Por Rodney Brocanelli
O dia 21 de junho de 1986, em termos futebolísticos, está bem marcado na memória de uma geração de torcedores. Brasil x França protagonizaram uma das partidas mais dramáticas da segunda Copa do Mundo disputada no México. Segundo o site Trivela (veja aqui), qualquer das duas seleções poderia ter saído com a classificação para a semifinal da competição. Aquela disputa teve 120 minutos de futebol no calor de Guadalaja, mas que poderia ser chamado sem qualquer exagero de calor senegalesco.
No tempo normal, a partida terminou empatada em 1 a 1, com gols de Careca e Platini. Ainda houve uma chance, na segunda etapa, para que o Brasil tivesse vantagem no placar. Zico, acabou desperdiçando a cobrança de uma penalidade máxima, na segunda etapa. Depois, uma prorrogação surpreendentemente intensa, mas sem gols.
Daí veio a disputa da cobrança de tiros livres. Sócrates e Julio Cesar não foram felizes em suas oportunidades. Platini também não. No entanto, o Brasil ficou em desvantagem logo antes de Luis Fernandez se dirigir até a marca da cal. Se ele convertesse, a França estaria classificada. A torcida era para que Carlos pudesse defender o chute ou então a que bola fosse para fora ou batesse na trave. Para a tristeza dos brasileiros, Fernandez converteu sua cobrança.
Fiori Gigliotti narrou esse jogão pela Rádio Bandeirantes. Como em outras copas, ele foi o narrador principal da emissora na cobertura daquela competição. Essa condição foi reafirmada após a passagem relâmpago de José Silvério no segundo semestre de 1985. Além disso, ao contrário do que aconteceu em 1970, na primeira copa disputada no México, ele não teria que dividir a narração com outros locutores em um pool de transmissão. Brilhou sozinho no microfone da Bandeirantes.
E foi justamente nesse Brasil x França que Fiori Gigliotti protagonizou um de seus grandes momentos no rádio. Antes da cobrança de Fernandez, ele conseguiu unir informação e emoção ao mesmo tempo, falando das características do jogador françês e das circunstâncias daquele momento. Depois do gol marcado, ele desaba e com a voz embargada diz: “Que tristeza, torcida brasileira. O nosso sonho transforma-se em pesadelo”. Mesmo emocionado, consegue engatar um improviso, arte na qual era mestre, e conseguiu traduzir em palavras todo o sentimento de frustração que havia no ar por mais uma desclassificação em Copas do Mundo. Ouça abaixo.
Fiori deu a vida pela Bandeirantes e ela em retribuição deu pro maior locutor do radio brasileiro um pé na b…
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