Ouvinte é feito de trouxa com campanha da Linguiça FM

Por Rodney Brocanelli

No fim das contas, a Linguiça FM não era uma emissora de rádio. Na verdade, tudo não passou de uma campanha de marketing para promover, de forma subliminar, uma agência de comunicação e uma de suas novas ferramentas. Isso usando a desculpa de incentivar a criatividade no rádio. Seus idealizadores deverão comemorar com champagne o bom resultado de toda essa expectativa. Quem sabe, a agência deverá ganhar algum prêmio por essa iniciativa. A partir de amanhã, os telefones do escritório passarão a receber centenas de ligações com propostas de orçamento. No entanto, o elo mais fraco dessa história, o ouvinte, foi feito de trouxa.

A campanha criou uma expectativa em centenas de ouvintes (basta procurá-los fora de certas bolhas) de que haveria uma grande novidade no dial de São Paulo, independente de ser a Linguiça FM ou até mesmo outra estação.

Houve quem achasse que todo esse marketing seria um preparação para o lançamento da Massa FM, em São Paulo. Sabe-se que seu proprietário, o apresentador Carlos Massa, deseja muito ter uma emissora na capital  paulista.

Essa espera ganhou novos contornos quando o pastor Juanribe Pagliarin, de forma consciente ou não, passou a fazer uma campanha em sua emissora, a Feliz FM, para arrecadar fundos. A ideia é arrecadar R$ 50 milhões para comprar a frequência dos 92,9Mhz de seu atual dono, o Grupo Estado. No dia 6 de junho, ele disse:  “nas redes sociais, eles estão colocando até uma divulgação dizendo assim: ‘a Linguiça FM está chegando’. Olha o nome da emissora que eles querem colocar no lugar da Feliz FM”. (Saiba mais aqui).

Atentos a tudo, os criativos da campanha passaram a incorporar essa e outras informações em sua campanha. Até mesmo a Musical FM passou a ser citada de forma aberta nas redes sociais. Há algumas semanas, a emissora tem veiculado uma vinheta anunciando que surgirão novidades em sua programação.

Com todos esses elementos, o ouvinte passou a crer mesmo em uma nova emissora no dial de São Paulo. O nome Linguiça FM, ao contrário do que se possa imaginar, não afugentou o público. Para uma cidade que já teve uma rádio com o diferente nome de X FM (xis mesmo), poucos iriam estranhar um nome tão excêntrico.

No vídeo que revelou a história por trás da Linguiça FM, Robson Ferri, CEO da agência de marketing em questão, lambendo a cria, disse que a campanha foi “um exemplo prático de conteúdo colaborativo onde precisa ter muita criatividade” (saiba mais aqui).

Vamos combinar que existe gente muito mais talentosa nessa arte de criar coisas que parecem reais, mas não são. Orson Welles nos mostrou isso  com sua Guerra dos Mundos. O buzz criado em 1938 atravessou as décadas, chegando até os dias de hoje. No âmbito doméstico, o programa Pânico (muito mais na tevê), sabe manejar essa questão com maestria.

O próprio rádio sai perdendo com essa história. Quem poderá confiar em um veículo que cria promessas que não são confirmadas? O meio já sofre grandes arranhões em sua credibilidade quando emissoras saem do ar de uma hora para outra, deixando órfãos seus fãs. As emissoras do Abreu estão aí para não deixar mentir.  Uma campanha de expectativa quebrada é tudo o que não era necessário para este momento.

Linguiça FM

 

7 comentários em “Ouvinte é feito de trouxa com campanha da Linguiça FM

  1. Rodney, na verdade o mote da campanha teve com intuito, mostrar que o meio rádio precisa se reinventar a cada dia para manter os ouvintes atuais e trazer mais, pois em tempos dos chamados pastores eletrônicos arrendando frequências pelo dial Brasil afora, o recado dado foi mais do que oportuno.

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  2. Não se esqueça de que a especulação veio dos próprios ouvintes.. criaram até contas Fakes nas Rede sSociais

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