Final histórica da Copa Libertadores 2020 poderia ser a chance de José Silvério se despedir do rádio da forma que merece

Por Rodney Brocanelli

Palmeiras e Santos, Santos e Palmeiras vão fazer o “jogo do século” no próximo dia 30 de janeiro. Ambas as equipes deverão entrar em campo, no Maracanã, para decidir a Copa Libertadores da América em sua edição 2020. Entretanto, não dá para deixar de notar uma ausência em uma partida de tamanha magnitude: a de José Silvério, narrador esportivo, atualmente sem rádio desde que deixou a Rádio Bandeirantes em abril do ano passado.

Em entrevistas que o locutor concedeu nos meses seguintes, Silvério deixou claro que depois de sua saída da Bandeirantes, ele mesmo considerava que sua carreira de aproximadamente 57 anos havia acabado (veja aqui, aqui e aqui).

O blog Radioamantes revelou que a última partida narrada por Silvério na Bandeirantes não teve nada de especial. No dia 15 de março, ele foi escalado para narrar Corinthians x Ituano,  na Arena Corinthians, válida pela 10ª rodada da fase de classificação do campeonato paulista de futebol. Placar final: 1 a 1. Os visitantes abriram o placar com um gol de Breno Lopes. O Corinthians empatou com Luan. Este gol foi o último narrado por ele antes da aposentadoria forçada (leia mais aqui).

Como registrado na ocasião por este blog, “caso Silvério não volte mais a narrar, a última transmissão que ele comandou na Rádio Bandeirantes não foi à altura de sua gloriosa carreira, de quase 57 anos”. 

A grande final da Libertadores seria a grande chance de José Silvério poder encerrar sua carreira da forma que merece. Talvez o grande problema é que por questões de patrocínio, recursos ou mesmo por vaidade, talvez essa homenagem (vamos colocar dessa forma) não pudesse ser feita no rádio da Grande São Paulo.

Sendo assim, por que não uma rádio de fora  dar esse espaço? Por que não a Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte? Foi nela que Silvério iniciou trajetória como narrador esportivo. Ou então, por que não a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro? Ele teve uma passagem profissional na Cidade Maravilhosa. Não chegou a irradiar jogos na Nacional, mas é uma emissora do local onde vai acontecer a final da Libertadores.

Outras rádios de grande porte fora dos grandes centros poderiam também dar as condições técnicas necessárias para que José Silvério tenha realmente a condição de se despedir do rádio da forma que merece.

Sonhar ainda não paga imposto (Paulo Guedes, ministro da Economia, que não me leia).

 

 

“Questão política” impediu José Silvério de ficar na Rádio Bandeirantes em 1985

Por Rodney Brocanelli

Uma “questão política” foi a responsável por José Silvério ter ficado pouco tempo na Rádio Bandeirantes no ano de 1985. O narrador esportivo falou brevemente sobre essa passagem meteórica pela emissora do Morumbi durante uma live organizada por Edemar Annuseck e transmitida via YouTube e Facebook. O assunto foi levantado por intermédio de uma pergunta formulada por um internauta de Novo Horizonte (?!).

“É um assunto político muito difícil de entender. A Bandeirantes tinha um locutor muito importante que não aceitou minha ida e trabalhou muito nos bastidores contra mim”, disse. Embora não haja uma citação direta, José Silvério está falando de Fiori Gigliotti.

A primeira passagem de Silvério pela Bandeirantes durou de agosto a dezembro. Na época, ele tinha 40 anos. “A ida (…) para a Bandeirantes é a primeira transferência de impacto desde a saída de Osmar Santos da Pan para a Globo, em 77”, registrou assim o Estado de São Paulo, em reportagem de 21 de julho de 1985.

Sem ambiente na Bandeirantes, José Silvério decidiu voltar sua antiga emissora. “A Jovem Pan me convidou(…) e eu preferi voltar para a Jovem Pan, onde eu tinha mais tranquilidade para trabalhar do que na Bandeirantes, que revelou-se, na época, um verdadeiro inferno para mim”, afirmou.

Edemar Annuseck disse em seguida que a emissora não tinha preocupações com as pesquisas de audiência realizadas pelo Ibope. “Se a Bandeirantes e a Globo não aparecessem bem, as coisas já ficavam complicadas”, disse.

