Rodney Brocanelli volta a falar das transmissões esportivas da Rádio Bandeirantes, desta vez com foco na década de 1950. Nesta época, a emissora tinha em sua equipe nomes históricos como Edson Leite, Pedro Luiz, Darcy Reis, Mario Moraes e Fiori Gigliotti, entre outros. Clique e veja.
Rodney Brocanelli relembra neste vídeo a Rádio Panamericana, que ficou conhecida por muitos anos por ser a emissora dos esportes. Programas, profissionais e coberturas foram destacados, usando como recorte temporal um período que vai de 1955 até 1958. Alguns nomes registrados: Flavio Iazzetti, Mario Moraes, Otavio Muniz, Pedro Luiz, Estevam Borroul Sangirardi, Geraldo José de Almeida, Leônidas da Silva, Waldir Amaral, Salem Jr., Candido Norberto, Fiori Gigliotti, entre outros. Veja abaixo.
Uma “questão política” foi a responsável por José Silvério ter ficado pouco tempo na Rádio Bandeirantes no ano de 1985. O narrador esportivo falou brevemente sobre essa passagem meteórica pela emissora do Morumbi durante uma live organizada por Edemar Annuseck e transmitida via YouTube e Facebook. O assunto foi levantado por intermédio de uma pergunta formulada por um internauta de Novo Horizonte (?!).
“É um assunto político muito difícil de entender. A Bandeirantes tinha um locutor muito importante que não aceitou minha ida e trabalhou muito nos bastidores contra mim”, disse. Embora não haja uma citação direta, José Silvério está falando de Fiori Gigliotti.
A primeira passagem de Silvério pela Bandeirantes durou de agosto a dezembro. Na época, ele tinha 40 anos. “A ida (…) para a Bandeirantes é a primeira transferência de impacto desde a saída de Osmar Santos da Pan para a Globo, em 77”, registrou assim o Estado de São Paulo, em reportagem de 21 de julho de 1985.
Sem ambiente na Bandeirantes, José Silvério decidiu voltar sua antiga emissora. “A Jovem Pan me convidou(…) e eu preferi voltar para a Jovem Pan, onde eu tinha mais tranquilidade para trabalhar do que na Bandeirantes, que revelou-se, na época, um verdadeiro inferno para mim”, afirmou.
Edemar Annuseck disse em seguida que a emissora não tinha preocupações com as pesquisas de audiência realizadas pelo Ibope. “Se a Bandeirantes e a Globo não aparecessem bem, as coisas já ficavam complicadas”, disse.
Sobre a questão do Ibope na ocasião, Silvério disse que a Bandeirantes na época estava em terceiro e depois que ele chegou, passou a liderar o ranking. “Aí o outro locutor que estava na Bandeirantes, virou-se contra mim (…) e aí foi a confusão toda. Teve uma brigazinha no meio, mas deixa pra lá, já tem tantos anos”, falou.
O comentarista esportivo José Hidalgo Neto, o Capitão Hidalgo, que também participou da live, fez uma intervenção importante sobre esse assunto. Ele disse que durante o sorteio da Copa do Mundo que seria disputada no México, em 1986, ele encontrou Flavio Adauto, enviado da Bandeirantes para esse evento. Ambos ficaram no mesmo quarto. Em um determinado dia, Hidalgo chegou bem no momento em que Adauto participava de uma conversa tensa com sua base.
Pouco depois, em um almoço do qual participou o também comentarista Luis Mendes, Adauto contou alguns detalhes. Silvério devolveu à Bandeirantes as chaves de um automóvel que teria ganho como bônus pela transferência. Além disso, foi revelado um desacerto referente a escala dos jogos. Silvério e Fiori teriam direito a narrar dois jogos cada. No entanto, esse número foi mudado em favor de Fiori, que passaria a narrar três partidas, enquanto que Silvério ficaria com uma.
Em sua volta à Jovem Pan, Silvério fez um contrato melhor e garantiu a presença da emissora na Copa do Mundo que seria disputada no México, em 1986. “Eu praticamente resolvi minha vida, por isso que hoje, desempregado, não tenho mais problema (sic)”, afirmou.
