Morreu nesta quinta (29), Pelé. O atleta do século, o jogador que fez mais de mil gols em sua carreira, tricampeão mundial com a seleção brasileira de futebol, multicampeão com o Santos e o homem que foi chamado pelos americanos para ajudar a popularizar o futebol nos Estados Unidos. Ele estava internado no Hospital Albert Eintein, em São Paulo, desde o dia 29 de novembro, para tratamento de um câncer. Sua morte se deu às 15h37, devido à falência múltipla de orgãos, conforme comunicado assinado pelos médicos que cuidavam dele. Tinha 82 anos
Pelé explodiu para o futebol no final da década de 1950, uma época em que a televisão estava se estabelecendo no Brasil. Com isso, o rádio foi o principal veículo que propagou seus grandes feitos em quase 17 anos de carreira. As eras de ouro do rádio esportivo e de Pelé se misturaram.
A Copa de 1958, disputada na Suécia foi a oportunidade para que o mundo conhecesse Pelé e o que ele tinha a oferecer ao mundo de futebol. A competição foi acompanhada in loco e em tempo real pelo rádio. A seguir, destacamos seu primeiro gol na final contra os donos da casa, com a narração de Edson Leite, pela Rádio Bandeirantes.
Infelizmente não existe um registro do famoso gol de placa, que Pelé marcou contra o Fluminense, em pleno Maracanã no ano de 1961. Mas o som do rádio sobreviveu ao longo dos anos. Ouça a narração de Pedro Luiz, pela Rádio Bandeirantes. (Aliás, a ideia partiu do jornalista Joelmir Beting, admirado com a beleza do lance).
Em 1964, Pelé viveu um dia diferente no Santos. Ele marcou três gols na partida contra o Grêmio. Hoje, escreveriam e diriam que ele fez um “hat trick”. Depois, teve que ir para o gol em substituição a Gilmar, que havia sido expulso pelo árbitro. Ouça o registro da Flávio Araújo, pela Rádio Bandeirantes.
Outra emissora que acompanhou de perto a carreira de Pelé foi a extinta Super Rádio Tupi, de São Paulo. Ouça abaixo um dos gols da vitória contra o Palmeiras, pelo campeonato paulista de 1968 narrado por Haroldo Fernandes. A partida terminou 3 a 1 para a equipe santista.
A Super Rádio Tupi foi responsável por outra homenagem a Pelé. Logo após o gol 1000, a emissora decidiu entregar uma lembrança ao Rei do Futebol pelo gol 1040. Não foi por acaso. A emissora operava nos 1040Khz, em São Paulo. Lucas Neto um dos integrantes daquela equipe esportiva contou na Rádio Trianon os detalhes de como se deu todo o cerimonial, em uma partida na cidade de Erechim (RS). Seu colega Victor Moran foi o responsável por dar uma camisa especial a Pelé.
Outra tradição da Super Rádio Tupi era a entrega do Motoradio ao melhor em campo. Pelé ganhou vários deles e até por isso passou alguns de seus prêmios a colegas de Santos, como por exemplo Clodoaldo. Lucas Neto, também pela Rádio Trianon, é quem conta.
Os gols que Pelé não marcou foram, talvez, tão espetaculares quanto os que ele fez. Até hoje se fala na defesa do inglês Gordon Banks após uma cabeçada à queima roupa. Ouça a narração de Pedro Luiz, do pool de rádios paulistas que transmitiu a Copa de 1970.
Ouça abaixo o gol de Pelé na partida em homenagem a Garrincha, em 1973, com a narração de Armindo Antônio Ranzolin, na Rádio Guaíba, de Porto Alegre.
Mesmo que já encaminhando o encerramento de sua carreira na primeira metade da década de 1970, Pelé marcava seus gols importantes. Ouça abaixo um gol de Pelé em uma partida contra o Palmeiras, em 1974. Narração de Oswaldo Maciel, pela Rádio Gazeta.
Pelé fez a sua despedida do futebol brasileiro naquele mesmo ano de 1974, em uma partida do Santos, contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro. Ouça o registro da Rádio Bandeirantes, com Flávio Araújo e Fiori Gigliotti.
Pouco depois, já nos vestiários, ele responde brevemente a uma pergunta de um jovem Fausto Silva, então pela Rádio Jovem Pan. Registro da TV Gazeta.
O gol 1000 de Pelé já mereceu um post à parte do Radioamantes, com os principais registros de rádio para este grande momento da carreira do Atleta do Século.
Oscar Ulisses, da CBN, e Nilson Cesar, da Rádio Jovem Pan, craques da narração esportiva, seguem sem narrar um título brasileiro de campeão mundial. Um grande vazio em seus gloriosos currículos. Mais uma vez a culpa não é deles. A seleção brasileira que decepcionou novamente, ao ser desclassificada pelos croatas nas cobranças de tiros livres da marca do pênalti.
Por ocasião da Copa da Rússia, em 2018, o blog Radioamantes fez um levantamento sobre o momento que cada um vivia na carreira em suas respectivas emissoras, por ocasião dos mundiais, a partir de um alerta feito pelo jornalista Celso Luís Gallo. Clique no link abaixo para ler.
Morreu neste sábado (03) o jornalista e radialista Renato Otranto. Por muitos anos, ele trabalhou na Rádio Jovem Pan, como correspondente em Campinas. Ele participava ativamente da programação esportiva, com o noticiário de Guarani e Ponte Preta, os dois times da cidade. Participou também de jornadas esportivas envolvendo essas equipes. Também fez reportagens para o jornalismo geral da emissora. Além de se fazer presente no microfone da Pan, trabalhou no jornal Correio Popular.
A causa da morte não foi revelada oficialmente. Ele tinha 71 anos.
Tanto Guarani como Ponte Preta divulgaram notas de pesar. “Aos familiares e amigos, nossos mais sinceros sentimentos e os votos de conforto”, diz a nota da equipe bugrina. Por sua vez, o rival destacou o lado profissional de Otranto. “Renato foi o “pai” de toda uma geração do jornalismo esportivo de Campinas. O amor com que tratava a profissão serviu de referência para recém-formados que miravam uma especialidade ainda em ascensão na época”.