Sobre a questão do Ibope na ocasião, Silvério disse que a Bandeirantes na época estava em terceiro e depois que ele chegou, passou a liderar o ranking. “Aí o outro locutor que estava na Bandeirantes, virou-se contra mim (…) e aí foi a confusão toda. Teve uma brigazinha no meio, mas deixa pra lá, já tem tantos anos”, falou.

O comentarista esportivo José Hidalgo Neto, o Capitão Hidalgo, que também participou da live, fez uma intervenção importante sobre esse assunto. Ele disse que durante o sorteio da Copa do Mundo que seria disputada no México, em 1986, ele encontrou Flavio Adauto, enviado da Bandeirantes para esse evento. Ambos ficaram no mesmo quarto. Em um determinado dia, Hidalgo chegou bem no momento em que Adauto participava de uma conversa tensa com sua base.

Pouco depois, em um almoço do qual participou o também comentarista Luis Mendes, Adauto contou alguns detalhes. Silvério devolveu à Bandeirantes as chaves de um automóvel que teria ganho como bônus pela transferência. Além disso, foi revelado um desacerto referente a escala dos jogos. Silvério e Fiori teriam direito a narrar dois jogos cada. No entanto, esse número foi mudado em favor de Fiori, que passaria a narrar três partidas, enquanto que Silvério ficaria com uma.

Em sua volta à Jovem Pan, Silvério fez um contrato melhor e garantiu a presença da emissora na Copa do Mundo que seria disputada no México, em 1986. “Eu praticamente resolvi minha vida, por isso que hoje, desempregado, não tenho mais problema (sic)”, afirmou.

O livro Fiori Gigliotti – O Locutor da Torcida Brasileira, escrito pelo jornalistas Paulo Rogério e Mauro Beting, traz duas versões. Em uma delas, Fiori teria dado um ultimato à direção da Rádio Bandeirantes ao tomar conhecimento de que a dupla iria dividir a transmissão dos jogos do Brasil na Copa. Na outra, Silvério teria desistido da ideia dessa divisão.

A obra ainda conta sobre um encontro entre os dois narradores em que esse assunto foi abordado uma única vez, pouco depois da saída de Fiori Gigliotti da Bandeirantes. Silvério deu uma carona a Fiori após a participação da dupla em uma palestra para estudantes universitários. Conforme o livro, o diálogo teria sido um pedido de desculpas do veterano profissional.

Fiori: “Pois é, Silvério…Eu te tratei tão mal e agora acontece isso”.

Silvério: “Por isso, Fiori, que eu trabalho onde sou feliz e tenho a consciência de que a empresa não é minha”.

35 anos depois, esse tema ainda parece ser um tabu para o próprio José Silvério.

Mas a live não ficou apenas nisso. Outros assuntos relacionados ao futebol brasileiro foram abordados. Além de Silvérios e dos já citados Edemar Annuseck e José Hidalgo Neto participaram também Henrique Giglio, Sidnei Campos e Eduardo Vieira. Para assistir a tudo, clique aqui.

Veja abaixo o trecho em que Silvério fala de sua meteórica passagem pela Bandeirantes em 1985.

 

Memória: ouça grandes lances de Maradona em narrações do rádio esportivo brasileiro

Por Rodney Brocanelli

O mundo perdeu hoje uma de suas maiores referências: Diego Maradona. Ele teve uma parada cardiorrespiratória em sua residência. Apesar do socorro de seis ambulâncias, não foi possível reanimá-lo. O mundo do futebol está de luto e a Argentina em estado de choque. Ele tinha 60 anos. Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e enterro. 

Vamos relembrar aqui alguns momentos de Maradona no mundo do futebol registrados pelo rádio brasileiro.

Não poderíamos começar com outro registro que não fosse o gol de mão que ele marcou na partida entre Argentina x Inglaterra, válida pela fase de quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986. Um gol marcado com “la mano de Dios”. Narração de Éder Luiz e reportagens de Roberto Silva, pela Rádio Bandeirantes.

O segundo gol de Maradona naquela partida foi uma pintura. Ouça a descrição de Samuel de Souza Santos, pela Rádio Guaíba.

Haroldo de Souza transmitiu este histórico jogo pela Rádio Gaúcha.

O último gol de Maradona em Copas aconteceu no mundial dos EUA, em 1994. Um belo chute de média distância com o pé esquerdo. Entretanto, pouco depois, ele foi excluido da competição, por ser pego no exame antidoping. Ouça a narração de Alberto Cesar e reportagens de Marcelo di Lallo, pela Rádio Gazeta.