O livro Fiori Gigliotti – O Locutor da Torcida Brasileira, escrito pelo jornalistas Paulo Rogério e Mauro Beting, traz duas versões. Em uma delas, Fiori teria dado um ultimato à direção da Rádio Bandeirantes ao tomar conhecimento de que a dupla iria dividir a transmissão dos jogos do Brasil na Copa. Na outra, Silvério teria desistido da ideia dessa divisão.
A obra ainda conta sobre um encontro entre os dois narradores em que esse assunto foi abordado uma única vez, pouco depois da saída de Fiori Gigliotti da Bandeirantes. Silvério deu uma carona a Fiori após a participação da dupla em uma palestra para estudantes universitários. Conforme o livro, o diálogo teria sido um pedido de desculpas do veterano profissional.
Fiori: “Pois é, Silvério…Eu te tratei tão mal e agora acontece isso”.
Silvério: “Por isso, Fiori, que eu trabalho onde sou feliz e tenho a consciência de que a empresa não é minha”.
35 anos depois, esse tema ainda parece ser um tabu para o próprio José Silvério.
Mas a live não ficou apenas nisso. Outros assuntos relacionados ao futebol brasileiro foram abordados. Além de Silvérios e dos já citados Edemar Annuseck e José Hidalgo Neto participaram também Henrique Giglio, Sidnei Campos e Eduardo Vieira. Para assistir a tudo, clique aqui.
Veja abaixo o trecho em que Silvério fala de sua meteórica passagem pela Bandeirantes em 1985.
O mundo perdeu hoje uma de suas maiores referências: Diego Maradona. Ele teve uma parada cardiorrespiratória em sua residência. Apesar do socorro de seis ambulâncias, não foi possível reanimá-lo. O mundo do futebol está de luto e a Argentina em estado de choque. Ele tinha 60 anos. Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e enterro.
Vamos relembrar aqui alguns momentos de Maradona no mundo do futebol registrados pelo rádio brasileiro.
Não poderíamos começar com outro registro que não fosse o gol de mão que ele marcou na partida entre Argentina x Inglaterra, válida pela fase de quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986. Um gol marcado com “la mano de Dios”. Narração de Éder Luiz e reportagens de Roberto Silva, pela Rádio Bandeirantes.
O segundo gol de Maradona naquela partida foi uma pintura. Ouça a descrição de Samuel de Souza Santos, pela Rádio Guaíba.
Haroldo de Souza transmitiu este histórico jogo pela Rádio Gaúcha.
O último gol de Maradona em Copas aconteceu no mundial dos EUA, em 1994. Um belo chute de média distância com o pé esquerdo. Entretanto, pouco depois, ele foi excluido da competição, por ser pego no exame antidoping. Ouça a narração de Alberto Cesar e reportagens de Marcelo di Lallo, pela Rádio Gazeta.
Ouça esse mesmo lance com a narração de Jota Santiago, da Super Rádio Tupi.
Outro lance histórico de Maradona não foi exatamente um gol, mas sim um passe que ele deu para Caniggia fazer o gol da vitória da Argentina sobre o Brasil. Diego veio com a bola dominada no meio campo, conseguiu se livrar da marcação de Dunga e, mesmo cercado por pelo menos dois outros jogadores brasileiros, passou a bola para que seu companheiro saísse livre, de frente para o gol.
Só mesmo um lance genial de Maradona para fazer Fiori Gigiotti falar um palavrão no ar. Ouça abaixo e saiba mais clicando aqui.
Ouça o mesmo lance com a narração de José Silvério, então pela Rádio Jovem Pan.
E ainda, a narração de Marco Antonio Pereira, pela Rádio Guaíba.
Morreu nesta terça (06) o comentarista esportivo Dalmo Pessoa. Ele foi vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Nos últimos anos vinha sofrendo com uma perda progressiva de memória. Tinha 78 anos. Até a publicação deste post, não foram divulgadas informações sobre velório e enterro.
Dalmo nasceu em Bauru. Antes de virar jornalista, ele trabalhou em uma farmácia e depois como bancário. No jornalismo, iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil. Em seguida, transferiu-se para o jornal Mundo Esportivo. No rádio, começou na Piratininga, de São Paulo e depois foi para a Rádio Gazeta. Ainda no jornalismo impresso, escreveu nos jornais A Gazeta Esportiva e Notícias Populares. Neste último, manteve uma coluna chamada Gente Boa de Boa.