Para a ACEESP (Associação de Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo), “Renato Otranto foi referência para toda uma geração do jornalismo esportivo de Campinas, por sua competência técnica e pelo incondicional amor que dispensava à profissão”, conforme diz nota divulgada no começo de madrugada deste domingo.
Otranto deixou a Jovem Pan em 2013. Muitos de seus ex-colegas se manifestaram via redes sociais.
Morreu o querido Renato Otranto. Doente há um bom tempo, nunca deixamos de conversar. O Céu ganhou um grande repórter. #lutopic.twitter.com/G9TtgFQSf6
E morre o repórter esportivo Renato Otranto, em Campinas! Trata-se do querido e amigão Otranto em nossos tempos de JP. Meus sentimentos para toda a família de um cronista maravilhoso, no ar ou não! pic.twitter.com/e2yVE37WTw
RECEBI a informação sobre a morte de RENATO OTRANTO. Ótimo jornalista e durante muitos anos trabalhou na Jovem Pan, falando de Ponte Preta, Guarani e de toda grande região de Campinas. Lamento muito. Triste. pic.twitter.com/EG2VcZYgUW
Aos 71 anos de idade nos deixa Renato Otranto. Grande companheiro e grande amigo dos tempos de Pan. Foi a voz de Guarani e Ponte Preta, além dos acontecimentos de Campinas, naquela saudosa Jovem Pan. Fiz muitas jornadas com ele. Profissional de respeito e caráter ilibado. (Segue)
Como o Radioamantes já registrou, as rádio Bandeirantes e Band News FM estão fazendo coberturas separadas desta Copa do Mundo sediada no Catar. Hoje, no jogo da seleção brasileira, pode-se dizer que houve uma subdivisão dessa divisão. Explicando. A Band FM entrou em rede com a Bandeirantes. Enquanto isso, a Nativa FM veiculou o sinal da Band News FM. No entanto, ao menos uma rádio do Grupo Bandeirantes ficou de fora. A Play FM manteve sua programaçao normal durante a bola rolando.
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Luis Penido narrou Brasil x Catar pela Super Rádio Tupi. A expectativa é que ele e José Carlos Araújo se revezem nos jogos dos comandados de Tite. Fica no ar a grande dúvida: por que não fazer com que os dois narrem esses jogos, como Waldir Amaral e Jorge Curi na época áurea da Rádio Globo?
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José Manoel de Barros narrou a estreia do Brasil pela Rádio Jovem Pan. Nilson Cesar até chegou a fazer a abertura da transmissão, mas ficou sem voz depois que a bola rolou. Espera-se que não seja um problema grave e que nos próximos dias ele retorne à cobertura.
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Até aqui, a Rádio Gaúcha é a única emissora que transmitiu todos os jogos da Copa do Mundo. O grande problema é que muitos jogos começam às 07h em horário brasileiro e são poucas as emissoras que não abrem mão de seu “horário nobre”, com os tradicionais noticiosos, casos da Jovem Pan e da Bandeirantes. Para outras rádios, deve ser difícil convencer o comunicador do horário a abrir mão para os jogos do futebol (e olha que ele até participou do revezamento da tocha olímpica em 2016, lembram?) Agora, convenhamos, é melhor ouvir Marrocos e Croácia no rádio do que as análises do Claudio Humberto.
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A Transamérica teve problemas com o som direto do Catar no jogo do Brasil. Bruno Cantarelli, estava de sobreaviso e narrou até que a transmissão fosse estabilizada. Aliás, a emissora está usando nomes de sua rede para a transmissão dos jogos da Copa. Edilson de Souza e o já citado Cantarelli estão narrando jogos ao lado de Éder Luiz, Oswado Maciel e Guilherme Lage.
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Não sei se foi intencional, mas Galvão Bueno mandou um “e que golaço” logo após o segundo gol brasileiro, marcado por Richarlison. Era uma frase usada por José Silvério, a grande ausência desta Copa. Segundos antes, Galvão disse “e que gol”, bordão de Osmar Santos. Homenagem? (veja abaixo enquanto os donos do espetáculo deixarem).
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Voltaremos com mais anotações sobre as transmissões dos jogos da Copa. Este post não seria possível sem a colaboração preciosa de Edu Cesar, o homem do Papo de Bola. Ouça abaixo a narração de Pedro Ernesto Denardin para os gols do Brasil na vitória sober a Sérvia pelo placar de 2 a 0.
Faltando uma semana para o começo da Copa de 2022, como não há perspectivas de mudanças aos 45 minutos do segundo tempo, podemos dizer que infelizmente José Silvério não vai participar desta cobertura como narrador. Seria a décima-segunda, em uma tradição iniciada na Copa da Argentina, em 1978. Em todas essas ocasiões, Silvério foi protagonista, narrando pelas rádios Jovem Pan e Bandeirantes. Mais que um lamento, vamos relembrar nesta postagem a bela história escrita por um dos principais narradores brasileiros na maior competição do futebol de seleções, destacando a sua participação nas finais.
1978/Argentina – Foi a primeira Copa de Silvério pela Rádio Jovem Pan, na Argentina. Em outubro de 1977, ele substituiu Osmar Santos, que havia se transferido pela Rádio Globo. Seu prestígio na emissora era tamanho, que ele foi escalado pelo Seu Tuta para fazer a decisão do terceiro lugar, envolvendo Brasil x Itália e a grande final, entre os donos da casa e a Holanda. O que ninguém imaginava é que uma úlcera fosse atrapalhar a transmissão. “Eu narrei a final sangrando, literalmente”, disse. Infelizmente, a Pan não tem o registro da narração de Silvério para a final de 78, cujo placar foi 3 a 1 para a Argentina. Deixamos aqui um depoimento que ele deu ao programa Sofá Bandeirantes.
