Senado retira artigos de lei que permitiria a cobrança de direitos de transmissão das rádios

Por Rodney Brocanelli

Na semana que passou, o rádio esportivo obteve uma importante vitória na luta para evitar a cobrança de direitos de transmissão para eventos esportivos. Conforme informações do jornalista Demétrio Vecchioli em seu perfil no Twitter, o Senado “enterrou” essa e uma outra proposta que dizia como cada organizador de evento esportivo deveria agir para o credenciamento de profissionais de imprensa.

Em julho de 2023, a partir de um alerta do jornalista Gabriel Carriconde, o Radioamantes (veja abaixo) informou que a Câmara dos Deputados havia introduzido artigos na Lei Geral do Esporte que fariam o rádio pagar pela transmissão do futebol (e até outros eventos) no substitutivo apresentado pelo então relator do projeto, o deputado Felipe Carreras (PSB-CE).

Após essas e outras modificações projeto foi encaminhado novamente ao Senado para ser analisado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Como relatora, a senadora Leila (PDT-DF) fez novas alterações no texto, que deverá ser apreciado pelo plenário da casa. Para entender todo esse processo da lei em si desde o começo, é recomendável a leitura do texto publicado no blog Olhar Olímpico, mantido por Vecchioli (clique aqui).

A retirada dos artigos indesejáveis para o rádio esportivo introduzidos pela Câmara não deve significar um alívio imediato. Como haverá uma nova rediscussão entre os senadores, é bom manter a vigilância.

Pelé, o craque da era de ouro do rádio esportivo

Por Rodney Brocanelli

Morreu nesta quinta (29), Pelé. O atleta do século, o jogador que fez mais de mil gols em sua carreira, tricampeão mundial com a seleção brasileira de futebol, multicampeão com o Santos e o homem que foi chamado pelos americanos para ajudar a popularizar o futebol nos Estados Unidos. Ele estava internado no Hospital Albert Eintein, em São Paulo, desde o dia 29 de novembro, para tratamento de um câncer. Sua morte se deu às 15h37, devido à falência múltipla de orgãos, conforme comunicado assinado pelos médicos que cuidavam dele. Tinha 82 anos

Pelé explodiu para o futebol no final da década de 1950, uma época em que a televisão estava se estabelecendo no Brasil. Com isso, o rádio foi o principal veículo que propagou seus grandes feitos em quase 17 anos de carreira. As eras de ouro do rádio esportivo e de Pelé se misturaram.

A Copa de 1958, disputada na Suécia foi a oportunidade para que o mundo conhecesse Pelé e o que ele tinha a oferecer ao mundo de futebol. A competição foi acompanhada in loco e em tempo real pelo rádio. A seguir, destacamos seu primeiro gol na final contra os donos da casa, com a narração de Edson Leite, pela Rádio Bandeirantes.

Infelizmente não existe um registro do famoso gol de placa, que Pelé marcou contra o Fluminense, em pleno Maracanã no ano de 1961. Mas o som do rádio sobreviveu ao longo dos anos. Ouça a narração de Pedro Luiz, pela Rádio Bandeirantes. (Aliás, a ideia partiu do jornalista Joelmir Beting, admirado com a beleza do lance).

Em 1964, Pelé viveu um dia diferente no Santos. Ele marcou três gols na partida contra o Grêmio. Hoje, escreveriam e diriam que ele fez um “hat trick”. Depois, teve que ir para o gol em substituição a Gilmar, que havia sido expulso pelo árbitro. Ouça o registro da Flávio Araújo, pela Rádio Bandeirantes.

Outra emissora que acompanhou de perto a carreira de Pelé foi a extinta Super Rádio Tupi, de São Paulo. Ouça abaixo um dos gols da vitória contra o Palmeiras, pelo campeonato paulista de 1968 narrado por Haroldo Fernandes. A partida terminou 3 a 1 para a equipe santista.

A Super Rádio Tupi foi responsável por outra homenagem a Pelé. Logo após o gol 1000, a emissora decidiu entregar uma lembrança ao Rei do Futebol pelo gol 1040. Não foi por acaso. A emissora operava nos 1040Khz, em São Paulo. Lucas Neto um dos integrantes daquela equipe esportiva contou na Rádio Trianon os detalhes de como se deu todo o cerimonial, em uma partida na cidade de Erechim (RS). Seu colega Victor Moran foi o responsável por dar uma camisa especial a Pelé.

Outra tradição da Super Rádio Tupi era a entrega do Motoradio ao melhor em campo. Pelé ganhou vários deles e até por isso passou alguns de seus prêmios a colegas de Santos, como por exemplo Clodoaldo. Lucas Neto, também pela Rádio Trianon, é quem conta.

Os gols que Pelé não marcou foram, talvez, tão espetaculares quanto os que ele fez. Até hoje se fala na defesa do inglês Gordon Banks após uma cabeçada à queima roupa. Ouça a narração de Pedro Luiz, do pool de rádios paulistas que transmitiu a Copa de 1970.

Ouça abaixo o gol de Pelé na partida em homenagem a Garrincha, em 1973, com a narração de Armindo Antônio Ranzolin, na Rádio Guaíba, de Porto Alegre.

Mesmo que já encaminhando o encerramento de sua carreira na primeira metade da década de 1970, Pelé marcava seus gols importantes. Ouça abaixo um gol de Pelé em uma partida contra o Palmeiras, em 1974. Narração de Oswaldo Maciel, pela Rádio Gazeta.

Pelé fez a sua despedida do futebol brasileiro naquele mesmo ano de 1974, em uma partida do Santos, contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro. Ouça o registro da Rádio Bandeirantes, com Flávio Araújo e Fiori Gigliotti.

Pouco depois, já nos vestiários, ele responde brevemente a uma pergunta de um jovem Fausto Silva, então pela Rádio Jovem Pan. Registro da TV Gazeta.

O gol 1000 de Pelé já mereceu um post à parte do Radioamantes, com os principais registros de rádio para este grande momento da carreira do Atleta do Século.

Outras histórias de bastidores do gol 1040 podem ser vistas no post abaixo.

Mais uma contribuição para o debate sobre os direitos de transmissão para o radio esportivo

Por Rodney Brocanelli

O jornalista Carlos Guimarães, comentarista e coordenador de esportes da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, publicou na semana passada um importante artigo sobre os possíveis impactos da nova Lei Geral do Esporte para o rádio esportivo. Além de viver o dia-a-dia do veículo, Guimarães também é bastante ativo no meio acadêmico: ele é doutorando em Comunicação, tem mestrado em Comunicação e Informação e especialização em Jornalismo Esportivo.