Em 1981, deixou a Gazeta para ser comentarista principal das jornadas esportivas da Rádio Bandeirantes, ao lado de Fiori Gigliotti, como narrador. Na ocasião, muitos achavam que não fosse dar certo essa parceria devido a uma diferença de estilo. Dalmo era conhecido nos bastidores da Bandeirantes, como “porra louca”, conforme relato do livro “Fiori Gigliotti, o Locutor da Torcida Brasileira” (aliás, foi desta obra que o Radioamantes retirou algumas das informações deste texto).
Contrariando as previsões, ambos se deram muito bem e a convivência profissional foi longeva. Fiori acabou levando Dalmo para as rádios Record e Tupi (a do Abreu). Depois da morte do amigo, o comentarista trabalhou na Rádio Capital.
Em televisão, Dalmo fez parte das duas fases da Mesa Redonda, na TV Gazeta. Deixou a tevê em 2010. Nos últimos anos, atuou como diretor comercial do Hospital Igesp e também diretor administrativo do plano de saúde Trasmontano. Foi vereador na cidade de São Paulo por dois mandatos.
Uma de suas marcas registradas era proteger o sigilo de fonte dizendo ou escrevendo que havia recebido informações de uma “raposa felpuda”.
Ouça abaixo Dalmo Pessoa em ação pela Rádio Bandeirantes.
Morreu na madrugada desta terça (29) Marcelo Gigliotti. Ele foi mais uma vítima desta nefasta enfermidade que é o Covid-19, mais conhecido como Coronavírus. Tinha 51 anos.
O enterro aconteceu na tarde de hoje, no Cemitério do Morumbi. Seu corpo iria para um um outro cemitério. No entanto, graças a intervenção de amigos, ele pode ser direcionado mesmo lugar onde onde estão os restos mortais de seus pais, Fiori (morto em 2006) e Adelaide (morta em 2016).
Marcelo foi auxiliar de Fiori em muitas coberturas esportivas internacionais, especialmente em Copas do Mundo. . Nos últimos anos, ele se dedicou à divulgação do livro “Fiori Gigliotti – O Locutor da Torcida Brasileira”, escrito pelos jornalistas Mauro Beting e Paulo Rogério, que conta em detalhes vida e carreira de seu pai.
Um dado curioso: caso estivesse vivo, Fiori teria completado 92 anos no dia 27 de setembro último.
A Federação Paulista de Futebol divulgou nota de pesar. Leia abaixo.
A Federação Paulista de Futebol lamenta o falecimento de Marcelo Gigliotti, filho de Fiori Gigliotti (1928 – 2006), um dos mais renomados locutores brasileiros. Marcelo faleceu na última segunda-feira (28), aos 51 anos, vítima da Covid-19.
Marcelo, filho mais novo de Fiori, fazia o trabalho de divulgação da biografia de seu pai “O Lucutor da Torcida Brasileira”, escrita por Mauro Beting e Paulo Rogério. A obra, lançada em outubro de 2019 no Museu do Futebol, narra em detalhes as histórias de um dos maiores nomes da locução esportiva brasileira, que também era pai de Marcos Pazzini.
Em sua homenagem, os jogos de volta das quartas de final do Paulistão A2 Sicredi terão um minuto de silêncio antes do apito inicial.
Ouça abaixo uma entrevista concedida por Marcelo Gigliotti ao programa Paixão Lusa, da Rádio Trianon, na ocasião sob o comando Don Roberto Costa e Antonio Quintal.
Em 2013, José Silvério comemorava 50 anos de carreira. Para marcar este acontecimento, a Rádio Bandeirantes, emissora onde ele trabalhava, programou uma entrevista no tradicional Jornal Gente. Durante o papo, Silvério falou sobre vários aspectos de seu trabalho como narrador esportivo. No entanto, uma atitude dele surpreendeu a todos que participavam da conversa quando se dirigiu à Salomão Ésper, que estava entre os entrevistadores: “Aliás, eu queria aproveitar, Salomão, de público fazer uma confissão e te pedir um perdão. “Em 50 anos de carreira, eu só fiz uma besteira na minha vida. E, infelizmente, foi com você”, disse.
