Livro destaca Difusora Jet Music e deixa de lado antiga Rádio Tupi, de São Paulo

Por Rodney Brocanelli

A ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) está distribuindo em formato digital a quem possa interessar uma versão atualizado do livro TV Tupi, do Tamanho do Brasil. Escrita por Elmo Francofort e Maurício Viel, a obra foi lançada originalmente em 2020, por ocasião dos 70 anos da televisão brasileira, cujo marco é inauguração da TV Tupi, de São Paulo.

O livro tem o mérito de ser profundamente didático, abordando aspectos técnicos e históricos do rádio e da televisão, estabelecendo uma série de eventos que vão desembocar na primeira transmissão televisiva no dia 18 de setembro de 1950.

A divisão de temas por capítulos facilita a leitura. Entretanto, um problema salta aos olhos. Ainda falando sobre rádio, é dedicado um capítulo exclusivo para a Rádio Difusora, de São Paulo (960Khz). É bem verdade que sua programação foi importante para a história do rádio, estabelecendo uma linguagem jovem que se perpetuou nos anos seguintes e vigora até os dias de hoje.

A trajetória da Rádio Tupi (1040Khz), com isso, não teve o mesmo destaque. Os autores escrevem que ela: “(…) tinha uma programação mais tradicional, voltada para os homens, se aprofundando nas coberturas esportivas com a famosa Equipe 1040, na loteria esportiva, no jornalismo e na música sertaneja”.

Não valeria a pena ter esmiuçado mais todo esse trabalho feito na cobertura do futebol, que garantiu uma boa base de ouvintes para a Tupi? Além do mais, a emissora alterou seu perfil, investindo em comunicadores, alguns deles com ótimo trânsito entre o público feminino como Eli Corrêa. Outros nomes célebres desse período podem ser destacados como Hélio Ribeiro e Barros de Alencar.

O livro tem o cuidado de procurar informar a situação do acervo de fitas tanto da TV Tupi, de São Paulo, como da TV Tupi, do Rio. Em determinados momentos da história, as duas praças produziram bastante conteúdo e brigaram entre si para ser a cabeça de rede. No entanto, não se sabe se o acervo de fitas da Rádio Tupi, de São Paulo, ainda existe e, se existe, qual foi o destino dado a ele.

Se não houve esse preocupação de contar um a história da Rádio Tupi, de São Paulo, o mesmo se aplica a hoje Super Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, que hoje é um canhão de audiência. Em vários trechos, a obra informa que a concessão da emissora carioca esteve sempre em dia mesmo durante a crise, mas não informados detalhes de como isso foi possível.

A Rádio Tupi, de São Paulo, só é mais citada em seu instantes finais. O livro aborda a permuta de frequência com a Rádio Capital, que transmitia em 560Khz. Mesmo sendo “a primeira em seu rádio”, as dificuldades persistiram e em 15 de setembro de 1984 sua falência foi decretada. Em 2 de outubro de 1984, guardem esta data, a Tupi paulistana saia definitivamente do ar.

Ainda houve uma tentativa da massa falida em recuperar a concessão, mas ela foi repassada para a Rádio e Televisão Campestre Ltda., de Santa Isabel. Em 1985, a emissora foi vendida para José Maria Marin, político e cartola de futebol, se transformando depois na Rádio Paulista, que até hoje arrenda todo seu espaço de programação.

Paulo Masci de Abreu, importante nome da comunicação (ainda que discreto) também é citado nessa obra. Os autores contam que em 1982, Abreu obtém autorização para transferir o sistema irradiante então Rádio Cacique 1150Khz, de São Caetano, para a capital. É informado também que o empresário passou a usar o nome Tupi em sua emissora até perder uma ação dos Diários Associados, que usam a marca em sua emissora no Rio de Janeiro.

Conforme o site da ABERT, “o e-book, atualizado e unificado, pode ser acessado gratuitamente no site Memória ABERT. Já a inédita versão impressa, pode ser encomendada pela plataforma “Clube de Autores”. Os autores abdicaram dos direitos autorais e os custos referem-se apenas à impressão e envio”.

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