Morre Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Seu Tuta, fundador da Jovem Pan

Por Marcos Lauro

Morreu na tarde desta segunda-feira (4/11) Seu Tuta, como era conhecido o empresário Antonio Augusto Amaral de Carvalho. O fundador da Jovem Pan tinha 93 anos de idade e, segundo o portal da emissora, estava internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

“Na década de 1960, na TV Record, criou os festivais, que além de marcarem época, contribuíram para a explosão de movimentos como a Tropicália e a Jovem Guarda”, destaca também o portal, ressaltando a importância da sua trajetória não apenas para a empresa, mas para a radiodifusão brasileira. “Ele foi responsável, ainda, pelas primeiras transmissões esportivas ao vivo a partir de estádios fora do eixo Rio-São Paulo”, continua o site.

Em 2009, Seu Tuta lançou sua autobiografia, “Ninguém Faz Sucesso Sozinho”, ditada pelo próprio e escrita por José Nêumanne Pinto. O livro ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista dos Críticos de Arte, da qual este integrante do Radioamantes fez parte na ocasião. A nota de bastidores fica para o longo discurso de agradecimento de Seu Tuta na noite de entrega dos prêmios, para desespero da organização que não sabia como tirar o dono da Jovem Pan do palco para que a celebração continuasse.

Ainda na ocasião, escrevi sobre o livro para o antigo blog “Rádio Base” e reproduzo abaixo:

Uma conversa com Tuta

De filho do dono da empresa a dono que tem filhos (e netos) na empresa. Antonio Augusto Amaral de Carvalho (A. A. A. de Carvalho ou simplesmente Tuta), conta sua trajetória no recém-lançado “Ninguém Faz Sucesso Sozinho”, livro ditado por ele e com texto final/edição do jornalista José Nêumanne Pinto.

E, logo de cara, digo que a missão foi cumprida. Se a intenção foi publicar um bate papo com Tuta, foi isso que saiu. Por vezes, temos a impressão de estarmos no sofá com o radialista, ouvindo suas histórias pessoais e profissionais, os erros e os acertos e os companheiros que participaram da sua história. Para reforçar essa impressão, a ordem da história não é exatamente cronológica. Até segue um esqueleto, uma estrutura que vem lá da TV Record de seu pai, Paulo Machado de Carvalho (o Marechal da Vitória) e termina na Jovem Pan Online, mas como uma história puxa outra, os acontecimentos vão surgindo conforme as lembranças. Afinal, é uma conversa, certo?

Quem vê Tuta somente como aquele senhorzinho pacato, pode até se surpreender com o livro. Sobram farpas para o Barão, Wilson Fittipaldi, que saiu da Pan após uma briga “por dinheiro”. Já o subcapítulo “Descrédito no ser humano” é dedicado ao jornalista Milton Neves. Acho que, só pelo título, não é preciso explicar. Mas quem leva as principais e mais ferrenhas críticas é o empresário João Carlos Di Gênio.

Seu parceiro no projeto da TV Jovem Pan, uma concessão UHF obtida por Tuta, Di Gênio é criticado por ter acabado com o empreendimento da pior forma possível: colocando os funcionários contra Tuta, com reclamações trabalhistas indevidas. No livro, obviamente, só há a versão do radialista, na qual ele sai como o grande injustiçado. E a versão é reforçada por um de seus filhos, Marcelo Leopoldo e Silva de Carvalho, em depoimento. O curioso é que, de parceiro, Di Gênio se tornou um dos principais concorrentes de Tuta com a Mix FM.

E por falar em filhos, todos eles estão na Pan com o pai. Talvez o mais “famoso” seja Tutinha, que é o responsável pela Jovem Pan FM e criador e programas e personagens como Djalma Jorge e Pânico. Nos depoimentos dos filhos, conhecemos um Tuta ciumento e bastante bravo com a prole, muito diferente do que é com os netos (alguns já na Pan também).

Ao final do livro, listas para os curiosos. Todos os profissionais que já passaram ou que estão na Jovem Pan e seu tempo de permanência. Assim, sabemos que Cláudio Carsughi já presta bons serviços à emissora há 39 anos. Elpídio Reali Junior, há 40. José Nêumanne Pinto (o editor desta obra), há 12. E assim por diante.

Tuta não para quieto. Praticamente não ocupa sua sala, fica circulando pelos corredores da emissora, vendo o que está acontecendo, opinando e, sim, dando ordens. É uma das suas funções. E, com esse livro, podemos perceber que se cada rádio tivesse um Tuta pelos corredores, o nosso meio não estaria assim, tão abandonado e tão desvalorizado.

2 comentários em “Morre Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Seu Tuta, fundador da Jovem Pan

  1. Esse velho babão deve ter morrido de desgosto.

    A rádio que criou e embalou com tanto amor e carinho virou porta voz da extrema direita a partir de 2013 qdo ele foi enxotado de lá pelo filho, e transformou ela nesse lixão radioativo que é hoje.

    Talvez ele deva ter orgulho disso, vai saber.

    Já vai tarde, viveu bastante e melhor que qualquer um de nós.

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  2. A velha Jovem Pan, “A Rádio” criada por Tuta praticamente do zero em meados da década de 1960, de jornalismoo sério, prestação de serviços e esportivo de ponta, se transformou numa emissora política de ultra direita e sem personalidade nas mãos do filho criador do Pânico. A partir de 7 de setembro de 2023, “A Rádio” se transformou no vitrolão Classic Pan. Hoje, o jornalismo, esporte e a Jovem Pan FM não são nem de longe o que foram no pasado

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