Ouça esse mesmo lance com a narração de Jota Santiago, da Super Rádio Tupi.

Outro lance histórico de Maradona não foi exatamente um gol, mas sim um passe que ele deu para Caniggia fazer o gol da vitória da Argentina sobre o Brasil. Diego veio com a bola dominada no meio campo, conseguiu se livrar da marcação de Dunga e, mesmo cercado por pelo menos dois outros jogadores brasileiros, passou a bola para que seu companheiro saísse livre, de frente para o gol.

Só mesmo um lance genial de Maradona para fazer Fiori Gigiotti falar um palavrão no ar. Ouça abaixo e saiba mais clicando aqui.

Ouça o mesmo lance com a narração de José Silvério, então pela Rádio Jovem Pan.

E ainda, a narração de Marco Antonio Pereira, pela Rádio Guaíba.

 

 

José Silvério diz que um dos motivos para sair da Bandeirantes foi não aceitar narrar jogos do estúdio

Por Rodney Brocanelli

Em entrevista concedida ao perfil da Uninarra (União dos Narradores), o locutor esportivo José Silvério falou sobre um dos motivos pelos quais ele deixou a Rádio Bandeirantes, em abril deste ano: não aceitar narrar partidas de futebol nos estúdios da emissora e não das cabines dos estádios de futebol. “Um dos meus motivos para ter aceito tranquilamente fazer acordo com a Bandeirantes, pegar a malinha e ir embora é esse. Eu fui relutante durante muitos anos em narrar pela tv”, afirmou.

Durante a conversa,  Silvério disse que ao longo de sua carreira teve discussões incríveis para fazer valer seu ponto de vista e, em algumas ocasiões, com sucesso. “Consegui convencer o Seu Tuta de que não dava pra mim, que eu atropelava tudo. Na Jovem Pan, eu narrei muito pouco (olhando para a televisão) “, falou.

Entretanto, na Bandeirantes, o locutor passou a ter problemas. “Tive que engolir a escalação de narrar jogos de estúdio por causa da situação financeira. Aí você tem que se curvar diante daquilo que seu patrão não pode e daquilo que seu patrão não pode (sic). Mas eu tenho certeza absoluta que o locutor de rádio foi feito para estar presente no estádio”, disse.

Silvério acha que essa postura começou a lhe causar dificuldades na emissora: “uma discussão que eu tive na Bandeirantes e que me atrapalhou muito, e que eu achei que começou a ter problema para mim na Bandeirantes foi sobre isso. De querer fazer só ao vivo e do meu jeito. As pessoas não estavam concordando porque as rádios não passam por bons momentos econômicos”, afirmou.

Outro aspecto que não o agrada nas transmissões no estúdio é o fato do ouvinte ser enganado: “Então essa desculpa de que fazer jogo pela tv é melhor, isso é desculpa. Não é melhor. É muito pior. Não é uma transmissão verdadeira. Você mente muito”. Silvério complementou dizendo que não gosta de mentiras. “Sou favorável à sinceridade”, afirmou.

Esse tipo de situação, segundo ele, atrapalha o rádio, pois os grandes anunciantes acabam fugindo do veículo. No lugar deles, entram outros, de menor porte que não podem pagar o que os de maior porte pagavam. “Isso significa que o rádio não está faturando nada”, disse.

Para justificar sua posição, Silvério fez um paralelo: “se tem a televisão, ela tá fazendo o jogo, então qual é o motivo que tem para você  ouvir o rádio? Não tem motivo nenhum. Então você mesmo do rádio está dando motivo para que a rádio não tenha mais audiência. Você está dando audiência de graça para a televisão. A televisão já massacra o rádio e você ainda dá chance? Você pelo menos no campo, você tem condição, você cria algumas coisas um pouco diferentes da televisão porque você tá…não é que você vai concorrer com a televisão, porque isso é impossível(…) Se  a televisão está fazendo um jogo, mesmo que ele é  importante, ache um jogo menos importante que você vai ter mais audiência”, falou.

Participaram dessa entrevista os narradores Marcelo do Ó, Carlos Fernando e Napoleão de Almeida. Com pouco mais de uma hora de duração, José Silvério abordou outros fatos de sua carreira (o trecho que destacamos acima começa aqui). Veja abaixo.

