguiu dizendo que pediu desculpas a Juremir pois, segundo ele, houve um erro de comunicação. A produção do programa deveria tê-lo comunicado de que a entrevista do candidato Jair Bolsonaro seria concedida apenas ao apresentador Rogério Mendelski. Os outros integrantes do programa não deveriam estar presentes, especialmente Juremir. Em sua manifestação, Nando relativizou a falha: “A produção foi surpreendida por essa imposição colocada de última hora. Tu tem que tomar uma decisão em segundos. A decisão da produção foi a de colocar a entrevista no ar”, disse. Ele completou afirmando que se tivesse sido consultado, sua orientação seria a de não convocar Juremir para participar do programa nesta terça. Ouça abaixo.

Nando Gross

Climão no ar: Pedro Ernesto é citado em emissora concorrente

Por Rodney Brocanelli (com a colaboração de Edu Cesar, do Papo de Bola)

A rivalidade entre as rádios Guaíba e Gaúcha, uma das mais históricas do rádio brasileiro teve mais um capítulo no mais recente Grenal. O repórter Rafael Serra, da Rádio Guaíba, estava entrevistando Gerson Oldenburg, empresário do Renato Portaluppi, atual técnico do Grêmio. No meio da conversa ele a interrompe para cumprimentar Pedro Ernesto Denardin, narrador da Rádio Gaúcha, que chegava no Beira-Rio, e o cita nominalmente, tece loas a ele e tudo mais. Nando Gross, comentarista desta transmissão e gerente geral da Guaíba, intervém, da cabine: “conseguiu ser citado na Guaíba”.

Guaiba e Gaucha

 

Carlos Guimarães fica na Rádio Guaíba

Por Rodney Brocanelli

O jornalista Carlos Guimarães retornou à programação da Rádio Guaíba e à sua função de coordenador do departamento de esportes da emissora. Na última sexta-feira (13), ele mesmo anunciou nas redes sociais sua saída. A justificativa dada seria seu alto salário. Tal decisão não partiu de Nando Gross, atual gerente da Guaíba. A partir de então, seguiu-se uma enorme corrente solidária formada por ouvintes e colegas de emissora que demostraram sua insatisfação com a medida.

Porém o caso teve reviravolta na segunda-feira (16) quando Guimarães recebeu a notícia de que poderia retornar. O profissional pediu um tempo para pensar. No programa Ganhando o Jogo desta terça (17), Nando Gross veio com a boa notícia aos ouvintes, não antes sem fazer algum tipo de mistério e charme: Carlos Guimarães estava de volta. Guima, como é conhecido, fez um agradecimento aos colegas que se manifestaram publicamente, sem esquecer dos ouvintes.

Esse episódio profissional envolvendo Carlos Guimarães e a Rádio Guaíba lembra outro cujos protagonistas foram Mauro Beting e a Rádio Bandeirantes. Em 2013, Beting foi demitido da emissora paulistana. Tal fato causou enorme comoção nas redes sociais. Toda essa repercussão foi um dos motivos que fez a direção da emissora voltar atrás em sua decisão.

Ouça abaixo, os primeiros instantes da edição do programa Ganhando o Jogo que marcou a volta de Carlos Guimarães.

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