Guima, como é conhecido, acha que não será desta vez que o rádio deverá pagar para transmitir partidas de futebol ou de qualquer outro esporte. “Entretanto, estamos na contagem regressiva para que isto aconteça”, afimra.

O texto é bastante feliz ao incluir essa medida dentro do processo de elitização do futebol brasileiro, simbolizado pela construção das novas arenas, febre que se iniciou na esteira da nomeação do Brasil como sede da Copa do Mundo em 2014.

Em seguida, Guimarães escreve, em resumo, que o rádio não se modernizou: “Com tanto tempo de existência, da mesma forma que o rádio consolidou uma popularidade, ele não se renovou. Apegou-se numa tradição em que parece feio ou moderninho demais buscar algo novo nesse meio”.

Esse apego, conforme o jornalista, vem dos próprios profissionais: “O rádio rejeita o moderninho porque ele tem um limite para se renovar. É como se a tradição compusesse o seu ethos, a sua razão de existir. Vou dar um exemplo disso. Convivo com pesquisadores e radialistas cotidianamente. Sabe o que mais encanta os meus colegas? A narração de um gol em 1975, uma cobertura internacional de 1968, uma entrevista de 1982, uma vinheta de 1991. O rádio, quando olha para si, olha para trás, nunca para a frente”.

Aqui reside a primeira discordância. Quando se olha para o passado do rádio, isso nada mais é que uma forma de chamar a atenção para as novas gerações que o veículo fazia questão de estar presente em todos os acontecimentos. Quando se cultua a narração de um gol de 1975, é porque certamente narrador, repórter e comentarista estavam no estádio, independente da distância.

O mesmo vale para a cobertura internacional de 1968. O rádio marcava sua presença. Não se fazia uma cobertura à distância, algo que é muito comum nos dias de hoje.

A Rádio Guaíba tem um excelente programa de resgate de sua memória chamado Arquivo Guaíba. Pelo menos duas de suas edições trouxeram exemplos ricos disso, protagonizados pelo jornalista Flavio Alcaraz Gomes.

Em 1969, Gomes esteve em Cabo Canaveral para informar em tempo real sobre a partida da missão Apolo XI, famosa por colocar o homem na lua. Anos mais tarde, o mesmo profissional foi deslocado para o Oriente Médio a fim de acompanhar o conflito (mais um) entre árabes e israelenses naquela que ficou conhecida como a Guerra do Yon Kippur.

Reiterando: quando se cultua os grandes feitos do rádio, isso não quer dizer que seja um apego excessivo ao passado, aquele saudosismo do tipo “na minha época que era melhor”. É uma forma de mostrar o que o rádio já fez. Além disso, é um recado para chamar a atenção de que o veículo pode prosseguir fazendo isso, basta que existam recursos (abordo isso daqui a pouco).

Guima fala muito da linguagem do podcast, mas que na verdade ele nada mais é que um programa de rádio, divulgado em uma outra plataforma. O texto cita o recente sucesso do podcast A Casa da Mulher Abandonada, divulgado pelo jornal (ironia, não?) Folha de S. Paulo. Fica a pergunta: por que nenhuma rádio resolve investir nessa ideia?

Algumas respostas. Primeira é porque ela demanda tempo e na atual configuração das redações de rádio não existem recursos humanos disponíveis para investir em reportagens que deem um certo tipo de trabalho e cuja base não seja apenas feita de entrevistas por telefone ou outros meios. Depois, temos a questão do custo. Se render algum gasto que seja com combustível, por exemplo, a ideia é deixada de lado.

Outro ponto abordado por Gumarães é a linguagem da jornada esportiva. Ele destaca que houve uma evolução ao longos dos anos, apontando que as transmissões de hoje são melhores do que há 50 anos. Ela é “mais humana, menos robotizada, menos engessada, mais coloquial, mais conversada, mais próxima ao ouvinte”. Sem contestações quanto a isso, entretanto, hoje em dia ela é mais afastada das próprias partidas de futebol. Hoje em dia é muito comum a transmissão off tube, em que narrador, comentarista e repórter estão olhando o jogo na tela da tv em vez de ter a visão do estádio. Guma até fala sobre isso, mas como consequência, sem analisar de forma mais profunda a causa.

Vou dar um exemplo pessoal. Entre os anos 1980 e 1990, quando eu abaixava o som da tevê e aumentava o do rádio, eu estava em busca de algo que a imagem não me mostrasse. E digo que em 99% eu conseguia ter isso como consumidor, graças ao talento de profissionais como José Silvério, Wanderley Nogueira, entre tantos outros. Hoje é algo mais difícil de se conseguir devido a questões técnicas, mas ainda é possível.

Guima não esquece da precarização do rádio esportivo: “(…) reduziu-se o efetivo das redações com o profissional multimídia, aquele que cobra o escanteio e chega à área para cabecear. Menos gente fazendo mais coisas pelo mesmo salário. A baixa remuneração também impactou na qualidade dos profissionais. É mais fácil optar por uma outra atividade do que permanecer no rádio, ainda que se tenha paixão pelo meio. A prioridade da vida é pagar os boletos em dia”.

E aí surge a grande pergunta que eu me fiz a partir da leitura do texto: será que estaríamos falando de tudo isso caso as verbas de publicidade não fossem tão ínfimas para o meio rádio? Na última sexta-feira, Nando Gross disse ao podcast Dus 2 que o maior problema do rádio hoje é a questão financeira. “A verba sumiu”, disse ele. “Não temos mais os patrocinadores de R$ 100 mil por mês, como tínhamos nas jornadas. Isso acabou”, completou. (veja aqui). Gross fala com conhecimento de causa, de quem já foi gerente da Rádio Guaíba entre 2014 e 2020.

O rádio até que tem dado alguns passos no sentido de atrair mais verbas. Para isso, a Internet é usada como uma aliada fundamental. O que era antes um programa apenas sonoro, hoje virou visual. E os departamentos de publicidade esperam aquele filme (ainda se diz filme?) de 30 segundos para enriquecer o intervalo da live.

Como diz a letra de Rock Europeu, hit da banda Fellini, um dos expoentes do rock independente brasileiro dos anos 1980: “tudo foi sempre uma mera questão de dinheiro”.