1982/Espanha – Era uma final em que o Brasil deveria estar. Pelo menos essa era a expectativa de quase 120 milhões e outros milhares de admiradores do futebol. A seleção comandada por Telê Santana, apesar de alguns defeitos, encantou a todos. Só não estava no script a eliminação na partida contra Itália. Bastava apenas um empate, mas o talento de Paolo Rossi e a disciplina tática dos outros jogadores da Azzurra acabaram com o sonho brasileiro. Depois de eliminar a Polôna na semifinal, os italianos se classificaram para a grande final com a Alemanha. Silvério esteve lá pela Jovem Pan e sem incidentes. Placar final: 3 a 1 Itália. Ouça abaixo.
1986/México – Telê Santana novamente comandou a seleção brasileira, com remanescentes da Copa anterior e uma nova geração que surgiu neste período de quatro anos. O começo da campanha não empolgou muito, mas o Brasil avançou para a fase de mata-mata, que voltou a ser implantada após uma pausa em 1974. Nas quartas-de-final, a seleção brasileira foi eliminada nos pênaltis pela seleção francesa. Enquanto isso, um personagem emergia: Maradona. Com gol de mão, gol de placa e uma técnica acima da média, ele colocou a Argentina na final. Por outro lado, a Alemanha também chegou para a disputa do título, repetindo 1982. Placar final: Argentina 3 a 2. Ouça abaixo.
1990/Itália – A Copa marcada pelo início da Era Dunga. Sob o comando de Sebastião Lazzaroni, a seleção brasileira apresentou um futebol que não despertou suspiros. Para piorar, houve problemas com dinheiro de patrocinador, o que fez com que os jogadores convocados não contassem com muita simpatia, sendo considerados mercenários. Mais uma vez quem brilhou foi Maradona. Na partida eliminatória da Argentina contra o Brasil, mesmo cercado por três jogadores, o camisa 10 argentino conseguiu dar um passe para Caniggia fazer o gol da classificação. Os argentinos ainda desclassificaram os donos da casa e chegaram à final. Do outro lado, adivinhem, a Alemanha. Depois de dois revezes, havia chegado a hora dos alemães ficarem com o título. Placar final: 1 a 0. Ouça abaixo.
1994/EUA – Temos aqui a sequência da Era Dunga, com remanescentes da copa anterior. Apesar da desconfiança que surgiu no período das eliminatórias, a seleção brasileira foi crescendo na hora certa (e vale o clichê aqui). Carlos Alberto Parreira talvez tenha feito o seu melhor trabalho como técnico. Romário foi um dos destaques. Outro foi justamente Dunga, execrado após o fracasso na Itália. E por falar no país da Bota (sdds. Silvio Lancellotti), a seleção brasileira enfrentou a seleção italiana na grande final. Uma repetição da decisão de 1970. Silvério estava lá. Pena que o jogo em si não tenha sido a altura de tanta tradição e de tanta coisa envolvida. Mesmo assim, não deixou de ser um marco histórico para o narrador. Ouça abaixo a decisão por tiros livres da marca do pênalti,
1998/França – O período de antecedeu esta Copa foi marcado pela ascensão de Ronaldo. Jogando no futebol europeu, ele se transformou em fenômeno com seus gols impressionantes. Isso fez com que ele se transformasse em uma referência para a seleção brasileira. O time treinado por Zagallo tinha atletas das duas campanhas anteriores e jogadores que já mereciam estar no elenco de 1994. A campanha em si teve altos e baixos, com uma derrota para a Noruega na fase de grupos. Parecia que faltava alguma coisa na seleção brasileira. Mas isso não impediu a chegada em sua segunda final seguida. O adversário era a dona da casa, que tinha uma seleção bem montada. Além da derrota do Brasil para a França, ficou marcado todo o bastidor envolvendo Ronaldo, que passara mal horas antes da final. Até hoje ninguém tem uma explicação definitiva para o que aconteceu. Zidane, que não teve nada a ver com isso, fez dois gols de cabeça. Placar final: 3 a 0. Ouça abaixo.
2002 Coreia-Japão – Mais uma vez a seleção brasileira vive quatro anos de trancos e barrancos. Wanderley Luxemburgo, que começou o ciclo, não permaneceu e foi sucedido por mais dois profissionais (Candinho por um jogo só e Émerson Leão) até a chegada de Luiz Felipe Scolari. Enquanto isso, Ronaldo enfrentava seus problemas. Uma lesão patelar deixou em dúvida até mesmo a sua continuidade no futebol. No entanto, ele se recuperou a tempo e as coisas deram certo na hora certa. De contestado, ele passou à heroi. O Brasil cresceu na competição (olha aí o clichê de novo) e chegou à final sem ser derrotado ou empatar alguma partida. O oponente seria a Alemanha. José Silvério acabara de passar por uma mudança radical em sua carreira. Aproximadamente dois anos antes, ele trocou a Jovem Pan pela concorrente Rádio Bandeirantes. Mal sabia ele que havia feito uma boa escolha. A Pan decidiu não transmitir aquele mundial e fazer uma cobertura alternativa. Silvério esteve presente em todos os jogos do Brasil e pode enfileirar uma série de narrações inesquecíveis diretmanete dos estádios. Placar final: 2 a 0. Ouça abaixo.
2006 – Alemanha – Essa aqui foi a Copa do oba oba para a seleção brasileira. Muitos craques, mas pouquíssimo foco, em especial no período de treinamento. Havia uma nova geração pedindo passagem, mas o que fazer com os craques que vinham dando tão certo nos anos anteriores? Carlos Alberto Parreira não conseguiu solucionar essa questão e o Brasil caiu ainda nas oitavas para a França em uma noite inspiradíssima de Zidane. Silvério fez a sua segunda Copa pela Bandeirantes e ele começava a viver um drama pessoal, com a doença de sua primeira esposa, Sebastiana de Andrade. No ano anterior, o Grupo Bandeirantes colocava no ar a Band News FM, emissora com 24 horas de notícias. A caçula entrou em rede com a Bandeirantes e com isso, as irradiações de Silvério foram mais longe, com outras emissoras que compunham a rede. Itália e França disputaram a grande final, que passou à história não pelo título (mais um) da Azzurra, mas pela cabeçada de Zidane em Materazzi.