Silvério estava se referindo a sua passagem relâmpago pela Rádio Bandeirantes em 1985, que não durou nem seis meses. Na ocasião, o locutor estava na Rádio Jovem Pan e recebeu uma proposta para sair. Entretanto, as coisas não correram bem e logo ele estava de volta ao seu antigo empregador. Salomão Ésper na época era diretor da Bandeirantes
“O que me fez dizer pro Zé Silvério: ‘acho que você não gostava de mim’ porque eu fiz tudo procê ficar e você voltou as coisas, mas eu entendo”, disse Salomão. “O Zé Silvério teve um desabafo comigo: ‘eu não posso ficar em casa no domingo sem transmitir’. E nós da direção queríamos..não queríamos injustiçar a pessoa que antecedia no tempo o Zé Silvério, na sua fase de fastígio. Nós tínhamos combinado uma transmissão de cargo praticamente. Eu entendo. Só achei que o Zé Silvério não acreditou na nossa proposta: ‘tão querendo eliminar a competição do adversário trazendo o Zé Silvério pra cá para deixá-lo no banco de reservas’. E absolutamente não era isso. Tínhamos uma visão de futuro”, completou o veterano radialista.
“Eu tenho horror à ingratidão e nós não queríamos cometer isso com o nosso titular, também um nome brilhante da transmissão esportiva”, afirmou Salomão não se referindo explicitamente ao nome de Fiori Gigliotti, que em 1985 era o narrador titular da Rádio Bandeirantes.
Silvério respondeu: “tem algumas coisinhas que aconteceram, mas eu não posso dizer nada. A culpa foi minha. Por isso que estou aproveitando o momento porque são 50 anos e você pode passar em qualquer lugar por onde passei e por onde estive não tem uma virgulazinha de comportamento meu”.
Não deu certo daquela vez, mas no ano 2000, surgiu um novo convite da Bandeirantes à José Silvério (veja aqui). Desta vez o casamento foi mais duradouro, sendo interrompido, por decisão da emissora, apenas em 2020.
Ouça abaixo o trecho do perdão pedido por José Silvério à Salomão Ésper.
José Paulo de Andrade teve parte de sua carreira no rádio ligada ao futebol. Em 1960, ele começou a trabalhar na Rádio América, então pertencente ao Grupo Bandeirantes, como rádio escuta. Três anos depois, ingressou na Rádio Bandeirantes, contratado por Pedro Luiz para a equipe de esportes. A convivência foi curta. Pouco tempo depois, Pedro iria se transferir para a Rádio Tupi, de São Paulo.
Zé Paulo permaneceu no Escrete do Rádio, com Fiori Gigliotti na linha de frente, e se desenvolveu como como repórter esportivo e narrador, atividades que desempenhou por 14 anos. Em 1977, pouco depois de ver seu primeiro filho nascer, decidiu ficar apenas no jornalismo geral por entender que não haveria mais espaço para ele. “Eu não era nem o terceiro locutor esportivo da Bandeirantes. Aí fiz uma reflexão e pensei consigo mesmo ‘eu não iria ser revelação aos 40’ e eu não queria mais continuar no esporte”.
Na década de 1990, de certa forma, José Paulo de Andrade voltou ao mundo esportivo quando conciliou suas atividades na Bandeirantes com a de assessor de imprensa do São Paulo Futebol Clube.
José Paulo de Andrade morreu na madrugada desta sexta (17) aos 78 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein desde o dia 7 de julho e foi diagnosticado com o Covid-19, mais popularmente conhecido como Coronavírus.
Vamos resgatar dois de seus registros no esporte da Rádio Bandeirantes. Abaixo, ele fala sobre o gol polêmico de Leivinha, do Palmeiras, na final do campeonato paulista de 1971. O lance foi anulado pelo árbitro Armando Marques após enxergar um toque de mão do atacante palmeirense. Não foi apenas Marques que viu isso.
Ouça a narração de José Paulo de Andrade para a partida Guarani 3 x 1 Santos, válida pelo Torneio Governador do Estado de 1976. O repórter é João Zanforlin. Por volta de 1min53s é possível ouvir uma entrada do Sargento Ranulfo, atento aos acontecimentos das estradas.