Memória: o dia em que José Silvério pediu perdão a Salomão Ésper

Por Rodney Brocanelli

Em 2013,  José Silvério comemorava 50 anos de carreira. Para marcar este acontecimento, a Rádio Bandeirantes, emissora onde ele trabalhava, programou uma entrevista no tradicional Jornal Gente. Durante o papo, Silvério falou sobre vários aspectos de seu trabalho como narrador esportivo. No entanto, uma atitude dele surpreendeu a todos que participavam da conversa quando se dirigiu à Salomão Ésper, que estava entre os entrevistadores: “Aliás, eu queria aproveitar, Salomão, de público fazer uma confissão e te pedir um perdão. “Em 50 anos de carreira, eu só fiz uma besteira na minha vida. E, infelizmente, foi com você”, disse.

Silvério estava se referindo a sua passagem relâmpago pela Rádio Bandeirantes em 1985, que não durou nem seis meses. Na ocasião, o locutor estava na Rádio Jovem Pan e recebeu uma proposta para sair. Entretanto, as coisas não correram bem e logo ele estava de volta ao seu antigo empregador. Salomão Ésper na época era diretor da Bandeirantes

“O que me fez dizer pro Zé Silvério: ‘acho que você não gostava de mim’ porque eu fiz tudo procê ficar e você voltou as coisas, mas eu entendo”, disse Salomão. “O Zé Silvério teve um desabafo comigo: ‘eu não posso ficar em casa no domingo sem transmitir’. E nós da direção queríamos..não queríamos injustiçar a pessoa que antecedia no tempo o Zé Silvério, na sua fase de fastígio. Nós tínhamos combinado uma transmissão de cargo praticamente. Eu entendo. Só achei que o Zé Silvério não acreditou na nossa proposta: ‘tão querendo eliminar a competição do adversário trazendo o Zé Silvério pra cá para deixá-lo no banco de reservas’. E absolutamente não era isso. Tínhamos uma visão de futuro”, completou o veterano radialista.

“Eu tenho horror à ingratidão e nós não queríamos cometer isso com o nosso titular, também um nome brilhante da transmissão esportiva”, afirmou Salomão não se referindo explicitamente ao nome de Fiori Gigliotti, que em 1985 era o narrador titular da Rádio Bandeirantes.

Silvério respondeu: “tem algumas coisinhas que aconteceram, mas eu não posso dizer nada. A culpa foi minha. Por isso que estou aproveitando o momento porque são 50 anos e você pode passar em qualquer lugar por onde passei e por onde estive não tem uma virgulazinha de comportamento meu”.

Não deu certo daquela vez, mas no ano 2000, surgiu um novo convite da Bandeirantes à José Silvério (veja aqui). Desta vez o casamento foi mais duradouro, sendo interrompido, por decisão da emissora, apenas em 2020.

Ouça abaixo o trecho do perdão pedido por José Silvério à Salomão Ésper.

José Silvério e Salomão Esper

Rádio Bandeirantes transmite a final da Copa de 2002 neste domingo

Nesse domingo (7), a Rádio Bandeirantes transmite uma das grandes conquistas do futebol, a final da Copa do Mundo Japão/Coréia 2002. A Jornada Esportiva terá a participação de alguns protagonistas desse título: Roberto Carlos, Rivaldo e Denílson irão contar a emoção de levantar a taça do pentacampeonato mundial.

A transmissão de Brasil e Alemanha começa às 15h com narração de Ulisses Costa, comentários de Bernardo Ramos e reportagens de João Paulo Cappellanes.

Vale destacar que a Rádio Bandeirantes transmitiu toda aquela Copa do Mundo e os jogos do Brasil tiveram a narração de José Silvério. Relembre abaixo a narração dele para os dois gols de Ronaldo, que garantiram o título ao Brasil (Rodney Brocanelli).

O último gol narrado por José Silvério antes da aposentadoria forçada

Por Rodney Brocanelli

Em declarações públicas que deu após o anúncio da rescisão de seu contrato com a Rádio Bandeirantes, o narrador José Silvério tem deixado claro que ele não volta mais a narrar. Ao Na Geral, da Kiss, disse: “Eu acho que encerrou minha carreira, acabou” (veja aqui). Por sua vez, em entrevista concedida ao Domingão Show de Bola, da Rádio Mundial , de Pirassununga (SP), Silvério demonstrou mais certeza: “decisão está tomada e deve prevalecer” (veja aqui).

Caso Silvério não volte mais a narrar, a última transmissão que ele comandou na Rádio Bandeirantes não foi à altura de sua gloriosa carreira, de quase 57 anos. Como bem lembra o camarada e jornalista Gabriel Araújo, sua despedida das narrações aconteceu no último dia 15 de março, na partida Corinthians x Ituano.