Para quem quiser ler na íntegra o instigante texto de Carlos Guimarães, basta clicar no link abaixo.

https://csguimaraes.medium.com/%C3%A9-o-fim-do-r%C3%A1dio-ou-o-que-vem-por-a%C3%AD-732c696993ba

Câmara aprova artigos que fazem rádios pagar direitos de transmissão por partidas de futebol

Por Rodney Brocanelli

O rádio esportivo, como o conhecemos, está sob risco mais uma vez. A Lei Geral do Esporte, aprovada ontem na Câmara dos Deputados, tem dois artigos que caso sejam sancionados poderão fazer com que emissoras de rádio paguem para transmitir partidas de futebol. Durante a votação, o deputado Victor Mendes (MDB-BA) chamou a atenção para o fato: “lamentamos o que nós acabamos de fazer. Acabamos de votar um projeto tão importante, que esse projeto de atualização da lei do esporte, mas estamos sacrificando a radiodifusão. No texto que acabamos de votar, no art. 159 e 160, os programa (sic) de rádio passarão a ser cobrados pela transmissão dos eventos esportivos. Nós acabamos de onerar mais ainda a radiodifusão no País” (veja abaixo o vídeo).

Eis o que diz os artigos:

Art. 159. A difusão de imagens e/ou sons captadas em eventos
esportivos é passível de exploração comercial.
Parágrafo único. Os dados estatísticos decorrentes das partidas
disputadas em competições integram o rol de direitos comerciais e, portanto,
pertencem integral e exclusivamente às respectivas entidades de
administração do desporto.
Art. 160. Pertence às organizações esportivas mandantes que se
dedicam à prática esportiva em competições o direito de exploração e
comercialização de difusão de imagens e/ou sons, consistente na prerrogativa
privativa de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a
transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio
ou processo, de evento esportivo de que participem.

(veja melhor aqui).

Em outro trecho de sua fala, Mendes fez até uma autocrítica: “votamos muito rapidamente, sem, talvez, ter conhecimento do substitutivo”.

A grande ironia lembrada pelo deputado é que o ano de 2022 marca a comemoração oficial dos 100 anos da primeira transmissão radiofônica no país. Um presente de aniversário bem indigesto, como disse o deputado Victor Mendes: “nós demos um presente de grego: mais uma cobrança na radiodifusão agora, com esse texto que acabamos de aprovar. Antes, somente a TV pagava por transmissão; agora, a rádio vai pagar também, graças ao relatório apresentado e à nossa votação”.

O narrador esportivo e jornalista paranaense Gabriel Carriconde alertou em suas redes sociais para o que poderá acontecer caso a Lei Geral do Esporte com seja aprovada com esses artigos específicos: “se essa medida passar, é o fim da latinha”.

Carriconde avança: “e qual é o nível de gravidade disso? Onerar de vez um meio de comunicação que não te cobra nada para transmitir partidas que muitas vezes, só pagando para ver. Enfraquece a imprensa esportiva, e prioriza a rádio dos clubes”.

Conforme a Agência Câmara de Notícias, a foi aprovada na forma do substitutivo do relator, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), para o Projeto de Lei 1153/19. A proposta teve origem no Senado e retornará para nova votação dos senadores, ainda sem data definida.

O que resta agora é que as associações de cronistas esportivos e a Abert se mobilizem novamente para tentar derrubar esses artigos, tal como já aconteceu quando a ideia de se cobrar das rádios foi levantada por cartolas do futebol em 2019 (saiba mais aqui).

Presidente da Federação Paraibana de Futebol nega participar de articulação para cobrar das rádios

Por Rodney Brocanelli

Michele Ramalho, presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), encaminhou nota aos veículos locais rebatendo declarações do senador Jorge Kajuru (CIDADANIA-GO) em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan no domingo passado (clique aqui). Segundo Kajuru, a federação paraibana estaria ao lado de outras articulando junto à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) a adoção da cobrança de direitos de transmissão das partidas de futebol por parte das emissoras de rádio.

Segundo a nota, Michele negou a articulação e ainda defendeu as emissoras de rádio: “Respeito a opinião de quem é favorável a esta cobrança, mas eu não sou. Quero que o futebol seja cada vez mais difundido e as emissoras radiofônicas são importantes neste cenário”.

Leia abaixo a íntegra da nota:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A presidente da Federação Paraibana de Futebol, Michelle Ramalho, vem a público esclarecer as recentes acusações do senador Jorge Kajuru, em relação a um suposto pedido por parte de federações estaduais para que a CBF passe a cobrar para que as emissoras de rádio transmitam os jogos. Em pronunciamento, o político usou o nome da Paraíba e disse que a FPF estaria junto a outras entidades, em Brasília, na tentativa de concretizar a obrigatoriedade da referida cobrança.

“As rádios são instrumentos importantíssimos na divulgação e promoção das competições estaduais e nacionais. Nunca estive em Brasília com qualquer outro presidente de Federação pleiteando algo desse tipo, pelo contrário, o rádio é um símbolo que está inteiramente ligado ao futebol. Quem nunca viu um torcedor com o seu aparelho na arquibancada, vibrando com o grito de gol? Respeito a opinião de quem é favorável a esta cobrança, mas eu não sou. Quero que o futebol seja cada vez mais difundido e as emissoras radiofônicas são importantes neste cenário. O futebol da Paraíba será ainda mais forte, se tivermos uma presença constante e plural da imprensa”.

Michelle Ramalho
Presidente da FPF-PB

Michele Ramalho

Um bate-papo sobre o rádio esportivo na Copa de 2002

No último domingo (30), Rodney Brocanelli, um dos responsáveis pelo blog Radioamantes concedeu uma entrevista ao programa Resenha Final, da Rádio Progresso, de Ijuí (RS), comandado por Fabiano Bernardes. O tema principal foi a cobertura feita pelas emissoras de rádio na Copa Japão-Coreia, de 2002, conquistada pelo Brasil (efeméride que completou 17 anos). Além disso, foram abordados outros temais relacionados ao rádio esportivo contemporâneo (web rádios, transmissões pela internet, entre outros temas). Ouça no player abaixo.