2010 – África do Sul – Depois da bagunça, a quase ditadura. A CBF resolveu inovar e alçou ao comando da seleção brasileira o ex-jogador Dunga. A ideia até que era interessante, mas o temperamento do agora treinador não ajudou em nada. Apesar dos títulos na Copa América e da Copa das Confederações, a campanha no Mundial não mostrou qualquer brilho. Para piorar, a indisposição de Dunga com parte da imprensa serviu para que ele angariasse ainda mais antipatia. O Brasil caiu nas quartas com a derrota para a Holanda, que chegaria a final 32 anos após ser batida pela Argentina, em 1978. Do outro lado estava a sensação Espanha. Os espanhóis venceram na prorrogação. Mais uma vez a parceria com a Band News foi repetida. Aquela foi uma Copa fria, não pelos jogos em si, mas pelo fato de seu período de competição coincidir com uma fase de baixíssimas temperaturas naquele país. Isso não afetou Silvério que esteve presente na decisão. Placar final: 1 a 0. Ouça abaixo.
2014/Brasil – Sediar uma Copa do Mundo quase virou um pesadelo para o país do futebol. Um ano antes, às vésperas da Copa das Confederações, protestos começaram a pipocar por diversas partes. A Fifa ficou preocupada por muito pouco o torneio não aconteceu em outro lugar. A seleção brasileira chegou a esta competição sob comando duplo: Luiz Felipe Scolari como treinador e Carlos Alberto Parreira como coordenador. Eles chegaram para substituir Mano Menezes, que fizera um trabalho irregular. À medida em que os jogos aconteciam, a tensão aumentava entre os jogadores brasileiros. Não por fatores externos, mas porque, conforme o jornalista Paulo Vinícius Coelho, ninguém queria cometer erros que pudessem tirar a seleção dos trilhos. Isso ficou mais visível na partida contra o Chile, na qual a classificação só veio na disputa dos tiros livres. Para piorar as coisas, uma grave contusão afastou Neymar na parida das oitavas contra a Colômbia. Não foi uma Copa fácil para Silvério. Durante a transmissão da partida contra Colômbia, ele ficou sem voz e teve de dar lugar a Ulisses Costa. E depois, já recuperado, ele irradiou a derrota para a Alemanha na semifinal pelo placar de 7 a 1, talvez o maior desastre brasileiro na história das Copas. Na outra perna, a Argentina, de Messi, foi tirando de cena os oponentes para chegar à grande final no Maracanã. Quem brilhou foi um jovem atleta, Mario Götze, que fez o gol solitário daquela partida. Placar final: 1 a 0. Ouça abaixo.
2018/Rússia – Mais uma mudança no comando técnico. Dunga era trazido de volta pela CBF. Se em 2010 era uma inovação, o ato foi conservador, desta vez. Mas infelizmente, a jogada não deu certo. O futebol apresentado era paupérrimo, especialmente nas eliminatórias, apesar da continuidade do protagonismo de Neymar. Houve uma mudança de rumo e Tite veio para ajustar as coisas. Se o Brasil deu esperança aos torcedores durante o período pré-Copa, na competição em si novamente o futebol, mais uma vez, não empolgou. Alguns jogadores renderem aquém do esperado. Neymar ficou marcado por suas simulações espalhafatosas, que foram ridicularizadas nas redes sociais. Enquanto Brasil ficava pelo caminho, a França, de Mbappé, e a Croácia, de Modric, chegavam à decisão. Era a décima-primeira Copa de José Silvério, um recorde pessoal. Diferente das outras, a partida final foi empolgante, com seis gols. Os frances conquistaram seu segundo título. Pouco depois do apito final, emocionado, ele disse “cumpri”. Antes de passar o comando da jornada para Milton Neves, ele complementou: “são onze Copas do Mundo transmitidas na final do estádio. Um marco. Obrigado, você ajudou muito. Tchau”. Placar final: 4 a 2. Ouça abaixo.
Dois anos depois, durante a pandemia, a Rádio Bandeirantes resolveu antecipar o fim de contrato com o locutor. Ele até ensaiou um retorno ao rádio, pela Capital, mas o projeto não durou muito, infelizmente. Em entrevistas recentes, ele tem deixado claro que se aposentou. Uma pena que sem fazer ao menos mais uma Copa. Condições para isso existiam, como ele demonstrou. Perde o rádio.
A Fifa atualizou nesta terça (25) o documento que traz a lista de todos os veículos autorizados a transmitir a Copa do Mundo de 2022, que será disputada no Catar . No que diz respeito ao Brasil, não ocorreram grandes novidades, a não ser a confirmação de que a Super Rádio Tupi e que as emissoras Sistema Globo de Rádio (Globo e CBN) vão transmitir a competição. Em julho, registramos aqui a chamada veiculada pela CBN anunciando sua cobertura (clique aqui pra ver). Por sua vez, a Tupi fez a sua divulgação em setembro, com toda pompa e circunstância, durante sua programação esportiva (veja aqui). Os jogos começam no dia 20 de novembro.
Bandeirantes, Energia 97, Jovem Pan, Transamérica, de São Paulo, Gaúcha, de Porto Alegre, Itatiaia, de Belo Horizonte e Jornal, de Recife são as outras emissoras que levarão as emoções da Copa aos seus ouvintes. Este blog ainda sente a ausência de outras grandes cidades do país e que tem clubes de futebol nas principais divisões do campeonato brasileiro: Goiânia, Salvador e Fortaleza.
Veja abaixo a lista atualizada pela Fifa ou clique aqui.
O esporte brasileiro está de luto com a morte de Éder Jofre, aos 86 anos. Segundo o portal UOL, ele teve complicações decorrentes de uma infecção urinária e uma insuficiência renal aguda. Conhecido como Galo de Ouro, Éder foi três vezes campeão dos pesos pena e galo. Integra o Hall da Fama do boxe mundial e foi eleito o 9º melhor pugilista de todos os tempos pela revista estadunidense The Ring.