Neste final de semana, a Rádio Guaíba colocou no ar mais dois jogos históricos de seu arquivo, desta vez, envolvendo a seleção brasileira de futebol. No sábado (9), a emissora rodou a gravação de Brasil x Zaire, partida válida pela Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, com narração de Armindo Antonio Ranzolin, Neste domingo (10), foi veiculada a reprise de Brasil x Tchecoslováquia, estreia das duas seleções na Copa de 1970, no México. É desse segundo jogo, que o Radioamantes vai destacar algumas curiosidades.
Primeiro que a transmissão partida disputada no Estádio Jalisco, em Guadalajara foi transmitida em pool. Diferente do que ocorreu na Copa seguinte, quando cobriu aquela competição sozinha, a Guaíba se uniu à extinta Rádio Continental para a transmissão dos jogos daquela competição. Profissionais das duas emissoras se dividiram para irradiar emoção aos rádios tanto de Porto Alegre, como do Rio de Janeiro.
Pela Guaíba, estiveram transmitiram os jogos Pedro Carneiro Pereira (narrador), Ruy Carlos Ostermann (comentarista) e João Carlos Belmonte (repórter). Pela Continental, Clóvis Filho (narrador), Carlos Marcondes (comentarista) e Luís Fernando (repórter). Cada narrador comandava a transmissão em um tempo da partida. Os outros profissionais participavam juntos e intervinham sempre que necessário.
Pedro Carneiro Pereira narrou a primeira etapa de Brasil x Tchecoslováquia. E justamente aqui que temos as curiosidades mais saborosas. Como se sabe, a transmissão da Copa do México foi dividida em diversos pools (entenda mais aqui). Um deles, o de São Paulo, que envolveu as rádios Jovem Pan, Bandeirantes e Nacional (hoje Globo) enfrentou dificuldades técnicas logo de cara. A saída para essas emissoras foi usar o áudio da Guaíba-Continental, que chegava sem problemas ao Brasil. Com isso a transmissão de Pedro Carneiro, um dos maiores narradores do Rio Grande do Sul, foi ouvida pelos paulistanos. Em vários trechos de sua narração, ele informa os problemas técnicos vividos pelos paulistanos e anuncia o nome das rádios.
O pool de São Paulo só conseguiu entrar no ar aos 8 minutos do segundo tempo, com Joseval Peixoto, representando a Jovem Pan, saudando os ouvintes e passando o comando para Fiori Giglotti, da Bandeirantes. “Ninguém pode imaginar o drama e o sacrifício que vivemos, que experimentamos até agora para que nosso som chegasse ao Brasil”, disse o locutor da torcida brasileira. Fiori e Joseval fatiaram a transmissão do que restou daquele segundo tempo (ouça aqui o áudio disponibilizado pelo jornalista Thiago Uberreich).
A transmissão do pool Guaíba-Continental seguiu normal para as duas rádios, com Clóvis Filho assumindo a narração. Aliás, essa reprise veiculada pela rádio porto-alegrense serviu também para resgatar um a memória da Continental, que operava nos 1030Khz no Rio de Janeiro e era uma das grandes audiências locais durante o futebol.
Pedro Carneiro Pereira foi diretor do departamento de esportes da Rádio Guaíba. Além disso, sua outra paixão era pela pilotagem. Ele morreu em 1973, aos 35 anos, em um acidente durante a 4ª etapa do campeonato gaúcho de carros turismo, no autódromo de Tarumã, em Porto Alegre.
Ouça no link abaixo a íntegra de Brasil x Tchecoslováquia.
Para você que vai assistir ou já assistiu a reprise de Brasil x Inglaterra, vamos relembrar aqui os principais lances dessa eletrizante partida da Copa do Mundo de 1970 com a narração do rádio. Mais precisamente do pool de rádios de São Paulo, que uniu em uma só cobertura Bandeirantes, Jovem Pan e Nacional (depois Globo).
Para quem não conhece a história, como não havia circuitos suficientes para a transmissão em rádio, a saída para muitas emissoras foi a de formarem redes para essa transmissão. Além do já citado pool de rádios paulistanos, tivemos também o pool que uniu as rádios Globo e Nacional, do Rio de Janeiro e Gaúcha, de Porto Alegre, o que reuniu as rádios Continental, do Rio de Janeiro e a Guaíba, de Porto Alegre, o que unificou as emissoras dos Diários Associados (Tupi do Rio e de São Paulo, entre outras e mais outros que juntou as rádios Mauá, do Rio de Janeiro, e Itatiaia, de Belo Horizonte.