RPI

Transmissões pela internet poderão mudar hábitos do rádio esportivo em 2019

Por Rodney Brocanelli

O camarada Edu Cesar, do necessário Papo de Bola, fez um excelente alerta, lido nesta última terça-feira dentro do programa Ganhando o Jogo, da Rádio Guaíba (veja vídeo abaixo)  e divulgado também em fóruns de discussão: a partir de 2019, algumas partidas das principais competições interclubes da América do Sul terão transmissão exclusiva via Internet. A Copa Libertadores tem um acordo com o Facebook e os jogos disputados às quintas-feiras serão exclusivos dessa rede social. Por sua vez, a Copa Sul Americana terá seus jogos transmitidos de forma exclusiva pelo serviço DAZN, que usa o YouTube como plataforma. Edu sublinha que está competição não estará na tv aberta, muito menos na tv por assinatura.

Com isso, segundo Edu, como a Internet brasileira ainda não tem qualidade suficiente para segurar uma transmissão de alta qualidade com conexões simultâneas o rádio (sim, o velho rádio) poderá ganhar força nessas competições. No entanto, para que isso aconteça, nossas emissoras deverão abrir a carteira, segundo suas palavras. Apelar para o tubão ou geladão, quando narradores transmitem a partida do conforto de seus estúdios, seria inviável, devido ao famoso delay, que é maior na Internet do que em alguns canais de tv por assinatura. Ter um narrador nos locais onde acontecerão essas partidas, para Edu, será fundamental.

Este radioamante acrescenta que será um divertido exercício saber como cada emissora de rádio vai se virar para transmitir esses “jogos da internet”. Será que vão apelar mesmo para o tubão, aumentando a velocidade de internet de seus estúdios? Ou será que algumas vão apelar para a prática da “dublagem”, com o narrador no estúdio ouvindo o áudio de alguma emissora de fora do país e reproduzindo aquilo que escuta? Ou será que as emissoras deverão mandar equipe completa (narrador, comentarista e repórter) para fora do país, quando necessário?

Em 2019, a Copa Libertadores terá como representantes brasileiros: Palmeiras, Flamengo, Internacional,  Grêmio,  Cruzeiro e Athlético Paranaense, esses já classificados para a fase de grupos. Estão ainda na fase classificatória o  São Paulo e  o Atlético-MG. Na  Sul Americana, o Brasil será representado por Santos, Corinthians, Bahia, Chapecoense, Botafogo e Fluminense.

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Radioamantes no Ar fala da movimentação no rádio esportivo para 2018

Nesta semana, o Radioamantes no Ar falou sobre as diversas movimentações do rádio esportivo de São Paulo para o ano de 2018. Outros temas: os finalistas do prêmio Aceesp 2017 (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo), a retomada das transmissões da Rádio Nacional da Amazônia na sua área de atuação e a possível entrada da Band News FM em Maringá (PR). O Radioamantes no Ar vai ao ar todas as sextas, sempre a partir das 09h pela web rádio Showtime (http://showtimeradio.com.br). Com Rodney Brocanelli, João Alckmin, Flavio Ashcar e Rogério Alcântara.

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Radioamantes no Ar fala sobre horário eleitoral gratuito, Voz do Brasil e direitos de transmissão dos jogos de futebol

Nesta semana, o Radioamantes no Ar falou sobre a possibilidade de a CBF e os clubes de futebol cobrarem direitos de transmissão das rádios para as competições oficiais do ano que vem. Notícia dada por Flávio Ricco em sua coluna de hoje. E mais: a estreia do horario eleitoral no rádio e na televisão, mais uma promessa de flexibilização da Voz do Brasil, do aniversário da Rádio Difusora Acreana e de como uma reportagem de Goulart de Andrade na televisão mudou a vida de Fausto Silva. O Radioamantes no Ar é apresentado todas as sextas feiras, sempre a partir das 09h, pela web rádio Showtime (http://showtimeradio.com.br). Com Rodney Brocanelli, João Alckmin e Flavio Aschar.

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Normas da CBF: a questão do respeito não passa pelos direitos de transmissão

Por Rodney Brocanelli

Segue rendendo o debate sobre a questão das normas da CBF para a atuação dos repórteres de rádio durante a partidas do campeonato brasileiro de futebol. Desta vez, o jornalista Octávio Muniz publicou em seu blog no R7 um post sobre essa questão. No texto, Muniz faz uma série de sugestões e vou me deter nas mais importantes.

Muniz escreve:  “DEVEM ser chamadas para uma reunião pessoas que representem nossa classe e que NÃO DIGAM SÓ AMÉM como foi no dia em que este “código” (sic) foi definido!

Que se convoque as duas associações nacionais, as quatro do meu estado, São Paulo e as demais de todos os estados cujos clubes estão envolvidos na Série A, através de seus presidentes e/ou representantes“.

A proposta de diálogo é excelente. No entanto, esbarra em um problema sério. As associações de cronistas esportivos, que são responsáveis por oficializar o credenciamento de jornalistas nos eventos esportivos, não são unidas. Como o próprio Muniz informa, são quatro apenas no estado de São Paulo. Uma delas, a Aceesp, a mais tradicional. Neste ano, foi criada a Aceisp (Associação dos Cronistas do Interior de São Paulo). Além dela, muitas surgiram devido a descontentamentos acumulados ao longo dos anos, isso sem citar  outros motivos.

No âmbito nacional, é a mesma coisa. Exemplo: muitas entidades descontentes com a postura da Abrace, outra associação tradicional, decidiram montar a Aceb, hoje presidida pelo Eraldo Leite. Nesse caso, temos duas associações brasileiras de cronistas.

É difícil, até por que tratam-se de rivalidades extremas, mas para conversar com a CBF (uma única e poderosa confederação), o ideal seria existir uma associação só forte no país. Por sua vez, cada estado teria uma só associação forte também.

Outro ponto do artigo de Muniz que cabe discussão: “Todos reunidos devem trabalhar para; primeiro, montar uma comissão de estudos // segundo, criar um código de conduta que será adotado à partir de 2017 // terceiro, discutir as regras claras para AQUISIÇÃO DE DIREITOS por parte das rádios/web rádios/portais de internet/aplicativos/jornais/revistas (e nem sempre adquirir direitos é pagar com dinheiro, existem outras formas de montar um bom acordo)“.

Cabe lembrar que a questão dos direitos de transmissão ganhou força aqui no Brasil a partir de 1987, com a Copa União, vendida para a Rede Globo. E o trabalho dos repórteres de rádio permaneceu tendo o devido respeito. Outras competições ao longo da história também tiveram direitos comercializados outras redes de televisão e os profissionais sempre tiveram chance de poder trabalhar sem qualquer tipo de limitação. Ou seja, o respeito a atuação dos repórteres não passa necessariamente pela questão dos direitos.