O público brasileiro acompanhou grande parte dos feitos de Éder Jofre pelo rádio. E em 1965 milhares de pessoas se reuniram em torno de aparelhos receptores para acompanhar a sua luta contra o oponente japonês Massahiko “Fighting” Harada, válida pelo cinturão dos galos, acontecida na cidade de Tóquio.
Não existem dados precisos, mas a audiência da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, que liderou uma grande rede de emissoras espalhadas por todo o país, foi massacrante. A emissora enviou o narrador Flávio Araújo para essa cobertura.
“Foi um marco histórico nas transmissões esportivas. Não houve absolutamente nenhuma concorrência”, disse Flávio em uma entrevista ao programa Radioamantes no Ar, da web rádio Showtime, no ano de 2013. A ideia inicial era a de que ele tivesse companhia nessa transmissão. “Eu deveria transmitir em dupla com o Braga Jr. Eu pela Bandeirantes e ele pela Jovem Pan, que na época era Rádio Panamericana ainda”.
Uma mudança de planos da Panamericana fez com que Flávio ficasse sozinho. “Alguns dias antes, o Tuta, que é um cidadão bastante econômico, confiou no meu trabalho, nos dávamos bem nas conversações que tivemos, e ele achou que a transmissão deveria ficar somente a meu cargo. Nesse caso, houve um comando duplo: Bandeirantes e Panamericana, mas com apenas um locutor. Nem comentarista eu levei”, afirmou
Segundo Flávio, a Bandeirantes fez rede com 320 emissoras de todo o território nacional, mas esse número pode ter sido bem maior. “Presidente Prudente, por exemplo, recebia o som por linha, mas as emissoras da circunvizinhança entravam em cadeia para retransmitir o evento. Então é impossível sequer calcular o número de emissoras para retransmitir o evento”, disse.
Outro fator que favoreceu o rádio foi o fuso horário. “A luta chegou aqui às 08h da manhã, a luta seria à noite já no Japão”, falou Flávio.
Éder perdeu a luta para seu adversário, em uma decisão por pontos que foi bastante contestada na ocasião. Flávio acha que o brasileiro foi injustiçado: “Vi na luta uma vitória de Éder Jofre indiscutível. Ela tinha três jurados. Um era o jurado de ringue, que naquele tempo também participava da contagem e dava seus votos. Ele deu sua votação favorável ao Éder Jofre. Somente os dois jurados japoneses é que votaram no Harada. Eu trouxe o vídeo completo da luta, que foi exibido dias depois pela TV Record”.
A imagem da luta, vista pelos brasileiros, salvou Flávio: “Quando eu cheguei ao Brasil, os jornais todos estavam dizendo que eu cometi uma patriotada, que era comum nos locutores brasileiros que nós sempre deixávamos a verdade de lado para exaltar nossos valores e que eu dera a vitória ao Éder Jofre e que não era verdade. Depois que a TV Record passou a luta, com uma equipe de jurados independentes, ficou flagrante que o Éder havia vencido a luta, até com uma boa margem de pontos”.
Ouça abaixo o trecho da entrevista de Flávio Araújo. Hoje, aposentado, ele vive hoje em Poços de Caldas.
Em março de 2011, Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o seu Tuta, concedeu uma entrevista, mas em outra emissora que não a Rádio Jovem Pan. Ele foi o convidado especial do Jornal Gente, da concorrente Rádio Bandeirantes. “O senhor vai ser usado para combater a audiência da sua própria rádio, o senhor concorda?”, perguntou José Paulo de Andrade logo no início da conversa. “Eu concordo porque sexta-feira é um dia fraco para nós”, respondeu Tuta, provocando algumas risadas ouvidas no estúdio em que ocorreu a gravação.
Além do já citado Zé Paulo, participaram da entrevista Salomão Ésper, Joelmir Beting e Rafael Colombo. Ela foi dividida em dois blocos, totalizando pouco mais de meia hora. Para um convidado tão ilustre e em circunstâncias especiais, o tempo poderia ter sido bem maior.
Na pauta, temas como futebol, e o são-paulino Zé Paulo é surpreendido com a revelação de que Tuta torce pelo Santos, muito por causa de Pelé e também devido às cobranças a seu pai, Paulo Machado de Carvalho, por um título paulista perdido pelo São Paulo (é citado o ano 1949, mas nesse ano, o tricolor foi campeão, assim como em 1948; talvez, repetindo talvez, o ano seja 1950, em que o Palmeiras foi campeão e Tuta falou em um tricampeonato).
E por falar em craques, o homem que foi responsável pelos destinos da Pan por muitos anos contou que já jogou ao lado de Leônidas da Silva nos históricos campeonatos internos das Emissoras Unidas (da qual a Jovem Pan fez parte).
Outro assunto foi a questão do off tube nas transmissões esportivas. No ano de 2011, a Jovem Pan tinha por política realmente não mandar profissionais para jogos em locais distantes da capital. No entanto, ela compensava isso de outra forma, contratando um repórter local. “A gente pega o repórter lá, que é mais barato”, afirmou.
Outra pergunta de Zé Paulo foi sobre se houve algum tipo de mágoa de Tuta por ter saído do primeiro projeto de televisão, a Jovem Pan TV, que operou no canal 16 UHF, em grande parte da década de 1990. “Ele (citando o sócio ou um dos sócios naquela empreitada), não sei porquê até hoje, encrencou comigo, não queria, então ele fez de tudo para enterrar a televisão. Ficou uma mágoa da pessoa, mas com certeza a televisão daria certo”, falou.
Houve tempo para histórias de bastidores sobre sociedade entre Paulo Machado de Carvalho e Silvio Santos, na TV Record.
Tuta Carvalho passou a ser o dono da Jovem Pan, após a emissora receber uma sondagem de compra de um emissário do Diário Popular. O valor apresentado na época foi de 12 milhões, que assustou o comprador. Como a TV Record não estava em um bom momento, Tuta decidiu ele mesmo adquirir a rádio e negociou com os irmãos, com sucesso. “Quando saí da tv, eu fui trabalhar numa coisa que é só minha”, falou.