No pool de São Paulo, a narração ficou a cargo de Pedro Luiz (Nacional) e Fiori Gligliotti. Coube a Pedro narrar dois lances importantes e histórico de Brasil x Inglaterra. O primeiro foi a grande defesa de Gordon Banks depois da cabeça de Pelé, ainda na primeira etapa. Ouça abaixo.
Ainda no primeiro tempo, o outro lance histórico do primeiro tempo foi a defesa de Félix para a cabeçada do atacante Lee.
O gol que deu a vitória ao Brasil saiu na segunda etapa, marcado por Jairzinho. Ouça a narração de Fiori Gigliotti.
Em janeiro deste ano, publicamos aqui o choro do narrador Fiori Gigliotti, entristecido com a desclassificação da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1986 (veja aqui). Quem pode acompanhar na época esse que já é um grande momento da história do rádio esportivo brasileiro, nem imaginaria que quatro anos depois, na Copa de 1990, a comoção seria substituída pela indignação.
No dia 24 de junho de 1990, o Brasil era desclassificado pela Argentina na fase de oitavas-de-final da competição. O gol foi marcado pelo atacante Caniggia, após receber um passe de Maradona. O lance protagonizado pelo astro argentino foi genial. Ele veio com a bola dominada no meio campo, conseguiu se livrar da marcação de Dunga e, mesmo cercado por pelo menos dois outros marcadores, passou a bola para que seu companheiro saísse livre, de frente para o gol.
Era o fim de uma campanha pífia (para usar uma palavra da moda), uma das piores da história da seleção brasileira em Copas. O futebol apresentado não despertou suspiros durante toda a competição. Muito se diz que esse mau rendimento teve a ver com o fato de o elenco ter ficado insatisfeito com a CBF e sua patrocinadora da época: uma famosa marca de refrigerantes.
O técnico da ocasião era Sebastião Lazaroni. Ele assumiu o cargo, em 1989, pouco depois de Ricardo Texeira ser conduzido à presidência da CBF. Até então sua experiência se restringia ao futebol carioca. Foi campeão estadual do Rio de Janeiro com o Flamengo em 1986 e com o Vasco em 1987 e 1988.
Após um começo claudicante na Copa América de 1989, a seleção brasileira de Lazaroni foi melhorando aos poucos e na fase decisiva da competição enfileirou vitórias importantes contra os principais rivais do continente: Argentina (campeã do mundo na ocasião -2 a 0), Paraguai (3 a 0) e Uruguai (1 a 0). Com este último triunfo, o Brasil conquistou o título sul-americano de seleções, algo que não acontecia desde 1949.
Ainda naquele ano, o Brasil conseguiu vitórias contra adversários tradicionais em amistosos na Europa: Itália (1 a 0) e Holanda (então campeã da Eurocopa – 1 a 0). Esses bons resultados, credenciaram a seleção canarinho (na época não era pistola) como uma das favoritas ao título.
Entretanto, no ano seguinte, as coisas começaram a dar errado. O rendimento já não era mais o mesmo no primeiro semestre de 1990 e os conflitos internos ajudaram a piorar o que já não estava tão bom.
Voltando ao dia 24 de junho, Fiori Gigliotti narrou aquele Brasil x Argentina pela Rádio Bandeirantes, liderando mais uma vez a Cadeia Verde Amarela (norte/sul do país, como ele costumava dizer nas transmissões). Era a oitava cobertura do locutor da torcida brasileira. Era a terceira desclassificação seguida que ele transmitia. Além da já citada Copa de 1986, no México, Fiori esteve também na Espanha em 1982.
Ao contrário de 1986, as palavras de Fiori logo após o apito final foram de raiva. O alvo principal foi Lazaroni: “Fecham-se as cortinas e termina o nosso sonho, torcida brasileira. 1 a 0 para a Argentina Para um treinador que tem merda na cabeça, não poderia acontecer outra coisa, torcida brasileira. Ele insistiu e teimou(…) feriu a nossa história, o nosso passado, a nossa tradição, as nossas raízes, colocando um ataque com dois (jogadores), quando não trouxe nem reservas competentes, e aí está: o Brasil fora da copa”.