Outra coisa que chama a atenção no texto de Tatá Muniz e o seguinte trecho: “e nem sempre adquirir direitos é pagar com dinheiro, existem outras formas de montar um bom acordo“. Vale a pena desenvolver mais esse tópico. Que tipo de acordo rádios e rádios web poderiam fazer com os clubes e/ou entidades? Veiculação de spots publicitários vindos dos departamentos de marketing dos clubes para fins de divulgação? Mas essa divulgação já não é feita com a transmissão de jogos? Essas formas de montar um bom acordo prejudicariam a independência editorial dos departamentos esportivos das emissoras de rádio (embora não pareça, algumas emissoras são independentes)? E por que colocar nesse balaio as revistas e jornais? As entidades/clubes estariam dispostas a abrir mão do dinheiro?  Muitas interrogações que geram um belo e amplo debate. O espaço aqui  está aberto para outras opiniões.

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Pagando pode, não pagando, não, por Flávio Araújo

Ainda sobre a questão envolvendo os problemas entre CBF e repórteres de rádio, trazemos aqui um artigo escrito por Flávio Araújo e publicado no site Ribeirão Preto On Line. Narrador esportivo, com serviços prestados a emissoras como Bandeirantes e Gazeta, Flavio  viveu os áureos tempos em que o veículo reinava quase soberano no que dizia respeito à cobertura dos jogos de futebol.  No texto, ele relata fatos que viu de perto ou vivenciou. E mesmo naqueles tempos, os repórteres de rádio vivam dificuldades para trabalhar. Texto reproduzido com permissão do autor (Rodney Brocanelli).

Meu estimado amigo Nagib Pachá Junior é um atento observador das coisas do futebol e de suas ligações com as transmissões radiofônicas.

Devo a ele o envio de interessante matéria assinada pelo jornalista e estudante de direito Bruno Henrique de Moura, publicada no Observatório da Imprensa, do grande Alberto Dines, um mestre de todos nós e tomo a liberdade de reproduzir parte da mesma que julgo de bastante interesse do público em geral.

O PROTOCOLO DA CBF PARA A IMPRENSA

“A televisão revolucionou a forma de se ver e fazer futebol na imprensa.

Ela possuía a imagem.

Contudo, a áurea da transmissão no rádio nunca foi superada pelas cores e replays de uma voz marcante e sedutora que lhe faz fechar os olhos e criar através dos neurônios aquele fantástico ambiente e a cena que move a imaginação da jogada, do passe, do escanteio e do momento de glória de quem joga futebol, de quem transmite futebol e de quem ouve futebol: o gol.

Mas, a televisão trouxe algo que o rádio não consegue superar.

Os milionários valores por direitos de transmissão e as cotas publicitárias galopantes.

Eis o grande problema dessa relação: as finanças.

O fabuloso mundo do futebol encantou-se pelos luxos e valores astronômicos que hoje são pagos para um atleta, para um diretor, para um técnico.

O jogador do sub-15 recebe mais dinheiro por mês que este humilde jornalista esportivo ganha num ano.

O futebol encareceu, 200 milhões de direitos de transmissão por uma temporada, por 12 meses, para um clube.

Quem paga leva para jantar, dá flores, champanhes, bombons, se sente no direito de pedir algumas regalias da sua companheira de mesa, que acaba por desejo e necessidade, por perder as regalias do amante.

É penoso, doloroso e difícil de aceitar, acaba por acatar.

No dia 20/05/2016 a CBF publicou no seu site oficial o protocolo da imprensa e acesso ao gramado das séries A e B do campeonato brasileiro.

Entre as diversas regras colocadas algumas dizem respeito diretamente ao trabalho dos antigos “maridos” do futebol, os jornalistas de rádio.

As famosas entrevistas à beira do gramado no pré-jogo ou no intervalo não poderão ser mais feitas pelos repórteres de rádio.

Apenas a televisão, detentora dos direitos terá tal direito.

No único momento permitido para as emissoras de rádio, o final da partida, os repórteres, como mostra o artigo 49 combinado com inciso II do artigo 47 devem aguardar na aconchegante zona mista com grades, expediente adotado em muitos estádios também durante o jogo, em que os repórteres ficam “enjaulados” .

Agora ficarão enjaulados gritando pela benevolência do atleta para que ele vá se dirigir até os repórteres, repito, enjaulados, e lá conversar com os mesmos.”

ONDE TUDO NASCEU

Esta a parte do artigo do jornalista Bruno Henrique de Moura e publicado no Observatório da Imprensa que julguei do interesse em aqui repetir.

Por ter algo a acrescentar ao excelente material que me foi enviado pelo amigo Nagib lá do Rio de Janeiro é que continuarei a acrescentar dados de meu conhecimento e de minha longa vivência no rádio esportivo.

Claramente quando comecei a transmitir partidas de futebol ainda não havia o repórter de campo e a primeira vez que tomamos a iniciativa um subdelegado de polícia interrompeu a transmissão e o próprio jogo alegando a impossibilidade da reportagem entrar em campo.

Posteriormente as emissoras sentiram a dificuldade de comprar a aparelhagem que quando foi lançada custava uma fortuna.

Os primeiros repórteres trabalhavam com microfones sustentados por longos fios e o trabalho ia até onde o fio alcançava.

Também um outro problema: como os repórteres eram poucos e um pequeno número de emissoras transmitia futebol ficavam marcados pelos jogadores que só davam entrevistas para aqueles que sabidamente não os criticavam.

Quando surgiu a TV houve a competição entre o microfone e a câmera e os atletas se dirigiam sempre para aqueles que divulgassem sua imagem e não apenas a sua voz.

Os repórteres de rádio ficaram mais do que nunca a ver navios na busca de jogadores para entrevistar.

Essa questão que levantei acima, a do atleta que só falava para aqueles que lhe levantassem a bola é muito séria e persiste até os dias atuais.

Hoje foi um pouco suavizada pela presença de ex-atletas aos microfones como comentaristas e fazendo uma analogia os jogadores sabem pelas informações quase sempre de familiares daqueles que fazem críticas pesadas (e quase sempre verdadeiras) e dos que somente ocupam microfones pelo prestígio adquirido no gramado e ali estão para manter-se no meio e faturar algo mais.

