Por Rodney Brocanelli
Em 2013, José Silvério comemorava 50 anos de carreira. Para marcar este acontecimento, a Rádio Bandeirantes, emissora onde ele trabalhava, programou uma entrevista no tradicional Jornal Gente. Durante o papo, Silvério falou sobre vários aspectos de seu trabalho como narrador esportivo. No entanto, uma atitude dele surpreendeu a todos que participavam da conversa quando se dirigiu à Salomão Ésper, que estava entre os entrevistadores: “Aliás, eu queria aproveitar, Salomão, de público fazer uma confissão e te pedir um perdão. “Em 50 anos de carreira, eu só fiz uma besteira na minha vida. E, infelizmente, foi com você”, disse.
Silvério estava se referindo a sua passagem relâmpago pela Rádio Bandeirantes em 1985, que não durou nem seis meses. Na ocasião, o locutor estava na Rádio Jovem Pan e recebeu uma proposta para sair. Entretanto, as coisas não correram bem e logo ele estava de volta ao seu antigo empregador. Salomão Ésper na época era diretor da Bandeirantes
“O que me fez dizer pro Zé Silvério: ‘acho que você não gostava de mim’ porque eu fiz tudo procê ficar e você voltou as coisas, mas eu entendo”, disse Salomão. “O Zé Silvério teve um desabafo comigo: ‘eu não posso ficar em casa no domingo sem transmitir’. E nós da direção queríamos..não queríamos injustiçar a pessoa que antecedia no tempo o Zé Silvério, na sua fase de fastígio. Nós tínhamos combinado uma transmissão de cargo praticamente. Eu entendo. Só achei que o Zé Silvério não acreditou na nossa proposta: ‘tão querendo eliminar a competição do adversário trazendo o Zé Silvério pra cá para deixá-lo no banco de reservas’. E absolutamente não era isso. Tínhamos uma visão de futuro”, completou o veterano radialista.
“Eu tenho horror à ingratidão e nós não queríamos cometer isso com o nosso titular, também um nome brilhante da transmissão esportiva”, afirmou Salomão não se referindo explicitamente ao nome de Fiori Gigliotti, que em 1985 era o narrador titular da Rádio Bandeirantes.
Silvério respondeu: “tem algumas coisinhas que aconteceram, mas eu não posso dizer nada. A culpa foi minha. Por isso que estou aproveitando o momento porque são 50 anos e você pode passar em qualquer lugar por onde passei e por onde estive não tem uma virgulazinha de comportamento meu”.
Não deu certo daquela vez, mas no ano 2000, surgiu um novo convite da Bandeirantes à José Silvério (veja aqui). Desta vez o casamento foi mais duradouro, sendo interrompido, por decisão da emissora, apenas em 2020.
Ouça abaixo o trecho do perdão pedido por José Silvério à Salomão Ésper.