A bronca de Fiori era em relação ao fato de Lazaroni ter montado uma seleção com três defensores e dois atacantes. Essa formatação tática era bastante popular na Europa, mas devido ao número de homens na defesa, ela foi muito associada ao defensivismo, quando na verdade o esquema nem é necessariamente para um time jogar apenas na defesa.
Sebastião Lazaroni virou a grande referência daquele fracasso de 1990. Fiori nada mais fez do que traduzir em palavras, ainda que duras, todo o descontentamento da torcida brasileira na ocasião. Ouça abaixo o áudio. Agradecimentos especiais a Marcos Sperli Garcia, autor do livro Craques do Microfone e administrador da comunidade de mesmo nome no Facebook (clique aqui).
O dia 21 de junho de 1986, em termos futebolísticos, está bem marcado na memória de uma geração de torcedores. Brasil x França protagonizaram uma das partidas mais dramáticas da segunda Copa do Mundo disputada no México. Segundo o site Trivela (veja aqui), qualquer das duas seleções poderia ter saído com a classificação para a semifinal da competição. Aquela disputa teve 120 minutos de futebol no calor de Guadalaja, mas que poderia ser chamado sem qualquer exagero de calor senegalesco.
No tempo normal, a partida terminou empatada em 1 a 1, com gols de Careca e Platini. Ainda houve uma chance, na segunda etapa, para que o Brasil tivesse vantagem no placar. Zico, acabou desperdiçando a cobrança de uma penalidade máxima, na segunda etapa. Depois, uma prorrogação surpreendentemente intensa, mas sem gols.
Daí veio a disputa da cobrança de tiros livres. Sócrates e Julio Cesar não foram felizes em suas oportunidades. Platini também não. No entanto, o Brasil ficou em desvantagem logo antes de Luis Fernandez se dirigir até a marca da cal. Se ele convertesse, a França estaria classificada. A torcida era para que Carlos pudesse defender o chute ou então a que bola fosse para fora ou batesse na trave. Para a tristeza dos brasileiros, Fernandez converteu sua cobrança.
Fiori Gigliotti narrou esse jogão pela Rádio Bandeirantes. Como em outras copas, ele foi o narrador principal da emissora na cobertura daquela competição. Essa condição foi reafirmada após a passagem relâmpago de José Silvério no segundo semestre de 1985. Além disso, ao contrário do que aconteceu em 1970, na primeira copa disputada no México, ele não teria que dividir a narração com outros locutores em um pool de transmissão. Brilhou sozinho no microfone da Bandeirantes.
E foi justamente nesse Brasil x França que Fiori Gigliotti protagonizou um de seus grandes momentos no rádio. Antes da cobrança de Fernandez, ele conseguiu unir informação e emoção ao mesmo tempo, falando das características do jogador françês e das circunstâncias daquele momento. Depois do gol marcado, ele desaba e com a voz embargada diz: “Que tristeza, torcida brasileira. O nosso sonho transforma-se em pesadelo”. Mesmo emocionado, consegue engatar um improviso, arte na qual era mestre, e conseguiu traduzir em palavras todo o sentimento de frustração que havia no ar por mais uma desclassificação em Copas do Mundo. Ouça abaixo.
Os jornalistas Mauro Beting e Paulo Rogério lançam no dia 29/10, no Museu do Futebol, o livro “Fiori Gigliotti: o locutor da torcida brasileira“, em homenagem a um dos mais icônicos narradores do futebol brasileiro. Com prefácio de Milton Neves, o livro publicado pela Editora Onze Cultural pretende eternizar a memória do criador de alguns dos bordões mais famosos da rádio, como “abrem-se as cortinas e começa o espetáculo”, “o tempo passa” e “crepúsculo do jogo”. O lançamento acontece a partir das 19h, com sessão de autógrafos dos autores, no auditório do Museu do Futebol, que fica sob as arquibancadas do estádio do Pacaembu, em São Paulo.
Nascido em Barra Bonita em 1928 e falecido em São Paulo em 2006, Fiori Gigliotti era filho de imigrantes italianos e começou a trabalhar como locutor radiofônico em 1947. Passou pelas rádios Clube de Lins (São Paulo), Cultura de Araçatuba (São Paulo), Bandeirantes, Panamericana (atual Jovem Pan), Tupi e Record. Seu último trabalho era como comentarista na Rádio Capital de São Paulo. Ele cobriu dez copas do Mundo de Futebol ao longo da carreira.