Repórteres verdadeiros, porém, daqueles que vão ao âmago da ferida e perguntam aquilo que o ouvinte gostaria de perguntar se segurasse um microfone não existem mais.

O sprit de corps entre os jogadores funciona como um relógio e fez uma pergunta pesada a um é como se a fizesse a todo o time.

A JANELA DAS REPORTAGENS

Quem batizou a janele da reportagem foi o comentarista Milton Camargo, chefe de esportes da Rádio Tupi de São Paulo.

Tudo começou na Copa do Mundo de 1970 quando havia um grande número de profissionais da imprensa de rádio, jornais, revistas e televisão para entrevistar um pequeno número de jogadores do elenco do Brasil.

Naquela época, lembram-se os senhores, a seleção era toda comandada por militares, vivíamos o período que dominou o país de 1964 a 1985 e até o comandante da delegação era um militar.

Evidente que os repórteres tiveram que se enquadrar e os jogadores iam passando um a um e aquele que se dispunha a falar ou encontrava um conhecido que o admirava e o elogiava parava para algumas poucas palavras.

O problema dos direitos de transmissão também não é coisa nova.

Houve um período em que Pedro Luis fez uma campanha em São Paulo para que as emissoras de rádio também pagassem direitos.

Isso acontece oficialmente nas Copas do Mundo, em jogos oficiais da FIFA e em certos esportes como o boxe há muitos anos.

Transmiti com exclusividade alguns dos maiores combates de boxe porque minha emissora foi a única a comprar os direitos de transmissão.

A campanha do Pedro não foi em frente com o recuo de algumas emissoras, houve uma tentativa posterior de que os responsáveis por transmissões esportivas pelo menos pagassem seus ingressos o que também não progrediu.

Mas, apenas no Brasil.

Na Europa as transmissões esportivas são muito mais reduzidas até porque o rádio europeu até recentemente era todo estatal e pequeno o número de emissoras.

Quando no período áureo do futebol brasileiro e a seleção fazia constantes excursões era comum notarmos o público a nossa frente de costas para o campo admirando e se divertindo com a forma de trabalhar dos locutores brasileiros, para eles uma novidade.

O artigo do jornalista carioca é bastante oportuno e uma das razões que impediram até hoje que as emissoras pagassem direitos para transmitir foi a ameaça destas de cortarem os programas esportivos, sempre uma publicidade marcante para a presença de público nos diversos jogos.

A cada dia aumenta a concorrência nesse sentido com a programação televisiva fechada e sabemos que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Num certo sentido o rádio é popular como o próprio futebol e a tevê comprando direitos para transmiti-lo abre caminho para que todas as rádios se integrem gratuitamente por força de lei dentro do mesmo pacote.

Além do mais, com as emissoras que hoje existem exclusivamente na Internet o leque abriu-se de tal forma que chegaremos a um ponto onde, no caminho em que vai, dia haverá em que o número maior de relatores, comentaristas, repórteres superará o de torcedores que pagaram ingresso.

Uma solução intermediária: tem muita rádio transmitindo futebol sim, mas a maioria o faz vendo o mesmo de uma tela de televisão.

As poucas que vão realmente aos estádios tem que se conformar e “abrigar” seus profissionais enjaulados como descreve o artigo aqui exposto.

flavioaraujo

Rádio: o rigor da CBF é absurdo e total falta de bom senso, por Wanderley Nogueira

Na tarde desta quarta, Wanderley Nogueira, repórter, apresentador e coordenador de esportes da Rádio Jovem Pan publicou em seu perfil no Facebook um texto relatando os problemas que os profissionais de rádio vem enfrentando com a CBF durante a cobertura dos jogos da atual edição do campeonato brasileiro de futebol. Além de relatar as dificuldades, Wanderley propõe soluções. Tomara que as associações de cronistas esportivos possam levar adiante as sugestões de alguém que tem muita vivência na reportagem de grandes eventos. Segue abaixo sua reprodução, com a devida autorização de seu autor (Rodney Brocanelli).

Tem acontecido com frequencia.

Repórteres de outros estados que chegam para trabalhar em jogos aqui em São Paulo, estão enfrentando dificuldades e alguns nem conseguem cumprir a sua missão.

Os fiscais alegam que “a CBF não foi informada sobre a vinda da emissora e seus profissionais” .

Claro que as emissoras informaram.

Nenhum emissora mandaria uma equipe de um estado para outro, sem fazer o processo de credenciamento.

Outro impedimento inaceitável: não permitir a troca do repórter .

Um profissional perdeu a voz…e a empresa mandou outro no lugar.

E não foi credenciado.

Não pode fazer seu trabalho.

Será que ninguem na CBF sabe que quem trabalha em rádio corre o risco de ficar afônico?

E esse tipo de problema não escolhe hora para acontecer.

Observe que é apenas uma troca de profissional.

Sem aumentar o número de credenciados.

Obvio que o correto seria credenciar o número de profissionais por emissora e no momento do credenciamento o profissional seria identificado.

Só isso.

Rádio A : 2 profissionais de campo…e pronto. Simples assim.

Radios de outros estados, de cidades distantes e da própria cidade de São Paulo enfrentam grandes dificuldades.

Contam apenas com o bom senso de alguns fiscais que reconhecem que “as exigências da CBF ” são absurdas, irritantes e criadas por quem não conhece como é desenvolvida a função de quem trabalha em rádio.

Outras inaceitáveis dificuldades serão mostradas oportunamente.

 

UPDATE (23.-6 – 16h20). Wanderley Nogueira voltou ao tema em seu perfil no Facebook. Destacou que entidades como Acessp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) e Aceb (Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil) foram procuradas e levaram as queixas dele e de outros profissionais de imprensa à CBF.  No entanto, “providências não foram tomadas”. Vale destacar que nos sites das referidas entidades não há qualquer informação sobre o andamento das negociações, quem foi procurado, se ocorrerão novas conversas. Segue abaixo o link para a postagem mais recente de Wanderley (Rodney Brocanelli).

rádio esportivo

“Seleção, deixa pra TV Globo”

Por Rodney Brocanelli

A frase que abre este post foi lida durante uma conversa via redes sociais com um profissional que exerce importante cargo de gestor numa emissora de rádio. Sua identidade será preservada.  A conversa se deu devido a repercussão da coluna de Flavio Ricco, no UOL, publicada nesta quinta-feira.

