Memória: em 1975, Helio Ribeiro e Fernando Solera falam sobre seguro de vida para árbitros de futebol

Por Rodney Brocanelli

Em setembro de 1975, uma grande tragédia se abateu sobre o futebol paulista. Um acidente rodoviário tirou a vida da equipe de arbitragem que atuou na partida Ponte Preta 1 x 2 Marília, válida pelo Torneio José Ermirio de Moraes daquele ano. A equipe formada pelo árbitro Edson Valter Pantozzi, os auxiliares Mario Molino e Hélio Trommer, o representante Benone Bezerra Pinheiro e o motorista Benjamin Barbosa  voltava à São Paulo quando foi atingida na rodovia Anhanguera (altura do km 72) por um veículo desgovernado. Morreram no local Pantozzi, Molino, Benone e Barbosa, além dos dois ocupantes do outro veículo (um Maverick, segundo relato do jornal O Estado de S. Paulo). Trommer perdeu a vida posteriormente, no hospital Irmãos Penteado, em Campinas.

Ainda segundo o Estadão, os torcedores da Ponte Preta (pouco mais de duas mil pessoas presentes ao Moisés Lucarelli) aplaudiram a equipe da arbitragem logo após o apito final. Outra informação importante do jornal dá conta de que Dulcídio Wanderley Boschila estava escalado inicialmente para apitar essa partida contra o Marília. Só não foi porque  Rodolfo Petená, então presidente da equipe campineira, reclamou da indicação. O próprio Dulcídio achou por bem passar a escala para outro árbitro.

Esse acontecimento repercutiu muito nos dias que se seguiram e levantou um debate sobre a questão de um seguro de vida para os árbitros que se deslocam pelo país para apitar jogos de futebol. Nem mesmo o tradicional programa O Poder da Mensagem, da Rádio Bandeirantes, comandando por Hélio Ribeiro, ficou indiferente ao assunto. Durante pouco mais de dez minutos, o comunicador se debruçou sobre o tema, com a participação de Fernando Solera, então narrador e diretor de esportes da TV Bandeirantes. “Todos nós que compomos a máquina do futebol, e nela o rádio,  a televisão e os jornais estão  também, somos os culpados. Porque nunca nenhum de nós levantou esse problema, nunca ninguém aventou quanto aos perigos, não só de um juiz trabalhando nos campos, sob a pressão determinada pelas paixões da torcida, dirigentes e jogadores, e também nas viagens longas ou curtas que se fazem às dezenas, toda semana, em automóveis nem sempre em condições para viajar”, disse o narrador.

Ainda em sua manifestação, Solera fez um apelo para que a Federação Paulista de Futebol fizesse um seguro de vida em grupo para os árbitros. Helio Ribeiro propôs que fosse feito um amistoso pela seleção paulista de futebol com a renda revertida para os familiares dos  árbitros que morreram no acidente. Solera lembrou que o Corinthians teria mais condições de levantar fundos. Não se sabe se essa ideia foi concretizada. Se alguém souber de mais detalhes, basta deixar no sistema de comentários. O que o blog Radioamantes apurou é que sobre a questão do seguro, nada mudou em quase 44 anos.

Ouça mais no player abaixo. Áudio gentilmente cedido por Celso Casemiro, do Memorial Hélio Ribeiro.

helio ribeiro fernando solera

Um comentário em “Memória: em 1975, Helio Ribeiro e Fernando Solera falam sobre seguro de vida para árbitros de futebol

  1. Fui aluna do professor Helio Tromer na época do acidente.Foi uma grande perda para todos. Ele estava no auge da vida. Não conseguimos esquecer e pensamos muito na família dele. Obrigada pela lembrança.

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