A última pergunta, de Rafael Colombo, foi sobre o futuro do rádio. Naquela época, ainda não era uma realidade o uso da Internet como uma linha auxiliar de transmissão de programas e eventos. Tuta falou que o FM iria substituir o AM, no que ele estava certo, de certa forma. Nos últimos meses, o FM estendido (saiba mais aqui) já é uma realidade e só falta ser popularizado.
No entanto, ele não acreditava no rádio digital, uma solução que já foi pensada para dar uma sobrevida a faixa de amplitude modulada. “o rádio digital que existe hoje não pega, é péssimo. Pro AM. Pro FM, ele funciona(…) Tem 15.000 emissoras nos Estados Unidos. Só 100 fazem rádio digital”, disse.
Tuta deixou o comando da Rádio Jovem Pan, em 2014. Ouça sua entrevista à Rádio Bandeirantes no player abaixo.
O dia 5 de julho marcou uma das datas mais tristes na história da seleção brasileira de futebol. Jogando no estádio Sarriá, em Barcelona, os comandados de Telê Santana perdiam para a Itália pelo placar de 3 a 2 e davam adeus à Copa que no ano de 1982 era disputada na Espanha. Mesmo com as conquistas de 1994 e 2002, torcedores e jornalistas se perguntam até hoje sobre o que deu errado naquele dia. Bastava apenas um empate para que o Brasil chegasse às semifinais. Mas a Squadra Azurra apareceu pelo caminho. Além de adiar o sonho da conquista do título mundial, aquele resultado serviu para sepultar de vez a prática do futebol arte. Desde então, tivemos apenas alguns lampejos que apareciam de forma individual, graças ao talento de Romário e Ronaldo, cada um em sua época.
O blog Radioamantes leva você de volta ao dia 5 de julho de 1982. A nossa máquina do tempo é o rádio.
O quinto sinal da Rádio Bandeirantes marcava pontualmente 12h15, 16h15, horário local. Fiori Gigliotti anuncia o início da partida.
Para espanto geral, a Itáia saia na frente, logo aos 4 minutos de partida. Defesa brasileira vacilou. Paolo Rossi marcava, de cabeça. José Silvério estava na Jovem Pan.
A resposta brasileira não tardou. Sócrates recebeu um belo lançamento de Zico e avançou até entrar na área. O goleiro Dino Zoff tentou fechar o ângulo. Mas o Doutor, com o sangue frio que lhe era pecuilar, mandou para o gol. Osmar Santos narrou esse lance na Rádio Globo.
Mas Paolo Rossi se aproveitava mais uma vez de uma falha da defesa brasileira para marcar o segundo gol da Itália. O lance pegou muita gente desprevenida. José Silvério narrou esse lance na Jovem Pan.
No segundo tempo, o Brasil veio com tudo para tentar ao menos o empate. Falcão, na época o Rei de Roma, mandou um belo chute de média distância. E um detalhe que a televisão não mostrou: Cerezo, um dos responsáveis pelo lance que originou o segundo gol da Itália, chorou de emoção. José Silvério observou bem esse detalhe na Pan.
Armindo Antônio Ranzolin traduziu na Rádio Guaíba todo o orgulho pelo gol do “compatriota” Falcão.
E mais: a emoção de Willy Gonser, enaltecendo o corta luz de Cerezo, pela Rádio Itatiaia.
Mas aquela não era a tarde do Brasil. Em um escanteio aparentemente inofensivo, a Itália chegaria ao seu terceiro gol. Mais uma vez, Paolo Rossi. Flávio Araújo, então na Rádio Gazeta (SP) não escondeu a decepção.
Na Rádio Nacional, o garotinho ligeiro José Carlos Araújo ficou de queixo caído com o gol de Rossi.
O Brasil quase conseguiu o empate em uma cabeçada do zagueiro Oscar. O goleiro Dino Zoff operou um verdadeiro milagre. José Carlos Araújo, na Rádio Nacional, viu essa bola no gol.
Não teve jeito para o Brasil. O árbitro israelense (o Wikipedia diz que ele tem também nacionalidade romena) Abraham Klein apitou o fim de jogo. A perplexidade tomava conta da torcida brasileira. Fiori Gigliotti traduzia bem esse sentimento na Rádio Bandeirantes.
Passado o impacto da derrota, nada melhor que uma avaliação fria para se concluir em que a seleção brasileira errou. Eis a palavra de João Saldanha, então na Rádio Tupi. A metáfora do macaquinho é impagável.
(*) post atualizado e republicado. O original foi divulgado há dez anos (veja aqui). Estamos mesmo ficando velhos.
Caso não ocorram alterações significativas nos próximos meses, ao menos oito emissoras de rádio deverão cobrir a Copa do Mundo de 2022, que será disputada no Catar, a partir de novembro. Chama a atenção a presença da Energia 97 FM na lista de emissoras que adquiriram os direitos de transmissão. Desde 2019, a emissora paulista está se dedicando a transmitir partidas de futebol dos quatro grandes clubes de São Paulo, na esteira do sucesso do Estádio 97, programa de debates futebolísticos com uma pegada bem humorada.
Conforme o documento da Fifa (clique no link abaixo), a Globo tem os direitos para todas as mídias, incluindo o rádio Fica a dúvida sobre como será a cobertura nesse veículo. Entretanto, não seria surpresa para este blog se fosse montada uma dobradinha das marcas Globo e CBN. Nunca é demais lembrar que a primeira só transmite em FM para o Rio de Janeiro, enquanto que a segunda tem mais emissoras próprias espalhadas por praças importantes, além de uma grande rede de afiliadas.
Bandeirantes, Jovem Pan, e Transamérica, de São Paulo, Gaúcha, de Porto Alegre, Itatiaia, de Belo Horizonte, Jornal, de Recife são as outras emissoras que vão levar aos seus ouvintes as emoções de mais uma Copa. Vale notar a ausência (até agora) de rádios de outras grandes cidades do país e que tem clubes de futebol nas principais divisões do campeonato brasileiro: Goiânia, Salvador e Fortaleza.