No texto, Ricco lamenta o fato de que o rádio vai desaparecendo do campo esportivo.  Segundo ele,  “é triste constatar que, enquanto todos os canais fechados de TV estão ao menos acompanhando a seleção brasileira em mais essa Copa América, as emissoras de rádio não mandaram rigorosamente ninguém”. Para terminar, ele cita o exemplo das rádios do Grupo Bandeirantes, que no último sábado transmitiram a partida entre Brasil x Equador, válida pela Copa América Centenária com seus profissionais do estúdio.

Entretanto,  Flavio Ricco escreveu sua coluna antes da partida entre Brasil x Haíti, disputada nesta quarta. Com isso, não foi possível que ele registrasse o fato de que Estevam Ciccione, atuou como repórter nesta transmissão, inclusive, fazendo entrevistas da zona mista. Facilitou, e muito, o fato de que a partida aconteceu em Orlando (Flórida), onde Ciccone está a serviço do Grupo Bandeirantes para ajudar a tocar o projeto local de rádio, Brazil Radio.

Voltando ao papo que eu tive com o profissional de rádio, ele confirmou que o valor dos direitos de transmissão desta competição está na casa dos US$ 52 mil dólares. Ele diz que é um valor muito alto, independente do país estar em crise ou não, ainda mais para emissoras de médio porte. A rádio onde ele trabalha já faz o acompanhamento dos times locais nas competições de grande porte no âmbito nacional, como Brasileirão e Copa do Brasil, por exemplo. “Nosso negócio é viajar com as equipes locais. Seleção, deixa pra TV Globo”, diz.

radioesportivo

 

O Rádio e os primeiros gritos de gol, por Flávio Araújo

publicado no site Ribeirão Preto on Line

O rádio, o grande invento que marcou o início do século passado foi durante muitos anos um órgão estatal e que só transmitia aquilo que o governo desejava.

Isso acontecia nos países onde imperavam governos ditatoriais, mas também a Grã-Bretanha, Inglaterra à frente, teve na BBC sua porta-voz exclusiva.

Esse tipo de rádio subsistia sem publicidade que o sustentasse e no caso da Inglaterra o pagamento da taxa por parte dos possuidores de aparelhos era paga sem que ninguém o contestasse até recentemente.

No Brasil o rádio já nasceu independente com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923, mas também sem publicidade e com pagamento de taxa por aparelho.

Não durou muito esse estado de coisas e a publicidade passou rapidamente a ser aceita para que houvesse realmente progresso no broadcast brasileiro.

Também nos Estados Unidos da América do Norte o rádio nasceu livre e com publicidade ilimitada.

Existem ainda resquícios do rádio brasileiro no tempo da ditadura Vargas e o programa A Voz do Brasil, de transmissão obrigatória até hoje por todas as emissoras do país é a lembrança dos tempos em que a Rádio Nacional, subsidiada, tinha o maior elenco de artistas e era a mais ouvida do país.

Como os sucessivos governos, mesmo nos períodos democráticos, sempre tiveram uma queda para controlar a mídia, como o atual, a Voz do Brasil, muito combatido por seu anacronismo e pela concorrência superior que as emissoras fazem em seus programas informativos continua resistindo e mantendo-se no ar.

Nos países onde as ditaduras cravaram suas unhas com maior profundidade a presença do rádio sempre influenciou o futebol e caminhou ao lado deste fazendo sempre a vontade e seguindo a orientação fundamentalista dos donos do poder.

O HOMEM DE MUSSOLINI NO MICROFONE

Benito Mussolini, o foi o ditador da Itália que mais se aproveitou do chamado rádio oficial para promover as vitórias italianas de 1934/38 nos segundo e terceiro mundiais de futebol.

Tinha uma voz oficial para transmitir os cotejos da “azurra” e é sobre ele que escrevo.

No ano de 1956 fiz a minha primeira transmissão do Maracanã, cotejo amistoso entre Brasil e Itália, vitória brasileira por 2 a 0 e a primeira vez que um microfone de minha cidade natal, onde iniciei minhas atividades, era levado ao grande estádio.

Longe de mim imaginar que alguns poucos anos depois estaria em Milão transmitindo o cotejo onde o Brasil pagaria com a presença de sua seleção a visita da italiana.

Entre as emoções que o cotejo de 1956 me proporcionou estava a oportunidade de conhecer Nicoló Carósio, o locutor oficial de Mussolini e que transmitira os dois mundiais ganhos por seu país em 1934 na Itália e em 1938 na França.

Democrata e adepto de regimes onde o povo era livre não tinha nenhuma simpatia com um locutor notadamente imbricado com os princípios que o Ducce italiano defendeu.

Minha admiração era pelo locutor esportivo que subsistiu ao pós guerra e na verdade nos tempos em que o rádio reinava absoluto o narrador desse espetáculo merecia o mesmo respeito que o grande cantor ou o galã de cinema e teatro mais festejado alcançava junto ao público.

Hoje as coisas mudaram muito pelo extraordinário número de narradores esportivos em quase todos os países, mas principalmente no Brasil onde a televisão vai pouco a pouco fechando o caminho para os narradores de rádio que mesmo assim fazem do mesmo a escola para seu desenvolvimento.

Carósio, lembro-me, sofreu um pequeno acidente ao caminhar em direção à cabine que ocuparia no verdadeiro subterrâneo que se percorria nas entranhas do Maracanã para ocupar uma das poucas cabines de transmissão.

Bateu a testa numa das passagens mais baixas (era um homem magro e alto) e teve que ser medicado e por pouco não conseguiu transmitir o espetáculo.

Contam que Nicoló Carósio foi também quem levou pessoalmente aos jogadores da Itália antes da Copa de 1934 a mensagem de Mussolini simplesmente com estes dizeres: “Vencer ou Morrer”.

Lembro que as transmissões europeias eram muito diferentes das brasileiras, lentas, comentadas e sem o entusiasmo que sempre foi o principal tempero na narração dos profissionais brasileiros.

Mas, não só de Nicoló Carósio viviam os governos ditatoriais.

Em Portugal havia Arthur Agostinho, o locutor oficial da Rádio Nacional de Lisboa e também bastante afinado com o governo Salazar.

Muitos diziam que Arthur era, inclusive, membro da PIBE, a terrível polícia política do governo português.

Arthur, gordo, brincalhão, era uma figura que se fazia notar e sempre recebia os seus colegas brasileiros quando em Portugal com fineza e cavalheirismo.

Alguns dos nossos falavam em congraçamento, outros em estreita vigilância no desempenho de sua função que não era apenas a de narrar futebol.