Válido pela 10ª rodada do campeonato paulista, esse jogo foi um dos últimos a serem disputados antes da paralisação das atividades futebolísticas devido à pandemia do Covid-19, mais conhecido como Coronavírus. Além disso, a partida foi disputada sem a presença de público e de grande parte da imprensa. Apenas os detentores de direitos tiveram acesso à Arena Corinthians, palco da partida (saiba mais aqui).

Não só a Bandeirantes, mas todas as rádios que fazem futebol nas rádios da Grande São Paulo tiveram de transmitir Corinthians x Ituano (e outros jogos daquela rodada) diretamente dos estúdios.

Era tudo o que José Silvério não precisava para se despedir do rádio esportivo.

A partida entre Corinthians x Ituano terminou empatada pelo placar de 1 a 1. Os visitantes abriram o placar com um gol de Breno Lopes. O Corinthians empatou com Luan. Tudo isso aconteceu ainda na primeira etapa de jogo. Caso não ocorra mudança de planos, o gol do atleta corintiano foi o último narrado por José Silvério antes da aposentadoria forçada

Ouça abaixo.

José Silvério Bandeirantes

Sobre afastamento do rádio, José Silvério diz que “decisão está tomada e deve prevalecer”

Por Rodney Brocanelli

Mesmo não atuando mais profissionalmente no veículo, José Silvério segue concedendo entrevistas à programas de rádio. No domingo passado (03) ele falou por aproximadamente 50 minutos ao programa Domingão Show de Bola, da Rádio Mundial , de Pirassununga (SP), apresentado por Alessandro Marangoni e Márcio Chiamente. Durante o papo,  Silvério voltou a declarar que colocou um ponto final sem sua carreira de narrador esportivo, após aproximadamente 57 anos de trajetória. “É uma decisão que teve de ser tomada um pouco forçada devido às circunstâncias. Eu achei que já era hora de pensar nesse assunto em comum acordo e por enquanto é o que está prevalecendo”, afirmou.

Silvério afirmou que ninguém da atual diretoria da Bandeirantes o procurou para tratar de sua saída. “Só mandaram o chefe do RH, que veio falar do acordo”, disse.  O narrador informou que companheiros de verdade mandaram mensagens a ele após o anúncio de sua saída. “Outros nem tiveram a dignidade de  ligar para perguntar se eu queria um copo d’água”, falou.

Sobre essa questão dos últimos dias  de relacionamento com a Bandeirantes, ele disse que “nessa minha saída tem algumas coisas no meio que são absolutamente desagradáveis, mas é um problema meu, não vou sair chorando, falando nada pra ninguém. A mesma empresa que me contratou, tem o direito de me dispensar”.

Ainda segundo Silvério, a cláusula do contrato recente assinado entre ele e a empresa foi cumprido. Se ele tomasse a decisão de sair, teria de pagar um valor correspondente a seis meses de contrato. Caso a Bandeirantes tomasse a atitude, ela faria o pagamento correspondente a este período. É o que está valendo.

Todo esse tempo após o acerto serviu para que ele pensasse em sua carreira. “Vou fazer 75 anos, já, já. Tenho três filhos que não dependem de mim”, disse. Após conversas com sua atual esposa, o locutor decidiu que era a hora de parar. “Eu tenho minha vida mais ou menos encaminhada, se bem que num país como nosso, nunca pode dizer que a vida está encaminhada porque você aqui está sujeito a tomar uma trombada ali na esquina e acontecer coisas desagradáveis”.

Talvez pensando nessa possibilidade, em outro trecho da entrevista, Silvério tenha dito que a vida tem suas curvas e que ele até possa voltar. “Mas em princípio a decisão está tomada e deve prevalecer”, afirmou.

O narrador ainda respondeu perguntas sobre outros aspectos de sua longeva carreira, como o fato de narrar sangrando a final da Copa de 1978, na Argentina e do dia em que teve de transmitir um jogo no nível do campo. Foi em 1979, no Beira Rio, em Porto Alegre, na final do campeonato brasileiro que reuniu Internacional e Vasco. Em meio à transmissão, ele acabou “entrevistando” um cachorro, um Pastor Alemão da Brigada Militar.