Os dourados anos de Bandeirantes, a tentativa de eleger-se deputado e o recomeço na Record são alguns assuntos abordados pelos autores. O início da carreira, os amores e as histórias de pescaria são ingredientes extras que certamente aproximarão os fãs do saudoso ídolo. Ao longo da vida, recebeu mais de duzentos títulos de cidadão honorário, principalmente pelo interior de São Paulo.
Gigliotti morreu às vésperas da Copa do Mundo da Alemanha e recebeu homenagem de ninguém menos do que Galvão Bueno durante a transmissão da partida inicial da competição, Alemanha x Costa Rica. “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo”, disse Galvão no início do jogo.
Sobre os autores:
Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé.
Paulo Rogério, nascido em Santos, é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos em 1998. Desde 2018 é editor-chefe do Auto Aventura, que engloba diversas mídias, sendo a Revista Auto Aventura a principal delas. É autor de dois livros: “2002 – De meninos a heróis” (2014), que conta a história da conquista do Campeonato Brasileiro de 2002 pelo Santos; e “100 anos – Sou mais Briosa” (2017), livro oficial do centenário da Portuguesa Santista.
SERVIÇO
LANÇAMENTO DO LIVRO “FIORI GIGLIOTTI – O LOCUTOR DA TORCIDA BRASILEIRA”
Programação sujeita a alterações. Consulte o site museudofutebol.org.br
Sobre o Museu do Futebol
O Museu do Futebol está instalado em uma área de 6,9 mil metros quadrados sob as arquibancadas do Estádio do Pacaembu. É um espaço interativo, lúdico e multimídia, no qual a história do esporte mais popular do Brasil se confunde com a própria história do país.
O Museu do Futebol é uma iniciativa do Governo e da Prefeitura de São Paulo, com concepção e realização da Fundação Roberto Marinho. Pertence à rede de museus da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo e é gerido pelo IDBrasil, Organização Social de Cultura.
Veja abaixo uma entrevista de Fiori Gigliotti ao programa Passando a Limpo, da TV Record, apresentado por Boris Casoy, no ano 2000. Na época, ocupando o microfone da Rádio Record, o narrador falou sobre sua carreira e de futebol (do passado e da época), é claro. Uma revelação durante o papo: Fiori e Boris já trabalharam juntos na antiga Rádio Panamericana. Vídeo postado pelo canal de Pedro Janov. Veja abaixo (corram, pois há risco de strike).
Marcelo Gigliotti, filho do grande narrador esportivo Fiori Gigliotti concedeu uma longa entrevista ao programa Paixão Lusa, da Rádio Trianon na quinta-feira passada (14.06). Claro que o tema principal foi a carreira do pai. Marcelo contou histórias interessantes sobre ele. Além disso, ele aproveitou para revelar no programa algo que pouca gente: a esposa de Fiori, dona Adelaide, foi torcedora da Portuguesa, nunca deixando de acompanhar o time, nem mesmo quando estava com Alzheimer. Ela morreu no ano de 2016.
No programa, Marcelo anunciou que a biografia de Fiori Gigliotti será lançada ainda neste ano, no dia 27 de setembro, data em que completaria 90 anos. Dois são os títulos possíveis: “Aguenta Coraçao” ou “O Locutor da Torcida Brasileira”.
O livro será multimídia, com códigos em QR que vão conter arquivos de áudio com 86 gols históricos narrador por Fiori.
Outros temas foram abordados na entrevista, como por exemplo, a divisão de funções com José Silvério, na Bandeirantes, em 1985. Segundo Marcelo, a ideia era que na Copa que viria a seguir, a do México, em 1986, Fiori faria dois ou três jogos e passaria a titularidade restante à Silvério. Com isso, o então principal nome da emissora, iria assumir um cargo de direção, algo que era um desejo de João Saad. No entanto, Silvério, não quis dividir o microfone até a Copa. Hoje, segundo Marcelo, tudo está “tudo bem resolvido”.
Ainda durante a entrevista, Marcelo revelou o time de coração do pai e ainda destacou o profissionalismo com que Fiori tratou todas as grandes equipes. Para saber qual é, basta ouvir a entrevista no player abaixo.