Mas, ao microfone era antes de tudo um porta-voz do governo narrando jogos de sua seleção ou os grandes cotejos entre clubes de seu país.

Logo após a queda da ditadura portuguesa, a exemplo do Professor Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar, Arthur Agostinho transferiu-se as pressas para o Brasil e com seus amigos do Rio de Janeiro aqui foi se arranjando, mas jamais como locutor esportivo.

Interessante que o português falado no Brasil ganha campo em Portugal, mas a recíproca não é verdadeira.

Wilson Brasil, comentarista vibrante, combativo, deixou o Brasil e foi fazer sucesso no rádio português dentro de sua função, mas isso já depois do término do período ditatorial naquele país.

Na Europa, notadamente nos países do Leste Europeu e onde as emissoras oficiais duraram ainda por mais tempo no pós guerra cada país tinha em geral o seu locutor chapa branca.

Outro narrador que ganhou grande notoriedade e para muitos se portava como figura do governo foi já em época moderna o argentino José Maria Munhoz, com destaque para a Copa de 1978 e vencida por seu país.

Era, porém, diferente já que Munhoz contava com a concorrência de inúmeros outros e o rádio na Argentina tinha o mesmo modelo brasileiro.

No Uruguai o grande nome das narrações esportivas era Carlos Solé, que conheci na Rádio Sarandi desde minhas primeiras viagens a Montevideo.

Solé fora a grande voz uruguaia na conquista da Copa de 1950 e seu prestígio se rivalizava com o de Júlio Sosa o maior cantor de tangos da região platina depois de Carlos Gardel e que embora fosse ídolo na Argentina era uruguaio de nascimento.

Interessante esse aspecto: grandes ídolos argentinos nasceram no Uruguai ou em outros países vizinhos, como Leguisamo, chileno, o jóquei de maior prestígio em Palermo, como o músico e compositor Francisco Canaro, o autor de Madreselva (Madressilva) e condutor do mais famoso conjunto de tangos de sua época e ainda Gerardo Matos Rodrigues, autor do imortal Caminito, tango tão famoso que se tornou referência turística a local bastante visitado em Buenos Aires, o Camino Caminito.

Tanto o autor como a composição eram uruguaios legítimos.

Canaro, nome de rua em Buenos Aires nasceu no Uruguai, filho de italianos e só se naturalizou argentino no fim da vida.

E Carlos Gardel, o mais famoso intérprete original dessas canções teria nascido onde?

Uns dizem que foi em Tacuarembó, no Uruguai, outros que em Marselha, na França e que seu nome em realidade era Gardés e não Gardel, mas pela paternidade do mesmo os argentinos vão à luta.

Um dos argumentos que os argentinos usavam para mostrar que Gardel era filho do país foi o fato dele visitar e cantar para seus jogadores antes da final contra o Uruguai na Copa de 1930, a primeira delas.

Depois, soube-se que ele fizera o mesmo com os uruguaios e a discussão persiste até hoje.

O certo é que se estou falando de locutores-esportivos é bom lembrar um outro portenho que era muito ouvido no Brasil nos velhos tempos.

Nos anos 1940 quando o dial de um aparelho não tinha esse imenso número de emissoras dos dias atuais e que vai obrigar o governo brasileiro tomar medidas para transformar AMs em FMs o rádio do sul do continente penetrava no interior paulista com muito boa qualidade de som.

Assim é que me acostumei a ouvir transmissões por Fioravanti, da rádio Belgrano de Buenos Aires e lembro-me da frase dístico em que os locutores auxiliares depois de suas falas terminavam sempre com um “adelante, Fioravanti”.

Se comecei falando dos locutores oficiais em algumas emissoras do rádio estatal na Europa e vou mudando para uma espécie de homenagens a alguns nomes famosos na América do Sul não posso deixar de lado o chileno Gustavo Aguirre, “El negro Aguirre”, como o chamavam em Santiago.

Aguirre era um médico que também se dedicava ao grito de gol.

E ainda Sérgio Livingstone, goleiro da seleção chilena na Copa do Mundo de 1950, apenas que era o comentarista enquanto Aguirre era relator.

Alguns no Brasil marcaram época nesse período e me acostumei em minha infância a ouvir Rebelo Junior, o homem do gol inconfundível, Aurélio Campos, Jorge Cury, Antônio Cordeiro e, Oduvaldo Cozzi e alguns outros que me inclinaram para uma paixão profunda pela função.

O grande Pedro Luiz, de quem fui contemporâneo só vim a ouvir quando iniciei meus passos no rádio.

Mas, o primeiro locutor esportivo que deixou seu nome marcado por ter sido o único a narrar pela primeira vez uma Copa do Mundo foi o paulista Gagliano Neto, ao transmitir por uma cadeia de emissoras a Copa do Mundo de 1938.

Mesmo sendo uma transmissão sem influências governamentais (o Brasil já estava em plena ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas) Gagliano causou grande confusão no Rio de Janeiro quando da transmissão do cotejo semifinal entre Itália 2 Brasil 1.

Como a Itália venceu com um pênalti imensamente contestado pelos jogadores brasileiros e pela transmissão de Gagliano (Domingos da Guia em Piola) o locutor aventou a possibilidade esdrúxula ao final da transmissão de que a partida poderia ser anulada.

Isso causou alvoroço e quebra-quebra na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro quando os fatos foram esclarecidos e foi lida a nota oficial falando que de forma alguma o jogo poderia ser anulado e o Brasil estava fora da final.

Locutores oficiais como o italiano Carósio ou o português Arthur Agostinho o Brasil, felizmente, nunca teve.

flavioaraujo

Radioamantes no Ar entrevista Edu Cesar, do site Papo de Bola

Nesta semana, o Radioamantes no Ar conversou com Edu Cesar, do site Papo de Bola. Na pauta, a movimentação do rádio esportivo para o ano de 2016. O Radioamantes no Ar é apresentado todas as segundas, sempre a partir das 09h pela web rádio Showtime (http://showtimeradio.com.br). Com Rodney Brocanelli, João Alckmin, Flavio Aschar e Paulo Ramalho.

E o “interlúdio musical” solicitado por Edu Cesar, como prêmio pela terceria entrevista ao Radioamantes no Ar, vai por aqui mesmo: “Here We’ll Stay” by Anni-Frid “Frida” Lyngstad (ex-Abba) e Phil Collins.

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