Claro que não poderiam faltar perguntas sobre gols que narrou. Foi lembrado o de Alex, para o Palmeiras, em uma partida contra o São Paulo válida pelo Torneio Rio São Paulo do ano 2000. “Foi uma loucura”, disse Silvério que na ocasião descrevia um lance como golaço mesmo antes de seu fim. O meia do Palmeiras deu duas chapeladas dentro da área antes de finalizar. Afirmou ainda que arriscava muito, ousava muito em suas irradiações.

Silvério ainda respondeu a questionamentos de colegas com quem dividiu o microfone. Freddy Junior, ex-Pan, que atua como repórter nas transmissões como repórter na Mundial, colocou na mesa o tema das transmissões off-tube, aquelas em que o narrador está no estúdio e não no estádio. “Hoje está todo mundo falando que o rádio acabou. Uma das razões é que o cara vai no estádio leva o radinho e vê que você não está”, disse. Além disso, ele chamou a atenção para o fato de que, como por questões técnicas, o áudio da narração chega até depois do lance, devido ao narrador acompanhar os lances na tela da televisão.

Por sua vez, Alexandre Praetzel, que também vem atuando na mesma emissora, preferiu questionar sobre a atual qualidade dos repórteres esportivos que, segundo ele, não fazem boas descrições dos lances e não encaixam boas perguntas. José Silvério fez um elogio aos bons repórteres com quem trabalhou (Wanderley Nogueira, Leandro Quessada e o próprio Praetezel) e criticou alguns profissionais que gritam ao microfone. Em seguida, disse: “os clubes dificultam muito o seu trabalho, os jogadores dificultam as suas entrevistas. Se você não for puxa-saco, você não consegue entrevista mais. Você hoje não pode ter independência, que os profissionais do meu tempo tinham. Se você fizer perguntas corretas e se você falar algumas coisas que tem vontade de falar, nunca mais os personagens vão dar entrevista para você”.

Veja mais no player abaixo.

Silvério

José Silvério fala ao Na Geral: “eu acho que encerrou minha carreira, acabou”

Por Rodney Brocanelli

José Silvério concedeu uma entrevista ao programa Na Geral, da Kiss FM, nesta sexta (01). Foi sua primeira manifestação em rádio desde que a imprensa anunciou sua saída de Rádio Bandeirantes. Por aproximadamente 40 minutos, ele bateu papo com Lélio Teixeira, José Paulo da Glória e Beto Hora, além do produtor Frank Fortes.

Silvério participou do Na Geral por telefone, diretamente de Varginha (MG), onde mora o filho de sua atual esposa, Rose. No início, o narrador aproveitou para dizer que a saída do programa da grade da Bandeirantes deixou uma lacuna e que foi uma decisão que ele não conseguiu entender.

O narrador não avançou muito no que diz respeito a detalhes sobre os bastidores de sua rescisão de contrato da Bandeirantes. Afirmou que a única pessoa com quem falou de lá foi o responsável pelo RH. “Eu acertei com eles e está tudo em paz”, disse. Além disso, ele afirmou que não há qualquer tipo de revolta pela decisão que a emissora tomou.

Sobre seu futuro, Silvério disse que não pode ser tão definitivo, mas declarou que a sua parte no rádio está feita: “Eu acho que encerrou minha carreira, acabou”.  Dinheiro pelo que diz também não chega a ser um problema: “Eu não preciso de nenhum favor financeiro para tocar a vida”. O narrador está com 75 anos de idade.

Ouça a participação de Silvério ao Na Geral no player abaixo.

 

Silvério

 

Repetindo Fiori Gigliotti, Rádio Bandeirantes dispensa José Silvério

Por Rodney Brocanelli

José Silvério teve seu contrato de trabalho rescindido com a Rádio Bandeirantes. A informação surgiu no começo da tarde deste domingo (26) por intermédio da coluna de Flavio Ricco, no UOL. A notícia traz detalhes importantes, como o valor da indenização, certa de R$ 350 mil. O narrador confirmou sua saída ao colunista, e disse também que não tem nada definido para o futuro (clique aqui para ver).

Desde 2016, o casamento de José Silvério com a Rádio Bandeirantes vinha sendo alvo de atenção por parte dos veículos especializados. O mesmo Flavio Ricco publicou na ocasião uma nota dando conta que o narrador teria procurado a direção da emissora, manifestando a intenção de se aposentar no final daquele ano. No entanto, em entrevista ao mesmo UOL, Silvério não confirmou essa informação.  Conversando com o apresentador José Luiz Datena na ocasião, ele disse que ainda não havia sido chamado pela alta direção para encaminhar a renovação de contrato, com validade até 2022.

