Luta de Éder Jofre deu audiência massacrante ao rádio

Por Rodney Brocanelli

O esporte brasileiro está de luto com a morte de Éder Jofre, aos 86 anos. Segundo o portal UOL, ele teve complicações decorrentes de uma infecção urinária e uma insuficiência renal aguda. Conhecido como Galo de Ouro, Éder foi três vezes campeão dos pesos pena e galo. Integra o Hall da Fama do boxe mundial e foi eleito o 9º melhor pugilista de todos os tempos pela revista estadunidense The Ring.

O público brasileiro acompanhou grande parte dos feitos de Éder Jofre pelo rádio. E em 1965 milhares de pessoas se reuniram em torno de aparelhos receptores para acompanhar a sua luta contra o oponente japonês Massahiko “Fighting” Harada, válida pelo cinturão dos galos, acontecida na cidade de Tóquio.

Não existem dados precisos, mas a audiência da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, que liderou uma grande rede de emissoras espalhadas por todo o país, foi massacrante. A emissora enviou o narrador Flávio Araújo para essa cobertura.

“Foi um marco histórico nas transmissões esportivas. Não houve absolutamente nenhuma concorrência”, disse Flávio em uma entrevista ao programa Radioamantes no Ar, da web rádio Showtime, no ano de 2013. A ideia inicial era a de que ele tivesse companhia nessa transmissão. “Eu deveria transmitir em dupla com o Braga Jr. Eu pela Bandeirantes e ele pela Jovem Pan, que na época era Rádio Panamericana ainda”.

Uma mudança de planos da Panamericana fez com que Flávio ficasse sozinho. “Alguns dias antes, o Tuta, que é um cidadão bastante econômico, confiou no meu trabalho, nos dávamos bem nas conversações que tivemos, e ele achou que a transmissão deveria ficar somente a meu cargo. Nesse caso, houve um comando duplo: Bandeirantes e Panamericana, mas com apenas um locutor. Nem comentarista eu levei”, afirmou

Segundo Flávio, a Bandeirantes fez rede com 320 emissoras de todo o território nacional, mas esse número pode ter sido bem maior. “Presidente Prudente, por exemplo, recebia o som por linha, mas as emissoras da circunvizinhança entravam em cadeia para retransmitir o evento. Então é impossível sequer calcular o número de emissoras para retransmitir o evento”, disse.

Outro fator que favoreceu o rádio foi o fuso horário. “A luta chegou aqui às 08h da manhã, a luta seria à noite já no Japão”, falou Flávio.

Éder perdeu a luta para seu adversário, em uma decisão por pontos que foi bastante contestada na ocasião. Flávio acha que o brasileiro foi injustiçado: “Vi na luta uma vitória de Éder Jofre indiscutível. Ela tinha três jurados. Um era o jurado de ringue, que naquele tempo também participava da contagem e dava seus votos. Ele deu sua votação favorável ao Éder Jofre. Somente os dois jurados japoneses é que votaram no Harada. Eu trouxe o vídeo completo da luta, que foi exibido dias depois pela TV Record”.

A imagem da luta, vista pelos brasileiros, salvou Flávio: “Quando eu cheguei ao Brasil, os jornais todos estavam dizendo que eu cometi uma patriotada, que era comum nos locutores brasileiros que nós sempre deixávamos a verdade de lado para exaltar nossos valores e que eu dera a vitória ao Éder Jofre e que não era verdade. Depois que a TV Record passou a luta, com uma equipe de jurados independentes, ficou flagrante que o Éder havia vencido a luta, até com uma boa margem de pontos”.

Ouça abaixo o trecho da entrevista de Flávio Araújo. Hoje, aposentado, ele vive hoje em Poços de Caldas.

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