Em entrevista ao podcast Tomando Uma Com, o jornalista Mauro Beting falou bastante sobre sua demissão da Rádio Bandeirantes, acontecida em 2013, mas que não durou nem 24 horas após a enorme comoção nas redes sociais que a notícia causou e também de uma grande reviravolta, graças a uma atitude de Milton Neves.
Segundo Mauro, em agosto de 2013, ele fora chamado para uma reunião com o alto comando da Rádio Bandeirantes formado por José Carlos Carboni (já falecido) e Mario Baccei (então vice-presidente das rádios do Grupo Bandeirantes). A convocação partiu de um grande amigo seu e então colega: Sergio Patrick. Sem nada desconfiar, o comentarista até ficou animado com o convite e até pensou em dar algumas ideias para a rádio. Naquela época, Mauro já estava namorando (do ponto de vista profissional) o Fox Sports.
Assim que Mauro chegou a sede do Grupo Bandeirantes e apertou o elevador, ele recebeu uma chamada pelo telefone do locutor Walker Blaz (Primeira Hora). A ligação era, na verdade, uma despedida. Blaz havia sido demitido algumas horas antes. A ficha caiu. A reunião que iria se iniciar dali a poucos instantes não seria propriamente sobre trabalho.
“A gente te adora, você é o cara mais premiado da Rádio Bandeirantes, mas estamos sem dinheiro. É agosto, não tem dinheiro e o grupo inteiro precisa cortar 10%, e a gente está cortando (você) pelo salário”. Esse foi o resumo o discurso vindo da direção e ainda com um detalhe: “Era você ou o Neto, mas o Neto faz merchan. O Neto traz mais dinheiro e você não aceita…”
Houve ainda uma promessa de recontratação em janeiro de 2014, com a expectativa de uma entrada maior de recursos financeiros no Grupo Bandeirantes. Reunião terminada, Mauro foi para sua casa e uma das primeiras coisas que fez foi cancelar uma reforma. Depois, ele postou um texto de despedida no Facebook e desligou o celular por aproximadamente 50 minutos.
Foi exatamente o tempo para que a notícia ganhasse uma enorme dimensão. Assim que ligou novamente seu telefone, o o jornalista recebeu uma ligação do primo Erich Beting com a notícia de que ele, Mauro, havia entrando nos Trending Topics brasileiros do Twitter. A partir de então, vários veículos de comunicação passaram a entrar em contato, como por exemplo o UOL, para saber mais detalhes e buscar declarações, e de outros com convites para reuniões com possíveis convites de trabalho. Nesse meio tempo, o nome de Mauro Beting conseguiu destaque nos Trending Topics mundiais do Twitter.
Milton Neves, que dispensa maiores apresentações, conseguiu ligar para Mauro “Que sacanagem, ô..”, disse. No papo, o apresentador soube quanto o colega ganhava na Rádio Bandeirantes e fez uma proposta: a de separar a verba de um de seus patrocinadores para pagar seu salário e fazer com que o comentarista continuasse na emissora.
A ideia de Milton foi aceita pela emissora e a demissão conseguiu ser revertida. Mauro desmarcou as reuniões para ouvir propostas de outros veículos e iria acertar as coisas em uma nova reunião para o dia seguinte. Entretanto, a indignação dos internautas com a notícia inicial só aumentava com a divulgação da informação de que houve uma opção entre Mauro e Neto. Fustigado pelas redes sociais, o ex-jogador respondeu à altura e até chegou a colocar à disposição a sua condição de comentarista da Rádio Bandeirantes.
Todas essas questões foram contornadas. Mauro ficou. Neto também ficou (não sem quase ser demitido de fato).
Mauro Beting relata que recebeu uma ligação de Johnny Saad presidente do Grupo Bandeirantes, que havia ficado insatisfeito com a saída de seu funcionário, até por todo a relação histórica da família Beting com a empresa. Nunca é demais lembrar que Joelmir Beting, pai de Mauro, trabalhou na empresa por dois períodos: de 1974 a 1985 e de 2003 a 2012. “Que bela jogada de marketing”, disse Johnny em tom de brincadeira. “Alguém aqui fez”, respondeu Mauro.
Aproximadamente um mês depois, houve a cerimônia de entrega do Prêmio Comunique-se, que premia profissionais da imprensa nas mídias escrita e falada. Mauro concorria na duas e acabou levando os dois troféus. Para completar a noite, o José Silvério conquistou o troféu na categoria de melhor narrador. Silvério perdera a sua primeira esposa havia poucas semanas. Esse fato mais a demissão/retorno de Mauro fez com que a noite fosse de muita emoção.
No discurso, Mauro foi polido e agradeceu à equipe técnica da emissora. Entretanto, ao podcast ele disse ter pensado em dizer algo forte sobre a situação que vivera na Rádio Bandeirantes. “É a primeira vez que eu vou dizer: o diabinho chegou e ‘fala logo, fala logo pro teu chefe que te demitiu, que ele tava te demitindo e (depois) ganhou o Prêmio Comunique-se’. Não falei. Agradeci como sempre(…) E tou falando agora: ‘não vou falar'”.
Mesmo assim, sobrou uma farpa: “então vice-presidente da Rádio Bandeirantes, eu entendo que você tinha de cortar, acho que você poderia ter feito de outro jeito, mas enfim, mas aí cortou e tal. Mas assim, também não vou falar que agora “chupa”(…), mas no fundo, acho que Dalai Lama naquela hora falaria ‘chupa'(…) Essa é a grande conquista da minha vida”, disse.
Mauro Beting ficou na Rádio Bandeirantes por aproximadamente mais dois anos; Em 2015, ele deixou a emissora, a pedido, por causa de sua atuação na Fox Sports. Naquele mesmo ano, acertou com a Rádio Jovem Pan, emissora de rádio onde está até hoje.
Freddy Rincón é autor de um dos gols que entrou para a história do rádio esportivo mundial. Copa da Itália, 1990. Colômbia e Alemanha jogavam pela última rodada do Grupo D daquela competição. Com duas vitórias, os alemães já estavam garantidos para a próxima fase. No entanto havia uma esperança para a seleção cafeteira: um empate seria o passaporte para o mata-mata.