O acerto se deu ainda no final de 2016. No ano seguinte, o narrador foi homenageado com seu nome batizando a equipe de esportes da emissora. Silvério passou a narrar menos jogos e em 2018 participou ativamente da cobertura da Copa da Rússia. Na grande final da competição, ele atingiu uma marca histórica: 11 finais narradas diretamente dos estádios.

Como eu escrevi nas redes sociais, é claro que José Silvério não era o mesmo Silvério que comecei a ouvir, lá pelo início da década de 1980, por influência do meu pai. Ainda assim, ele narra melhor do que muitos que estão aí militando no rádio esportivo brasileiro.

Uma pena que esse final de ciclo na Bandeirantes tenha de ser assim. Aliás, não é a primeira vez que o grupo trata mal quem deu tanto de si para a empresa e até ajudou a emissora a recuperar seu prestigio e protagonismo nas transmissões esportivas. Lembrem-se do que aconteceu com Fiori Gigliotti.

Silvério

Ouça José Silvério sem Tieline e com Tieline

Por Rodney Brocanelli

Ontem o Radioamantes publicou um post sobre o Tieline, um decodificador (ou codec) que converte o som telefônico em som de estúdio. Esse aparelho melhora muito a qualidade das transmissões externas e vem sendo usado por diversos profissionais de rádio que estão apresentando ou participando de programas (leia mais aqui).

No entanto, faltaram exemplos sonoros para demonstrar a diferença da qualidade de som. Para isso, vamos pegar duas narrações de José Silvério em dois momentos diferentes da história.

Em 1978, pela Rádio Jovem Pan, Silvério transmitiu as emoções da Copa da Argentina. Destacamos aqui o gol da vitória da seleção brasileira sobre a seleção italiana, marcado por Dirceu, na disputa pelo terceiro lugar. Reparem que o som tem a qualidade de uma ligação telefônica.

Agora, vamos destacar um registro da Copa da Rússia, em 2018, 40 anos depois. A partida em questão é Brasil x México, com vitória brasileira (e sofrida) pelo placar de 2 a 0. O narrador já estava na Rádio Bandeirantes. Com o avanço tecnológico e o uso do Tieline, notem como a qualidade de som tem um ganho substancial. O áudio é em estéreo e o ouvinte tem a sensação que José Silvério está no estúdio (o que não era o caso).

Silvério Pan e Bandeirantes

Memória: em 1979, Telê Santana diz à Jovem Pan que treinar seleção brasileira não era seu objetivo final

Por Rodney Brocanelli

1979. Telê Santana era o nome da vez no futebol brasileiro. Graças ao trabalho desenvolvido no Palmeiras, ele começou a ser bastante elogiado pela imprensa especializada da época e passou a ser um nome cotadíssimo para assumir a seleção brasileiro. Porém, em dezembro daquele ano, em meio as fases decisivas do campeonato brasileiro, Telê concedeu uma longa entrevista ao Jornal dos Esportes, da Rádio Jovem Pan, dizendo que esse não era seu objetivo final. “Muitos vão para a seleção mais por vaidade, sabendo que vão encontrar uma dificuldade muito grande para começar um trabalho. A vaidade as vezes é maior que o próprio interesse de cada um. Talvez nem seja pelo que vão ganhar, mas sim pela vaidade de dizer que foi técnico da seleção brasileira. Honestamente, eu não tenho essa vontade e nem essa vaidade”.

Ainda nessa mesma entrevista, José Silvério, então narrador principal da Jovem Pan questionou a Telê se ele aceitaria um convite da então CBD. “É quase certo uma recusa. Eu acho que não se tem um bom clima para trabalhar na seleção”. Telê prosseguiu: “Isso envelhece demais, desgasta, acaba, não só com o profissional como também com toda sua família”.

Outro motivo alegado por Telê nessa mesma entrevista é o fato de que muitos jogadores ditos”de cartaz” não aceitariam seus métodos de trabalho. Em seguida, Silvério perguntou se o treinador não gostava de trabalhar com estrelas. “Infelizmente, nossas estrelas não gostam de trabalhar e quando sentem que o técnico é um pouco mais duro reclamam para o dirigente e o que quase sempre acontece é o técnico espirrar, sair de seu caminho porque entre um técnico e um jogador, eles (os dirigentes) dão preferência ao jogador”, respondeu.

Apesar de todas essas justificativas dadas nessa entrevista à Jovem Pan, Telê Santana aceitou o convite para dirigir a seleção brasileira. Aparentemente, a maioria dos nomes “de cartaz”  do futebol na época aceitaram seus métodos de trabalho. Esteve em duas Copas do Mundo: 1982 e 1986. Na primeira, montou um time que, apesar das falhas, encantou o planeta. Sofreu as pressões inerentes ao cargo e saiu dele com a fama de fracassado. Teve sua redenção como treinador de clube no começo da década de 1990, quando passou a dirigir o São Paulo. Ouça abaixo esse registro histórico.

Telê Santana & José Silvério

 

Memória: José Silvério narrando gols do Brasil em Wembley

Por Rodney Brocanelli

Ao longo de sua carreira como narrador esportivo, José Silvério esteve algumas vezes no mitológico estádio de Wembley para transmitir partidas entre as seleções de Brasil e Inglaterra. Vamos destacar aqui duas delas. A primeira é de um amistoso de 1987, com empate pelo placar final em 1 a 1. Lineker abriu o placar para o English Team e Mirandinha (ex-Palmeiras) logo empatou. A outra é a final da Copa Umbro, torneio amistoso que envolveu também as seleções da Suécia e Japão. Os brasileiros conquistaram a taça, ao bater os ingleses pelo placar de 3 a 1, de virada. Le Saux marcou para a seleção da casa, enquanto que Juninho Paulista, Ronaldo e Edmundo fizeram os gols da vitória brasileira. Silvério esteve presente nesses  jogos empunhando o microfone da Rádio Jovem Pan. Outra coisa em comum é que, pelo menos, dois jogadores brasileiros acabaram se transferindo para clubes ingleses pouco depois. Em 1987, Mirandinha se transferiu para o Newcastle. Por outro lado, quase oito anos depois, Juninho Paulista acertaria com o Middlesbrough. Ouça abaixo, os gols de Mirandinha, Ronaldo e Edmundo na voz de Silvério.

Silvério

Cabeças de rede poderiam ceder seus astros da narração para afiliadas

Por Rodney Brocanelli

No último sábado, José Carlos Araújo narrou Ceará x Fortaleza, clássico do Ceara, pela Rádio Clube, de Fortaleza, emissora dos Diários Associados (conglomerado a qual pertence a Super Rádio Tupi). Esse evento fez parte do aniversário de 85 anos da emissora cearense. Ocorreram algumas falhas técnicas, especialmente de áudio, que não chegaram a comprometer a iniciativa como um todo (saiba mais aqui).

A partir dessa iniciativa, cabe a pergunta: por que outras emissoras, cabeças de rede, não fazem o mesmo de ceder seus astros da narração para suas principais afiliadas? Já pensaram no José Silvério narrando Vila Nova x Atlético-GO, clássico goiano da série B (vai acontecer em 11/10) pela Rádio Bandeirantes, de Goiânia? Ou então, que tal o Nilson Cesar narrando o Fortaleza x Ceará do returno (no mesmo 11/10) pela Jovem Pan News, de Fortaleza?

Sabe-se que a rede da Gaúcha é mais restrita ao Rio Grande do Sul, mas por que não a Rádio Globo, de São Paulo, por uma afinidade entre os grupos RBS e Globo, importar o Pedro Ernesto para fazer um clássico paulistano? Seria enorme o burburinho. Oscar Ulisses e Luiz Penido, por sua vez, poderiam fazer um América x ABC pela Globo Natal. Situações como essas, colocadas em prática, atrairiam grande atenção não apenas do público, mas da mídia (não só a especializada) também. Para pensar.

Nilson Silvério Pedro Oscar

José Silvério confunde texto e pede para ouvintes lerem a Bíblia

Por Rodney Brocanelli, com a colaboração de Edu Cesar

Um ato falho cometido por José Silvério durante a transmissão de Palmeiras x Godoy Cruz, na Rádio Bandeirantes, deverá agradar a uma grande parcela de religiosos. Ao ler um texto comercial de uma marca de remédios, em vez dele arrematar com a frase “leia a bula”, ele trocou para “leia a Bíblia”. A partida foi válida pela Copa Libertadores, com vitória palmeirense pelo placar de 4 a 0. Aliás, o equívoco aconteceu antes do segundo gol do Verdão. Ouça abaixo.

Silvério