Até os 43 minutos da primeira etapa, as seleções empatavam sem abertura de contagem, resultado ideal para a seleção colombiana. Entretanto, Littbarski deu a vantagem aos alemães no placar. Tristeza para o torcedor colombiano, transformada em palavras por Edegar Perea, narrador da Rádio Caracol. Entre outras lamentações, ele disse que aquele gol fora uma punhalada em sua alma.
Já nos acréscimos, aconteceu o que poucos esperavam. De forma tranquila, até, a Colômbia chegou ao empate. A defesa conseguiu parar um ataque dos alemães e foi tocando a bola até o meio campo. Destaque para a participação de Valderrama que se comportou como um maestro no meio campo. Ele prendeu a bola durante o tempo necessário, fez duas tabelas por dentro com companheiros que estavam próximos dele e tocou para o lado direito, por onde entrava Rincón.
O camisa 19 avançou e tocou no meio das pernas do goleiro IIgner. Era o empate redentor. Perea passou da tristeza profunda à euforia absoluta. “Gol”, Colômbia”, foram as palavras que o narrador mais repetiu após a bola ultrapassar a linha. “Gol de Rincón para minha pátria querda”, complementou.
Na ocasião, essa narração foi divulgada praticamente em tempo real aqui no Brasil por Milton Neves, então na Rádio Jovem Pan. Os estúdios da emissora brasileira ficavam ao lado dos que a Rádio Caracol ocupava. Após o apito final, Milton conseguiu uma cópia do áudio e rodou no Terceiro Tempo, encantando os ouvintes brasileiros. Esse registro virou um marco do rádio esportivo internacional e volta e meia ele é divulgado no YouTube com comentários elogiosos e emocionados.
Edegar Perea enveredou pelos caminhos políticos. Elegeu-se senador em 1998, foi embaixador colombiano na África do Sul. Morreu em 2016, aos 81 anos
Freddy Rincón morreu nesta quinta (14) dias após um acidente de trânsito. O carro onde ele estava foi atingido por um ônibus, na cidade de Cali (COL). Tinha 55 anos.
Veja abaixo o gol de Rincón e a narração de Perea.
Dois meses depois de se aposentar, Joseval Peixoto, um dos nomes mais importantes da história do rádio, teve vontade de retornar ao veículo. A revelação foi feita neste domingo (30) durante uma entrevista ao Domingo Esportivo Bandeirantes, comandado por Milton Neves, e da qual participou também Salomão Ésper.
Recém-saido da Jovem Pan, Joseval ensaiou um retorno à Rádio Bandeirantes. Para isso, ele decidiu procurar Salomão. No entanto, ele foi surpreendido pela aposentadoria do colega.
“Eu tive uma grande frustração porque eu parei com rádio, me aposentei, porque eu queria, sei lá, ler meus livros, eu não vou ter vida pra ler tudo. Só que eu fiquei dois meses aqui, eu não aguentei e falei ‘puta que pariu, e agora? Eu me despedi da Pan, como é que eu faço?’ Eu falei: ‘vou ligar pro Salomão para ele me ajudar a volta pra Bandeirantes’. Quando eu pensei isso você (Salomão) tinha encerrado (risos). Eu ia lá pedir emprego”, disse Joseval.
Salomão respondeu: “com certeza, se estivesse ao meu alcance, não precisaria de adivinhar o seu pensamento. Tenha absoluta certeza disso”.
Em dezembro 2018, Joseval Peixoto se despediu dos microfones da Rádio Jovem Pan, ganhando homenagens de seus colegas das equipes de jornalismo e de esportes (veja abaixo).
Por Rodney Brocanelli, com a colaboração de Edu Cesar, do Papo de Bola
Uma das últimas criações de Antônio Augusto Amaral de Carvalho (o seu Tuta) na Jovem Pan, o Esporte em Discussão deixou a grade de programação da Jovem Pan na última sexta-feira (21). Em seu lugar, estreou nesta sexta segunda o Bate Pronto, veiculado sempre a partir do meio dia, com apresentação de Thiago Asmar. A nova atração será veiculada em três frentes: rádio, YouTube (até as 13h30) e tv (até as 13h).
Uma outra alteração importante na grade: o Camisa 10, vai começar as 11h30 no rádio e no YouTube.
O Esporte em Discussão estreou em 2008, com meia hora de duração. Em 2015, ganhou mais uma hora e nos últimos meses era apresentado até as 14h. Além dos debates divertidos e acalorados em algumas ocasiões, o programa contou com a participação de convidados ilustres dentro e fora da área esportiva. Fausto Silva (veja aqui), Cléber Machado (veja aqui) e Tony Ramos (veja aqui) são alguns exemplos.
Veja abaixo o clipe de despedida do Esporte em Discussão.
Morreu neste sábado (22) o comentarista esportivo Mauro Nóbrega. Ele estava internado desde o último domingo em um hospital da cidade de Sorocaba (SP) após ter um Acidente Vascular Cerebral. Conforme informações da imprensa, seu estado de saúde foi se agravando com o passar dos dias. Até a publicação deste post, informações sobre velório e enterro não foram divulgados. Tinha 78 anos.
Entre 1986 e 2002, Mauro trabalhou na Rádio Jovem Pan. Graças a Milton Neves, Porto Feliz, a cidade natal do comentarista ficou conhecida entre os ouvintes da emissora. Na hora de se despedir de Mauro, o apresentador sempre errava o nome da cidade. Isso fazia com que o com que o colega o corrigisse e usasse um bordão que era mais ou menos assim: “Parto muito feliz para Porto Feliz”. Era conhecido como “o correto”.
Mauro trabalhou também nas rádios Convenção, de Itu, e Cruzeiro, de Sorocaba. Estava afastado das atividades radiofônicas, devido a um diagnóstico de Mal de Alzheimer.
Ouça abaixo o depoimento de Mauro Nóbrega a respeito de José Roberto Ercolin, ex-colega de Rádio Jovem Pan, que morreu em março de 2021.